AS BARREIRAS DE COMUNICAÇÃO NA EDUCAÇÃO DO SUJEITO SURDO

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Transcrição:

AS BARREIRAS DE COMUNICAÇÃO NA EDUCAÇÃO DO SUJEITO SURDO Carina Fiuza dos Santos Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro Arlindo Fernando Paiva de Carvalho Junior Instituto Benjamin Constant Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro Palavras-Chave: Educação de Surdos. Barreiras na Comunicação. Educação Inclusiva. Eixo Temático: Práticas Pedagógicas Inclusivas Introdução A língua caracteriza uma comunidade e representa sua cultura, fazendo com que os indivíduos se sintam pertencentes e ativos a um determinado grupo. A Língua Brasileira de Sinais (Libras) é, oficialmente, a língua da comunidade surda brasileira e garante as pessoas surdas o acesso igualitário de comunicação a todos os direitos civis. Vygotsky (1993) idealiza o individuo como um ser sociocultural. Declara que o desenvolvimento do homem acontece primeiramente no plano das relações sociais (intersubjetivo) e, somente em um segundo momento, no plano individual de internalização (intra-subjetivo). Assim, a língua tem papel importante nas interações sociais e na significação de mundo pelo sujeito que a utiliza como mediadora para reconhecer-se e estabelecer-se socialmente. imperativo ético e não de surdos, assim como a de ouvintes, objetiva educar para autonomia cidadãos conscientes e ativos na sociedade. Neste sentido, o presente estudo pretende investigar as barreiras de comunicação existentes na educação básica de surdos inclusos em escolas regulares, tendo como objetivo analisar como tais barreiras influenciam no seu desenvolvimento escolar e social. A educação inclusiva é uma realidade que deve atender a todos no ensino regular sem distinção, o que justifica o presente estudo a medida que a educação do sujeito surdo se apresenta como uma realidade e necessita ser estudada, uma vez que esse grupo possui uma

língua diferente presente na escola. Método da Pesquisa O estudo de perspectiva qualitativa buscou alcançar o objetivo através de pesquisa de campo com quatro professores da rede pública que lecionavam para alunos surdos em uma escola municipal da cidade de Niterói RJ. Estes docentes foram escolhidos por trabalharem com surdos por mais de dois anos no ensino fundamental e conviverem diariamente com esses alunos, possibilitando a análise da realidade escolar dos mesmos. Segundo Alves-Mazzotti (2002), um plano de pesquisa é uma investigação sistemática que objetiva compreender de forma mais satisfatória determinado problema. Neste sentido, foi construído um plano de pesquisa tendo como instrumento de coleta de dados a entrevista semi-estruturada com tópico guia composto por dezesseis questões abertas. Para Alves- Mazzoti (2002 complexos que dificilmente poderiam ser investigados adequadamente através de questionários, explorandorecesso escolar, nos meses de setembro e outubro do ano de 2015, sendo gravadas em áudio e, posteriormente, transcritas para que houvesse maior precisão e fidedignidade dos dados coletados. Os participantes, por uma questão ética, tiveram suas identidades preservadas, sendo identificados como professores 1, 2, 3 e 4. Todos os procedimentos da pesquisa de campo seguiram a resolução N. 466 de 2012, do Conselho Nacional de Saúde. Resultados e Discussões A família se apresenta como fator determinante para formação do sujeito e sua identidade, pois se manifesta como núcleo social produtor de conhecimento e cultura. Reis asa acolhimento, por meio da sua língua materna, o surdo desenvolve o sentimento de pertencimento. Segundo Quadros (2000), a compreensão e a manifestação de sentimentos são beneficiadas pela

comunicação, pois é preciso o estabelecimento de uma linguagem afim para obter tais informações. Tendo em casa estímulos de familiares e um ambiente propício ao desenvolvimento de aprendizagens o aluno surdo possui mais facilidade na escola. A língua brasileira de sinais é a língua materna da comunidade surda brasileira. Sendo assim, a escola com ensino bilíngue para surdos deve ter sua prática pedagógica baseada em LIBRAS para o ensino de todas as outras disciplinas, inclusive a Língua Portuguesa. O surdo tem potencial, assim como o ouvinte, para aprender uma segunda ou mais línguas, contudo exigir do surdo a compreensão e, portanto, resultados expressos em Língua Portuguesa, sem lhe oferecer condições de ensino para tal, é ignorar completamente sua língua, sua cultura, seus direitos, sua identidade. O ensino da língua da comunidade ouvinte na modalidade escrita se torna necessário para o exercício de diversas atividades sociais. Contudo, em nenhum momento, no chão da escola a Língua Portuguesa deve ser colocada em um patamar superior ao da língua de sinais. Docentes capacitados são a base para que exista uma educação de qualidade. No tocante a educação de surdos, a capacitação assume um papel ainda mais importante uma vez que ao dominar a Libras o docente consegue desenvolver as atividades pedagógicas e criar laços afetivos com os alunos com mais facilidade. Marquezine, Leonessa e Busto (2013) identificam como principal dificuldade dos docentes de educação especial no início da profissão a falta de conhecimento e suporte pedagógico. Percebeu-se que a falta de conhecimento da LIBRAS é a principal barreira encontrada pelos professores. O desconhecimento pode ser gerado pela falta de interesse, de capacitação ou mesmo por preconceito (principal manifestação de desconhecimento). A falta de conhecimento dos professores acaba gerando outras barreiras e dificuldades ao aprendizado dos alunos, como a insuficiência de materiais didáticos apropriados. Assim como os ouvintes possuem diferentes níveis de conhecimento da Língua Portuguesa, os surdos possuem da língua de sinais. Para o chegar em uma turma, ter vários surdos e alguns não saberem LIBRAS, outros fazem leitura labial, e saber Professor 1 afirma: [...] eles acabam tendo um problema com o grupo pela falta de conhecimento da língua de sinais e, também, das estruturas que as pessoas estão acostumadas a usar. Eu já vi casos de alunos surdos tentarem balbuciar para outro surdo como se ele estivesse imitando ser ouvinte e, portanto, falante da Língua Portuguesa que ele não é. Porque, na cabeça dele, provavelmente, há a idéia de que quando ele mexe com a

