O universo simbólico e o trabalho de campo com dança e folguedos tradicionais

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Transcrição:

O universo simbólico e o trabalho de campo com dança e folguedos tradicionais El universo simbólico y el trabajo de campo con danza y folklore tradicional Professor Assistente Substituto de Capoeira do Departamento de Lutas da EEFD da UFRJ (Brasil) MSc. Ricardo Martins Porto Lussac ricardolussac@yahoo.com.br Resumo Este artigo analisou a importância do trabalho de campo com danças e folguedos tradicionais e a relação deste na compreensão do universo simbólico presente em tais práticas. Concluiu-se que a pesquisa produtiva do folclore será aquela que consiga contribuir para o avanço teórico na compreensão do tema e em resultados práticos que beneficiam os grupamentos estudados. As funções dos símbolos nos rituais são de extrema importância para os sentidos que convergem estes rituais, e para os laços agregatórios e de valores de grupo, e também para o sentimento de pertencimento dos sujeitos envolvidos. Em vivências em trabalhos de campo os pesquisadores devem identificar e conhecer os sujeitos celebrantes e os objetos celebrados, e compreender as funções simbólicas e procedimentais destes nos rituais, entendendo desta forma, todo o contexto e operacionalidade do universo simbólico. Unitermos: Dança, Folclore, Folguedos Tradicionais, Trabalho de Campo, Universo Simbólico. http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 145 - Junio de 2010

O trabalho de campo com dança e folguedos tradicionais As vivências em um trabalho de campo com danças e folguedos tradicionais são extremamente importantes no processo de criação artística. Mas este processo de criação não é somente intuitivo, é também racional, devendo ser construído sobre uma perspectiva científico-metodológica rigorosa quando se tratar de um trabalho acadêmico. De acordo com a Dra. Ana Maria Laura Cavalcanti (2002), antes de mais nada, o Folclore é um campo de estudos. Neste sentido, trabalhos de campo não só devem atender ao pesquisador, mas como recomenda a Comissão Nacional do Folclore (1995), na Carta do Folclore Brasileiro, regida no VIII Congresso Brasileiro de Folclore, as pesquisas devem ser participativas vivenciais em sua metodologia nas etapas de apreensão, comparação e devolução dos resultados às comunidades, propiciando vantagens tanto para o pesquisador, como para o pesquisado. Esta prerrogativa está bem clara na Resolução 196 do Conselho Nacional de Saúde (1996). Consoante com a Resolução 196, a supracitada Carta do Folclore Brasileiro ratifica que a pesquisa produtiva do folclore será aquela que consiga contribuir para o avanço teórico na compreensão do tema e em resultados práticos que beneficiam os grupamentos estudados, objetivando também sua auto-valorização e a de seu respectivo grupo, obtendo deste modo, a relevância da expressão e a sua transmissão às novas gerações. As pesquisas no campo do folclore devem estar atualizadas metodologicamente, com as assertivas investigativas de análises provenientes das diversas áreas das Ciências Humanas e Sociais, e integradas com estudos de diferentes regiões para análises comparativas, com as quais podem ser identificadas as diferenças, as igualdades, as semelhanças e as ausências entre fatos ou fenômenos. Sobretudo, as vivências em trabalhos de campo devem ser pautadas em princípios éticos. Pesquisas que envolvem seres humanos devem estar de acordo com a Resolução 196 do Conselho Nacional de Saúde. Nesta resolução encontram-se princípios norteadores na condução de vivências pautadas em

