Os benefícios da aplicação do método Pilates solo em adultos com lombalgia decorrentes de acometimentos musculares

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Transcrição:

1 Os benefícios da aplicação do método Pilates solo em adultos com lombalgia decorrentes de acometimentos musculares Alline Barroncas de Oliveira 1 allinebarroncasfisio@gmail.com Msc. Dayana Meija 2 Faculdade de Tecnologia do Ipê-FAIPE / Bio Cursos Manaus Pós-Graduação em Reabilitação Ortopédica e Traumatológica com Ênfase em Terapia Manual Resumo O método Pilates possibilita vários benefícios através de exercícios praticados com poucas repetições, priorizando o trabalho constante da musculatura abdominal, podendo ser trabalhado em aparelhos ou no solo. Este estudo, objetivou analisar os efeitos dos princípios do método Pilates no solo na lombalgia, identificando o nível de quadro álgico e da amplitude de movimento da coluna lombar, antes e após 3 meses de tratamento. O enfraquecimento da musculatura abdominal pode causar danos à saúde do ser humano, e estes danos podem interferir seriamente nas atividades de vida diária (AVD s), facilitando o desenvolvimento de alterações na coluna vertebral, como a lombalgia, a qual pode interferir na biomecânica da coluna vertebral, que exerce um papel importante nos movimentos realizado pelo corpo humano, dando estabilidade e ampliando os movimentos, muitas vezes comprometendo a independência funcional do indivíduo. Este foi realizado devido à falta de conhecimento do ser humano em aspectos que influenciam o aparecimento de dores lombares, como má postura e enfraquecimento da musculatura e, através da aplicação do método no tratamento fisioterapêutico, obteve-se diminuição do quadro álgico, mensurada através da Escala Visual Analógica da Dor. Palavras-chave: Método Pilates; Lombalgia; Cadeias Musculares. 1. Introdução O método Pilates é um programa de exercícios que foca os músculos essenciais para a postura, os quais ajudam a manter o corpo equilibrado e que são primordiais para sustentar a coluna vertebral, evitando e/ou diminuindo os casos de lombalgia decorrentes de acometimentos musculares. Os exercícios do método ensinam a conscientização da respiração, alinhamento da coluna vertebral e fortalecimento dos músculos dorsais 1 Pós-graduanda em Reabilitação Ortopédica e Traumatológica com ênfase em Terapia Manual 2 Orientador: Fisioterapeuta, Especialista em Metodologia do Ensino Superior, Mestre em Aspectos Bioéticos e Jurídicos e Doutoranda

2 profundos, numa conjugação perfeita de mente, corpo e respiração. Trata-se de uma forma de entender a atividade física e desportiva que envolve, do mesmo modo o corpo e o interior do ser humano. Hoje em dia, Pilates é usado como processo de reabilitação por muitos fisioterapeutas. O foco do Pilates em fortalecer músculos posturais e a consciência postural são especialmente indicados para alívio e prevenção da dor nas costas, tais como a lombalgia. Assim, algumas pesquisas e teorias no aprendizado motor, biomecânica e fisiologia ajudam a dar suporte ao fenômeno experimentado por muitos praticantes de Pilates. Este trabalho teve como objetivo através da aplicação do método Pilates, a recuperação e a eliminação total ou parcial das dores lombares, apresentada pelos pacientes que fizeram parte desta aplicação, buscando e visando sempre os seis princípios do Pilates, levando o paciente a obter equilíbrio, coordenação e controle postural, além de fortalecer o corpo como um todo. Os métodos utilizados neste estudo, foram a aplicação do método Pilates em solo, sobre colchonetes, com bolas suíças, faixas elásticas e círculo mágico, com os quais foram feitas 3 sessões semanais, com duração de 1 hora cada, durante 3 meses, com 2 pacientes (P.G.B.O. e M.P.S.B.O.), com idade de 19 e 54 anos, respectivamente. Este trabalho foi realizado devido à necessidade de comprovação em bibliografias e estudos de casos, de que o Pilates demonstrava ser um excelente método para correção postural, diminuição de dores na coluna lombar, através do fortalecimento das cadeias musculares, que promoverão uma maior flexibilidade, força e resistência do corpo, prevenindo e revertendo lesões já instaladas. Por se tratar de um assunto pouco abordado e pouco esclarecido para a população, o que leva a um aumento nos registros e na procura pelo profissional de saúde, neste caso o de fisioterapia, para sanar as suas principais dores, e principalmente a lombalgia, buscou-se uma forma de corroborar com os achados em outros estudos para que o método possa ser cada dia mais utilizado para as destinações acima mencionadas. Assim, faz-se necessário o conhecimento prévio sobre a coluna vertebral e suas divisões (cervical, torácica, lombar, sacral e cóccix), além de estruturas que a compõem, dando ênfase a coluna lombar. Veremos também como as cadeias musculares (anterior, posterior e lateral), influenciam no aparecimento ou não da lombalgia. E ainda algumas

