TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR DIROFILARIOSE EM CÃES E GATOS

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Transcrição:

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ MEDICINA VETERINÁRIA MARIANA CARNEVALLE AMADIO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR DIROFILARIOSE EM CÃES E GATOS CURITIBA PR 2015

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ MEDICINA VETERINÁRIA MARIANA CARNEVALLE AMADIO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR DIROFILARIOSE EM CÃES E GATOS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial à conclusão do Estágio Pré-profissional Supervisionado. Orientadora: Prof a. MSc. Diogo Motta Ferreira CUTIBA PR 2015

Reitoria Sr. Luiz Guilherme Rangel dos Santos Pró-Reitor Administrativo Sr. Carlos Eduardo Rangel Santos Pró-Reitoria Acadêmica Profª. Carmen Luiza da Silva Pró-Reitor de Planejamento Sr. Afonso Celso Rangel dos Santos Pró- Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão Profª. Carmen Luiza da Silva Secretário Geral Sr. Bruno Carneiro da Cunha Diniz Diretor da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde Prof. João Henrique Faryniuk Coordenador do Curso de Medicina Veterinária Prof. Welington Hartmann CAMPUS BARIGUI Rua Sydnei A Rangel Santos 238 - Santo Inácio CEP 82.010-330 Curitiba - PR FONE: (41) 3331-7700

TERMO DE APROVAÇÃO MARIANA CARNEVALLE AMADIO DIROFILARIOSE EM CÃES E GATOS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial à conclusão do Estágio Pré-profissional Supervisionado. COMISSÃO EXAMINADORA Orientador: Prof. MSc. Diogo Motta Ferreira - UTP Prof. MSc. Rhea Cassuli Lima Santos - UTP Residente Lucas Cavalli - UTP Curitiba, 03 de Dezembro de 2015.

Dedico esta conquista ao meu esposo amado, João, pela paciência, compreensão, dedicação, incentivo, pelo exemplo de vida, carinho e amor incondicional.

AGRADECIMENTOS Agradeço a todos que direta ou indiretamente participaram da realização do meu grande sonho. Assim agradeço: Ao meu companheiro, amigo e grande professor João. Agradeço por ter me apoiado todos os dias, por ter me cobrado sempre que achou necessário, por ter confiado a mim todos esses anos de dedicação exclusiva aos estudos e a profissão tão amada por nós dois. Agradeço por ter tornado esses últimos anos os mais felizes e realizados de todos os outros. Em você vejo um profissional competente, dedicado com os pacientes, sempre preocupado com o bem estar de todos e principalmente no aprendizado daqueles que um dia serão seus colegas de profissão, de você só tenho um grande orgulho. Além da ajuda do meu amado marido, esse últimos quatro anos e meio foram mais felizes devido a companhia dos meus amados bichanos Pipoca e Freddy. Com vocês aprendi que o é amor sincero, limpo, doce e eterno. Me tornou, sem dúvida, uma pessoa mais tolerante e carinhosa. Não posso deixar de agradecer a família que ganhei após meu casamento. Com a confiança dada a mim, vocês me proporcionaram a realização de um sonho. Um sonho que só uma família grande, unida e amarosa como a nossa é capaz de realizar. Com vocês aprendi o valor da família unida, do amor incondicional aos filhos e aos irmãos e sem duvida me mostraram que sempre cabe mais um no coração de vocês. Muito obrigada por tudo. Agradeço minha família, meu pai Valdir, a minha mãe Elisabeth, aos meus irmãos Helena, Filipe, Sofia e Clara e, minha segunda mãe Cibeli. A vocês agradeço a educação que tenho, ao amor que dou ao próximo, pela dignidade, pela forma com que me ensinaram a enfrentar as necessidades que a vida nos da e a ter paciência sempre. Agradeço pelo carinho que tiveram comigo e pela compreensão, principalmente pela ausência nos momentos mais importantes para nós. Sem vocês hoje eu não seria nada. Aos amigos da faculdade, meus grandes companheiros nestes últimos quatro anos e meio, pelo ensinamento, pelas risadas, brigas, festas e pelo laço eterno que construímos netes períodos e que este permanecera por toda nossa vida. Agradeço também aos amigos mais antigos, que de alguma forma acabaram vivenciando, de

