Salário Mínimo e Regime de Crescimento Carlos Aguiar de Medeiros (IE/UFRJ) IBRE/FGV, Maio 2014

Documentos relacionados
Desindustrialização no Brasil Diagnósticos, Causas e Consequências

Avaliação do Plano Plurianual

Efeitos econômicos e sociais da crise no Brasil

Marco A.F.H.Cavalcanti (IPEA) XIII Workshop de Economia da FEA-RP Outubro de 2013

Participação da mulher no mercado de trabalho

Mercado de Trabalho Brasileiro: evolução recente e desafios

Conjuntura. Boletim de FATURAMENTO, PIB E EMPREGO NO SERVIÇOS APRESENTARAM EXPANSÃO NO INÍCIO DE T.1 PIB por setor de atividade, R$ Bilhões

Indústria e Desenvolvimento: desafios e perspectivas para os economistas

Relatório Conjuntura Econômica Brasileira 3o. Trimestre 2012

Setor Externo: Equilíbrio Com Um Ar de Dúvida

Políticas salariais em tempos de crise 2010/11

UMA REFLEXÃO SOBRE A ESTRUTURA DO EMPREGO E DOS SALÁRIOS NO BRASIL

Salário Mínimo: trajetória recente

DESEMPENHO DO MERCADO DE TRABALHO DE PORTO ALEGRE EM

CONSTRUÇÃO. boletim. Trabalho e APESAR DO DESAQUECIMENTO DA ECONOMIA, GERAÇÃO DE POSTOS DE TRABALHO NA CONSTRUÇÃO CIVIL MANTÉM CRESCIMENTO

INDÚSTRIA BRASILEIRA DE BENS DE CAPITAL INDICADORES CONJUNTURAIS - DEZEMBRO/18

Uma estratégia para dobrar a renda per capita do Brasil em quinze anos

Figura 1 Ganho de participação do setor de serviços no Valor Agregado (VA) - estado de São Paulo

Demanda no Brasil cresce ao ritmo dos principais países emergentes...

Balanço Econômico 2011 e Perspectivas 2012 Avaliação do setor de borracha do Rio Grande do Sul

BRASIL. Paulo André de Oliveira. Conjuntura Econômica JUROS. Ciclos de expansão da Economia 1. Ciclos de expansão da Economia 2

REGIÃO METROPOLITANA DE FORTALEZA Especial 8 de Março Dia Internacional da Mulher

APOSTILA DE MACROECONOMIA Cap. 1

CENÁRIOS ECONÔMICOS WORKSHOP INDÚSTRIA & VAREJO TÊXTIL E CONFECÇÃO UMA VISÃO CONVERGENTE DA CADEIA DE SUPRIMENTOS SÃO PAULO, 23 DE NOVEMBRO DE 2010

MENOR TAXA DE DESEMPREGO DA SÉRIE HISTÓRICA DA PESQUISA

Brasil : Desenvolvimento econômico, social e institucional Uma análise comparativa

A população negra ainda convive com patamares de desemprego mais elevado

O DESCOMPASSO É CAMBIAL

Brasil: Desafios para o Desenvolvimento Econômico e Social

MELHORA DO MERCADO DE TRABALHO PROSSEGUE EM 2007 DETERMINANDO A MENOR TAXA DE DESEMPREGO DOS ÚLTIMOS 11 ANOS

COMPETITIVIDADE E PRODUTIVIDADE. Setembro

INDÚSTRIA BRASILEIRA DE BENS DE CAPITAL INDICADORES CONJUNTURAIS - OUTUBRO/18

A Produtividade e a Competitividade da Indústria Naval e de BK Nacional. Fernanda De Negri Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA

Nível de Atividade: Redução da Atividade Econômica no Início de 2015 e Futuro Ainda Muito Nebuloso (Especialmente Para o Setor Automobilístico)

Desenvolvimento Produtivo Além da Indústria - O Papel dos Serviços

Escola de Formação Política Miguel Arraes

Relações Econômicas Brasil-China: Oportunidades de Investimentos na Indústria Brasileira

