UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALI SANDRO DAIMLING. CONTRATAÇÃO DIRETA SEM LICITAÇÃO Dispensa e Inexigibilidade

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Transcrição:

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALI SANDRO DAIMLING CONTRATAÇÃO DIRETA SEM LICITAÇÃO Dispensa e Inexigibilidade Biguaçu 2015

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALI SANDRO DAIMLING CONTRATAÇÃO DIRETA SEM LICITAÇÃO Dispensa e Inexigibilidade Monografia apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel, na Universidade do Vale de Itajaí, Centro de Ciências Sociais e Jurídicas. Prof. Es Carlos Alberto Luz Gonçalves UNIVALI Centro de Ciências Sociais e Jurídicas. Orientador Profa. Dra... UNIVALI Centro de Ciências Sociais e Jurídicas. Membro Prof. MSc.... UNIVALI Centro de Ciências Sociais e Jurídicas. Membro Biguaçu, 05 de junho de 2015.

AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, pois é quem tem guiado todas as minhas decisões e tem colocado seus anjos ao meu lado em cada momento, além de me fazer seguir em frente a cada obstáculo que apareceu no decorrer do caminho. Aos meus pais, Silvestre e Tereza, que trabalharam arduamente para proporcionar a mim e aos meus irmãos melhores condições de vida, e pela dedicação e incentivo nos momentos de dificuldades. Aos meus irmãos que sempre estiveram ao meu lado e me apoiaram e acreditaram em mim. Ao professor orientador deste estudo Carlos de Oliveira Gonçalves, por sua dedicação, paciência e atenção, fatores determinantes para a realização deste trabalho. A minha grande amiga Giglione Zanella que acreditou em mim e me apoiou firmemente rumo à aprovação. É difícil agradecer a todas as pessoas que de algum modo, nos momentos de tranquilidade ou apreensão, fizeram ou ainda fazem parte da minha vida, desta forma, quero agradecer a cada um de coração que de uma forma ou de outra me ajudou a concluir esta etapa tão importante da minha vida. Muito obrigado a todos!

DEDICATÓRIA Dedico este trabalho aos meus pais, familiares, amigos, professores, que empreenderam esforços, colaborando para que esta meta viesse a ser concluída.

TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do Vale do Itajaí, a Coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo. Biguaçu-SC, 05 de junho de 2015. Sandro Daimling Bacharel

ROL DE ABREVIATURAS E SIGLAS CRFB Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 e emendas constitucionais posteriores

SUMÁRIO RESUMO 10 ABSTRACT 11 INTRODUÇÃO 12 1 LICITAÇÃO PÚBLICA 14 1.1 CONCEITO 14 1.2 FINALIDADE 15 1.3 OBJETO 16 1.4 PRINCÍPIOS 17 1.4.1 Princípio da Legalidade 18 1.4.2 Princípio da Impessoalidade 19 1.4.3 Princípio da Moralidade 20 1.4.4 Princípio da Publicidade 21 1.4.5 Princípio da Probidade Administrativa 22 1.4.6 Princípio da Vinculação ao Instrumento Convocatório 23 1.4.7 Princípio do Julgamento Objetivo 24 1.4.8 Princípio da Adjudicação Compulsória ao Vencedor 25 1.4.9 Princípio da Ampla Defesa 26 1.4.10 Princípio da Licitação Sustentável 26 2 OBRIGATORIEDADE DE LICITAR 28 2 MODALIDADES DE LICITAÇÃO 28 2.1 Concorrência 28 2.2 Tomada de Preços 30 2.3 Convite 31 2.4 Concurso 32 2.5 Leilão 33 2.6 Pregão 35 2.7 COMPETÊNCIA PARA LEGISLAR SOBRE LICITAÇÃO 36 2.8 OBRIGADOS A LICITAR 37 2.9 PRESSUPOSTOS DA LICITAÇÃO 39

2.9.1 Pressuposto Jurídico 39 2.9.2 Pressuposto Lógico 40 2.9.3 Pressuposto Fático 40 2.10 EXCEÇÕES AO DEVER DE LICITAR 41 3 CONTRATAÇÃO DIRETA SEM LICITAÇÃO 43 3.1 DISPENSA DE LICITAÇÃO 43 3.1.1 EM RAZÃO DO VALOR 44 3.1.2 EM RAZÃO DE SITUAÇÕES EXCEPCIONAIS 46 3.1.2.1 Em Caso de Guerra ou Perturbação da Ordem 47 3.1.2.2 Emergência ou Estado de Calamidade Pública 48 3.1.2.3 Desinteresse Pela Licitação Anterior 49 3.1.2.4 Intervenção no Domínio Econômico 50 3.1.2.5 Propostas com Preços Excessivos 51 3.1.2.6 Comprometimento da Segurança Nacional 51 3.1.2.7 Contratação de Remanescente de Obra, Serviço ou Fornecimento 52 3.1.2.8 Aquisição de Bens ou Serviços nos Termos do Acordo Internacional 53 3.1.2.9 Compra e Serviços de Abastecimento 53 3.1.3 EM RAZÃO DO OBJETO 54 3.1.3.1 Compra ou Locação de Imóvel 54 3.1.3.2 Compra de Hortifrutigranjeiros 54 3.1.3.3 Aquisição e Restauração de Obras de Arte e Objetos Históricos 55 3.1.3.4 Aquisição de Componentes ou Peças Originais 55 3.1.3.5 Compra de Materiais para as Forças Armadas 55 3.1.3.6 Aquisição de Bens Destinados à Pesquisa Científica e Tecnológica 56 3.1.4 EM RAZÃO DA PESSOA 56 3.1.4.1 Operação entre a Pessoa e o Órgão que a integre 56 3.1.4.2 Contratação de Instituição Brasileira voltada à Pesquisa, ao Ensino e ao Desenvolvimento Nacional ou de Instituição Dedicada à Recuperação Social do Preso 56 3.1.4.3 Impressão de Diário Oficial, Formulários Padronizados, Edições Oficiais e Prestação de Serviços de Informática 57 3.1.4.4 Contratação de Associação de Portadores de Deficiência Física 57 3.1.4.5 Fornecimento ou Suprimento de Energia Elétrica 58