perto ou de longe, essa caminhada, torcendo e vibrando a cada conquista minha. Vocês são os irmãos que Deus me deixou escolher. À todos os professores da Faculdade Evangelica do Paraná e pelos professores da Universidade Tuiuti do Paraná, que, sem exceção, participaram e contribuíram brilhantemente para a minha formação, mostrando-me o caminho certo a trilhar. Agradeço também a Universidade Federal do Paraná, pela experiência maravilhosa que tive, agradeço a oportunidade que tive de crescer como aluna e como pessoa. Ao meu orientador Diogo, que me apoiou no momento mais difícil da graduação. Aos eternos exemplos profissionais, Dr. João, Dr. Marcelus, Dr. Diogo, Dra. Amália, Dr. Gustavo, Dr. Marlos, Dra. Kelly, Leandro, Dra. Heloíse, Dr. Vinicius, Dra. Alessandra e Lorival, serei eternamente grata a vocês pelo que fizeram por mim. À todos aqui citados e àqueles aos quais os nomes não aparecem, mas que sabem que fizeram parte desse processo e que muito me ajudaram nessa caminhada, o meu muito obrigada. Não tenho e nunca terei como agradecê-los como merecem. Apenas digo que essa conquista é tanto minha quanto de vocês. Muito obrigada.

"Nós seres humanos, estamos na natureza para auxiliar o progresso dos animais, na mesma proporção que os anjos estão para nos auxiliar. Portanto quem chuta ou maltrata um animal é alguém que não aprendeu a amar". Chico Xavier

RESUMO A dirofilariose é uma doença de caráter zoonotico. Sua maior incidência se da mais nas regiões litorâneas de países de clina tropical, assim sendo muito importante seu estudo diante a saúde publica. A sua transmissão tem auxilio de um nematódeo hematófago (hospedeiro intermediário) e o principal reservatório dessa doença é o cão. Seu tratamento no cão é baseado nos sinais clínicos e na manutenção do bem estar na vida do animal. Palavras-chave: dirofilariose, verme do coração, Dirofilaria Immintis

ABSTRACT The heartworm is a zoonotic disease. Its highest incidence is the most in the coastal regions of tropical cline of countries, so it is very important its study on public health. The transmission has aid of a blood-sucking nematode (intermediate host) and the main reservoir of the disease is the dog. The treatment in the dog is based on clinical signs and maintaining wellbeing of the animal's life. Keywords: heartworm disease, heartworm, Dirofilaria immitis.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIGURA 1 FACHADA DO HOSPITAL VETERINÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ... 18 FIGURA 2 RECEPÇÃO DO HOSPITAL VETERINÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ... 19 FIGURA 3 BLOCO CIRURGICO DO HOSPITAL VETERINÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ... 20 FIGURA 4 INTERNAMENTO GERAL DO HOSPITAL VETERINÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ... 21 FIGURA 5 INTERNAMNETO PARA FELINOS DOMÉSTICOS DO HOSPITAL VETERINÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ... 21 FIGURA 6 FARMÁCIA E COZINHA DO HOSPITAL VETERINÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ... 22 FIGURA 7 SETOR DE ODONTOLOGIA DO HOSPITAL VETERINÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ... 22 GRÁFICO 1 PERCENTUTAL DE CASOS CLÍNICOS ACOMPANHADOS NO SETOR DE CLÍNICA MÉDICA DE ANIMAIS DE COMPANHIA DO HOSPITAL VETERINÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ... 23 GRÁFICO 2 PERCENTUTAL DE CASOS CLÍNICOS ACOMPANHADOS NO SETOR DE CARDIOLOGIA VETERINÁRIA DE ANIMAIS DE COMPANHIA DO HOSPITAL VETERINÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ... 24 FIGURA 8 CICLO BIOLÓGICO DA DIROFILARIA... 28 FIGURA 9 ILUSTRAÇÃO DOS TUBOS DE MALPIGHI EM MOSQUITO... 29 FIGURA 10 ILUSTRAÇÃO DE ESFREGAÇO SANGUÍNEO COM MICROFILARIA... 36 FIGURA 11 NÓDULO CUTÂNEO... 46 FIGURA 12 IMAGEM DE ECOCARDIOGRAFIA DA PACIENTE INSUFICIÊNCIA DE VALVULA TRICUSPIDE... 47 FIGURA 13 IMAGEM DE ECOCARDIOGRAFIA DA PACIENTE ESPESSURA DE VALVULA MITRAL E TRICUSPIDE... 48 FIGURA 14 IMAGEM DE RADIOGRAFIA DE TÓRAX... 49 FIGURA 15 IMAGEM DE NECROPSIA - RIM... 54 FIGURA 16 IMAGEM DE NECROPSIA NÓDULO CUTÂNEO... 54 FIGURA 17 IMAGEM DE ECOCARDIOGRAFIA REPRESENTAÇÃO DA DIROFILARIOSE.......56

