Material Teórico - Módulo de Potenciação e Dízimas Periódicas. Números Irracionais e Reais. Oitavo Ano. Prof. Ulisses Lima Parente

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Transcrição:

Material Teórico - Módulo de Potenciação e Dízimas Periódicas Números Irracionais e Reais Oitavo Ano Prof. Ulisses Lima Parente

1 Os números irracionais Ao longo deste módulo, vimos que a representação decimal de um número racional pode ser finita ou infinita. No segundo caso, a representação decimal se dá por meio de dízimas periódicas. Pode-se mostrar que quando dividimos o numerador pelo denominador de uma fração, com o objetivo de encontrar a sua representação decimal, sempre encontramos um decimal finito ou uma dízima periódica. Agora, observe o exemplo abaixo: Exemplo 1. O número cuja representação decimal é 0,01001000100001..., onde em cada passo acrescenta-se um zero a mais entre dois algarismos um, não é uma dízima periódica, pois há sequências tão grandes quanto queiramos, formadas somente por algarismos iguais a zero e contidas na sua parte decimal. Portanto, esse número não é a representação decimal de um número racional. Podemos concluir que há representações decimais que não têm como origem um número racional. Um número irracional é um número que possui representação decimal infinitaenãoperiódica. Onúmerodadonoexemplo1, cuja representação decimal é 0, 01001000100001..., é, portanto, um número irracional. Exemplo 2. Considere um quadrado de lado igual a 1cm, como na figura 1. Exemplo 3. Outro número irracional que merece atenção é o número π, definido como o quociente entre a circunferência de um círculo e o comprimento de seu diâmetro. Embora a irracionalidade de π seja um fato bem conhecido, uma justificativa desse fato não é elementar e está fora dos objetivos desse material. Registramos que π = 3,14159..., onde, no segundo membro acima, os cinco algarismos mostrados após a vírgula são os corretos. Nesse caso, escrevemos também π = 3,14159, e dizemos que 3,14159 aproxima π com cinco casas decimais corretas. 2 Os números reais O conjunto dos números reais, que é denotado por R, é a reunião do conjunto dos números racionais com o conjunto dos números irracionais. Os elementos de R são chamados números reais. Pode-se mostrar que, no conjunto dos números reais, a extração de raízes de números naturais sempre tem sentido. Assim, dados inteiros positivos m e n, escrevemos n m para denotar o número real que, elevado a n, dá, como resultado, o número m: ( n m) n = m. 1cm d 1cm Figura 1: O número irracional 2. Pelo teorema de Pitágoras, sua diagonal satizfaz d 2 = 2. Afirmamos que tal número não pode ser racional. De fato, se tivéssemos d = p q com p,q N, então p2 = d 2 q 2, donde p 2 = 2q 2. Mas, como todo quadrado tem um número par de fatores iguais a 2, concluímos, a partir dessa igualdade, que deveríamos ter um número par de fatores 2 do lado esquerdo da igualdade e um número ímpar de fatores 2 do lado direito; isso não pode acontecer, pois o modo como fatoramos um natural maior que 1 como um produto de números primos é único. O número d é chamado raiz quadrada de 2 e é denotado por 2. Uma pergunta que surge a essa altura é: qual é a representação decimal de 2? Para responder a essa pergunta, precisamos de propriedades que serão discutidas na seção 2. Por exemplo, 3 5 é o número real que, elevado ao cubo, é igual a 5; em símbolos, ( 3 5) 3 = 5. Também pode ser mostrado que ou m é uma n-ésima n potência perfeita e, neste caso, m é um número inteiro, ou então (generalizando o exemplo 2) n m é um número irracional. Esse é o caso, por exemplo, de 3 5: como 5 não é um cubo perfeito, concluímos que 3 5 é um número irracional. O conjunto R possui operações de adição, subtração, multiplicação e divisão, que são extensões das operações conhecidas em Q e, além disso, satisfazem as mesmas propriedades que satisfazem em Q. A relação de ordem conhecida em Q também se estende a R, satisfazendo as mesmas propriedades que satisfaz em Q. Mais precisamente, as operações de adição + e multiplicação de Q se estendem a R e possuem as seguintes propriedades, para quaisquer a,b,c R. (i) As operações + e são comutativas, isto é, a+b = b+a e a b = b a. Por exemplo, 3+ 2 = 2+3 e 3 π = π 3. (ii) As operações + e são associativas, isto é, (a+b)+c = a+(b+c) e (a b) c = a (b c). http://matematica.obmep.org.br/ 1 matematica@obmep.org.br