Brasil negativado, Brasil invertebrado

Setembro Cenário Econômico Guilherme R. C. Moreira. Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos

MCM Consultores Associados. Fevereiro

Luís Abel da Silva Filho

Pesquisa Anual da Indústria da Construção. Paic /6/2012

TENDÊNCIAS DO AMBIENTE BRASIL / DISTRITO FEDERAL

Setor Externo: Expansão das Exportações Revigora a Economia

Salário Mínimo e Distribuição de Renda no Brasil Potencial e Limites

Economia Brasileira em Perspectiva

MCM Consultores Associados

ELEMENTOS QUE JUSTIFICAM ECONÔMICA E SOCIALMENTE A ADOÇÃO DE UM PISO SALARIAL PARA SANTA CATARINA

INDICADOR DE COMÉRCIO EXTERIOR - ICOMEX

produção no Brasil 3. Panorama da formalização nas MPE s 4. Políticas públicas de formalização para o segmento dos micro e pequenos empreendimentos

NÍVEL DE ATIVIDADE, INFLAÇÃO E POLÍTICA MONETÁRIA A evolução dos principais indicadores econômicos do Brasil em 2007

Produtividade, Câmbio e Salários: Evolução da Competitividade na Indústria

Bens de capital. Novembro de 2017 DEPEC Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos

Desenvolvimento Econômico Brasileiro: Desafios da Transição para a Renda Alta

INDÚSTRIA BRASILEIRA DE BENS DE CAPITAL INDICADORES CONJUNTURAIS - AGOSTO/18

Congresso de Fundação da Força Sindical do Distrito Federal Mercado de trabalho e negociação coletiva no DF

Economic and Social Survey of Asia and the Pacific

Unidade III ECONOMIA E MERCADO. Prof. Rodrigo Marchesin

Agricultura familiar: políticas e ideologias. João Mosca

As Mulheres nos Mercados de Trabalho Metropolitanos

INDÚSTRIA BRASILEIRA DE BENS DE CAPITAL MECÂNICOS

Massa Salarial Real Média móvel trimestral (R$ milhões) jul/14. jul/15. jan/15. set/15. jan/16. set/14. nov/14. nov/15. mai/15. mar/15.

A INSERÇÃO DA MULHER NO MERCADO DE TRABALHO DA REGIÃO METROPOLITANA DE FORTALEZA

Apesar dos estímulos dados pela política monetária e fiscal, a expansão do crédito pelo BNDES e bancos públicos e a desvalorização da taxa real de

Câmbio, custos e a indústria

SALÁRIO MÍNIMO E DEMANDA AGREGADA LAURA CARVALHO EESP-FGV

INDÚSTRIA BRASILEIRA DE BENS DE CAPITAL MECÂNICOS

10. Em Foco IBRE: A Fragilidade do Superávit da Balança Comercial

INDÚSTRIA BRASILEIRA DE BENS DE CAPITAL MECÂNICOS

INDÚSTRIA BRASILEIRA DE BENS DE CAPITAL MECÂNICOS

Número outubro.2015 Monitor do PIB-FGV Indicador mensal de agosto de 2015

Macroeconomia Brasileira. Reinaldo Gonçalves Professor Titular Instituto de Economia - UFRJ

Boletim de subsídios às negociações coletivas dos sindicatos filiados à CNTQ

A INSERÇÃO DOS NEGROS NO MERCADO DE TRABALHO EM 2012

Economia Brasileira Ciclos do Pós-Guerra

INDÚSTRIA BRASILEIRA DE BENS DE CAPITAL MECÂNICOS

REFLEXÕES SOBRE CÂMBIO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR

Para além da política macroeconômica. Geraldo Biasoto Junior

Contribuição para o debate sobre apresentação do Conselheiro Octavio de Barros DEPECON

Relatório Conjuntura Econômica Brasileira 1º trimestre de 2013

INDÚSTRIA BRASILEIRA DE BENS DE CAPITAL MECÂNICOS

A Economia Portuguesa Dados Estatísticos Páginas DADOS ESTATÍSTICOS

Crise Internacional e Impactos sobre o Brasil. Prof. Dr. Fernando Sarti

Macroeconomia para executivos de MKT. Lista de questões de múltipla escolha

O Brasil a caminho do bicentenário da independência: Onde estamos? Para onde vamos?