LISTA DE TABELAS TABELA 1 CASUÍSTICA DE CASOS CLÍNICOS ACOMPANHADOS NO SETOR DE CLÍNICA MÉDICA DE ANIMAIS DE COMPANHIA DO HOSPITAL VETERINÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ... 24 TABELA 2 CASUÍSTICA DE CASOS CLÍNICOS ACOMPANHADOS NO SETOR DE CARDIOLOGIA VETERINÁRIA DE ANIMAIS DE COMPANHIA DO HOSPITAL VETERINÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ... 25 TABELA 3 ERITROGRAMA... 61 TABELA 4 LEUCOGRAMA... 61 TABELA 5 DOSAGEM DE PROTEÍNAS TOTAIS E ESTIMATIVA DE PLAQUETAS 61 TABELA 6 BIOQUIMICA SÉRICA... 62 TABELA 7 URINÁLISE... 62 TABELA 8 URINÁLISE... 63 TABELA 9 EXAME DE ELETROCARDIOGRAFIA... 63 TABELA 10 EXAME DE ECOCARDIOGRAFIA... 64 TABELA 11 ERITROGRAMA... 65 TABELA 12 LEUCOGRAMA... 65 TABELA 13 DOSAGEM DE PROTEÍNAS TOTAIS E ESTIVAMATIVA DE PLAQUETAS... 66 TABELA 14 EXAMES DE BIOQUÍMICA SÉRICA... 66 TABELA 15 ERITROGRAMA... 66 TABELA 16 LEUCOGRAMA... 67 TABELA 17 DOSAGEM DE PROTEÍNAS TOTAIS E ESTIVAMATIVA DE PLAQUETAS......67 TABELA 18 BIOQUÍMICA SÉRICA... 68 TABELA 19 CASUÍSTICA CLÍNICA MÉDICA... 69 TABELA 20 CASUÍSTICA CARDIOLOGIA......72

Lista de Abreviaturas e Siglas % - Porcentagem < - Maior que > - Menor que C - Grau Celsius µm - Micromero AD - Átrio Direito Ae - Aedes spp. AE - Átrio Esquerdo ALT/TGP - Alanina aminotransferase AP - Arteria Pulmonar BID - A cada 12 horas (latim) bpm - Batimento por Minuto CAAF - Citologia Aspirativa por Agulha Fina CID - Coagulação Intravenosa Disseminada cm - Centimetro Cx - Culex spp. DCan - Dirofilariose Canina DI - Dirofilariose immitis Di 22 - Proteína Espeficica DR - Dirofilariose repens FA - Fosfatase Alcalina FDA - United States Food and Drug Administration Felis Catus - Dirofilariose Felina HD - Hospedeiro Definitivo HI - Hospedeiro Intermediário I - Um em Número Romano IL 10 - Interleucinas Tipo 10 IM - Intramuscular IV - Intravenosa IV - Cinco em Número Romano Kg - Kilograma

L1 - Estágio Larval 1 L2 - Estágio Larval 2 L3 - Estágio Larval 3 L4 - Estágio Larval 4 L5 - Estágio Larval 5 MF - Microfilaria mg - Miligrama ml - Militro mmhg - Milímetro de Mercúrio mpm - Movimento por Minuto NaCl -Cloreto de Sódio NQ - Normoquesia PU - Poliúria RM340 - Dicloridrato de Melarsomina SC - Subcutâneo SRD - Sem Raça Definida TID - A cada 8 horas (latim) TPC - Tempo de Preenchimeto Capilar UFPR - Universidade Federal do Paraná VD - Ventrículo Direito VE - Ventrículo Esquerdo VI - Seis em Número Romano VO - Via Oral

SUMÁRIO 1 RELAÇÃO DE ESTAGIO PRÉ-PROFISSIONAL SUPERVISIONADO... 18 2 LOCALIZAÇÃO E ESTRUTURA ORGANIZACIONAL... 18 3 ESTATÍSTICA DOS CASOS ACOMPANHADOS... 23 4 INTRODUÇÃO... 26 5 DIROFILARIOSE... 27 6 PREVALÊNCIA... 29 7 ETIOLOGIA... 30 8 HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO... 31 9 HOSPEDEIRO DEFINITIVO... 32 10 EPIDEMIOLOGIA... 33 11 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS... 34 12 DIAGNÓSTICO... 36 13 TRATAMENTO... 40 14 PREVENÇÃO... 42 15 RELATO DE CASO CLÍNICO... 45 16 DISCUSSÃO... 53 17 CONCLUSÃO... 57 18 REFERÊNCIA... 58 ANEXO A... 61 ANEXO B... 62 ANEXO C... 62 ANEXO D... 63 ANEXO E... 64 ANEXO F... 65 ANEXO G... 66 ANEXO H... 66 ANEXO I... 68 ANEXO J... 69