3.1.4.6 Contratação de Serviços com Organizações Sociais 58 3.2 INEXIGIBILIDADE DE LICITAÇÃO 59 3.2.1 Fornecedor Exclusivo 59 3.2.2 Contratação de Serviços Técnicos Profissionais Especializados 60 3.2.3 Contratação de Artistas 62 CONSIDERAÇÕES FINAIS 64 REFERÊNCIAS 66

10 RESUMO O objetivo do presente trabalho tem o propósito de analisar os casos de dispensa e de inexigibilidade de licitação nas contratações diretas realizadas pela Administração Pública. A Lei de Licitações e Contratos Administrativos institui como regra geral o dever de licitar, no entanto a referida lei prevê hipóteses de exceção à regra a fim de atender a situações excepcionais. Destarte, a presente monografia traz uma análise acerca da contratação direta nos casos de dispensa e inexigibilidade, com o intuito de se obter uma melhor compreensão acerca de tais exceções. Visto isso, a contratação direta sem licitação visa atender a situações que não combinam com o rito e as excessivas formalidades do processo licitatório. Tratase de um trabalho monográfico classificado como uma pesquisa explicativa, no qual o procedimento técnico utilizado é o bibliográfico. Palavras-chave: Licitação Pública. Contratação Direta. Dispensa. Inexigibilidade.

11 ABSTRACT This paper aims to analyze the cases of exemption and unenforceability of bidding on direct hiring held by the Government. The Bidding Law and Contracts Administrative establishing as a general rule obliged to bid, however the Law provides for the assumption of exception to the rule in order to meet exceptional situations. Thus, this monograph offers an analysis about the direct contracting in the cases of dismissal and unenforceability in order to obtain a better understanding of such exceptions. Therefore, the direct contracting without competition aims to address situations wich don't combine with the rite and excessive formalities of the bidding process. It is a monograph classified as a research explanatory, in which the technical literature procedure is being used. Keywords: Competitive Bidding. Direct hiring. Required and Unenforceability.

12 INTRODUÇÃO O objetivo institucional da presente Monografia é a obtenção do título de Bacharel em Ciência Jurídica pelo Curso de Direito da Universidade do Vale do Itajaí. Outrossim, a presente monografia tem como objetivo principal trazer apontamentos acerca do estudo da contratação direta sem licitação pela Administração Pública, com ênfase na dispensa e na inexigibilidade de licitação, temas que serão analisados no decorrer deste trabalho. A metodologia utilizada baseia-se na análise da Constituição Federal e da Lei nº 8.666-93 a qual institui normas para licitações e contratos da Administração Pública, bem como a pesquisa bibliográfica de autores renomados que trazem fundamentos jurídicos consistentes para o desenvolvimento da referida monografia. Com o propósito de atingir tal meta, divide-se o desenvolvimento deste trabalho em três capítulos, os quais serão abordados e analisados, da forma que segue: O primeiro capítulo tratará da Licitação Pública e apontará, por meio de uma base teórica, seus conceitos, finalidades, objeto e princípios basilares. Por sua vez, o segundo capítulo tratará acerca das modalidades, das competências para legislar sobre licitação, dos obrigados a licitar, dos pressupostos da licitação e das exceções ao dever de licitar. O terceiro capítulo tratará acerca das regras de exceção para a formalização da contratação direta sem licitação, pela Administração Pública, previstos nos artigos 17, 24 e 25 da Lei nº 8.666-93. No decorrer do trabalho serão verificados quais os procedimentos que devem ser adotados pelo Administrador Público para a contratação direta, haja vista que a escolha na contratação direta não significa que a atuação do Administrador Público é livre, visto que ele está adstrito a um procedimento administrativo pautado na lei, o qual visa resguardar os princípios constitucionais e os princípios da Lei de licitações e contratos administrativos. Registra-se que a presente monografia delimitar-se-á ao estudo do processo licitatório realizados pelas pessoas jurídicas de direito público direito e indireto,

13 excluindo-se assim, as empresas públicas e sociedades de economia mista, visto que essas têm regulamentos próprios. Vale ressaltar que, embora o tema já tenha sido debatido no mundo jurídico, é merecedor de esclarecimentos quanto aos seus aspectos polêmicos notadamente expostos na vivencia da Administração Pública. Por fim, na presente monografia serão abordados diversos dispositivos legais norteadores da licitação pública, com o objetivo de trazer conhecimentos teóricos e legais importantes para a Administração Pública, quando envolvida em processos licitatórios, bem como acerca das necessidades formais exigidas nos casos de dispensa e ilegibilidade de licitação. Diante do exposto, infere-se a Lei nº 8.666/93 e a Constituição Federal para as citações de artigos, os quais aparecerão no desenvolvimento deste trabalho.

14 LICITAÇÃO PÚBLICA 1.1 CONCEITO Licitação Pública é o procedimento administrativo pelo qual um ente público, no exercício da função administrativa, abre a todos os interessados, que se sujeitem às condições fixadas no instrumento convocatório, a possibilidade de formularem propostas dentre as quais selecionará e aceitará a mais conveniente para a celebração de contrato. 1 Observa-se que após a alteração realizada pela Lei nº 12.349/2010, a licitação destina-se não apenas observar a isonomia dos participantes e a seleção de proposta mais vantajosa para a Administração Pública, devendo também buscar a promoção do desenvolvimento sustentável. A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 expressa em seu artigo 37, inciso XXI, um rol taxativo acerca da obrigatoriedade de licitar, vejamos: [...] XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações. A esse respeito, convêm destacar o entendimento de Diogenes Gasparini: A licitação pode ser conceituada como o procedimento administrativo através do qual a pessoa a isso juridicamente obrigada seleciona, em razão de critérios objetivos previamente estabelecidos, de interessados que tenham atendido à sua convocação, a proposta 1 PIETRO, Maria Sylvia Zanella di. Direito Administrativo. 20. ed. São Paulo: Atlas, 2006. 325

