29 de junho de 2015 Relatório Semanal de Estratégia de Investimento Destaques da Semana Economia internacional: Grécia impõem controle de capital e convoca referendo no dia 05/07 para decidir se concorda com os termos enviado pelos credores; União Europeia não aceita postergar pagamento da dívida grega para depois do referendo; China corta juros e compulsório no fim de semana; Treasuries de 10 anos e juros na Europa fecham a semana em alta. Economia brasileira: Dados fiscais vem abaixo do esperado; Relatório trimestral de inflação sugere novas altas para a Selic; Delação premiada cita ministros do atual governo; Dólar sobe no Brasil, em linha com o movimento global.
Economia Internacional No cenário internacional, a semana começa turbulenta frente à possibilidade da Grécia declarar o calote de suas dívidas e ser forçada a sair da zona do euro. As bolsas europeias operam em queda, as asiáticas fecharam com perdas acentuadas e os futuros das bolsas de Nova York sinalizam para uma abertura negativa em Wall Street. O dólar sobe ante o euro e a maioria das moedas, mas o iene, considerado ativo mais seguro, avança ante a moeda norte-americana. Os juros dos Treasuries operam em forte baixa, seguindo o Bund alemão. A Bolsa de Atenas ficará fechada a semana toda. Os bancos gregos, por seis dias, e o governo limitou os saques diários a 60. Após o fracasso das negociações, o governo de Alexis Tsipras convocou um referendo para o próximo dia 5 para que os gregos decidam se aceitarão ou não o acordo oferecido pelos seus credores. A moratória grega poderá ser declarada amanhã, quando vence uma dívida que o país tem que pagar ao pagar ao Fundo Monetário Internacional (FMI). A agenda desta semana prevê para terçafeira publicação da confiança do consumidor dos EUA, taxa de desemprego da zona do euro, PIB do Reino Unido no primeiro trimestre e PMI industrial da China. A quarta-feira tem entre os destaques o número de postos de trabalho no setor privado norte-americano e os PMIs industriais do país, da zona do euro e da Alemanha. Na quinta, é a vez do relatório oficial de emprego dos EUA (payroll) e da ata do Banco Central Europeu (BCE). O PMI de serviços da zona do euro encerra a semana, na sextafeira. Os mercados norte-americanos fecham nesse dia por causa do feriado do Dia da Independência. Na Ásia o destaque é para o Banco Central do Povo da China (PBoC) que cortou no final de semana as duas taxas de referência da economia e o montante de reserva de depósito de alguns bancos. Em nota, o BC chinês justificou que ambos movimentos têm por intenção reduzir o custo dos empréstimos e ajudar a "estabilizar o crescimento" da segunda maior economia do mundo. O PBoC reduziu a taxa de referência para empréstimos de um ano em 0,25 ponto porcentual para 4,85% e a taxa de depósito no mesmo porcentual para 2%. Ao mesmo tempo, foi reduzida a exigência de reserva em 0,50 ponto porcentual para os bancos com empréstimos relevantes ao setor agrícola e para pequenas empresas. Nos EUA, foi uma semana de poucos indicadores. O número de novos pedidos de auxílio-desemprego teve um crescimento de 3 mil na semana passada, para 271 mil; o mercado previa 273 mil pedidos. A renda pessoal cresceu 0,5% em maio, em linha com a expectativa; os gastos pessoais do consumidor (PCE) tiveram um crescimento de 0,9%, superando a previsão de 0,7%; o índice de preços dos gastos com consumo subiu 0,3% em relação a abril, com alta de 0,2% em comparação com maio de 2014; o núcleo do índice, que exclui os preços de energia e alimentos subiu 0,1% em comparação com abril, em linha com a expectativa, com alta de 1,2% em relação a maio do ano passado.
