INDICADOR DE COMÉRCIO EXTERIOR - ICOMEX
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- Luca Leveck
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1 INDICADOR DE COMÉRCIO EXTERIOR - ICOMEX Icomex de março referente a balança comercial de fevereiro Número Março.2019 O volume exportado aumenta e as importações recuam O saldo da balança comercial de fevereiro foi de US$ 3,7 bilhões, o que levou a um saldo acumulado no primeiro bimestre do ano de US$ 5,9 bilhões. Em valor, as exportações recuaram 6,4% e as importações, 12,4% em relação a fevereiro de 2019, mas os dois fluxos cresceram 1,4% na comparação entre os dois primeiros bimestres de 2018/2019. O recuo nas exportações em fevereiro é explicado pela queda nos preços (-7,5%), pois o volume aumentou 1,1%. Observa-se que o aumento de 8,1% na comparação dos bimestres está associado ao crescimento em 15,1% do volume exportado entre os meses de janeiro de 2018/19. As importações registram comportamento inverso ao das exportações com aumento de preços, embora com valores inferiores a 2%, e recuo no volume importado de 12,9% entre os meses de fevereiro. Gráfico 1: Variação (%) nos índices de volume e preço das exportações e importações. Fonte: SECEX/MDIC. Elaboração: IBRE/FGV. IBRE/FGV
2 O aumento no volume exportado foi liderado pelas commodities que cresceram 27% (fevereiro de 2018/19) e 22,5% entre os dois primeiros bimestres de 2018/19. As não commodities registram queda nos dois períodos analisados (Gráfico 2). No caso dos preços, tanto as commodities como as não commodities registraram recuo. Gráfico 2: Variação (%) no volume e preços das commodities e não commodities. O IBRE calcula os índices de preços e volume das commodities exportadas. No Gráfico 3 são apresentadas as principais Fonte: SECEX/MDIC. Elaboração: IBRE/FGV. commodities exportadas, como a soja, o petróleo e o minério de ferro. Para os dois primeiros produtos, caem os preços na comparação dos bimestres e aumenta o volume. No caso do complexo da soja a diferença é marcante: preços (-1,8%) e volume (+39,6%). Como ressaltado no ICOMEX de fevereiro, a possibilidade de os Estados Unidos darem preferências para as compras de soja da China nas negociações da guerra comercial acende um sinal de alerta, dada a importância do produto na pauta de exportações brasileira. Gráfico 3: Variação (%) dos preços e volume das principais commodities exportadas: jan-fev2018/jan-fev 2019 Fonte: SECEX/MDIC. Elaboração: IBRE/FGV. 2
3 A queda nos preços das exportações piora os termos de troca que, desde outubro de 2018 mostram uma trajetória descendente. Entre os dois primeiros bimestres de 2018 e 2019, os termos de troca recuaram em 8% (Gráfico 4) Gráfico 4: Índice dos termos de troca Os índices de preços e volume agregados e por tipo de indústria O bom desempenho das commodities explica a variação de 77,6% e de 33,6% no volume exportado da agropecuária e da indústria Gráfico 5: Variação (%) do volume exportado e importado por categoria de uso extrativa, respectivamente, no da indústria de transformação janeiro 2018/2019 mês de fevereiro. A indústria de transformação registrou queda de 18%. No caso das importações, os volumes importados aumentaram na agropecuária e recuaram na extrativa e na indústria de transformação (Gráficos 5). Na comparação dos bimestres (Gráfico 6), o resultado segue o mesmo comportamento. Até o momento, portanto, os resultados