15 mais vantajosa para o contrato ou ato de seu interesse. 2 Nesse sentido, Hely Lopes Meirelles leciona: Licitação é o procedimento administrativo mediante o qual a Administração Pública seleciona a proposta mais vantajosa para o contrato de seu interesse, inclusive o da promoção do desenvolvimento econômico e sustentável e fortalecimento de cadeias produtivas de bens e serviços domésticos. 3 Acerca do conceito de licitação não há grandes divergências doutrinárias. Alexandre Mazza salienta: A licitação é o procedimento administrativo pelo qual entidades governamentais convocam interessados em fornecer bens e serviços, assim como locar ou adquirir bens públicos, estabelecendo uma competição a fim de celebrar contrato com quem oferecer a melhor proposta. 4 Diante do contexto legal e dos conceitos supracitados a licitação é um procedimento administrativo que visa garantir a fiel execução dos princípios constitucionais norteadores, com o fim de garantir a proposta mais vantajosa para a Administração Pública. 1.2 FINALIDADE Conforme o entendimento de Alexandre Mazza, em seu Manual de Direito, o procedimento licitatório tem como finalidades fundamentais a da busca pela melhor proposta, incentivando a competividade entre os potenciais contratados, com o fim de se obter o negócio mais vantajoso à Administração Pública. 5 2 GASPARINI, Diogenes. Direito Administrativo. 11. ed. ver. E atual. São Paulo: Saraiva, 2006. 471 3 MEIRELLES, Hely Lopes; ALEIXO, Délcio Balestero; BURLE FILHO, José Emmanuel. Direito Administrativo Brasileiro. 39. ed. atual. São Paulo: Malheiros Editores, 2012. 290 4 MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. 382 5 MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. 381

16 Ressalta-se que recentemente a Lei 12.349, de 15 de dezembro de 2010, inseriu no artigo 3º da Lei n. 8.666/93 um terceiro procedimento licitatório: a promoção do desenvolvimento nacional sustentável. Assim dispõe o artigo 3º da Lei federal que institui normais gerais acerca das licitações e contratos da Administração Pública: A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos. Para Maria Sylvia Zanella Di Pietro: [...] licitação é o procedimento prévio à celebração dos contratos administrativos, que tem por objetivo selecionar a proposta mais vantajosa para a Administração, promover o desenvolvimento nacional sustentável e garantir a isonomia entre os licitantes. 6 Portanto, aproveitando parcialmente o conceito de Hely Lopes Meirelles, com poucas divergências, a doutrina é concordante acerca das duas tradicionais finalidades do processo licitatório, quais sejam a obtenção do contrato mais vantajoso e resguardo dos direitos de possíveis contratados. 7 1.3 OBJETO Integram os objetos da licitação, passíveis de contratação pela Administração Pública, as obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, 6 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 25. ed. São Paulo: Atlas, 2012. 369 7 MEIRELLES, Hely Lopes; ALEIXO, Délcio Balestero; BURLE FILHO, José Emmanuel. Direito Administrativo Brasileiro. 39. ed. atual. São Paulo: Malheiros Editores, 2012. 290

17 alienações e locações no âmbito dos Poderes da União, Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, consoante previsão expressa no artigo 1º da Lei nº 8.666/93, vejamos: Art.1 o Esta Lei estabelece normas gerais sobre licitações e contratos administrativos pertinentes a obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações e locações no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. A esse respeito, Hely Lopes Meirelles conceitua: Objeto da licitação é a obra, o serviço, a compra, a alienação, a concessão, a permissão e a locação que, afinal, será contratada com o particular. 8 1.4 PRINCÍPIOS A Lei 8.666/93, em seu artigo 3º, dispõe que as licitações serão processadas e julgadas na conformidade dos seguintes princípios: da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhe são correlatos. 9 Conforme Maria Sylvia Zanella DI Pietro não existe uniformidade entre os doutrinadores na indicação dos princípios informativos da licitação. 10 Nesse sentido, Diogenes Gasparini assevera que esses não são os únicos princípios, são os básicos, haja vista que existem outros, como exemplo do princípio da competitividade, da padronização. 11 Portanto, a lei destaca aqueles princípios mais específicos da licitação; todavia, obviamente, como o próprio artigo 3º revela os demais princípios constitucionais também são aplicáveis no estudo desse instituto. 12 8 MEIRELLES, Hely Lopes; ALEIXO, Délcio Balestero; BURLE FILHO, José Emmanuel. Direito Administrativo Brasileiro. 39. ed. atual. São Paulo: Malheiros Editores, 2012. 300 9 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 22. ed., rev. e atual. São Paulo: Malheiros Editores, 2006. 511 10 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 25. ed. São Paulo: Atlas, 2012. 328 11 GASPARINI, Diogenes. Direito Administrativo. 11. ed. ver. E atual. São Paulo: Saraiva, 2006. 414 12 MEIRELLES, Hely Lopes; ALEIXO, Délcio Balestero; BURLE FILHO, José Emmanuel. Direito Administrativo Brasileiro. 39. ed. atual. São Paulo: Malheiros Editores, 2012. 294

