INDICADOR DE COMÉRCIO EXTERIOR - ICOMEX
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- Amália Oliveira
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1 INDICADOR DE COMÉRCIO EXTERIOR - ICOMEX Icomex de maio referente a balança comercial de abril Número Maio.2019 Cai o superávit na balança comercial, mas as commodities garantem o crescimento do volume exportado no primeiro quadrimestre do ano e aumentam as exportações da indústria de transformação, após sucessivas quedas. O saldo da balança comercial de abril foi de US$ 5,9 bilhões, o que levou a um saldo acumulado no primeiro quadrimestre do ano de US$ 16,4 bilhões, inferior ao registrado em igual período de 2018 que foi de US$ 18,2 bilhões. A queda no saldo é explicada principalmente pela piora na balança comercial com a Argentina que passa de superavitária para deficitária, uma perda de US$ 3,1 bilhões, seguida da perda com a União Europeia (queda de US$ 1,4 bilhões entre o superávit do primeiro quadrimestre de 2019 e o de 2018) e da China, perda de US$ 900 milhões (Gráfico 1). Em sentido oposto, o déficit registrado com os Estados Unidos em 2018 passa para um superávit de US$ 500 milhões no acumulado até abril de 2019 e aumenta em US$ 900 milhões, o superávit com o Oriente Médio. Observa-se que a piora do saldo com a China em relação ao resultado com os Estados Unidos está associado a um recuo das importações oriundas do mercado estadunidense em 3,5%, enquanto as importações chinesas aumentaram 27%, na comparação do primeiro quadrimestre de 2018 e Nesse mesmo período as exportações brasileiras para a China aumentaram em 10,3% e para os Estados Unidos, em 9,3%. Gráfico 1: Saldos comerciais brasileiro Principais Blocos Econômicos Abril-2019/ US$ Bilhões FOB Total Oriente Médio 1,5 2,3 16,4 18,2 União Europeia 1,4 2,8 Argentina América do Sul excl.argentina -0,3 2,7 3,1 2,9 Estados Unidos -0,6 0,5 China 7,5 6,6 Ásia excl. China 0,0 0,9 jan-abr 2018 jan-abr 2019 Fonte: Fonte: Elaboração: IBRE/FGV. IBRE/FGV
2 Em termos de valor, tanto as exportações como as importações brasileiras na comparação mensal ou quadrimestral registraram queda. No caso do quadrimestre a queda foi de 3% nas exportações e de 0,8% nas importações. No entanto, os dados dos índices de preços e volume mostram que essa retração é explicada pelos preços, pois os volumes aumentaram nas duas bases de comparações (Gráfico 2). As exportações cresceram 6,4% e as importações 2,6% entre os meses de abril, depois de terem recuado entre os meses de março de 2018 e No acumulado até abril, as importações se mantêm estagnadas e as exportações aumentaram 3,4%. Gráfico 2: Variação (%) nos índices de volume e preço das exportações e importações. 6,4 3,4 2,6-0,8 0,0-3,7-6,1-6,3 Preço Volume Preço Volume Exportações Importações abr/19-abr/18 (jan-abr/19)/(jan-abr/18) Fonte: SECEX/MDIC. Elaboração: IBRE/FGV. A análise desagregada das exportações (Gráfico 3) mostra que o crescimento em volume das exportações é explicado pelo desempenho favorável das commodities, que aumentou 13,2% na comparação mensal e 12,2% entre os dois primeiros quadrimestres de 2018 e As exportações de não commodities recuam em ambas as comparações e no acumulado até abril cai 7,3%. Observa-se que a queda nos preços das commodities atinge as principais exportações brasileiras, exceto o minério de ferro que teve aumento de 4,1 % entre o acumulado do ano até abril de 2018 e 2019 (Gráfico 4). No caso do aumento no volume exportado, a liderança coube ao grupo de petróleo e derivados (31,8%), seguido do complexo soja (13,8%). Gráfico 3: Variação (%) no volume e preços das commodities e não commodities. 13,2 12,2-0,8-5,1-4,1-8,2-7,7-7,3 Preço Volume Preço Volume Commodities Não commodities Exportações abr/19-abr/18 (jan-abr/19)/(jan-abr/18) Fonte: SECEX/MDIC. Elaboração: IBRE/FGV. 2