boca, ele transmite alguma informação. E, isso não acontece. Quando você tem esse tipo de caracterização, você tem uma barreira de comunicação entre os surdos. Os diferentes níveis de conhecimento da língua de sinais entre os surdos criam dificuldades de comunicação entre surdos e ouvintes e entre os próprios surdos, se for levado em consideração o fato da LIBRAS ser a base para o ensino de qualquer outra disciplina. Com o pouco conhecimento da própria língua o surdo acaba se comunicando de forma deficitária prejudicando a construção de conhecimentos. Quando questionados sobre as principais barreiras e dificuldades na educação dos alunos surdos, os professores apresentaram distintas respostas, contudo complementares. O Professor 1 afirma que a falta de pessoas sinalizantes, o não uso de materiais visuais e a não produção de material didático acessível são as principais barreiras. O Professor 2 declara que as dificuldades encontradas são: a falta de conhecimento docente, a ausência de um trabalho efetivo em LIBRAS na escola e o desconhecimento da língua de sinais por parte da família. O entendimento da Língua Portuguesa como segunda língua, a falta de conhecimento docente e a ausência do intérprete, que assume papel importante na comunicação entre aluno surdo e docente em sala de aula quando este não domina a língua de sinais, são relevantes barreiras identificadas pelo Professor 3. O Professor 4 expõe as dificuldades encontradas: preconceito dos ouvintes em relação aos surdos, a preguiça de alguns alunos surdos de sinalizar e a falta de interesse de alguns profissionais que atuam no ambiente escolar de aprender LIBRAS. As barreiras e dificuldades encontradas pelos alunos e professores muitas vezes podem ser facilmente solucionadas com o apoio e comprometimento da comunidade escolar, em uma atuação e dedicação conjunta, o que reforça a importância da gestão democrática e participativa na escola inclusiva, com participação efetiva dos diversos membros da comunidade escolar, tais como o professor, o aluno, os responsáveis e demais funcionários, buscando a união em prol de uma sociedade mais justa, ética e igualitária. Conclusão A Libras é a língua materna e oficial da comunidade surda brasileira, sendo garantida por lei, porém quando tal direito é negado ao surdo, várias barreiras e dificuldades na educação do surdo se ampliam e acabam comprometendo a qualidade da educação.

O desconhecimento da Libras se apresenta como barreira principal a ser superada. Apesar das escolas contarem com interpretes da Libras, facilitando a comunicação entre os docentes e alunos, o ideal seria o conhecimento da Libras pelos professores. A família é a primeira estrutura social em que todos os seres humanos são inseridos. No momento que um surdo nasce em uma família ouvinte, esta tem que buscar informações para que esse indivíduo que apresenta uma diferença possa ser incluído e se sentir membro daquela comunidade, impedindo sua marginalização, que pode implicar em problemas na formação da sua identidade enquanto sujeito. A capacitação docente é de relevante importância na educação de surdos. O professor, em constante formação, pode não conhecer as diversas síndromes e deficiências, mas deve buscar e pesquisar sobre as limitações, dificuldades e características de todos os seus alunos, visando a construção de materiais didáticos adequados e currículos inclusivos, adequados aos interesses e necessidades dos alunos. Referências ALVES-MAZZOTTI, Alda Judith. O planejamento de pesquisas qualitativas. In: ALVEZ- MAZZOTTI, Alda Judith; GEWANDSZNAJDER, Fernando (orgs.). O Método nas Ciências Naturais e Sociais. São Paulo: Thompson, 2002. p. 147-178. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. MARQUEZINE, Maria Cristina; LEONESSA, Viviane Tramontina; BUSTO, Rosângela Marques. Professor de Educação Especial e as Dificuldades do Início da Prática profissional. Revista Educação Especial, Santa Maria, v. 26, n. 47, p. 699-712, set./dez. 2013. QUADROS, E.C. de. O ambiente familiar e as condições de acesso das crianças surdas à língua de sinais. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Educação Especial Infantil e Fundamental) Universidade Estadual de Maringá, Maringá, Paraná, 2000. REIS, José R. T. Família, emoção e ideologia. In: LANE, Silva T. M.; GODO, Wanderley (orgs.). Psicologia Social: O homem em movimento. São Paulo: Editora Brasiliense, 1994. p. 99-124. VYGOTSKY, L.S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1993.