18 1.4.1 Princípio da Legalidade O princípio da legalidade traz a exigência da conformidade dos atos administrativos com a lei e também com todos os valores presentes na Constituição Federal, explicita ou implicitamente. 13 A explicitação concreta do princípio da legalidade tem previsão legal no artigo 4º da Lei nº 8.666/93, vejamos: Todos quantos participem de licitação promovida pelos órgãos ou entidades a que se refere o art. 1º têm direito público subjetivo à fiel observância do pertinente procedimento estabelecido nesta lei, podendo qualquer cidadão acompanhar o seu desenvolvimento, desde que não interfira de modo a perturbar ou impedir a realização dos trabalhos. 14 No entendimento de Lúcia Valle Figueiredo: [...] o princípio da legalidade não pode ser compreendido de maneira acanhada, de maneira pobre. E assim seria se o administrador, para prover, para praticar determinado ato administrativo, tivesse sempre de encontrar arrimo expresso em norma específica, que dispusesse exatamente para aquele caso concreto [...] 15 Segundo Di Pietro, O princípio da legalidade em relação à Administração Pública em geral, é de suma relevância, em matéria de licitação, pois esta constitui um procedimento inteiramente vinculado à lei. [...] 16 Cabe frisar que, mesmo havendo a necessidade de obedecer a este princípio, o procedimento licitatório não deve louvar o formalismo exacerbado para não promover a anulação desnecessária do procedimento. Tal anulação deve ser 13 FIGUEIREDO, Lúcia Valle. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros Editores, 1994 14 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 22. ed., rev. e atual. São Paulo: Malheiros Editores, 2006. 511 15 FIGUEIREDO, Lúcia Valle. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros Editores, 1994.. (apud MOTTA, 2008). 16 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 25. ed. São Paulo: Atlas, 2012. 379

19 considerada necessária quando a execução do procedimento vier a acarretar prejuízo aos cofres públicos. Importante ressaltar que o princípio da legalidade será visto nos casos de exceções à regra de licitar, nos casos de dispensa e inexigibilidade, entre outros, que serão analisados a seguir, passando por todas as fases do procedimento licitatório. Faz-se necessário observar que, mesmo tratando-se de exceções à regra de licitar, todas estas deverão observar as normas legais da Administração Pública. 1.4.2 Princípio da Impessoalidade O Princípio da impessoalidade visa o banimento de quaisquer favoritismos ou discriminações impertinentes, sublinhando o dever de que, no procedimento licitatório, sejam todos os licitantes tratados com igualdade. 17 Tais exigências encontram amparo no artigo 37, inciso XXI, da Constituição Federal, o qual determina que cabe à Administração Pública tratar todos os administrados de forma a impedir favoritismos. O que em sede de licitação significa promover a competição entre os licitantes de forma igualitária. Vejamos: Art. 37 A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: [...] XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações. 17 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 22. ed., rev. e atual. São Paulo: Malheiros Editores, 2006. 512

20 A Lei nº 8.666/93 é vedado qualquer tratamento diferenciado que venha a frustrar o caráter competitivo do certame. Também, a mesma Lei condena a licitação cujo objeto inclua bens e serviços sem similaridade ou com a indicação de marca, ou ainda especificação sem a adequada caracterização. 18 De acordo com Carvalho, a impessoalidade tem como função possibilitar a competição, que é um valor fundamental a ser preservado pela administração pública, devendo ser tão amplo quanto possível. 19 Conforme Maria Sylvia Zanella Di Pietro, o princípio da impessoalidade aparece intimamente ligado aos princípios da isonomia e do julgamento objetivo: [...] todos os licitantes devem ser tratados igualmente, em termos de direitos e obrigações, devendo a Administração, em suas decisões, pautar-se por critérios objetivos, sem levar em consideração as condições pessoais do licitante ou as vantagens por ele oferecidas, salvo expressamente previstas na lei ou no instrumento convocatório. 20 Diante do exposto, a impessoalidade se coaduna com competitividade. Para Motta o princípio da impessoalidade evita qualquer concessão de privilégio e inspira todas as diretrizes que assegurem condições justas de competição. 21 1.4.3 Princípio da Moralidade O Princípio da Moralidade exige que os agentes públicos tenham uma conduta ética, pautada por comportamentos honestos e legais quando no exercício da atividade administrativa, por conseguinte, na coordenação de qualquer procedimento licitatório. 22 18 MOTTA, Carlos Pinto Coelho. Eficácia nas licitações e contratos. 11.ed. rev. e atual. Belo Horizonte: Del Rey, 2008. 19 CARVALHO, Deusvaldo. Orçamento e contabilidade pública: teoria, prática e mais de 700 exercícios. 3.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. 615 p 20 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 25. ed. São Paulo: Atlas, 2012. 379 21 MOTTA, Carlos Pinto Coelho. Eficácia nas licitações e contratos. 11.ed. rev. e atual. Belo Horizonte: Del Rey, 2008. 102 22 GASPARINI, Diogenes. Direito Administrativo. 11. ed. ver. E atual. São Paulo: Saraiva, 2006.473p

21 Tal princípio está diretamente relacionado com a probidade administrativa. Nesse sentido afirma Motta afirma que o princípio da moralidade obriga à correta aplicação do dinheiro público, ou seja, o gestor além de seguir o que a lei determina, também deve pautar sua conduta na moral comum, buscando fazer o que for melhor para o interesse público. 23 Sobre o tema Maria Silvia Zanella DI Pietro, em sua obra Direito Administrativo, ensina: [...] exige da Administração comportamento não apenas lícito, mas também consoante com a moral, os bons costumes, as regras de boa administração, os princípios de justiça e de equidade, a ideia comum de honestidade. Além do previsto nos artigos 37, caput, e 5º, LXXIII, da Constituição, o Decreto-lei nº 2.300.86 o incluía no artigo 3º com o nome de princípio da probidade, que nada mais é do que honestidade no modo de proceder. 17 Assim, o princípio da moralidade significa que os atos do administrador público devem estar de acordo com os padrões morais adotados pela sociedade e integrantes da disciplina institucional interna da Administração, sendo assim, a moralidade pressuposto de validade dos atos administrativos. 1.4.4 Princípio da Publicidade O princípio da publicidade abrange todos os atos e termos da licitação para que sejam efetivamente expostos ao conhecimento de quaisquer interessados. 24 Sobre o tema, Celso Antônio Bandeira de Mello assevera que: [...] A Lei 8.666, no 3 do art. 3º, estatui que: A licitação não será sigilosa, sendo públicos e acessíveis ao público os atos de seu procedimento, salvo quanto ao conteúdo das propostas até a 23 MOTTA, Carlos Pinto Coelho. Eficácia nas licitações e contratos. 11.ed. rev. e atual. Belo Horizonte: Del Rey, 2008. 107 24 MEIRELLES, Hely Lopes; ALEIXO, Délcio Balestero; BURLE FILHO, José Emmanuel. Direito Administrativo Brasileiro. 39. ed. atual. São Paulo: Malheiros Editores, 2012. 296