repetem o desempenho de 2018, quando os setores de agropecuária e extrativo lideraram as exportações. A participação da China nas exportações brasileiras aumentou de 18,5% para 23,8% entre o primeiro bimestre de 2018 e o de Os Estados Unidos, o segundo principal mercado, registrou participação de 12,8%, um pouco acima do resultado de 2018 (12%) e a crise argentina continua reduzindo a participação do país como mercado de destino das vendas brasileiras: passou de 7,8% (jan-fev 2018) para 4,4% (jan-fev 2019). Gráfico 6: Variação (%) nos volumes exportados e importados por tipo de indústria:jan-fev 2018/2019 3
4 Índices de volume e categoria de uso. Em boletins es temos sempre chamada atenção para o efeito das plataformas de petróleo em função das mudanças no regime REPETRO. As plataformas estão incluídas na categoria de uso de bens de capital da indústria de transformação. Como mostra o Gráfico 7 a exclusão das plataformas faz com que a redução no volume exportado de bens de capital passe de 63,5% para 4,8% no mês de fevereiro, o que impacta no resultado da indústria de transformação de uma queda de 18% para um aumento de 2,2%. Ressalta-se que em fevereiro de 2018 foi contabilizada uma exportação de plataforma no valor de US$ 1,5 bilhões e em fevereiro de 2019, não há registro de exportação. Em compensação, houve aumento nas exportações de aviões em 61% (valor) e de peças para aviões em 214%. Os índices de volume são calculados com base nas toneladas exportadas e, logo, a inclusão ou não de plataformas gera um impacto relevante. Em relação às outras categorias de uso, destaca-se a queda dos bens duráveis associada à retração da venda de automóveis para a Argentina. Gráfico 7: Variação (%) nos volumes exportados da indústria de transformação por categoria de uso 4
5 Nas importações, a influência das plataformas em fevereiro no volume dos bens de capital é ilustrada no Gráfico 8. Com as plataformas, a retração nas importações na comparação mensal de fevereiro é 53,9% e sem as plataformas é de 9,5%, o que reduz a queda nas importações da indústria de transformação de 14,4% para 5,7%. Exceto bens de capital, o volume importado de todas as outras categorias de uso recuam. Gráfico 8: Variação (%) nos volumes importados da indústria de transformação por categoria de uso Os indicadores de volume das importações de bens de capital e bens intermediários utilizados pela indústria de transformação são sinalizadores do nível de atividade dos setores. A análise desses indicadores (Gráfico 9) mostra que o setor agropecuário continua, pelo menos no comércio exterior, numa trajetória de liderança nas exportações. A diferença nas compras de bens intermediários recuo na indústria e crescimento na agropecuária corrobora essa afirmação. Gráfico 9: Variação (%) no volume dos bens de capital e intermediários utilizados na agropecuária e na indústria de transformação Por último, os resultados da balança comercial no primeiro bimestre de 2019 confirmam as principais características da pauta exportadora do Brasil, onde as exportações de commodities e a China ocupam um papel decisivo para assegurarem o aumento das exportações. A pauta com os Estados Unidos é mais diversificada 10 produtos explicam 95% das exportações brasileiras para a China, enquanto para os Estados Unidos esse percentual é de 50%. A questão não é reduzir o comércio com a China, mas como incrementar a participação dos Estados Unidos nas exportações do Brasil. 5