18 1. RELATÓRIO DE ESTÁGIO PRÉ-PROFISSIONAL SUPERVISIONADO IDENTIFICAÇÃO DA INSTITUIÇÃO CONCEDENTE DE ESTÁGIO LOCAL DE ESTÁGIO O estágio pré-profissional supervisionado foi realizado em apenas um local, porem em áreas distintas. Durante o período de 01 a 31 de Julho de 2015, na área de Clinica Medica em Pequenos Animais. E no período de 01 de Agosto a 15 de Setembro, na área de Cardiologia em Pequenos Animais. O estágio curricular foi realizado no Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná, no campus do Agrarias (UFPR Curitiba-PR), totalizando 400 horas. 2. LOCALIZAÇÃO E ESTRUTURA ORGANIZACIONAL O Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná (UFPR), campus do agrarias (Figura 1) localizado na Rua dos Funcionários, n 1540, Juveve, na cidade de Curitiba PR. O atendimento ao público ocorre por ordem de chegada (senha pronto entendimento emergências) e atendimentos agendados previamente, de segunda a sexta-feira, das 08:00 às 12:00 horas e das 14:00 às 18:00 horas. Aos sábados e domingos não ocorre atendimentos, somente com funcionamento interno. Figura 1 Fachada do Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná campus Agrarias

19 Após o cadastramento na recepção do hospital, os animais em primeira consulta passam obrigatoriamente pela avaliação do serviço de triagem, sendo determinado onde o animal será consultado. Os setores de atendimento do hospital veterinário englobam: clínica médica de animais de companhia (com serviços especializados de oftalmologia, oncologia, odontologia e cardiologia). Esses ambulatórios são divididos com a clínica médica de pequenos animais e animais selvagens (figura 2). Todos os ambulatórios contém armários com material necessário para atendimentos gerais. Também há mesas, cadeiras e mesas para procedimentos de inox. Figura 2 Recepção e ambulatórios do hospital Veterinário UFPR campus Agrarias Na figura A esta a recepção do hospital veterinário. Na figura B esta os ambulatório 1. Na figura C o ambulatório 2. Na figura D o ambulatório 3 e na figura E ambulatório 4. Existe também o bloco cirúrgico, no qual há uma sala para a realização das MPAs e os pacientes esperam a cirurgia. Há também um internamento exclusivo para estes pacientes, onde existe gaiolas com colchões, cobertores, potes para alimentação e água individuais, além de aquecedores para dias mais frios (figura 3). Na Figura A esta representada a porta de entrada do Bloco Cirúrgico. Na Figura B esta o corredor onde ficam armazenados os aparelhos de anestesia, cestos de roupas sujas e armários para armazenamento. Na

20 Figura C esta a sala de MPA, onde há um pequeno internamento para pré e pós cirúrgicos. Nas Figuras D e E esta demonstrado o internamento cirúrgico. Figura 3 Bloco Cirúrgico, internamento cirúrgico e sala de MPA. No hospital veterinário pode se encontrar um laboratório clinico, um outro laboratório de anatomia patológica, além de toda área de clinica medica e cirúrgica de animais de grande porte e produção. Nas reconsultas, o animal é encaminhado diretamente ao local onde foi atendido previamente, podendo ser encaminhado para os demais setores se for necessário. O estágio foi realizado no segmento de clínica médica de animais de companhia, respeitando um sistema de rodízio entre o atendimento clínico nos consultórios, serviço de triagem, emergência, internamento e cardiologia. Nas instalações de internamento estão divididos entre internamento geral, gatil, unidade de tratamento intensivo (UTI), isolamento, internamento de animais selvagens (figura 4 e 5). Na figura a baixo esta esquematizado o internamento geral do Hospital Veterinário da UFPR. Na figura A, esta demonstrado as gaiolas onde os pacientes se mantem internados e nelas existe colchões e potes para alimentação individual. Na figura B, esta a bancada onde se mantem todo o material a ser utilizado no dia a dia e medicações a serem administradas. Além disso, nos armários estão organizados focinheiras, coleiras, cobertores, jornais, fluidos, e todo material a ser utilizado no dia a dia (reposição). Na figura C, esta demonstrado o quadro