22 respectiva abertura. 25 Nesse sentido, dispõe o artigo 3º, 3º, da Lei 8.666/93: Art. 3º [...] 3 o A licitação não será sigilosa, sendo públicos e acessíveis ao público os atos de seu procedimento, salvo quanto ao conteúdo das propostas, até a respectiva abertura. Na lição de Maria Sylvia Zanella DI Pietro: [...] O princípio da publicidade, este por sua vez não diz respeito apenas à divulgação do procedimento para conhecimento de todos os interessados, mas também aos atos da Administração praticados nas várias fases do procedimento, que podem e devem ser abertos aos interessados, assegurando a todos a possibilidade de fiscalizar a sua legalidade. 26 Portanto, o princípio da publicidade, conforme explanado acima, menciona o direito de qualquer cidadão acompanhar o desenvolvimento do processo licitatório. Ademais, há outros preceptivos que facultam uma fiscalização do certame por qualquer pessoa. 27 1.4.5 Princípio da Probidade Administrativa O Princípio da Probidade Administrativa, conforme ensina Diogenes Gasparini, impede que sejam praticados atos ou seleções de propostas atentatórias da probidade administrativa, ou melhor, que não visem a melhor satisfação à Administração Pública. 28 25 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 22. ed., rev. e atual. São Paulo: Malheiros Editores, 2006. 514 26 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 25. ed. São Paulo: Atlas, 2012. 380 27 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 22. ed., rev. e atual. São Paulo: Malheiros Editores, 2006. 514 p 28 GASPARINI, Diogenes. Direito Administrativo. 11. ed. ver. E atual. São Paulo: Saraiva, 2006. 473

23 Acerca do tema, assevera Hely Lopes Meirelles: [...] a probidade administrativa é dever de todo administrador público, mas a lei a inclui dentre os princípios específicos da licitação (art. 3º), naturalmente como uma advertência às autoridades que a promovem ou a julgam. A probidade na Administração é mandamento constitucional (art. 37, 4º), que pode conduzir a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível. 29 Por outro lado, consoante entendimento de Edmir Netto de Araújo, embora alguns considerem a improbidade como imoralidade administrativa qualificada, o princípio da moralidade e probidade administrativas, no contexto das licitações, são praticamente sinônimos, representando o mesmo princípio. 30 1.4.6 Princípio da Vinculação ao Instrumento Convocatório O Princípio da Vinculação ao Instrumento Convocatório é um princípio específico de processos de natureza concorrencial. A administração pública deve atender os termos do artigo 41 da Lei nº 8.666/93 que estabelece normas e condições constantes do edital da licitação, ao qual se acha estritamente vinculada. Para Sylvia Zanella Di Pietro: Trata-se de princípio essencial cuja observância enseja nulidade do procedimento. Além do mencionado no artigo 3º da Lei nº 8.666/93, ainda tem seu sentido explicitado no artigo 41, segundo o qual a Administração não pode descumprir as normas e condições do edital, ao qual se acha estritamente vinculada. E o artigo 43, inciso V, ainda exige que o julgamento e classificação das propostas se façam de 29 MEIRELLES, Hely Lopes; ALEIXO, Délcio Balestero; BURLE FILHO, José Emmanuel. Direito Administrativo Brasileiro. 39. ed. atual. São Paulo: Malheiros Editores, 2012. 300 30 ARAÚJO, Inaldo da Paixão Santos; ARRUDA, Daniel Gomes. Contabilidade pública: da teoria à prática. Atualizada conforme Lei de Responsabilidade Fiscal. São Paulo: Saraiva, 2004. 551

24 acordo com os critérios de avaliação constantes do edital. 25 Motta afirma que o edital é a lei interna da licitação, e como tal, vincula aos seus termos tanto os licitantes quanto a Administração que o expediu. É impositivo para ambas as partes e para todos os interessados na licitação. 31 1.4.7 Principio do Julgamento Objetivo O Princípio do Julgamento Objetivo, de acordo com Edmir Netto de Araújo, atrela a Administração aos critérios estabelecidos fixados no edital de licitação, para com isso evitar julgamentos levando em consideração critérios desconhecidos previamente dos licitantes ou fundados em parâmetros pessoais ou subjetivos dos julgadores. 32 A Lei 8.666/93, em seu artigo 45, utiliza o princípio do julgamento objetivo para dispor acerca dos moldes de como serão feitos os julgamentos das propostas: Art. 45. O julgamento das propostas será objetivo, devendo a Comissão de licitação ou o responsável pelo convite realizá-lo em conformidade com os tipos de licitação, os critérios previamente estabelecidos no ato convocatório e de acordo com os fatores exclusivamente nele referidos, de maneira a possibilitar sua aferição pelos licitantes e pelos órgãos de controle. De acordo com o ensinamento de Maria Sylvia Zanella Di Pietro, o julgamento objetivo decorre, também, do princípio da legalidade, e para fim deste, os critérios previamente estabelecidos no referido artigo da Lei supracitada, não são aplicados para o concurso e para o pregão. 33 Alexandre Mazza leciona: 31 MOTTA, Carlos Pinto Coelho. Eficácia nas licitações e contratos. 11.ed. rev. e atual. Belo Horizonte: Del Rey, 2008. 112 32 ARAÚJO, Inaldo da Paixão Santos; ARRUDA, Daniel Gomes. Contabilidade pública: da teoria à prática. Atualizada conforme Lei de Responsabilidade Fiscal. São Paulo: Saraiva, 2004. 554 33 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 25. ed. São Paulo: Atlas, 2012. 382