3 formas de tratamento, tais como crochetagem e liberação miofascial, além do método Pilates, que será a abordagem principal deste trabalho, para que se evidencie o quão eficaz e eficiente é, o tratamento da lombalgia através deste método. Em torno de toda a coluna vertebral encontramos a musculatura que produz e controla os movimentos vertebrais e que sustenta o nosso tronco. Os músculos pequenos e profundos, que são ligados às vértebras, controlam os movimentos entre os segmentos e os músculos mais superficiais. Já os maiores por sua vez, são responsáveis pelos movimentos globais da coluna. A musculatura das costas se estende da nuca até o quadril, daí segue paralelamente com toda a coluna e são responsáveis principalmente, pelos movimentos de manutenção da postura e extensão da coluna. A musculatura do quadril produz leve inclinação deste para frente, enquanto a musculatura da perna é que nos sustentam na posição ortostática. A coluna vertebral, ou espinha dorsal, estende-se da base do crânio até a base da pelve e é composta de 33 ossos independentes chamados vértebras. Essa região na curva da coluna na região abdominal é composta por cinco vértebras, que são mais largas e mais fortes que as demais porque têm de suportar um peso muito maior. A última vértebra lombar se localiza na base do sacro¹. A dor lombar tem causas congênitas, degenerativas, inflamatórias, infecciosas, afecções traumáticas, ou ainda por fatores variados, como estresse, ansiedade, má postura, sedentarismo e tensão emocional. Estudos demonstram que 60% a 90 % da população adulta sofrerão em algum momento de sua vida com dor lombar, tendo predileção por adultos jovens, sendo uma das principais razões por afastamento do trabalho. ² Podemos explicar o processo da seguinte maneira: ao se levantar um objeto pesado com a postura errada, sua musculatura abdominal e a paravertebral vão contrair simultaneamente para estabilizar a coluna e dar a você a força necessária. A inserção da musculatura abdominal se dá na sínfise púbica que provavelmente já estava irritada anteriormente, e fica dolorida após ter sofrido tração quando você levantou o peso, e a musculatura paravertebral, principalmente o músculo quadrado lombar, bem na parte inferior das costas, fica contraturado, retesado, causando uma dor intensa. ³ O sacro consiste em cinco vértebras unidas. As forças são transmitidas pela coluna vertebral para o sacro e para as pernas. As duas articulações sacroilíacas, em que o sacro encontra os ilíacos, têm ligamentos fortes que mantêm as articulações firmes e absorvem a força depositada nelas.³