Porexemplo, ( ( 2+ 3) 1 +5 = 2+ 1 3 +5) e ( 3 8 3 5) 3 = 3 8 (3 5 3). (iii) A operação é distributiva em relação à operação +, isto é, a (b+c) = (a b)+(a c). Por exemplo, 4 ( 3+7) = (4 3)+(4 7). (iv) Os números 0 e 1 são, respectivamente, os elementos neutros para as operações + e. Isso significa que a+0 = a e a 1 = a, para todo a R. Por exemplo, π+0 = π e 5 25+0 = 5 25. (v) Dado a R, existe um único número número real, o qual denotamos por a, tal que a+( a) = 0. Além disso, se a 0, então também existe um único número real, que é denotado por a 1, tal que a a 1 = 1. Os números reais a e a 1 são chamados, respectivamente, de oposto (ou simétrico) e inverso de a. Também denotamos o inverso de a por 1 a, sempre que for conveniente. Por exemplo, o oposto de 8 é 8 e o seu inverso é 8 1 = 1 8. Podemos definir as operações de subtração e divisão de números reais, respectivamente, por a b = a+( b) e a b = a b 1. Observe que a b só faz sentido se b 0. Para a,b R escrevemos a b para denotar que a é maior do que ou igual a b. Esta é a relação de ordem em R, a qual, conforme já mencionamos, estende a relação de ordem em Q. Escrevemos também a b com o mesmo sentido de b a, mas, neste caso, lemos a é menor do que ou igual a b. Escrevemos ainda a > b para denotar que a é maior do que b, isto é, que a b e a b; por fim, escrevemos a < b para denotar que a é menor do que b, isto é, que a b e a b. Se a > 0, dizemos que a é positivo e, se a < 0, dizemos que a é negativo. A relação de ordem em R satisfaz as propriedades abaixo, para quaisquer a,b,c R. (i) Se a > 0 e b > 0, então a+b > 0 e a b > 0. (ii) Para a, b R, ocorre exatamente uma das alternativas a > b, a < b ou a = b. (iii) a > b se, e somente se, a b > 0. (iv) Se a b e b a, então a = b. (v) Se a b e b c, então a c. (vi) Se a b, então a+c b+c. (vii) Se a b e c > 0, então a c b c. Por outro lado, se a b e c < 0, então a c b c. Sejam dados dois reais a,b > 0. Se a > b, então, utilizando sucessivamente as propriedades (vii) e (v), obtemos a > b > 0 = a a > b a e a b > b b = a 2 > ab e ab > b 2 = a 2 > b 2. Reciprocamente, sejam a,b > 0 tais que a 2 > b 2. Então, a b, de forma que, pela propriedade (ii), a > b ou a < b. Se fosse a < b, então, como a,b > 0, o argumento do parágrafo anterior (utilizado com a no lugar de b e b no lugar de a) nos daria a 2 < b 2, o que não é o caso. Logo, a única possibilidade é que seja a > b. Podemos resumir a discussão dos dois parágrafos acima na seguinte propriedade: (viii) Se a e b são números reais positivos, então a > b a 2 > b 2, ou, de uma forma equivalente, a > b a > b. A propriedade (viii) pode ser utilizada para estimar raízes quadradas, conforme mostrado pelos dois exemplos a seguir. Exemplo 4. Voltando à pergunta feita na seção 1, sobre a representação decimal de 2, utilizando a propriedade (viii), obtemos: 1 < 2 < 4 = 1 < 2 < 4 = 1 < 2 < 2. Daí, já sabemos que 2 está entre 1 e 2. Agora, utilizando a mesma propriedade, segue de que Analogamente, 1,4 2 = 1,96 < 2 < 2,25 = 1,5 2 1,4 = 1,96 < 2 < 2,25 = 1,5. 1,41 2 = 1,9881< 2 < 2,0164 = 1,42 2 implica, pela propriedade (vii), 1,41 = 1,9881< 2 < 2,0164 = 1,42. Prosseguindo com esse raciocínio, podemos verificar facilmente que 2 = 1,4142..., onde, no segundo membro acima, os quatro primeiros algarismos após a vírgula são os corretos. http://matematica.obmep.org.br/ 2 matematica@obmep.org.br