25 [...] Segundo a doutrina, entretanto, a objetividade não é absoluta, na medida em que especialmente a verificação da qualificação técnica sempre envolve certo juízo subjetivo. 34 Nesse diapasão, Hely Lopes Meirelles entende que: [...] Julgamento objetivo é o que se baseia no critério indicado no edital e nos termos específicos das propostas. É princípio de toda licitação que seu julgamento se apoie em fatores concretos pedidos pela Administração, em confronto com o ofertado pelos proponentes dentro do permitido no edital ou convite. 35 Portanto, para atender a este princípio a Administração Pública deve afastar o discricionarismo na escolha das propostas, desta forma obrigando os julgadores a se atenrem ao critério prefixado pela Administração. 36 1.4.8 Principio da Adjudicação Compulsória ao Vencedor O princípio da adjudicação compulsória ao vencedor impede que concluído o procedimento licitatório, a Administração Pública atribua seu objeto a outrem que não o legítimo vencedor. 37 Assim dispõe o artigo 50 da Lei nº 8.666/93: A Administração não poderá celebrar o contrato com preterição da ordem de classificação das propostas ou com terceiros estranhos ao procedimento licitatório, sob pena de nulidade. Segundo Maria Sylvia Zanella DI Pietro: 34 MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. 393 e 394 p 35 MEIRELLES, Hely Lopes; ALEIXO, Délcio Balestero; BURLE FILHO, José Emmanuel. Direito Administrativo Brasileiro. 39. ed. atual. São Paulo: Malheiros Editores, 2012. 299 p 36 MEIRELLES, Hely Lopes; ALEIXO, Délcio Balestero; BURLE FILHO, José Emmanuel. Direito Administrativo Brasileiro. 39. ed. atual. São Paulo: Malheiros Editores, 2012. 300 37 MEIRELLES, Hely Lopes; ALEIXO, Délcio Balestero; BURLE FILHO, José Emmanuel. Direito Administrativo Brasileiro. 39. ed. atual. São Paulo: Malheiros Editores, 2012. 299

26 A adjudicação ao vencedor é obrigatória, salvo se este desistir expressamente do contrato ou não o firmar no prazo prefixado, a menos que comprove justo motivo. A compulsoriedade veda também que se abra nova licitação enquanto válida a adjudicação anterior. 38 Sendo assim, todo participante que atender ao ato convocatório terá direito subjetivo a celebrar contrato com a Administração Pública. Todavia, esta só poderá fazê-lo com o licitante que apresentar a oferta mais vantajosa. 1.4.9 Principio da Ampla Defesa O Princípio da Ampla Defesa no processo de licitação assegura o direito de defesa no processo licitatório, haja vista por este se tratar de procedimento administrativo. Maria Sylvia Zanella Di Pietro afirma: [...] já reconhecido, em alguns casos concretos, pela jurisprudência. Cite-se acórdão do STF, publicado na RTJ 105/162, em que, embora sem julgamento do mérito porque o problema da defesa envolvia matéria de fato, inapreciável em mandado de segurança, ficou implícito o reconhecimento do direito de defesa na licitação, como procedimento administrativo que é. 39 Ressalta-se que tal princípio está elencado no artigo 87, da Lei 8.666/93, o qual garante a ampla defesa nos processos administrativos, sendo por inexecução total ou parcial do contrato. 1.4.10 Princípio da Licitação Sustentável O Princípio da Licitação Sustentável ou da sustentabilidade da licitação está intimamente ligado à ideia de que é possível, através do procedimento licitatório, incentivar a preservação do meio ambiente. 35 38 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 25. ed. São Paulo: Atlas, 2012. 336 p 39 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 25. ed. São Paulo: Atlas, 2012. 383

27 A Lei nº 12.305/2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, em seu artigo 7º, inciso XI, incluiu, entre os objetivos da Política Nacional de Resíduos Sólidos, a prioridade, nas aquisições e contratações governamentais, para: (a) produtos reciclados e recicláveis; (b) bens, serviços e obras que considerem critérios compatíveis com padrões de consumo social e ambientalmente sustentáveis. Por sua vez, a Lei nº 8.666/93, teve seu artigo 3º alterado pela Lei nº 12.349/10 para inserir entre os objetivos da licitação a promoção do desenvolvimento sustentável. É entendimento de Carvalho Filho: Compra Pública Sustentável ou Licitação Sustentável é um processo por meio do qual as organizações, em suas licitações e contratações de bens, serviços e obras, valorizam os custos efetivos que consideram condições de longo prazo, buscando gerar benefícios à sociedade e à economia e reduzir os danos ao ambiente natural.) 40 Na realidade, o princípio da licitação sustentável autoriza a previsão, nos instrumentos convocatórios, de exigências que podem ser vistas como discriminatórias, mas que se harmonizam com o principio da isonomia. 41 40 CARVALHO FILHO, 2011, 5 apud Vagner Bertoli in Licitação Sustentável, 2009. 41 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 25. ed. São Paulo: Atlas, 2012. 386

28 OBRIGATORIEDADE DE LICITAR 2 MODALIDADES DE LICITAÇÃO Segundo Maria Sylvia Zanella DI Pietro, A Lei n o 8.666/93, em seu artigo 22, estabelece cinco modalidades de licitação, quais sejam: concorrência, tomada de preços, convite, concurso, leilão. Entretanto, através da Medida provisória nº 2.2026, de 4/5/2000, foi criada uma nova modalidade de licitação denominada pregão, para ser utilizada exclusivamente pela União. Entretanto, a Lei 10.520, de 17/07/2002, em que se converteu aquela medida provisória, não repetiu a exclusividade do uso do pregão pela União. Dessa forma, todos os entes federados - União, Estados, Distrito Federal e Municípios podem utilizá-lo. 42 Nesse sentido, Celso Antônio Bandeira de Mello leciona: No sistema brasileiro a licitação compreendia cinco modalidades, conforme ainda hoje está declarado no art. 22 da Lei 8.666, cujo 8º dispõe: é vedada a combinação delas, ou a adoção de outras. Sem embargo, atualmente há uma sexta modalidade (que é o pregão ) prevista na Lei 10.520, de 17.7.2002. 43 2.1 Concorrência A concorrência é a modalidade em que os interessados comprovam possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital, já na fase inicial de habilitação. 42 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 20. ed. São Paulo: Atlas, 2006. 350 43 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 22. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2006. 532