4 O cóccix forma um pequeno apêndice com o sacro. Consiste em quatro vértebras na base da coluna, que em geral estão fundidas, apesar de a primeira poder estar separada. ¹ Na abordagem dos problemas musculares e articulares, o corpo é tratado de forma segmentada. Por exemplo, uma dor na região lombar é geralmente vista como um problema local, e o tratamento envolve apenas os músculos presentes nessa região. Já a proposta da abordagem das cadeias musculares considera o sistema muscular de forma integrada, em que os músculos se organizam em cadeias. Utilizando esta técnica, é possível identificar o comprometimento de cada cadeia muscular e, a partir daí, tratar as causas e as consequências. Assim, uma dor na região lombar pode ser causada pelo desequilíbrio das cadeias envolvidas e sua análise e tratamento vão além da análise e tratamento das estruturas da coluna lombar. 4 Cadeia muscular é a organização dos músculos em cadeias de forma integrada e global visando manter o indivíduo em equilíbrio postural. As cadeias musculares referem-se a um procedimento preventivo e/ou corretivo, sendo um método de leitura da postura e conscientização, para a utilização adequada e harmoniosa do corpo visando preservar sua mecânica. 5 Em dinâmica, um movimento é mais amplo quando é antecedido por um alongamento muscular e, em estática, quanto mais encurtado for o músculo, mais resistente será. Sendo assim, estas duas grandes funções articulares estabilidade e mobilidade têm grande dificuldade em coexistir, por dependerem dos mesmos músculos. 4 A cadeia respiratória compreende os músculos escalenos, peitoral menor, intercostais, alterações nesta podem levar ao aumento da lordose lombar. A cadeia ântero-medial do quadril compreende os músculos iliopsoas, adutores pubianos (pectíneo, adutor curto, adutor longo, grácil e porção anterior do adutor maior). Alterações nesta causa aumento da lordose lombar, flexão de quadril, rotação medial e adução do quadril, joelhos valgos. 4 O tratamento da lombalgia pode ser feito de várias formas: repouso no leito e medicação; mobilização bem sucedida (manipulação); aplicação imediata de um suporte que proporcione imobilização ou tratamento suave que emprega várias modalidades e procedimentos para alívio da dor. 5

5 A crochetagem vem somar a este arsenal de técnicas, pois é um método utilizado no tratamento das algias do aparelho locomotor, pela busca da remoção das aderências e dos corpúsculos irritativos, com o uso de ganchos colocados e mobilizados sobre a pele. É indicada em qualquer afecção osteomioarticular que apresente uma fibrose ou aderências, e tem como objetivo principal o rompimento de pontos de fibrose. 6 O principal objetivo do Pilates é fortalecer o núcleo do corpo, que corresponde à região situada entre os quadris e o osso esterno. Os músculos centrais incluem os músculos dorsais, os músculos adutores, os íliopsoas e quatro camadas de músculos abdominais. ² É a mente que controla o corpo, como preconiza o método. Com isso o corpo começa a perceber o movimento e utilizar as estabilizações necessárias para sua execução, evitando assim lesões. A concentração ajuda o cérebro e o sistema nervoso na solicitação dos músculos adequados ao movimento, com isso facilita a ativação antecipatória dos músculos profundos, melhorando a estabilidade da lombar o que provavelmente auxiliará nos resultados que serão obtidos. ² 2. Metodologia Foi realizado estudo de caso, aplicando-se o método Pilates em solo, utilizando como materiais, os colchonetes, as bolas suíças, as faixas elásticas e o círculo mágico. Este estudo foi realizado em um período de 3 meses, com a realização de 3 sessões semanais, com duração de 1 hora cada sessão, com 2 pacientes (P.G.B.O. e M.P.S.B.O.), com idade de 19 e 54 anos, sexo masculino e feminino, respectivamente. Após a realização deste estudo, fizemos uma análise em alguns resultados analisados por autores e que também foram pesquisados nesse trabalho, e vimos que corrobora com os resultados provenientes do estudo de caso aqui conduzido, como é o caso de 03 estudos analisados 7, onde concomitantemente com o estudo aqui apresentado, houve diminuição dos sintomas da dor, avaliado pelo método EVA (Escala Visual Analógica) da dor, utilizando o método Pilates. Sendo que em 02 desses estudos houve melhora da capacidade funcional para as atividades de vida diária (AVDs), além dos efeitos significativos na redução da dor. Observação essa que vai de encontro aos resultados obtidos nesse trabalho.