pesquisas científicas, como: autonomia, beneficência, não maleficência, justiça e eqüidade. Mas além de todo respeito aos princípios éticos e o rigor metodológicocientífico que o pesquisador hodierno do campo do folclore deve ter, é necessário ter também a sensibilidade em vivências de campo. Ao se tratar de cultura, as danças e os folguedos tradicionais, como formas de pensar, de sentir e de agir de um povo, devem ser entendidas e compreendidas sob estas formas de expressão. O vivente deve sentir. Não é possível viver um folguedo ou uma dança se não sentir e captar o seu significado. Somente sentindo é que todo o processo de criação artística é liberado. Desta forma, para compreender possíveis processos de criação, o pesquisador deve estar atento não só para o sentimento dos viventes dos folguedos, mas também, do seu próprio, mesmo como observador. Do mesmo modo, é necessário ter ciência de que pelo simples fato do fenômeno ser observado, este já pode sofrer alterações, e também que, nenhuma observação ou análise é imparcial e desprovida de um pré-conceito - apesar de pesquisadores tentarem se despojar de qualquer postura tendenciosa e preconceituosa. De acordo com Beresford (2008), tendo em vista que todas as pessoas têm mecanismos cognoscitivos de preferências e de pré-preferências, para tentar evitar ou, no mínimo, reduzir dentro do possível as influências negativas destes mecanismos, primeiro deve-se ter consciência de que as pessoas não são neutras e imparciais, e sim, tendenciosas e parciais por natureza, e de que os juízos são emitidos por conceitos antecipados, de pré-conceitos. O universo simbólico Os rituais folclóricos, como um conjunto de criações culturais de uma comunidade, baseado nas suas tradições e expressões individuais e coletivas, representam uma identidade social. Portadores de funções dentro de um grupo ou sociedade, os rituais folclóricos têm um universo simbólico próprio.

Entendendo que toda a expressão cultural emerge do Homem, encarna no Homem, e sendo o Homem dotado de um corpo que significa a sua condição de presença, de participação, de significado, de intencionalidade e de consciência, onde há vida, vivência e convivência em sua noção de corporeidade, de condição de presença, participação e significação no mundo, os rituais folclóricos detém um conjunto de símbolos imbricados aos contextos de identidade e sentimento de pertencimento (TUBINO; LUSSAC, 2008). O universo simbólico está alicerçado na compreensão de um povo acerca de seu mundo. De acordo com o sociólogo Dr. Luis Renato Vieira (2005), a Cosmogonia é a maneira que um povo, um grupo ou uma sociedade, através de lendas, mitos, entre outros artifícios, explicam a sua origem no mundo e a origem do universo. É desta compreensão de mundo, de universo, que cada povo, grupo ou sociedade desenvolve o seu universo simbólico. É dentro deste contexto que cada ritual folclórico é desenvolvido. Portador de um sentido, de uma função em um grupo ou sociedade, os rituais folclóricos têm seus fundamentos e simbologias respaldadas pelo respectivo universo simbólico de sua sociedade. Considerações finais O universo simbólico de um ritual folclórico é uma pequena fração do universo simbólico da sociedade à que este ritual pertence. As funções dos símbolos nos rituais são de extrema importância para os sentidos que convergem estes rituais, e para os laços agregatórios e de valores de grupo, e também para o sentimento de pertencimento dos sujeitos envolvidos. Destarte, nas vivências em trabalhos de campo os pesquisadores devem identificar e conhecer os sujeitos celebrantes e os objetos celebrados, e compreender as funções simbólicas e procedimentais destes nos rituais, entendendo desta forma, todo o contexto e operacionalidade do universo simbólico.

Referências BERESFORD, H. Anotações em sala de aula na disciplina Estatuto Epistemológico da Motricidade Humana. Universidade Castelo Branco PROCIMH, Rio de Janeiro: 1º quadrimestre, 2008. CAVALCANTI, M. L. Entendendo o folclore. 2002. Disponível em: <http://www.museudofolclore.com.br/>. Acesso em: 23 de outubro de 2006. COMISSÃO Nacional do Folclore. Carta do Folclore Brasileiro. VIII Congresso Brasileiro de Folclore. 1995. CONSELHO Nacional de Saúde Ministério da Saúde. Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisa Envolvendo Seres Humanos - Resolução 196, 1996. TUBINO, M. J. G.; LUSSAC, R. M. P. Pesquisando a capoeira sob a perspectiva da ciência da motricidade humana. Lecturas: Educación Física y Deportes, Buenos Aires, v. 13, n. 124, sept. 2008. VIEIRA, L. R. Capoeira: tradições e identidades. Revista Praticando Capoeira, São Paulo, ano 3, n. 29, p. 30-31, 2005.