RELATOR : DESEMBARGADOR FEDERAL PAULO BARATA AGRAVANTE : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS PROCURADOR : JANE MARIA MACEDO MIDOES AGRAVADO : O FORTE DO SABAO LTDA ADVOGADO : SAULO RODRIGUES DA SILVA CARVALHO DEC. AGRAVADA : DECISÃO DE FLS. 90/91 ORIGEM : DÉCIMA NONA VARA FEDERAL DO RIO DE JANEIRO (200051010183368) R E L A T Ó R I O Trata-se de agravo interno interposto pela UNIÃO FEDERAL/FAZENDA NACIONAL em face da decisão de fls. 90/91, que negou seguimento ao seu recurso de apelação, com fulcro no artigo 557, caput, do Código de Processo Civil. A agravante alega, em síntese, que a decisão que a recorrida busca executar unicamente reconheceu-lhe o direito de compensar os valores indevidos, não sendo possível, em sede de execução, modificar a condenação e requerer repetição do indébito; que somente é admissível a conversão do direito à compensação em restituição quando se tratar de reconhecimento na esfera administrativa; e ofensa à coisa julgada e aos artigos 467 e 468 do CPC. É o relatório. Rio de Janeiro, 17 de dezembro de 2009. 1
V O T O EMENTA: TRIBUTÁRIO E AGRAVO INTERNO - OPÇÃO PELA CONVERSÃO DA COMPENSAÇÃO EM RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO EM EXECUÇÃO POSSIBILIDADE PRECEDENTES DO STJ. 1. A sentença que declara o direito do contribuinte compensar tributo recolhido indevidamente tem eficácia executiva, podendo este obter a satisfação do crédito em dinheiro, através de precatório, não havendo que se falar em ausência de certeza e exigibilidade do título ou violação à coisa julgada. 2. Agravo improvido. Conforme relatado, trata-se de agravo interno interposto pela UNIÃO FEDERAL/FAZENDA NACIONAL em face da decisão de fls. 90/91, que negou seguimento ao seu recurso de apelação, com fulcro no artigo 557, caput, do Código de Processo Civil. A agravante alega, em síntese, que a decisão que a recorrida busca executar unicamente reconheceu-lhe o direito de compensar os valores indevidos, não sendo possível, em sede de execução, modificar a condenação e requerer repetição do indébito; que somente é admissível a conversão do direito à compensação em restituição quando se tratar de reconhecimento na esfera administrativa; e ofensa à coisa julgada e aos artigos 467 e 468 do CPC. Inicialmente, vinha entendendo no sentido de que em se tratando de sentença transitada em julgado, especificando a compensação como a forma de devolução dos valores discutidos, somente seria possível a alteração para a restituição, via precatório, caso restasse demonstrada causa superveniente que impossibilitasse o cumprimento da decisão judicial. No entanto, o Superior Tribunal de Justiça vem decidindo no sentido de 2
que a sentença que declara o direito do contribuinte compensar tributo recolhido indevidamente tem eficácia executiva, podendo este obter a satisfação do crédito em dinheiro, através de precatório, não havendo que se falar em ausência de certeza e exigibilidade do título ou violação à coisa julgada. Nesse sentido: EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. VALORES INDEVIDAMENTE PAGOS A TÍTULO DE FINSOCIAL. SENTENÇA DECLARATÓRIA DO DIREITO DE CRÉDITO CONTRA A FAZENDA PARA FINS DE COMPENSAÇÃO. EFICÁCIA EXECUTIVA DA SENTENÇA DECLARATÓRIA, PARA HAVER A REPETIÇÃO DO INDÉBITO POR MEIO DE PRECATÓRIO. 1. No atual estágio do sistema do processo civil brasileiro não há como insistir no dogma de que as sentenças declaratórias jamais têm eficácia executiva. O art. 4º, parágrafo único, do CPC considera "admissível a ação declaratória ainda que tenha ocorrido a violação do direito", modificando, assim, o padrão clássico da tutela puramente declaratória, que a tinha como tipicamente preventiva. Atualmente, portanto, o Código dá ensejo a que a sentença declaratória possa fazer juízo completo a respeito da existência e do modo de ser da relação jurídica concreta. 2. Tem eficácia executiva a sentença declaratória que traz definição integral da norma jurídica individualizada. Não há razão alguma, lógica ou jurídica, para submetê-la, antes da execução, a um segundo juízo de certificação, até porque a nova sentença não poderia chegar a resultado diferente do anterior, sob pena de comprometimento da garantia da coisa julgada, assegurada constitucionalmente. 3
E instaurar um processo de cognição sem oferecer às partes e ao juiz outra alternativa de resultado que não um, já prefixado, representaria atividade meramente burocrática e desnecessária, que poderia receber qualquer outro qualificativo, menos o de jurisdicional. 3. A sentença declaratória que, para fins de compensação tributária, certifica o direito de crédito do contribuinte que recolheu indevidamente o tributo, contém juízo de certeza e de definição exaustiva a respeito de todos os elementos da relação jurídica questionada e, como tal, é título executivo para a ação visando à satisfação, em dinheiro, do valor devido. Precedente da 1ª Seção: ERESP 502.618/RS, Min. João Otávio de Noronha, DJ de 01.07.2005. 4. Embargos de divergência a que se dá provimento. (STJ, 1 a Seção, ERESP nº 609.266/RS, Rel. Min. Albino Zavascki, Sessão de 23.08.2006, DJ 11.09.2006) Diante do exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso. É como voto. Rio de Janeiro, de de 2010. E M E N T A TRIBUTÁRIO E AGRAVO INTERNO - OPÇÃO PELA CONVERSÃO DA COMPENSAÇÃO EM RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO EM EXECUÇÃO POSSIBILIDADE PRECEDENTES DO STJ. 1. A sentença que declara o direito do contribuinte compensar tributo recolhido indevidamente tem eficácia executiva, podendo este obter a 4
satisfação do crédito em dinheiro, através de precatório, não havendo que se falar em ausência de certeza e exigibilidade do título ou violação à coisa julgada. 2. Agravo improvido. A C Ó R D Ã O Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas: Decide a Egrégia Terceira Turma do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, à unanimidade, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do, que fica fazendo parte integrante do presente julgado. Rio de Janeiro, 26 de janeiro de 2010(data do julgamento). 5