6 3. Resultados e Discussão Em discussão relativa à pré-avaliação, foi possível observar que tanto neste estudo de caso desenvolvido, quanto em alguns estudos analisados, todas as pacientes relatavam dores e dificuldades em realizar tarefas em geral 8. Foi percebido ainda que ainda nesse estudo, foi aplicada a mesma Escala de avaliação de dor, a escala visual analógico EVA 18, além dos testes específicos e do questionário de Roland-Morris. Assim como nos estudos analisados 2,7,8,9,10, e também neste estudo de caso - aplicado em 3 pacientes-, por um período de 3 meses, com 3 sessões semanais e com duração de 1 hora cada sessão, percebeu-se que com o decorrer das sessões houve uma melhora significativa em todos os aspectos previamente avaliados e os resultados obtidos na escala de dor 18 e também no questionário de Roland-Morris apresentaram evolução após intervenção fisioterapêutica com o método Pilates, mostrando assim a eficácia do tratamento. Dessa forma o método Pilates surge como uma importante opção, para esse tipo de aplicação, já que seu foco está em fortalecer músculos posturais e na ausência de dor, ao ponto que outrora antes do tratamento o paciente relatava níveis elevados de dor 2,8,17. Ainda no mesmo contexto, porém agora analisando à importância e a influência do método Pilates sob o centro de força (musculatura abdominal), como prevenção do aumento da lordose lombar, alguns estudos analisados comprovaram os resultados obtidos neste estudo, onde viu o relato de que o método é eficaz para estabilização segmentar lombar, quando aplicado de acordo com os seus 6 princípios, pois estimula a concentração dos músculos superficiais e profundos do abdômen, além de ser de baixo impacto articular e muscular,podendo ser utilizado em diversas áreas da fisioterapia, como tratamento, prevenção e promoção da saúde 9. E quando se fala da melhora da flexibilidade, da força e da resistência, diz-se que o método é uma excelente modalidade de exercício para melhorar a estabilidade da coluna vertebral, a força e a resistência dos músculos lombares. Fato este observado e relatado também neste estudo de caso 10. Este diz ainda que este método, por meio de seu princípio de ação, poderia não apenas ser positivo para diminuir os sintomas de dores lombares, como poderia ser utilizado como forma preventiva e intervencionista para correções de problemas posturais, além das alterações decorrentes de acometimentos musculares aqui

7 estudadas, como as assimetrias segmentares e musculares, escolioses, cifoses e lordoses pronunciadas 10. 3. Conclusão Obteve-se como resultado, no estudo de caso apresentado, uma diminuição perceptível no nível da dor lombar, se comparar-mos as avaliações feitas antes e depois da aplicação do método, nível este, mensurado de acordo com a Escala Analógica Visual da dor, sendo possível assim, perceber que o método Pilates produz resultados satisfatórios e eficazes no tratamento da lombalgia, melhorando o quadro álgico inicialmente apresentado, bem como também apresenta melhora na flexibilidade e a postura, aumentando assim o condicionamento físico do indivíduo, causando uma melhora na qualidade de vida, além de evidenciar que este método pode e deve ser utilizado em diversas áreas da fisioterapia como recurso terapêutico. Tendo em vista que é um método que fortalece o corpo do indivíduo de forma global, tendo como base o fortalecimento da região abdominal (casa de força). Além de ser um método utilizado também como prevenção, fortalecendo as cadeias musculares de forma harmônica, tendo como benefício a diminuição e riscos de lesões decorrentes de acometimentos musculares. Assim sugere-se que continuem sendo realizados estudos que se apliquem a utilização do método Pilates em todas as suas vertentes, para comprovar e corroborar os resultados obtidos neste estudo e em artigos já publicados, de que a utilização no método Pilates visa a promoção e prevenção da saúde.