3 jan-17 mar-17 mai-17 jul-17 set-17 nov-17 jan-18 mar-18 mai-18 jul-18 set-18 nov-18 jan-19 mar-19 Gráfico 4: Variação (%) dos preços e volume das principais commodities exportadas: jan-abr2019/jan-abr ,8 13,8 6,5 8,1 4,1 8,2-5,2-6,3-5,8-6,9-3,1 Complexo Soja Carnes Outros Agrícolas Minério de Ferro Semimanufaturas de ferro e aço, laminados -15,6 Petróleo e Derivados Preço Volume Fonte: SECEX/MDIC. Elaboração FGV/IBRE O comportamento dos preços é refletido nos termos de troca que caíram 2,6% na Gráfico 5: Índice dos termos de troca comparação entre os meses de abril e 5,5% 105,0 na comparação dos primeiros quadrimestres de 2018 e trimestres. 100,0 O Gráfico 5 indica uma melhora nos termos de troca no início de 2019 na série da 95,0 média móvel trimestral. Quando se destaca 90,0 a série mensal dos termos de troca é registrado um aumento de 3% entre janeiro 85,0 e abril de 2019 que é liderado pelo preço do minério e do petróleo e, mais recentemente 80,0 pelo preço das carnes. No entanto, como ressaltado, a melhora desses resultados ainda não assegurou um aumento nos Fonte: SECEX/MDIC.Elaboração FGV/IBRE termos de troca em relação ao primeiro quadrimestre de Achamos pouca provável, no entanto, que esses aumentos levem a uma nova escalada de elevação nos preços das commodities. 3
4 Os índices de preços e volume agregados e por tipo de indústria O mês de abril trouxe um fato novo. Após registrar sucessivas quedas no volume exportado e importado, exceto em janeiro, na comparação mensal entre 2018 e 2019, as exportações da indústria de transformação aumentaram 6,5% e as importações 2,5% no mês de abril. Observa-se que as variações são iguais com ou sem as plataformas de petróleo e, logo, essas não influenciaram o resultado do mês de abril (Gráfico 6) As exportações da indústria extrativa lideraram o desempenho dos setores, com aumento de 17,6% e as da agropecuária cresceram 2,3% com a redução no volume embarcado do complexo soja. A melhora do desempenho exportador da indústria de transformação, porém, não foi suficiente para reverter os resultados negativos das exportações e importações do setor na comparação do acumulado do ano até abril de 2018 e 2019 (Gráfico 7). As exportações recuam em 4% e as importações em 0,4%. As exportações da indústria extrativa lideraram as exportações com aumento de 19,5%, seguida da agropecuária (16%). Nas importações a liderança passou para a agropecuária (7,6%) seguida da extrativa (4,6%). A queda no volume exportado da indústria de transformação tem sido associada às perdas nas vendas de Gráfico 6: Variação (%) nos volumes exportados e importados por tipo de indústria: abril 2019/2018 2,3 15,4 17,6-0,3 Agropecuária Indústria extrativa Indústria de transformação Exportações Importações Fonte: SECEX/MDIC.Elaboração FGV/IBRE Gráfico 7: Variação (%) nos volumes exportados e importados por tipo de indústria: Jan-abril 2019/ ,0 7,6 19,5 4,6 Fonte: SECEX/MDIC.Elaboração FGV/IBRE 6,5-4,0 2,5-0,4 Agropecuária Indústria extrativa Indústria de transformação Exportações Importações 4
5 Índices de volume e categoria de uso. O desempenho favorável das exportações da indústria de transformação em abril é explicado pelo aumento do volume exportado dos bens de capital, bens de consumo não durável e bens intermediários (Gráfico 8). Os bens duráveis onde se inclui o setor automotivo continua em queda. Nesse caso, as exportações das máquinas agrícolas (bens de capital), tubos de aço (bens intermediários), demais manufaturados (uma hipótese serem bens de consumo não duráveis) confirma as observações antes feitas. Quando se analisa, porém, a variação entre os quadrimestres, todas as categorias registram queda, exceto os bens intermediários, sendo que a maior queda se refere às exportações de não duráveis 33,3%. Gráfico 8: Variação (%) nos volumes exportados da indústria de transformação por categoria de uso 29,5 6,5 6,5 12,3 8,5 2,6-4,0-3,7-3,7-3,1-0,7-11,5 Geral -30,8-33,3 Sem plataforma Bens de Capital Bens de consumo duráveis Bens de consumo Bens de consumo não-duráveis semiduráveis Bens intermediários abr/19-abr/18 (jan-abr/19)/(jan-abr/18) Fonte: SECEX/MDIC.Elaboração FGV/IBRE O baixo dinamismo da indústria de transformação refletido em sua taxa de crescimento das exportações se repete nas importações. Exceto pelos bens de consumo não duráveis e os bens intermediários, todas as categorias de uso queda entre os meses de abril de 2018 e 2019 e na comparação entre os quadrimestres, Gráfico 9: Variação (%) nos volumes importados da indústria de transformação por categoria de uso 19,3 2,5 2,5 1,5 3,4 6,1-0,4-0,7-6,0-17,4-13,5-0,6-27,3-35,4 Geral Sem plataforma Bens de Capital Bens de consumo duráveis Bens de consumo não-duráveis Bens de consumo semiduráveis Bens intermediários abr/19-abr/18 (jan-abr/19)/(jan-abr/18) Fonte: SECEX/MDIC.Elaboração FGV/IBRE 5