Exemplo 5. Raciocinando como no exemplo anterior, temos Agora, como 2,89 < 3 < 3,24 = 2,89 < 3 < 3,24 = 1,7 < 3 < 1,8. 1,73 2 = 2,9929 < 3 < 1,74 2 = 3,0276, temos da propriedade (viii) que 1,73 < 3 < 1,74. Prosseguindo analogamente, cheque que 3 = 1,7320, com quatro casas decimais corretas. Terminamos esta seção observando que os conjuntos numéricos N = {0, 1 2, 3...}, e Z = {... 3, 2, 1, 0, 1 2, 3...} { m } Q = n m,n Z e n 0 satisfazem a seguinte sequência de inclusões de conjuntos N Z Q R. Além disso, o conjunto dos números reais também contém o conjunto dos números irracionais. De fato, se denotarmos o conjunto dos números irracionais por Q, então R = Q Q. 3 Representação geométrica Daremos, agora, uma ideia de como um número racional (fração) pode ser representado geometricamente sobre uma reta r. Para tanto, escolhemos um ponto O em r para representar o 0, uma das semirretas com origem em O para ser positiva (a outra será negativa) e um outro ponto P, agorana semirreta positiva, para representaro1. O segmento OP será a unidade de comprimento utilizada. Por exemplo, para marcar o número 8 3 = 2,666... sobre r, marcamos na semirreta positiva um segmento OQ, que tem oito vezes a medida de OP. O ponto Q representará o número 8. Daí, marcamos, ainda sobre a semirreta positiva, o segmento OR, cuja medida é um terço de OQ. O ponto R representará o número 8 3 (veja a figura 2). Observe que nada do que foi utilizado para marcar o número 8 3 naretar impedequefaçamosomesmocomqualquer outra fração positiva. Para marcar as frações negativas, realizamos um procedimento inteiramente análogo, mas na semirreta negativa. Então, qualquer número racional pode ser representado sobre r. E quanto à recíproca? Isto é, com a representação dada pela figura 2, todo ponto de r representa um número 0 1 8 8 3 O P R Figura 2: Representação geométrica dos racionais. racional? A resposta a essa pergunta é não! De fato, podese mostrarque existe uma infinidade de pontos sobre r que não representam número racional algum. Mais precisamente, pode-se mostrar que os pontos de r que não representam números racionais são exatamente aqueles que representam os números irracionais. Dessa forma, concluímos que todo número real pode ser representado em r, e todo ponto de r representa exatamente um número real, o qual pode ser racional ou irracional. Vejamos um exemplo importante. Exemplo 6. Como na figura 2, seja P o ponto, sobre a reta r, que representa o número 1. Agora, considere o quadrado OPQR de lado 1 (veja a figura 3). Por fim, marque (conforme mostrado na figura 3) um ponto T na semirreta positiva de modo que OQ OT. O ponto T não pode representar um número racional, pois, como já vimos, a medida da diagonal de um quadrado de lado 1, que é igual a 2, é um número irracional. R O 2 Figura 3: Representação geométrica de 2. Q P Q Dicas para o Professor Recomendamos que seja utilizada uma sessão de 50min para cada uma das três seções que compõem esta aula. Na seção 1, chame atenção para a existência de números com representação decimal infinita e não periódica, que são os números irracionais. Na seção 2, saliente as propriedades das operações aritméticas e da relação de ordem em R. Finalmente, na seção 3, explique como os números racionais podem ser marcados sobre uma reta e, também, justifique a existência de pontos sobre a reta que não representam números racionais. T r r http://matematica.obmep.org.br/ 3 matematica@obmep.org.br

Sugestões de Leitura Complementar 1. A. Caminha. Tópicos de Matemática Elementar, Volume 1: Números Reais. Rio de Janeiro, Editora S.B.M., 2013. 2. J. Ferreira. A construção dos Números. Rio de Janeiro, Editora S.B.M., 20013. http://matematica.obmep.org.br/ 4 matematica@obmep.org.br