INDICADOR DE COMÉRCIO EXTERIOR - ICOMEX
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- Osvaldo Bergmann Bentes
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1 INDICADOR DE COMÉRCIO EXTERIOR - ICOMEX Icomex de dezembro referente a balança comercial de novembro Número 8 15.Dezembro.2017 O superávit da balança comercial é recorde, mas os fluxos de comércio Destaques ainda estão abaixo dos seus picos históricos. O superávit da balança comercial no valor de US$ 62 bilhões é o maior na série histórica do acumulado do ano até novembro. No entanto, as exportações no valor de US$ 200 bilhões estão abaixo dos valores observados entre 2011 e 2014 e as importações no valor de US$ 138 bilhões, abaixo dos valores entre 2010 e Logo, o desafio de manter o crescimento dos fluxos de comércio em 2018 está mantido. Os dados do ICOMEX para o acumulado do ano até 2017 sugerem que esse crescimento irá continuar, mas 2018 deverá observar um superávit comercial menor. Até o acumulado de novembro, o volume exportado cresceu 13,3% em relação a igual período do ano anterior e o volume importado 13,5%. Esse resultado decorre de uma desaceleração mais acentuada no ritmo de crescimento das exportações do que das importações no mês de novembro. Destaca-se, porém, que o setor de agropecuária continua numa trajetória ascendente. O volume exportado pelo setor foi de 115,2%, a maior variação registrada desde julho de No acumulado do ano até novembro, porém, a variação é inferior ao da indústria extrativa: 25% (agropecuária) e 26,6% (extrativa). O volume exportado da indústria de transformação desacelerou passando de 25,7% (outubro 2017/16) para 5,4% (novembro 2017/16) puxado pela redução no crescimento dos bens duráveis (automóveis), o que sugere taxas de variações menores para o ano de Nas importações, crescem as importações de bens de capital pelo quarto mês consecutivo e pela primeira vez no ano, as compras de insumos intermediários para a indústria de transformação superaram as do setor agropecuário, o que indica aumento no nível de atividade da indústria. Segundo Lia Valls Os baixos patamares dos fluxos de comércio em 2016, o crescimento da demanda mundial e a retomada da expansão da atividade pelos principais parceiros na América Latina explicam o crescimento das exportações. Para 2018, deveremos ter mais importações (crescimento do Brasil) e menor crescimento das exportações (patamar dos fluxos de comércio são mais elevados em 2017). IBRE/FGV
2 Índices de preços e volume agregados O volume exportado cresceu 11,2% e os preços recuaram 2,6% na comparação entre novembro de 2016 e 2017 (Gráfico 1). No caso dos preços, após a aceleração no ritmo de crescimento entre agosto e outubro, volta uma tendência de queda que havia vigorado desde abril. A queda nos preços foi puxada pelo comportamento das commodities que recuaram 2,2% entre novembro de 2016 e 2017 (Gráfico 2). A principal contribuição foi a do complexo de soja com queda de 11% nos preços. O volume importado segue em alta, aumento de 20,2% entre novembro 2016/17, confirmando a recuperação no nível de atividade (Gráfico 3). Observa-se que no acumulado do ano até novembro as importações cresceram em volume 13,5% e os preços recuaram 1,6%. No caso das exportações, a variação no volume foi de 13,3% e dos preços 6,5% na mesma base de comparação. Gráfico 1: Variação (%) mensal nos índices de preço (US$) e volume das exportações Gráfico 2: Índice de preço (US$) das exportações brasileiras de commodities Os termos de troca se mantiveram relativamente estáveis entre outubro e novembro, variação de 1%. Em relação a 2016, os termos de troca continuam registrando desempenho favorável. Crescimento de 3,9% entre os meses de novembro (2016/17) e de 3,6% no acumulado do ano até novembro. 2
3 Consideramos que os preços de exportações irão ficar relativamente estáveis em 2018 e, logo, o aumento nos termos de troca deverá ficar ao redor de 3%. Gráfico 3: Variação (%) mensal nos índices de preço (US$) e volume das importações Índices desagregados por atividade econômica e categoria de uso Em novembro, a variação no volume exportado do setor agropecuário foi de 115,2%, o maior valor desde julho de 2013 (Gráfico 4). Observa-se, porém que em novembro e dezembro de 2016, os índices foram baixos, o que explica esse alta variação. Os preços do setor estão em queda liderados pelo desempenho do complexo de soja. O volume da indústria extrativa teve pequeno aumento em novembro (0,2%), mas na comparação do acumulado do ano, o seu desempenho é superior ao do setor de agropecuária. Gráfico 4: Variação (%) nos índices de preços (US$) e volume por atividade econômica nas exportações 3