Desempenho negativo da Construção e das Indústrias de Transformação prejudicam o setor industrial

Como superar a precariedade do emprego feminino

o PIB das empresas praticamente dobrou de 2007 a 2010, o que descon-

Mudança de rumo? Cenário macroeconômico Junho Fernanda Consorte

Alexandre Rands Barros. Natureza, causas, origens e soluções

Estudo de Caso: Brasil

Governo Dilma. Retrato tamanho 3x4

Balança Comercial [Jan. 2009]

CONT A-CORRENTE. Campanhas salariais, inflação e produtividade do trabalho

INDÚSTRIA BRASILEIRA DE BENS DE CAPITAL MECÂNICOS

Tendências da Economia Brasileira. Queda do estímulo no consumo/ Retração do Crédito

AEAMESP Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Metrô Semana de Tecnologia Metroviária

Workshop IBBA : Classe C

Macroeconomia. 5. O Mercado de Bens e Serviços. Francisco Lima. 2º ano 1º semestre 2013/2014 Licenciatura em Engenharia e Gestão Industrial

Carlos Aguiar de Medeiros *

Transcrição:

Salário Mínimo e Regime de Crescimento Carlos Aguiar de Medeiros (IE/UFRJ) IBRE/FGV, Maio 2014

Salário Mínimo e Taxa de Salários O salário mínimo é essencialmente um salário político. Macroeconomicamente sua a relevância é proporcional à sua influencia sobre a taxa de salários no país, isto é, sobre os salários dos trabalhadores não qualificados. Um salário mínimo muito baixo ou muito alto em relação ao salário médio ou a renda per capita da economia possui escassa efetividade macroeconômica. Com a elevação do nível absoluto do salário mínimo tal como ocorrido no Brasil este passou a ganhar crescente importância para a formação desta taxa. Devido ao seu positivo efeito para a distribuição da renda e para o consumo popular argumenta-se que a atual política de valorização do salário mínimo contribui para um regime de crescimento inclusivo mas deve ser combinada com políticas voltadas para o aumento de produtividade sobretudo em relação aos bens/serviços salários.

Salário Mínimo e Crescimento Econômico na Economia Mundial da última Década Na última década, houve um maior esforço tanto em países em desenvolvimento como em países industrializados independente do seu nível e grau de abrangência, para elevação do salário mínimo. Na China, o sm é descentralizado crescendo mais do que 12% nos últimos anos e pelo menos 40% do salário médio, no Brasil, com a política de valorização instituída na metade da década segundo a inflação passada e o PIB dos dois anos anteriores o seu poder de compra praticamente dobrou. Ao lado do reconhecimento de seu efeito positivo sobre a distribuição de renda e redução da pobreza, com a crise global de 2009, as usuais preocupações dos economistas com possíveis efeitos negativos do aumento dos salários sobre o emprego, competitividade externa (elevação do custo do trabalho) ou com a inflação, passaram a disputar maior espaço com estudos teóricos e empíricos alternativos salientando tanto o seu papel positivo sobre a demanda agregada e o regime de produtividade.

A Evolução do Salário Mínimo e a Taxa de Salários no País Historicamente o descolamento do salário mínimo do salário médio e da renda per capita sobretudo entre 1980 e 1994- reduziu sua influencia sobre a taxa de salários predominante no setor formal da economia, isto é sobre a remuneração da população assalariada não qualificada e, conseqüentemente sobre a distribuição da renda e da massa salarial. Com a recuperação do seu poder de compra crescente influencia sobre a formação da taxa de salários de amplos segmentos dos trabalhadores assalariados formais e informais e da renda dos trabalhadores autônomos sem recursos de qualificação.