Economia brasileira No cenário doméstico, o destaque da semana foi o fato do Banco Central ter revisado as estimativas para a economia, com uma piora nas previsões para a inflação e para o Produto Interno Bruto (PIB). De acordo com o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), a projeção para a inflação deste ano subiu de 7,9% para 9%. Como o BC na prática já desconsidera o cumprimento da meta da inflação em 2015 (de 4,5%, podendo chegar ao limite de 6,5%), o esforço tem sido concentrado em ganhar a batalha das expectativas para 2016. As projeções apresentadas pelo BC registraram leve recuo, de 4,9% para 4,8%. Inflação em 4,5% será atingida apenas no final do primeiro semestre de 2017, avalia, no documento, o BC. Para levar a inflação a 4,5% em 2016, o BC tem indicado que elevará os juros, o que poderia baixar as projeções de mercado e facilitar seu trabalho. Até agora, no entanto, o BC só conseguiu esse objetivo para o período de 2018 e 2019. O relatório Focus de hoje, por exemplo, tem como mediana das projeções de IPCA para fim de 2016 em torno de 5,50%. Por seu turno, a variação estimada do PIB recuou de -0,5% para -1,1%. Chama à atenção a estimativa de contração nos investimentos. Também caíram as projeções para o consumo das famílias e dos gastos do governo, que deverão recuar, segundo o RTI, 0,5% e 1,6%, respectivamente. Não por coincidência, os "sinais de distensão no mercado de trabalho", anotados no relatório anterior, deram lugar ao "início de um processo de distensão no mercado de trabalho". Um parágrafo novo incluído no Relatório de junho explicita uma aparente contradição. Ao mesmo tempo em que observa estarem as expectativas de inflação próximas do centro da meta, nos horizontes mais longos, o BC destaca que, para o final de 2016, essas mesmas expectativas ainda não se alinharam com a meta. O mercado interpretou a mensagem como indicação de que o BC considera o aperto monetário em curso suficiente para que o centro da meta fosse alcançado na primeira metade de 2017. O esforço adicional previsto para a reunião do Copom de julho e, talvez, a de setembro, teria como objetivo influenciar as expectativas para 2016. Por falar em expectativas, o Conselho Monetário Nacional (CMN), na semana passada, fixou a meta de inflação em 4,5% em 2017 e alterou a banda de tolerância de 2,0 pontos percentuais para 1,5 ponto porcentual para cima ou para baixo também em 2017. A meta de 2016 foi mantida em 4,5%. O CMN vinha mantendo a meta de 4,5% desde 2005 e, a partir de 2006, diminuiu a margem de tolerância de 2,5 pontos porcentuais para 2 p.p. Em 2003 e 2004, o governo decidiu ajustar a meta ao verificar que não iria atingir seu objetivo. No primeiro ano, a meta passou de 3,25% para 4% e a banda de tolerância aumentou de 2 para 2,5 pontos porcentuais. Já em 2004, o objetivo foi ampliado de 3,75% para 5,5% e o intervalo foi mantido em 2,5 p.p.. Desde que o regime de metas de inflação foi adotado no País, em 1999, em três anos o BC descumpriu sua missão - em 2001, 2002 e 2003. Dessa forma, o BC teve de escrever uma carta aberta ao ministro da Fazenda para explicar o que levou a instituição a não entregar sua missão. Para este ano, a autoridade monetária também terá de escrever o documento, já que a meta de 4,5% com intervalo de 2 p.p. já foi ultrapassada nos primeiros cinco meses do ano. A expectativa do mercado financeiro é a de que o IPCA termine 2015 em 8,97%. A agenda doméstica dessa semana tem como destaque a visita da presidente Dilma aos EUA. Terça-feira sai o resultado fiscal do setor público consolidado de maio; na quarta-feira, a balança comercial em junho; e na quintafeira, a produção industrial em maio. Também será monitorado pelos mercados os desdobramentos do caso Lava a Jato.
jun-14 jul-14 ago-14 set-14 out-14 nov-14 dez-14 jan-15 fev-15 mar-15 abr-15 mai-15 jun-15 Mercados BOLSA As bolsas na Europa (4,39%) subiram na última semana na expectativa de um possível acordo entre a Grécia e seus credores. Porém, as discussões seguiram tensas ao longo dos últimos dias e a falta de um consenso já leva as bolsas a uma abertura negativa no início desta semana. Até amanhã, o país terá que honrar seus pagamentos (1,54 bilhão de euros) com o FMI para não se tornar inadimplente. Esse risco tem levado os investidores a se proteger de posições mais arriscadas, vendendo ativos de renda variável e comprando dólar. Nos EUA, o Dow Jones terminou o último pregão da semana que passou em alta de 0,31%, aos 17.946,68 pontos. O S&P caiu 0,04%, aos 2.101,49 pontos, e o Nasdaq caiu 0,62%, aos 5.080,51 pontos. Balanços corporativos influenciaram o desempenho do Dow (para cima) e do Nasdaq (para baixo). Na semana que passou, acumularam, respectivamente, -0,38%, -0,40% e -0,71%. Para semana que se inicia, os investidores estarão atentos aos dados de mercado de trabalho, PMI e confiança do consumidor. Indo para Ásia, destaque