29 Dispõe a Lei 8.666/93 sobre esta modalidade: Art. 22. São modalidades de licitação: 1 o Concorrência é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto. No entendimento de Diogenes Gasparini, a modalidade de concorrência é: [...] a modalidade de licitação, em tese, obrigatória para as alienações imobiliárias, as concessões de uso, serviços e obras públicas, o registro de preços e para os contratos de grande vulto, aberta com publicidade, que admite qualquer licitante cuja habilitação será apurada no início do procedimento. 44 Maria Sylvia Zanela DI Pietro ressalta que a Lei nº 11.107, de 6/4/2005 institui normas acercas dos consórcios públicos, o qual introduziu o parágrafo 8º ao artigo 23 da Lei nº 8.666/93, para definir que no caso de consórcios públicos, aplicar-se-á o dobro dos valores mencionados no caput deste artigo quando formado por até três entes da Federação, e o triplo, quando formado por maior número. 45 1988: Assim dispõe o texto da Constituição da República Federativa do Brasil de Art. 23. As modalidades de licitação a que se referem os incisos I a III do artigo anterior serão determinadas em função dos seguintes limites, tendo em vista o valor estimado da contratação: 8 o No caso de consórcios públicos, aplicar-se-á o dobro dos valores mencionados no caput deste artigo quando formado por até 3 44 GASPARINI, Diogenes. Direito Administrativo. 9. ed. ver. e atual. São Paulo: Saraiva, 2004. 481 45 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 20. ed. São Paulo: Atlas, 2006. 351

(três) entes da Federação, e o triplo, quando formado por maior número. 30 Infere-se então, segundo Hely Lopes Meirelles, que a concorrência é a modalidade destinada a transações de maior vulto, requer maior publicidade e possibilita o acesso de quaisquer interessados que preencham as condições mínimas estabelecidas no edital para a execução de seu objeto. 46 2.2 Tomada de Preços A tomada de preços restringe-se às pessoas previamente inscritas em cadastro administrativo, organizado em função dos ramos de atividades e potencialidades dos eventuais proponentes, bem como aos que, até o terceiro dia anterior à data fixada para o recebimento das propostas, atendam todas as condições exigidas para o cadastro, e que o requeiram e sejam, destarte, qualificados. 47 No mesmo sentido, Diogenes Gasparini, acerca da tomada de preços, diz: É a modalidade de licitação indicada para contratos de vulto médio, que admite interessados cadastrados antes do início do procedimento, seja pelo sistema de registro cadastral, seja pela apresentação e toda a documentação e proposta, aberta com a devida publicidade. 48 Conseguintemente, conforme o estabelecido no artigo 22 da Lei nº 8.666/93, além dos cadastrados, podem participar também os que não estiverem cadastrados, desde que atendam os mesmos requisitos dos previamente cadastrados e obedeçam ao prazo estabelecido na lei, vejamos: 46 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 29. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004. 47 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 22. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2006. 536 48 GASPARINI, Diogenes. Direito Administrativo. 9. ed. ver. e atual. São Paulo: Saraiva, 2004. 485

31 9 o Na hipótese do parágrafo 2 o deste artigo, a administração somente poderá exigir do licitante não cadastrado os documentos previstos nos arts. 27 a 31, que comprovem habilitação compatível com o objeto da licitação, nos termos do edital. 2.3 Convite O convite é a modalidade de licitação cabível diante de relações que envolverão valores mais baixos, entre no mínimo três interessados do ramo pertinente a seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados pela Administração Pública, sendo estendido o mesmo convite aos cadastrados do ramo pertinente ao objeto que hajam manifestado seu interesse em até vinte e quatro horas antes da apresentação das propostas. 49 Nesse sentido, Diogenes Gasparini descreve que: É a modalidade de licitação aberta sem publicidade, indicada para contrato de pequeno vulto, que exige o convite a, no mínimo, três interessados escolhidos pela entidade obrigada a licitar e por ela tidos como habilitados e permite a participação de interessados cadastrados que manifestarem interesse com a antecedência de até vinte e quatro horas da data designada para a apresentação das propostas. 50 Portanto, o convite é uma espécie de licitação em que a exigência legal é a convocação por escrito de no mínimo três interessados, cadastrados ou não, adotado em razão do valor do contrato, e com observância do disposto no artigo 23, parágrafo 3º da Lei 8.666/93, vejamos: 3 o Convite é a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3 (três) pela unidade 49 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 22. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2006. 537 50 GASPARINI, Diogenes. Direito Administrativo. 9. ed. ver. e atual. São Paulo: Saraiva, 2004. 488

32 administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na correspondente especialidade que manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das propostas. 2.4 Concurso O concurso é uma disputa entre quaisquer interessados, para a escolha de trabalho técnico ou artístico, com a instituição de prêmio aos vencedores. Interessa, como critério definidor da escolha, não o preço, mas sim a qualidade do trabalho. 51 Maria Sylvia Zanella DI Pietro, descreve que: O concurso é cabível apenas para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, devendo ser a modalidade escolhida preferencialmente para os contratos de prestação de serviços técnicos profissionais especializados, com estipulação prévia de prêmio ou remuneração. 52 A modalidade convite tem previsão expressa na Lei nº 8.666/93, em seu artigo 22, parágrafo: 4 o Concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes de edital publicado na imprensa oficial com antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco) dias. Diogenes Gasparini conceitua o concurso como: É a modalidade de licitação que observa regulamento próprio, aberta mediante publicidade, destinada à escolha, por comissão especial, de trabalho técnico, científico ou artístico, que admite a participação 51 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 29. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004. 52 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 20. ed. São Paulo: Atlas, 2006. 352