6 ANEXO Total 4,3 8,1 10,6 15,1 1,1 2,7 14,5 8,9 Bens de capital 9,8-4,7-4,3 133,1-63,5 9,4 31,3-4,6 Bens duráveis -25,1-34,1-54,2-45,0-26,0-23,8-36,1-41,6 Bens não-duráveis -6,4-5,7 12,7-12,7 1,5-6,8-0,1 0,9 Bens semiduráveis -3,1 10,6-8,2 16,9 4,6-9,3 2,4 3,0 Bens intermediários 8,0 17,2 22,6 14,2 20,7 9,5 25,0 19,1 Total 9,3-0,2-4,2 12,5-12,9 19,4 9,1-1,4 Bens de capital 46,8 7,5-9,9 133,1-53,9 118,2 45,9 3,0 Bens duráveis 16,9-9,5-34,1-9,1-9,9 46,8-7,8-17,6 Bens não-duráveis 1,0-0,2-21,6-2,1 1,8 4,1-3,9-7,7 Bens semiduráveis 6,3-1,9-11,3-1,7-2,1 2,7-1,0-4,5 Bens intermediários 3,7-1,4 0,9-3,1 0,5 6,0 5,4-0,7 Índices de Preços * Total 3,7-6,2 0,7-5,0-7,5 8,6 3,1-4,0 Bens de capital -1,4-9,1-2,0-8,7-9,4 4,8-2,6-6,8 Bens duráveis 0,0-9,2-0,3-15,7-2,2 0,4-1,5-6,4 Bens não-duráveis -10,1-6,5-10,5-7,2-5,8-9,9-10,6-7,9 Bens semiduráveis -4,0-4,3-6,6-3,7-4,9-6,4-7,9-5,1 Bens intermediários 7,4-6,1 0,7-3,9-8,2 10,6 4,0-3,9 Total 6,5 1,6 7,1 2,6 0,6 8,4 6,8 3,4 Bens de capital 4,4-0,1 14,3 0,9-1,0 3,4 5,3 4,5 Bens duráveis -1,8-1,9-2,0 0,1-3,8-1,6-5,9-1,9 Bens não-duráveis 1,4 3,3 6,1 1,4 5,2-3,3 5,5 4,3 Bens semiduráveis 0,9 0,7-1,8 2,1-0,7 1,8 0,6-0,2 Bens intermediários 7,9 1,9 6,9 3,4 0,3 10,9 8,2 3,5 Termos de Troca -2,6-7,7-6,0-7,4-8,0 0,1-3,4-7,1 Commodities 9,7 22,5 25,7 18,5 27,0 6,6 24,7 23,6 Não commodities -2,6-7,4-4,8 10,7-23,2-2,6 3,3-6,5 Commodities -8,3-24,9 20,1-26,0-23,4-13,9 0,9-11,2 Não commodities 11,3 2,8-6,9 17,7-11,7 23,0 10,2-0,2 6
7 Índices de Preços * Commodities 5,2-7,9 2,1-6,2-9,6 12,8 5,9-4,6 Não commodities 1,7-3,8-1,8-3,3-4,4 3,0-1,0-3,2 Commodities 18,9 2,2 12,2 9,2-4,4 31,0 19,3 5,6 Não commodities 5,3 1,6 6,2 2,0 1,1 6,5 5,4 3,1 Agropecuária Geral 19,2 55,5 47,1 31,3 77,6 11,8 45,6 52,4 Indústria extrativa Geral 13,6 28,2 17,8 24,2 33,6 17,0 29,4 24,7 Geral -2,0-4,9 2,2 9,5-18,0-4,1 4,8-2,5 Bens de Capital 9,9-4,7-4,6 133,1-63,5 10,2 31,1-4,7 Bens de consumo duráveis -25,0-34,1-54,8-45,0-26,0-24,8-37,0-41,9 Bens de consumo não-duráveis -6,7-6,9 12,5-14,5 0,9-6,6-0,1 0,1 Bens de consumo semiduráveis -2,7 10,6-11,3 16,9 4,6-12,4-1,1 1,5 Bens intermediários 0,6 1,7 14,0 4,8-1,7 0,4 12,3 5,8 Commodities 0,2 3,0 20,0 10,1-4,2-6,4 8,6 8,9 Não commodities -3,3-8,9-7,3 9,2-24,6-2,6 2,5-8,4 Agropecuária Geral 4,4 12,7 4,6 1,3 27,6 11,4 0,7 10,0 Indústria extrativa Geral 5,7-3,2 7,0-4,5-1,6 17,6 9,3 0,5 Geral 8,8 0,0-6,7 14,8-14,4 18,5 8,2-2,0 Bens de capital 46,0 7,5-10,0 133,1-53,9 117,9 45,7 3,0 Bens de consumo duráveis 16,0-9,5-34,8-9,1-9,9 45,4-8,7-17,8 Bens de consumo não-duráveis 2,6-1,0-23,2-2,2 0,3 6,3-3,3-8,7 Bens de consumo semiduráveis 5,0-1,9-12,6-1,7-2,1 1,2-2,5-4,9 Bens intermediários 2,2-1,1-1,7-2,4 0,4 2,5 3,5-1,3 Commodities -15,7-26,9 12,5-30,0-22,6-29,3-6,7-14,4 Não commodities 12,2 2,5-7,5 19,8-13,8 24,1 11,0-0,5 7
8 Índices de Preços * Agropecuária Geral 2,8-3,5-0,6-0,9-6,0 6,3 1,9-2,5 Indústria extrativa Geral 11,5-16,5 9,4-13,1-19,6 12,2 14,7-8,5 Geral 1,6-3,0-1,4-2,5-3,5 3,1 0,2-2,5 Bens de capital -1,4-9,0-1,8-8,6-9,5 4,2-2,4-6,7 Bens de consumo duráveis -0,2-9,2 0,7-15,7-2,2 1,4-0,5-6,1 Bens de consumo não-duráveis -10,2-6,4-10,8-7,1-5,7-10,0-10,8-7,9 Bens de consumo semiduráveis -4,3-4,3-4,4-3,7-4,9-4,2-5,7-4,4 Bens intermediários 7,0-0,4-0,8 1,4-2,2 5,1 2,1-0,5 Commodities 1,2-2,1-2,7-1,2-2,9 3,1 1,2-2,3 Não commodities 1,8-3,5-0,8-3,2-3,9 3,2-0,4-2,6 