Análise de erro de medicação sob a ótica de auxiliares/técnicos de enfermagem em uma Unidade de Terapia Intensiva

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Transcrição:

VI Simpósio Internacional de Enfermagem (SIEN) Análise de erro de medicação sob a ótica de auxiliares/técnicos de enfermagem em uma Unidade de Terapia Intensiva Daniela Benevides Ortega Enfermeira da UTI Geral do Hospital Santa Catarina Especialista em Terapia Intensiva Pós graduanda em Gerenciamento de Enfermagem Membro do GEPAV-SE - Grupo de pesquisa da Escola Paulista de Enfermagem - UNIFESP

Introdução I A segurança do paciente submetido à terapêutica medicamentosa tornou-se um dos maiores desafios enfrentados pelos sistemas de saúde no mundo inteiro. O termo segurança do paciente envolve, em geral, a prevenção de erros e a eliminação de danos causados aos pacientes Teixeira, Dissertação Mestrado USP, 2007 A administração de medicamentos exige muita atenção e responsabilidade por parte do profissional que a executa, pois é uma das atividades mais sérias da enfermagem, especialmente em ambientes com pacientes criticamente enfermos como nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI)

Introdução II Nas UTIs, a complexa terapia medicamentosa, o uso de inúmeros medicamentos potencialmente perigosos associados à gravidade e instabilidade clínicas dos pacientes, justificam uma análise focalizada, pois nessas circunstâncias, as consequências podem ser mais danosas Toffoletto et al., Rev Esc Enfemagem USP, 2006 A identificação das causas dos erros de medicação mais frequente e a conscientização da importância da notificação desses erros são instrumentos para a melhoria da qualidade da assistência, especialmente em pacientes em UTI

Objetivo Identificar as principais causas de erros de medicação em uma UTI, a atitude de auxiliares/técnicos de enfermagem ao administrar ou presenciar tais erros e seu conhecimento referente a medicamentos por eles administrados

Método Foi realizada uma pesquisa descritiva quantitativa em um hospital geral de grande porte localizado no município de São Paulo, na UTI Geral composta por 24 leitos. O hospital é acreditado pela Organização Nacional de Acreditação (ONA) e pela Acreditação Internacional Canadense A população de estudo foi constituída por auxiliares e técnicos de enfermagem. A equipe é composta por 61 auxiliares e técnicos de enfermagem, entretanto, no período da coleta de dados, a população que participou da pesquisa foi 55 auxiliares e técnicos de enfermagem

Resultados

População final, formação e experiência Participaram do estudo 55 indivíduos, 35 do sexo feminino (63%), 39 técnicos de enfermagem (70%), 16 auxiliares de enfermagem (30%) Em relação ao tempo após a formação de técnico/auxiliar de enfermagem, a média foi de 6 meses a 31 anos Em relação ao tempo de experiência na UTI do Hospital foi de 3 meses a 26 anos

Descrição de erros de aplicação DESCRIÇÃO DO ERRO n=18 % Dose incorreta 11 61 Via incorreta 3 17 Medicamento incorreto 3 17 Falta de checagem de colega 1 5 Incidência de erro: 30% (17 55)

Atitude mais comum após s erro ATITUDE APÓS ERRO n=16 % Comunicar a enfermeira 11 69 Comunicar ao médico 1 6 Avisar a outro técnico/auxiliar 1 6 Enfermeira percebeu o erro 3 19

Motivo mais comum para o erro MOTIVO DE ERROS n % Sobrecarga de trabalho 30 55 Distração durante o preparo 23 42 Dificuldade para entender prescrição 5 9 Falta de conhecimento da medicação 1 2

Cuidado durante preparo de medicações CUIDADO NO PREPARO n=55 % Permancer em silêncio 43 78 Concentrados mas conversam se solicitados 11 20 Prepara o medicamento em separado 1 2

Atitude após s presenciar erro de colega ATITUDE COM ERRO DE COLEGA n % Aconselharia contar a chefia 44 80 Não se envolveria 8 14 Não contar para a chefia 2 4 Observar o paciente 2 4

Modo para se informar do medicamento COMO SE INFORMA DA MEDICAÇÃO n % Pesquisa no DEF 42 76 Consulta a enfermeira 21 38 Consulta o médico 10 18 Pesquisa na internet 5 9 Consulta com outro colega 2 4

Conclusões Vários são os motivos que podem propiciar erros de medicação, porém muitos deles podendo ser evitados A maioria dos profissionais tem consciência da importância da notificação diante de um erro de medicação, entretanto, a literatura consultada relata que as subnotificações são consideráveis Observou-se a necessidade de que mais pesquisas referentes à prevenção de erros e condutas a serem tomadas após os erros sejam desenvolvidas para que o medo de punição deixe de ser uma barreira para as notificações

Obrigada!!! E mail: db ortega@uol.com.br