Apresentação de Fernando Varella Economista e Diretor da Protec

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Transcrição:

Comprometimento dos Recursos Financeiros do Governo com os Juros da Dívida Pública X Insuficientes Recursos para Inovação e Desenvolvimento Tecnológico Apresentação de Fernando Varella Economista e Diretor da Protec

As Preocupações da agência Moody s: A gestão das contas pública no Brasil; O perfil de vencimento da dívida brasileira; A continuidade do prazo médio de 42 meses. A Política de prazos médios muito curtos com relação aos títulos da Dívida Pública: Desde a década de 90, o Tesouro adota a política de prazo médio muito curto; Essa política é uma das razões das elevadíssimas taxas de juros incidentes sobre os títulos emitidos pelo governo.

Os objetivos da Dívida Pública: O aumento dos investimentos do governo federal; As necessidades de financiamento do governo federal. A situação da Dívida Pública Brasileira: A Dívida Pública cresceu 21,7% ao longo de 2015, alcançando o patamar de R$ 2,793 bilhões, um aumento de R$ 497 bilhões de 2014 para 2015; Uma das razões desse aumento foi a despesa com juros que totalizou R$ 368 bilhões. O saldo de R$ 129 bilhões foi usado na cobertura dos R$ 115 bilhões do déficit primário do governo central.

O Brasil foi o País no Mundo que pagou mais juros sobre a sua Dívida Pública: No ano de 2015, o Brasil pagou juros em torno de R$ 368 bilhões, correspondente a 6,2% do seu PIB; Pagamento de juros por outros países sobre o PIB: Índia = 4,62% Portugal = 4,1% Itália = 4,0% Grécia = 3,6%

O Entendimento do FMI e do World Bank sobre o pagamento de juros da Dívida: A projeção das despesas com juros em 2016, chega a R$ 450 bilhões, mantida a atual taxa Selic, que correspondente a 36% da receita fiscal do governo; O FMI e o World Bank afirmam que nenhum país suporta pagar mais do que 7% da sua receita fiscal com o serviço da dívida pública;

A comparação com a Grécia: A Grécia, no auge da sua crise financeira, nos 2 últimos anos, não pagou mais do que 7% de juros, como remuneração de seus títulos, com prazo de 10 anos. A pergunta que o Tesouro não responde: O Tesouro Nacional, gestor da Dívida Pública do país, deveria responder porque o Brasil tem de pagar juros de 14,25% sobre os títulos dívida brasileira, com prazo de emissão médio de 42 meses?

O início da solução da crise financeira do País: O início da solução para o Brasil resolver a crise financeira do governo federal seria reduzir os juros da Dívida Pública para um teto de 7%, o que representaria uma economia anual de R$ 230 bilhões; Esses recursos seriam suficientes para colocar em ordem as contas governamentais, aumentar os investimentos, abandonar os contingenciamentos e esquecer as propostas de aumento e/ou criação de novos impostos.

A Dívida Pública e a comparação com outros países: Situação da dívida pública que muitos economistas entendem ser alarmante, na verdade não o é, pelo menos em termos do tamanhão da dívida; Enquanto a dívida pública brasileira ainda é inferior a 50% do PIB, muitos países têm um endividamento muito maior, em termos de percentual do PIB. Caso do Japão com 245%; Grécia com 171%; Itália com 136%; Portugal com 129%; Estados Unidos com 105%; Espanha com 101% e França, com 98%.

O Fundamental não é o tamanho da dívida, mas sim, o prazo médio de vencimento e a taxa de juros incidente: O exemplo da Itália, com uma dívida, proporcionalmente, quase 3 vezes maior, mas em condições muito mais suaves em termos de prazo de pagamento, com prazo médio de 17,9 meses; Aquele país pagou ano passado, juros médios de 3,75%, proporcionalmente, quase quatro vezes menor do que os juros pagos pelo Brasil.

O Esgotamento do atual modelo de gestão da dívida pública: Em função desses números, entendo que esgotouse o atual modelo de gestão da dívida pública brasileira; Não tem mais sentido, a continuidade de uma gestão da nossa dívida tão irresponsável, perdulária e inaceitável; Mantida a atual política, em 3 anos, o país perderia algo como R$ 1,3 trilhão com o pagamento de juros, mais do que toda a arrecadação fiscal prevista para este ano.

Novo modelo de gestão da dívida pública: É urgente, a adoção de um novo modelo, com os seguintes fundamentos: a) A redução substancial da taxa Selic, para um patamar mais justo e compatível com o que acontece no resto do mundo em termos de juros da dívida pública; b) A emissão de títulos de maior prazo, elevando o prazo médio da nossa dívida de 4 para 10 anos.

O aumento da dívida pública do País: Resolvidas as duas questões acima, o Brasil poderia, sem maiores problemas, elevar a sua divida pública para até 75% do PIB, gerando novos recursos da ordem de R$ 1,5 trilhão, possibilitando um novo momento no seu processo de desenvolvimento do país.