Agropecuária Geral 1,9 8,0 5,4 5,8 10,2 5,2 4,9 7,1 Indústria extrativa Geral 19,4 13,9 20,1 18,5 9,6 25,4 21,8 16,0 Geral 5,5 0,3 6,0 1,1-0,6 7,0 5,5 2,2 Bens de capital 4,5 0,0 13,7 1,0-1,0 2,9 4,8 4,3 Bens de consumo duráveis -1,8-1,9-2,0 0,1-3,8-1,6-5,9-1,9 Bens de consumo não-duráveis 1,3 3,2 7,8 1,3 5,0-3,6 6,4 4,8 Bens de consumo semiduráveis 0,9 0,7-1,8 2,1-0,7 1,8 0,6-0,2 Bens intermediários 6,5-0,1 5,1 1,2-1,4 9,1 6,4 1,6 Commodities 14,7-0,2 9,9 3,7-4,0 23,1 14,3 3,2 Não commodities 4,7 0,4 5,3 1,0-0,3 5,8 4,7 2,0 Bens de Capital na FBCF 9,9-4,7-4,7 133,2-63,5 10,2 31,1-4,7 Bens Intermediários na indústria 7,3 15,0 16,8 11,9 18,5 5,2 19,3 15,6 Bens Intermediários na agropecuária 35,5-23,2 52,3-4,2-36,8 48,0 39,7-2,1 Bens de Capital na agropecuária -14,3-26,0-10,1-15,9-34,2-17,8-15,2-19,6 Bens de Capital na FBCF 46,8 7,5-9,9 132,9-53,9 118,0 46,0 3,0 Bens Intermediários na indústria 3,0-3,8 0,2-4,7-2,8 5,6 2,7-2,6 Bens Intermediários na agropecuária 13,1 49,6 6,4 38,2 60,6 11,2 42,3 29,4 Bens de Capital na agropecuária 66,9 26,1 67,1 40,0 10,9 59,6 69,6 42,3 8
9 Bens de Capital na FBCF -1,4-9,0-1,8-8,6-9,5 4,2-2,4-6,7 Bens Intermediários na indústria 7,2-6,1 3,0-3,9-8,3 13,3 6,4-3,1 Bens Intermediários na agropecuária 2,5 1,5-23,6 2,5 0,5 8,4-8,4-8,3 Bens de Capital na agropecuária -2,3-3,2-6,9-7,3 1,0-6,3-6,5-4,4 Bens de Capital na FBCF 4,4 0,0 14,2 1,0-1,1 3,5 5,2 4,5 Bens Intermediários na indústria 7,3 0,8 5,6 2,4-0,8 10,5 7,1 2,4 Bens Intermediários na agropecuária 15,5 14,8 23,4 15,5 14,1 15,1 21,6 17,6 Bens de Capital na agropecuária 4,7 5,2 29,9 15,0-4,0-10,5 4,9 12,4 Índices de Preços * Petróleo e derivados 21,9 27,9 16,5 25,5 30,9 27,4 59,4 24,7 Petróleo e derivados -7,8-22,5 18,7-25,6-18,9-3,2 3,1-9,6 Petróleo e derivados 24,1-21,2 16,8-15,1-26,9 43,3 28,4-9,2 Índices de Preço * Petróleo e derivados 25,2 2,0 17,8 11,1-6,6 41,2 26,5 7,2 Exclusive Plataformas Total 3,0 8,9 10,6 7,1 10,9 0,1 11,4 9,5 Bens de capital -6,5-0,3-4,6 13,8-14,4-21,4-6,0-2,1 Total 4,7-0,5-4,2-1,8 1,0 7,0 3,5-1,7 Bens de capital 10,6 7,8-9,9 6,8 8,9 10,0 3,2 1,3 Exclusive Plataformas Não commodities -5,8-6,8-4,8-6,3-7,3-9,1-3,3-6,1 Não commodities 6,2 2,6-6,9 1,4 4,1 9,2 4,0-0,5 9
10 Exclusive Plataformas Geral -2,1-2,1-0,4-0,9 2,2-6,7-8,4 0,3 Bens de Capital -4,5-4,5-5,2-8,5-4,8 0,9-21,0-6,1 Não commodities -3,5-3,5-1,0-5,7-7,3-5,6-9,6-4,7 Geral 6,0 6,0 8,0 6,0-5,7 10,2 5,7 3,0 Bens de Capital 10,9 10,9 10,5 10,4-9,5 27,9 10,6 3,8 Não commodities 7,5 7,5 11,2 7,5-7,5 12,2 8,8 4,1 Exclusive Platafromas Bens de Capital na FBCF -4,5-4,5-5,2-8,5-4,9 0,9-20,9-6,1 Bens de Capital na FBCF 10,9 10,9 10,0 9,9-9,9 27,3 9,9 3,3 10
11 Metodologia O índice de Fischer é utilizado para o cálculo dos índices de preços. No caso do volume, foi utilizada a forma implícita: o índice de volume é obtido pela divisão da variação do valor do fluxo comercial deflacionado pelo índice de preços. Os índices foram obtidos considerando o controle dos outliers. IBRE Instituto Brasileiro de Economia Diretor do IBRE: Luiz Guilherme Schymura de Oliveira Superintendente de Estatísticas Públicas: Aloisio Campelo Jr. Coordenador do Núcleo de Contas Nacionais: Claudio Monteiro Considera Coordenadora da Pesquisa: Lia Valls Pereira Equipe Técnica: André Luiz Silva de Souza Juliana Carvalho da Cunha Elisa Carvalho de Andrade Luan Mateus Araújo 11
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