8 4. Referências Bibliográficas 1. STANMORE, T., Pilates para as costas. 1ª ed. Barueri-SP: Manole, 2008. 2. PEREIRA, M., Efeitos de método Pilates na Lombalgia: Estudo de 2 casos, 2006, 27f. Texto de apoio ao Curso de Especialização Atividade Física Adaptativa e Saúde Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais campus Poços de Caldas, 2006. Disponível em: http://www.wgate.com.br/conteudo/medicinaesaude/fisioterapia/alternativa/pilat es_marina/pilates_marina.htm. Acesso em: 10 de jan. de 2015. 3. STEFFENHAGEN, M., Manual da coluna: mais de 100 exercícios para você viver sem dor. 2ª ed. Curitiba-PR: Estética Artes Gráficas, 2003. 4. MORAES, Luci Fabiane Scheffer. Os princípios das cadeias musculares na avaliação dos desconfortos corporais e constrangimentos posturais em motoristas do transporte coletivo. 2002. 118f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. 5. KENDALL, F. P. Mc. CREARY, E. K. PROVANCE, P. G.. Músculos: provas e funções. 4ª ed. São Paulo: Manole, 1995. 6. BAUMGARTH, H.. Crochetagem - Apostila do curso de crochetagem (diafibrólise percutânea), Manaus, 2011. 7. AMORIM, L., et.al., O método Pilates no tratamento da lombalgia crônica não específica - UNIVERSIDADE DE CUIABÁ CAMPUS DE SINOP, 2006. 8. ALMEIDA, A. e MARINHO, M., Os benefícios do método Pilates na lombalgia crônica FACULDADES SUDAMÉRICA CATAGUASES/MG 2010. 9. SOUZA, M. e MEIJA, D., Aplicação do método Pilates e da estabilização segmentar na coluna lombar, Revisão Bibliográfica com artigos de 2000 a 2011. 10. SILVA. R., Efeitos dos exercícios Pilates na função do tronco e na dor de pacientes com lombalgia. UNOPAR 2011, Publicado na Revista Terapia Manual Fisioterapia Manipulativa. 11. ALVARENGA, A., O método Pilates (bola e solo) como tratamento para lombalgias decorrentes de escoliose e hérnia de disco UNIVERSIDADE PAULISTA São Paulo, 2007. Disponível em

9 http://www.luzimarteixeira.com.br/wp-content/uploads/2011/03/alline_monopilates-e-lombalgias.pdf, acesso em 02 de novembro de 2014 às 00:07 hs. 12. PAIXÃO, R., Atuação exclusiva da crochetagem na liberação aponeurótica em região de massa comum em paciente com lombalgia e sua influência na remissão da dor, 2008, 12f. Trabalho Acadêmico (Graduação em Fisioterapia) Universidade Estácio de Sá, Rio de Janeiro, 2008. Disponível em: <http://www.henriquecursos.com/site/docs/definitivo_lombalgia.pdf>. Acesso em: 20 de nov. de 2014 às 17:00 hs. 13. O`SULLIVAN, S. B. & SCHMITZ, T. J. Fisioterapia: Avaliação e Tratamento. 2ª ed. São Paulo: Manole, 1993. 14. MÉTODO PILATES. Disponível em: <www.exerciciospilates.net/2010/10/02/metodo-pilates>. Acesso em: 03 de set. de 2014 às 19:17 hs. 15. CARVALHO, D., Os princípios do método Pilates no solo na lombalgia crônica, 2006, 10f. Trabalho Acadêmico (Graduação em Fisioterapia) Universidade do Sul de Santa Catarina, Santa Catarina: 2008. Disponível em: <http://www.fisio-tb.unisul.br/tccs/06b/diegoalano/artigodiego.pdf>. Acesso em: 29 de Nov. de 2014 às 23:30 hs. 16. INTRODUÇÃO AO MÉTODO PILATES. Disponível em: <www.copacabanarunners.net/pilates-metodo.html>. Acesso em: 03 de set. de 2014 às 20:28 hs. 17. GOMES, C., et AL, O MÉTODO PILATES NA DIMINUIÇÃO DA DOR LOMBAR EM GESTANTES. 18. ESCALA ANALÓGICA DA DOR. Disponível em <www.sogab.com.br/escalavisualanalogica.doc>. Acesso em: 25 de nov. de 2014 às 13:34 hs. 19. COMUNELLO, J., Benefícios do método Pilates e sua aplicação na reabilitação INSTITUTO SALUS, Joinville SC, 2011.