A difícil conjuntura do País e seu impacto na atividade industrial: O país atravessa uma conjuntura de sérias dificuldades e restrições econômicas, refletidas, claramente, nos diversos setores da atividade industrial; Neste cenário, é fundamental que não se paralise o fluxo de recursos para o estímulo ao desenvolvimento de inovações, pois a perda de continuidade poderia ter consequências ainda mais sérias.

Inovação Tecnológica, base do crescimento da produtividade industrial: Daí, a Protec, comprometida com o desenvolvimento da indústria brasileira a partir do desenvolvimento tecnológico, estar propondo ao novo governo, um Programa Emergencial de Retomada do Crescimento da Indústria.

Avaliação dos resultados dos principais instrumentos de incentivo à inovação e do desenvolvimento tecnológico O FNDCT: O FNDCT foi criado em 1969, como um instrumento financeiro de integração da ciência e tecnologia com a política de desenvolvimento nacional; O FNDCT foi criado com o objetivo de apoiar financeiramente programas e projetos prioritários de desenvolvimento científico e tecnológicos nacionais, tendo como fonte de receita prioritária, os incentivos fiscais.

A avaliação do FNDCT: Desde 1970, o FNDCT tornou-se o mais importante instrumento de financiamento para a implantação e consolidação institucional da pesquisa e da pósgraduação nas universidades brasileiras e de expansão do sistema de C&T nacional. Evolução dos recursos do FNDCT, nos últimos 15 Anos, em Reais: Ano 2000-245 milhões; Ano 2003 1,318 milhões Ano 2006-1,850 milhões; Ano 2009-2,639 milhões; Ano 2011 3.537 milhões; Ano 2012-4,215 milhões; Ano 2013-4,551 milhões; Ano 2014-3,480 milhões.

Relatório de gestão do FNDCT, ano 2014, elaborado pela Finep: Distribuição dos recursos por natureza da despesa: a) Despesas Correntes R$ 2,873 milhões, igual a 78% do total, para uso preferencial em despesas operacionais da Finep; b) Investimentos R$ 682,7 milhões, igual a 20,5% do total, recursos transferidos para o CNPq e para a Finep, para serem utilizados no apoio a projetos de desenvolvimento tecnológico; c) Inversão Financeira R$ 51,3 milhões, igual a 1,5% do total, para reforço de garantias de liquidez.

Auditoria realizada, recentemente, pelo TCU, no FNDCT, para avaliação de resultados: Principais Conclusões. Inexistência de avaliações regulares de resultados e de impacto dos investimentos do Fundo; Inexistência de políticas e diretrizes para a aplicação dos recursos do Fundo, por parte do Conselho do FNDCT; Outra conclusão do TCU é que os recursos do Fundo foram usados para suprir a diminuição do orçamento do MCTI, ao longo dos últimos anos.

Comentários Finais sobre o FNDCT: O relatório da finep que discrimina a distribuição dos recursos do Fundo, em 2014, é bastante explicativo. Perto de 80% do total do orçamento do Fundo foi utilizado em despesas correntes pelo MCTI e não no apoio a projetos e programas de desenvolvimento tecnológico; Do mesmo modo, as aplicações de recursos do Fundo não obedecem à políticas previamente definidas, mas, sim, às mais variadas utilizações, de acordo com as necessidades conjunturais.

Avaliação do FNDCT por parte do IPEA: Levantamento realizado pelo IPEA, coordenado pela especialista Fernanda De Negri, identificou que falta foco e sentido estratégico à gestão do FNDCT. Além disso, inexiste um sistema de monitoramento e avaliação dos projetos apoiados.

Avaliação dos Resultados dos Principais Instrumentos de Incentivo à Inovação e ao Desenvolvimento Tecnológico a Lei do Bem: A lei do Bem, no. 11.196/2005, estabeleceu incentivos fiscais destinados à pesquisa e desenvolvimento nas empresas, de forma automática.

Relatório do MCTI sobre a utilização dos incentivos fiscais à inovação tecnológica, em 2014: Evolução do número de empresas que utilizaram os incentivos fiscais da lei do Bem: 2010-875 2013-1.158 2012-1.042 2014-1.206 * De 2010 à 2014, o número de empresas aumentou 38%, um número ainda pouco significativo quando comparado ao de outros países, como o Canadá, onde 22.000 empresas utilizam, normalmente, incentivos fiscais governamentais.

Relatório do MCTI sobre a utilização dos incentivos fiscais à inovação tecnológica, em 2014: Em 2014, destaque para as empresas dos setores de Mecânica e Transporte, Software, Petroquímica e Química, e Eletroeletrônica que geraram a maior demanda por incentivos fiscais da lei do Bem e por consequência, foram consideradas como as que mais investiram em pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação tecnológica no ano.

Relatório do MCTI sobre a utilização dos incentivos fiscais à inovação tecnológica, em 2014. Do total de 1.206 empresas que participaram dos incentivos fiscais da lei do Bem, em 2014, os gastos totais com investimentos em atividades de P&D, registraram o valor de R$ 9,25 bilhões, valor bruto, com usufruto de renúncia fiscal no valor de R$ 1,18 bilhões, valor real.

Obrigado. Fernando Varella