de qualquer interessado, mediante a concessão de prêmios ou remuneração aos vencedores. 53 33 No entendimento de Adilson Abreu Dallai, a modalidade concurso é pouco utilizada, haja vista que teria aplicação para algumas situações em que a licitação pode ser dispensada, como no caso da contratação de serviços técnicos especializados, vejamos: [...] o concurso acabou sendo uma coisa folclórica, mas que não deveria ser assim. E acrescenta: É preciso procurar um caminho, explorar mais o concurso, porque o que se verifica hoje é um despropósito em matéria de dispensa de licitação. Ressalvando as situações absolutamente excepcionais, o legislador deve tornar obrigatória a realização de concurso em certos casos, como, por exemplo, contratos de publicidade, projetos arquitetônicos, trabalhos artísticos etc. 54 2.5 Leilão Leilão é espécie de licitação utilizável na venda de bens móveis e semoventes (arts. 22, 5º, e 53) e, em casos especiais, também de imóveis (art. 19, III). 55 Consoante supracitado dispõe o texto expresso na Lei nº 8666/93: Art. 22 [...] 5 o Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para a venda de bens móveis inservíveis para a administração ou de produtos legalmente apreendidos ou penhorados, ou para a alienação de bens imóveis, prevista no art. 19, a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação. 53 GASPARINI, Diogenes. Direito Administrativo. 9. ed. ver. e atual. São Paulo: Saraiva, 2004. 490 54 DALLARI, Adilson Abreu. (apud Celso Antônio Bandeira de Mello). Aspectos Jurídicos da Licitação. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 1992. 55 MEIRELLES, Hely Lopes; ALEIXO, Délcio Balestero; BURLE FILHO, José Emmanuel. Direito Administrativo Brasileiro. 39. ed. atual. São Paulo: Malheiros Editores, 2012. 362

34 Art. 53. O leilão pode ser cometido a leiloeiro oficial ou a servidor designado pela Administração, procedendo-se na forma da legislação pertinente. Art.19. Os bens imóveis da Administração Pública, cuja aquisição haja derivado de procedimentos judiciais ou de dação em pagamento, poderão ser alienados por ato da autoridade competente, observadas as seguintes regras: III - adoção do procedimento licitatório, sob a modalidade de concorrência ou leilão. Nesse sentido, Maria Sylvia Zanella DI Pietro assevera que: O leilão é utilizado para a venda de bens móveis inservíveis para a Administração Pública ou de produtos legalmente apreendidos ou penhorados, ou para a alienação de bens imóveis prevista no artigo 19, a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação. 56 É entendimento de Diogenes Gasparini: [...] É a modalidade de licitação aberta com ampla publicidade, precipuamente indicada para a venda de bens móveis inservíveis, produtos legalmente apreendidos, bens dados em penhor e bens imóveis adquiridos judicialmente ou mediante dação em pagamento, como regra, de habilitação, em que o vencedor é o que oferecer o maior lance, desde que igual ou superior à avaliação. 57 Hely Lopes Meirelles leciona que há duas modalidades de leilão, quais sejam: o administrativo propriamente dito comum, e o privativo de leiloeiro oficial, onde houver: 56 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 20. ed. São Paulo: Atlas, 2006. 352 57 GASPARINI, Diogenes. Direito Administrativo. 9. ed. ver. e atual. São Paulo: Saraiva, 2004. 492

35 O leilão comum é regido pela legislação federal pertinente, mas as condições de sua realização poderão ser estabelecidas pela Administração interessada; o leilão administrativo é instituído para a venda de mercadorias apreendidas como contrabando, ou abandonadas nas alfandegas, nos armazéns ferroviários ou nas repartições públicas em geral, observadas as normas regulamentares da Administração interessada. 58 2.6 Pregão O pregão é a modalidade de licitação para a aquisição de bens e serviços comuns, qualquer que seja o valor estimado da contratação, em que a disputa é feita por meio de propostas e lances em sessão pública. 59 Assim dispõe o artigo 1º da Lei nº 10520/02: Art. 1º Para aquisição de bens e serviços comuns poderá ser adotada a licitação na modalidade de pregão, que será regida por esta Lei. Acerca do pregão, Celso Antônio Bandeira de Mello assevera: [...] pode ser entendido como a modalidade de licitação para aquisição de bens e serviços comuns qualquer que seja o valor estimado da contratação, em que a disputa pelo fornecimento é feita por meio de propostas e lances em sessão pública. 60 Segundo Maria Sylvia Zanela DI Pietro, o 1º do artigo 2º da Lei nº 10.520/02 autoriza que o pregão seja realizado por meio de utilização de recursos de tecnologia da informação, nos termos de regulamentação específica, vejamos: 58 MEIRELLES, Hely Lopes; ALEIXO, Délcio Balestero; BURLE FILHO, José Emmanuel. Direito Administrativo Brasileiro. 39. ed. atual. São Paulo: Malheiros Editores, 2012. 363 59 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 20. ed. São Paulo: Atlas, 2006. 358 60 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 22. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2006. 541 p

36 Art. 2º [...] 1º Poderá ser realizado o pregão por meio da utilização de recursos de tecnologia da informação, nos termos de regulamentação específica. 2.7 COMPETÊNCIA PARA LEGISLATAR SOBRE LICITAÇÃO Acerca da competência para legislar sobre licitações, não paira qualquer dúvida. A União, os Estados, O Distrito Federal e os Municípios têm competência para legislar acerca de licitação. Haja vista que se trata de matéria de cura do Direito Administrativo. 61 Nesse sentido, Celso Antônio Bandeira de Mello assevera: [...] Com efeito, o tema é estritamente de Direito Administrativo, dizendo, pois, com um campo de competência próprio das várias pessoas referidas, pelo que cada qual legislará para si própria em sua esfera específica. 62 Segundo Maria Sylvia Zanella DI Pietro, a Constituição Federal de 1988, tratando-se de lei maior, estabelece em seu artigo 22, inciso XXVII, que compete privativamente à União estabelecer normas gerais sobre licitação pública: 63 Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: XXVII normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, 1, III. 61 GASPARINI, Diogenes. Direito Administrativo. 9. ed. ver. e atual. São Paulo: Saraiva, 2004. 453 62 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 22. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2006. 506 63 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Discricionariedade administrativa na Constituição de 1988. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2005.