4 Ressalta-se que as exportações desses dois setores dependem em grande medida da demanda chinesa. No caso da soja, a China explicou 79% das compras desse produto e tem crescido a importância desse mercado para as vendas de carne bovina (38%, incluindo Hong Kong). Na indústria extrativa, a China comprou 54% do minério de ferro e 43% do petróleo bruto exportado no acumulado de janeiro a novembro de As previsões são de uma suave desaceleração do crescimento chinês. Segundo a última projeção do FMI, o crescimento chinês será de 6,8%, em 2017 e de 6,5%, em 2018, o que indica que a demanda deverá se manter estável. Logo, não esperamos variações elevadas como as observadas em 2017, mas também não projetamos reduções no volume exportado. A indústria de transformação registra ao longo do ano, o menor crescimento entre os setores, mas como mostrará a análise por categoria de uso, alguns segmentos se destacam como os bens duráveis de consumo. Nas importações (Gráfico 5), a indústria extrativa, assim como no mês de outubro, registrou a maior variação na comparação mensal dos meses de novembro (37%), seguida da transformação (17,9%) e o setor agropecuário manteve sua tendência de queda em relação a Os preços de importações caíram no mês de novembro, exceto o da indústria de transformação (+2%) e no acumulado no ano até novembro é positivo somente para a agricultura (+5,2%). A análise por categoria de uso da indústria de transformação (Gráfico 6) mostra a variação mensal dos índices de volume. Nas exportações, a liderança continua com os bens de consumo duráveis que cresceram 27,8% e no acumulado do ano até Gráfico 5: Variação (%) nos índices de preços (US$) e volume por atividade econômica nas importações Gráfico 6: Variação (%) mensal do índice de volume das exportações e importações na indústria de transformação por categoria de uso 4
5 novembro, 45,2%. As exportações de automóveis, o principal produto dessa categoria, foi o 5º principal produto exportado e contribuiu com 6% para o aumento total das exportações e 32% no grupo das manufaturas. Como já analisado no ICOMEX de novembro, houve crescimento elevado para vários mercados como México (101%), Chile (97%) e Colômbia (53%), por exemplo, mas as exportações continuam dependentes do mercado argentino que absorve cerca de 70% das vendas de automóveis do Brasil. Esperamos que o ritmo de crescimento das exportações diminua, mas ainda deverá ser acima de 20% com a expansão para novos mercados e a expansão da atividade econômica na Argentina. Os bens de capital (57,8%) lideraram o aumento das importações, embora no acumulado do ano registrem recuo de 0,6%. A sequência de quatro aumentos consecutivos das importações de bens de capital indica uma recuperação da taxa de investimento (Gráfico 7). Gráfico 7: Variação (%) mensal do índice de volume importado dos bens de capital (FBCF) Gráfico 8: Variação (%) mensal do índice de volume importado dos bens intermediários na indústria de transformação e na agropecuária Por último, outro indicador do nível de atividade são as importações de bens intermediários (Gráfico 8). O crescimento do setor agropecuário, que esse ano deverá contribuir com 12,3% para o crescimento do PIB, segundo projeções do modelo FGV/IBRE, explica o aumento das suas importações, que no acumulado do ano até novembro chegam a 58,4%. A variação das compras de intermediários pela indústria de transformação é menor do que na agropecuária, mas em novembro esse comportamento mudou e, além disso, as variações têm ficado próximas ou acima de 20%. 5
6 Os indicadores que confirmam a trajetória de recuperação da indústria de transformação também apontam para um crescimento mais elevado das importações para Em suma, o cenário para a balança comercial continuará positivo em 2018, apenas esperamos um menor superávit comercial, o que não é fonte de preocupação. Metodologia O índice de Fischer é utilizado para o cálculo dos índices de preços. No caso do volume, foi utilizada a forma implícita: o índice de volume é obtido pela divisão da variação do valor do fluxo comercial deflacionado pelo índice de preços. Os índices foram obtidos considerando o controle dos outliers. Comércio Exterior - FGV IBRE Instituto Brasileiro de Economia Diretor do IBRE: Luiz Guilherme Schymura de Oliveira Superintendente de Estatísticas Públicas: Aloisio Campelo Jr. Coordenador do Núcleo de Contas Nacionais: Claudio Monteiro Considera Coordenadora da Pesquisa: Lia Valls Pereira Equipe Técnica: André Luiz Silva de Souza Juliana Carvalho da Cunha Mayara Santiago da Silva Fatima Tavares Alves 6
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