Idem Internacionalmente, de acordo com Global Wage Report da ILO o salário mínimo brasileiro registrado no final da década situava-se exatamente numa posição intermediária (pouco acima de $250 em paridade do poder de compra e em média semelhante com a registrada na América Latina) e em relação à renda per capita, situava-se abaixo da média (algo como 30%). Os baixos salários são considerados na literatura comparativa internacional (ILO, 2012) como aqueles inferiores a 2/3 do salário mediano horário mensal. Na China o SM de 2015 é 40% do salário médio. Se considerarmos como um valor usual um salário mínimo situado em torno de 40% do salário médio observa-se que o salário mínimo brasileiro começou a aproximar desta relação apenas em 2011

O Regime de Crescimento da Última Década A elevação do poder de compra do salário mínimo se deu num contexto de ampla expansão do emprego. Houve aqui uma via de mão dupla: como o salário mínimo é base para as transferências previdenciárias, a elevação do salário mínimo real possuiu importante impacto para a redução da pobreza e o consumo popular, a elevação deste e as mudanças nos padrões de consumo decorrentes da expansão do crédito levaram por sua vez à expansão do emprego formal difundindo o salário mínimo para a base do mercado de trabalho contribuindo positivamente para a demanda agregada. No regime de crescimento da última o crescimento do assalariamento se deu a uma taxa muito superior a do crescimento observado na população ocupada.

Evolução do Salário Mínimo Real Fonte: Ipeadata

*empregados com carteira/ total de empregados + conta própria

Formalização: Principais Hipóteses Interação de diversos processos econômicos e institucionais. No plano econômico o principal movimento foi o aumento do consumo interno particularmente estimulado pelo aumento do salário mínimo e das transferências sociais e, de outro, das mudanças nos padrões de consumo associadas tanto ao aumento de renda quanto à difusão do crédito. Houve um deslocamento do consumo para bens e serviços regularmente oferecidos nos estabelecimentos mercantis levando a um aumento do emprego nos estabelecimentos maiores. No plano social as políticas de renda ampliaram as possibilidades de emprego formal (socialização positiva do indivíduo) diminuindo o número daqueles compulsoriamente ocupados em estratégias de sobrevivência (em particular no Nordeste e nas atividades agrícolas). Com o mercado de trabalho aquecido os trabalhadores passaram a demandar maior formalização devido aos salários indiretos associados à carteira e, sobretudo como via de acesso ao crédito.

Os Efeitos do SM sobre os baixos salários e rendimentos Na base da pirâmide salarial os rendimentos dos trabalhadores domésticos e os dos assalariados rurais aumentaram mais do que os demais e foram arrastados essencialmente pelo maior crescimento do salário mínimo. Houve uma convergência maior entre o salário médio e mediano dos empregados com carteira e o salário dos empregados sem carteira e os ocupados por conta própria, justamente a base da pirâmide distributiva. Embora o assalariamento formal seja relativamente pequeno na agricultura brasileira, a expansão dos mecanismos de fiscalização ao lado de maior sindicalização resultou tanto num aumento da formalização quanto na elevação dos salários pagos no trabalho assalariado informal (eventual). Ou seja, não apenas estas ocupações reduziram-se relativamente, mas os que permaneceram nestas posições obtiveram um crescimento em suas rendas maior do que o crescimento médio dos empregados formais. Efeito farol Efeito propulsão.

Os Efeitos do Salário Mínimo sobre os Demais Salários Redução do salário médio em relação ao salário mínimo na maioria dos setores com a exceção da indústria de extração. Em particular destaca-se a queda do salário médio em relação ao salário mínimo na indústria de transformação. Os salários médios na indústria de transformação tanto em setores mais dinâmicos e menos intensivos em mão de obra quanto nos setores mais intensivos em mão de obra (como a têxtil) cresceram no período a taxas inferiores do que a do salário mínimo.

Salários e Preços Relativos A valorização da taxa real de cambio contribuiu ao longo da segunda metade da década para que os preços industriais aumentassem a uma taxa inferior a do salário mínimo. O efeito combinado do cambio valorizado, grande penetração das importações, elevação proporcionalmente maior dos preços agrícolas e aumento do salário mínimo levou a estratégias de contenção dos salários mais altos visando conter o custo do trabalho da indústria de transformação. Na indústria os setores mais afetados pela concorrência reduziram os postos de trabalho de maior qualificação e salários mais altos ampliando a contratação para os de menor qualificação e salários; os salários dos trabalhadores mais qualificados cresceram menos do que os salários de menor qualificação fortemente colados com o mínimo.