6 as importações caem 0,4% e somente bens de capital (1,5%) e bens de consumo não duráveis (3,4%) registraram aumento. O resultado não surpreende, em especial, na indústria de transformação onde as trocas são majoritariamente de caráter intra-indústria. Se as exportações do setor automotivo caem, caem também as importações do setor. A diferença do comportamento entre o setor agropecuário e o da indústria de transformação em termos de sinalização via indicadores de comércio exterior é analisado no Gráfico 10. Na comparação mensal, as importações de bens intermediários aumentam na indústria de transformação e caem no setor de agropecuária. Os bens de capital recuam na indústria de transformação e aumentam na agropecuária. Os índices sugerem, portanto, que o nível de atividade está crescendo na indústria de transformação e Gráfico 10: Variação (%) no volume dos bens de capital e intermediários utilizados na agropecuária e na indústria de transformação -6,0 1,5 7,0-1,1-10,6 25,1 Fonte: SECEX/MDIC.Elaboração FGV/IBRE 10,7 BK na IND TRANSF BI IND BI AGR BK AGR abr/19-abr/18 (jan-abr/19)/(jan-abr/18) recuando na agropecuária. Ao mesmo tempo, porém, a indústria deve ter mais capacidade ociosa e não requer investimentos para aumentar sua capacidade produtiva. Na comparação entre os quadrimestres de 2018 e 2019, o aumento nas importações de bens de capital da indústria de transformação confirma esse resultado. Ao mesmo tempo, a queda na compra de bens intermediários indica que o mês de abril seria uma indicação de uma possível reversão na tendência de queda de importações de bens intermediário e do nível de atividade. 13,7 6
7 03/17 04/17 05/17 06/17 07/17 08/17 09/17 10/17 11/17 12/17 01/18 02/18 03/18 04/18 05/18 06/18 07/18 08/18 09/18 10/18 11/18 12/18 01/19 02/19 03/19 04/19 Em síntese, as exportações brasileiras repetem o mesmo comportamento de anos anteriores, onde o crescimento das vendas externas do Brasil depende do setor agropecuário e da indústria extrativa. Além disso, os dados de importações não sinalizam uma recuperação imediata da indústria de transformação. Por último, o comportamento da taxa de câmbio real efetiva impacta, em especial, a indústria de transformação. O Gráfico 11 mostra através do comportamento da média trimestral a desvalorização, em parte revertida após outubro de 2018 e um retorno ainda que suave à desvalorização. No entanto, a percepção dos agentes que operam no comércio exterior que esses movimentos têm sido muito influenciados por expectativas seja de caráter doméstico (reformas) ou internacional (guerra comercial Estados Unidos e China) levam a comportamentos de cautela. Nesse cenário, tanto as exportações e as importações da indústria de transformação são afetadas. Num cenário de incertezas, as decisões de exportar e importar que levam em consideração perspectivas não imediatistas e não lidam com movimentos especulativos tendem a ser de cautela e se traduzem em menos compromissos de exportações e importações. Gráfico 11: Taxa da câmbio efetiva real: média móvel trimestral/paridade com base nos IPCs Fonte: Bloomberg e Banco Central do Brasil. Elaboração FGV/IBRE Uma nota adicional O recrudescimento da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China no começo do mês de maio suscita questões sobre o impacto nas exportações brasileiras. O tema ganha relevância, em especial, quando uma parte dos produtos que a China planeja elevar as tarifas são produtos agropecuários que o Brasil é exportador, como soja e carnes. Ganhos pontuais podem ocorrer, mas dois pontos devem ser ressaltados. Primeiro, que o acirramento da guerra comercial pode levar a uma retração do comércio mundial, o que prejudica a todos os países. Segundo, na mesa de negociações, é mais provável que a China ceda preferências para os Estados Unidos na área agropecuária, o que pode ter um impacto negativo nas exportações do Brasil; 7
8 ANEXO 8
9 9
10 10
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13 Metodologia O índice de Fischer é utilizado para o cálculo dos índices de preços. No caso do volume, foi utilizada a forma implícita: o índice de volume é obtido pela divisão da variação do valor do fluxo comercial deflacionado pelo índice de preços. Os índices foram obtidos considerando o controle dos outliers. IBRE Instituto Brasileiro de Economia Diretor do IBRE: Luiz Guilherme Schymura de Oliveira Superintendente de Estatísticas Públicas: Aloisio Campelo Jr. Coordenador do Núcleo de Contas Nacionais: Claudio Monteiro Considera Coordenadora da Pesquisa: Lia Valls Pereira Equipe Técnica: André Luiz Silva de Souza Juliana Carvalho da Cunha Elisa Carvalho de Andrade Luan Mateus Araújo 13
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