negativo mais uma vez para a bolsa da China, que caiu 6,37% na semana e entrou no chamado bear market, com queda superior a 20% no índice de ações do país desde o pico de 12 junho. No Brasil, o Ibovespa (0,50%) teve uma semana de leve recuperação. O que chama atenção é a alta no mês de 2,38%. Isso pode ser explicado por ativos descontados frente aos pares internacionais e a alta do dólar, o que leva os ativos locais a apresentar algum desconto. Apesar de acharmos o downside limitado para o Ibovespa, ainda não estamos convictos de este ser o melhor momento para uma exposição maior em renda variável local, o que nos leva a olhar para bolsas no exterior e renda fixa no Brasil. Este quadro poderá ser revertido quando o BCB sinalizar o fim do ciclo de alta da Selic e a confiança dos investidores/empresários começar a mostrar algum sinal de melhora. 62000 60000 58000 56000 54000 52000 50000 48000 46000 Ibovespa Fonte: Bloomberg, 29/06/2015 às 8h00 Under Over
jun-14 jul-14 ago-14 set-14 out-14 nov-14 dez-14 jan-15 fev-15 mar-15 abr-15 mai-15 jun-15 jun-14 jul-14 ago-14 set-14 out-14 nov-14 dez-14 jan-15 fev-15 mar-15 abr-15 mai-15 CÂMBIO Na última semana o dólar teve alta de 1,02%, fechando próximo de R$3,13. O cenário foi marcado pelo aumento da tensão no exterior e o Brasil, o que resultou na valorização do dólar frente ao real, em linha com o movimento global. No cenário externo, a crise grega figurou como a principal fonte de insegurança dos investidores, principalmente pela proximidade do encerramento do prazo para um acordo de resgate. No mercado interno, os dados fiscais abaixo do esperado, tem deixado a atual meta de superávit primário em cheque. Há também alguma expectativa de piora na situação política, com a denúncia de possível pratica de corrupção por ministros do atual governo. Mantemos posições compradas em dólar por acreditarmos em uma valorização estrutural do dólar. 105 100 95 90 85 80 DXY 75 Under Over Fonte: Bloomberg, 29/06/2015 às 8h00 JUROS Na semana que passou, a curva de juros prefixados teve comportamentos distintos de acordo com o prazo dos títulos. Os vencimentos mais curtos tiveram elevação nas taxas, enquanto que nos vencimentos mais longos foram observados recuos nos rendimentos. Assim, a diferença entre as taxas do DI janeiro 16 (14,3%a.a.) e o DI Janeiro 21 (12,68% a.a.) atingiu 162 bps ao final da sexta-feira, o maior patamar do ano. A inclinação negativa da curva de juros foi reforçada nos últimos dias pelo discurso bastante duro do Banco Central no combate a inflação, que indica que a taxa básica de juros (Selic) continuará a subir no curto prazo, a despeito da perspectiva de recessão econômica. Se por um lado as taxas ficam mais altas no curto prazo, esta postura mais restritiva do BC, em conjunto com a decisão do CMN de reduzir a banda de oscilação da inflação em relação à meta a partir de 2017, tende a contribuir para a ancoragem das expectativas de inflação futura. Os mercados de fato reagiram dessa forma, com redução da inflação implícita de longo prazo e, consequentemente, queda dos juros na parte longa da curva, na semana passada. 14,00 13,50 13,00 12,50 12,00 11,50 11,00 10,50 10,00 14,0 13,5 13,0 12,5 12,0 11,5 11,0 10,5 10,0 DI 17 DI 21 Fonte: Bloomberg, 29/06/2015 às 8h00 Juros Pré-Fixado Inflação Under Over Under Over
Indicadores e Cotações Classe Ativo Último Nível Dia Semana Mês 12 meses 2015 Indicadores de Risco EMBI Brasil 299,00-2,00 1,00 2,00 88,00 30,00 VIX 14,02 0,01 0,06 0,18 3,17-1,90 US High Yield Spread 491,99-0,08-11,26 6,83-55,46 Bolsas IBOV 54016,97 1,58% 0,50% 2,38% -1,14% 8,02% ISE 2523,06 1,49% 0,06% 1,45% -1,23% 3,76% IDIV 2713,8211 2,04% -0,35% -0,41% -23,08% -2,80% SMALL 1021,95 0,95% -0,35% -0,36% -21,18% -6,01% SP 500 (USD) 2101,49-0,04% -0,40% -0,28% 7,06% 1,02% Euro Stoxx (EUR) 373,27 0,34% 4,39% 0,87% 11,86% 17,12% Nikkei (JPY) 20706,15-0,31% 2,64% 0,70% 34,90% 18,65% Shangai Comp (CNY) 4192,873-7,40% -6,37% -9,08% 106,88% 32,44% MSCI ACWI (USD) 432,75-0,35% 0,13% -0,41% 0,80% 3,15% MSCI Emerging Markets (USD) 980,63-0,76% 0,62% -2,35% -6,06% 2,73% Classe Ativo Último Nível Dia Semana Mês 12 meses 2015 Commodities CRY 224,88 0,24% 1,24% 0,76% -28,14% -3,68% Oil 59,63-0,12% 0,03% -1,11% -44,41% 10,18% Gold 1175,52 0,20% -2,06% -1,26% -10,59% -2,08% Juros Germany Generic 10 Y 0,92 0,06 0,17 0,44-0,42 0,38 US Generic 10Y 2,47 0,06 0,22 0,35-0,13 0,29 Spread US x GE 1,55 0,00 0,04-0,08 0,29-0,10 Brazil Generic 10Y 12,60-0,10-0,01 0,37 0,58 0,25 IPCA 10 Y ( Generic NTN-B) 6,17 0,00 0,11 0,12 0,09 0,00 Inflação Implicita Brazil 5 Y 6,26-0,22-0,11 0,21 0,16-0,26 Inflação Implicita US 5 Y 1,70 0,01 0,05 0,10-0,39 0,54 Fundo Imobiliario IFIX 1453,3135 0,03% 0,32% 2,52% 5,74% 8,72% Moedas DXY 95,47 0,30% 1,47% -1,48% 18,79% 6,09% BRL 3,13 0,06% 1,02% -1,55% 40,33% 17,75% Fonte: Bloomberg, 29/06/2015 às 8h00
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