A funcionalidade da atual política do Salário Mínimo São escassos os estudos sobre a influencia do salário mínimo sobre os preços mas é possível considerar que a medida que o salário mínimo ganhou importância para a taxa de salários da economia aumentou também sua relevância para a formação dos custos salariais. A forte contração da taxa de investimento a partir de 2010 suspendeu a possibilidade de uma estratégia alternativa baseada na modernização visando ao aumento da produtividade.

Taxa de Juros, Salário Real e TCR A valorização do cambio contribuiu para a redução da taxa real de juros e a elevação do SMR Na medida em que o salário mínimo passa a ter influencia maior sobre a taxa de salários, uma política de valorização do SM poderia ser contestada a partir de seu efeito negativo sobre a inflação e competitividade externa. Se se admite a existência de forte elasticidade entre o cambio e as exportações líquidas poder-se-ia argumentar que uma taxa de cambio favorável à indústria levaria a um regime de crescimento em que as exportações possuiriam maior efeito positivo sobre o balanço de divisas, demanda e na produtividade. As evidencias entretanto são escassas, adicionalmente

Produtividade e Inserção externa Duas transformações estruturais desafiam uma trajetória exportadora na indústria de transformação. A primeira é a integração nas cadeias globais de valor. Nas indústrias com processos produtivos modularizados na eletrônica, bens de capital, automobilística, etc. as exportações possuem elevado componente importado, o Brasil está marginalmente integrado nestas cadeias e um aumento hoje das exportações passa por uma maior integração, mas esta maior integração eleva o o conteúdo importado (de partes e componentes). A menos que se desenvolvam capacitações tecnológicas nas atividades com maior valor adicionado doméstico à jusante e à montante das cadeias produtivas, dificilmente o balanço de divisas industrial será estruturalmente distinto. A segunda circunstancia estrutural é o forte declínio dos preços industriais nas industrias de fabricação intensivas em mão-de-obra quer nas indústrias tradicionais (têxtil, vestuário) quer nas com maior conteúdo tecnológico (na eletrônica de consumo, máquinas elétricas, etc.) decorrentes da ascensão chinesa. Estes preços refletem os custos unitários de trabalho predominantes na China, - em que pese o SM ser hoje $300 em Shenzen, a produtividade é muito mais alta- que se situam num patamar inferior a metade dos que predominam no país.

A Funcionalidade da Política Atual Estas circunstâncias tornam pouco exeqüíveis uma mudança no regime de crescimento liderado pelos salários que supostamente teria predominado no país para um regime liderado pelas exportações. Devido ao baixo conteúdo importado tanto do consumo popular isto é dos domicílios com renda inferior a 10 SM- quanto do consumo do governo, o prosseguimento da política de recuperação do seu poder de compra e a da expansão dos investimentos públicos em infraestrutura e serviços possui baixa demanda direta de divisas e amplo impacto no emprego e na qualidade de vida da maioria. Como forma de atenuar as pressões dos custos salariais sobre os preços: políticas tecnológicas visando ao aumento da produtividade, sobretudo naqueles bens e serviços que possuem alto impacto sobre o consumo popular alimentos, tarifas públicas, remédios, habitação, transporte urbano são essenciais para a contenção de custos que impactam excessivamente sobre os salários reais e se plenamente seguidos comprometem a competitividade externa. negociação de políticas de renda de forma a manter a política de valorização do salário mínimo e evitar um acirramento no conflito distributivo e elevação da taxa de juros torna-se crescentemente importante.

Evolução Índices de preços e salários (2000 = base 100) 400 350 IPA indústria 300 250 200 IPA agricola 150 100 50 SM Real 0 2000200120022003200420052006200720082009201020112012 Fonte: Ipeadata