21 onde é anotado toda a rotina do hospital. Na figura 5 esta o Gatil onde tem a mesma distribuição que o internamento geral. Figura 4 Internamento Geral do Hospital Veterinário da UFPR campus Agrarias Figura 5 Gatil do Hospital Veterinário da UFPR campus Agrarias Existe uma sala de procedimentos, farmácia, cozinha (figura 6) e sala de residentes. Os setores de diagnóstico por imagem, laboratório clínico, setor de anatomia patológica, setor de animais de grande porte localizam-se separados, em prédios comuns ao Hospital Veterinário. Na figura A e B está a sala de coleta, onde estão todos os materias necessários para coletar sangue, canular veias, realizar curativos, entre outros procedimentos. Na figura C esta a

22 farmácia, todo medicamento retirado dela deve ser anotado e assinado nestas pranchetas na porta, não é autorizado à entrada de nenhuma pessoa, toda medicação é entregue por um funcionário responsável por ela. Figura 6 Sala de Coleta e Farmácia do Hospital Veterinário da UFPR campus Agrarias Outro setor externo a área comum do hospital é o setor cirúrgico odontológico, no qual são realizados as cirurgias odontológicas diárias (figura 7). Figura7 Setor de Odontologia do Hospital Veterinário da UFPR campus Agrarias Na figura acima esta o setor de odontologia.

23 3. ESTATÍSTICA DOS CASOS ACOMPANHADOS Durante o período de estágio foram acompanhados 255 casos no Hospital Veterinário da UFPR Curitiba. Essa casuística foi obtida acompanhando em dois setores distintos, o setor de clinica medica e o setor de cardiologia em pequenos animais. No setor da clinica medica foram acompanhados 203 casos e no setor de cardiologia 52 casos. Destes, a grande maioria eram cães. O percentual dos casos acompanhados de acordo com o sistema acometido na área de clinica medica (UFPR) e departamento de cardiologia (UFPR) estão demonstrados no gráfico 1 e gráfico 2, respectivamente. Gráfico 1 Quantificação de casos clínicos acompanhados no setor de Clínica Médica de Animais de Companhia da Universidade Federal do Paraná, campus Agrarias durante o período de estágio curricular. 30 25 20 15 10 5 0 Série1

24 Gráfico 2 - Percentual de casos clínicos acompanhados no setor de Cardiologia Veterinária de Animais de Companhia da Universidade Federal do Paraná durante o período de estágio curricular. 30 25 20 15 10 5 Série1 0 Nas tabelas 1 e 2 estão dispostos, respectivamente, em números absolutos os casos de acordo com o sistema acometido na UFPR (ANEXO J). Tabela 1 Casuística das doenças acompanhadas no setor de Clínica Médica no Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná, campus Agrarias durante o período de estágio curricular. Sistemas Número de Casos Pele e Anexos Tegumentares 40 Gastroenterologia 12 Endocrinologia 11 Hepatologia 3 Neuromuscular 3 Neoplasia 18 Doenças Infecciosas 21 Neurologia 12 Cardiologia e Angiologia 12

25 Ortopedia 1 Check-up 3 Sistema geniturinário 15 Pneumologia 6 Imunização 22 Oftalmologia 1 Hérnias 4 Traumatologia 6 Eutanásia 3 Procedimentos Ambulatoriais 11 Tabela 2 Casuística das doenças acompanhadas no setor de Cardiologia do Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná durante o período de estágio curricular. Sistemas Número de casos Sem Alterações em Ecocardio 7 Doenças Valvares 29 Hipertensão Pulmonar 2 Neoplasia de Tórax Compressão Cardíaca 1 Tumor em Base Cardíaca 1 Fibrilação Atrial. 4 Cardiomiopatia dilatada 2 Cardiomiopatia Hipertrófica 3 Comunicação Interventricular 1 Estenose Subaortica 2 Dirofilariose 1

26 4. INTRODUÇÃO Com o crescimento do número de cães e gatos, principalmente nos grandes centros, vem se estreitando o contato entre animal de estimação e o homem. Assim aumenta a preocupação com a exposição humana e animal a agentes zoonoticos (RIBEIRO, 2004). A dirofilariose é uma doença emergente em todo o mundo, de caráter crônico e é causado por nematódeos do gênero Dirofilaria. A Dirofilaria immitis (DI) é a espécie mais amplamente conhecida e pesquisada (SILVA & LANGONI, 2009), (SOTO, 2000), (GUILARTE, 2011). Sua apresentação nos cães da se com lesões no endotélio vascular e obstruções causadas por vermes adultos, os quais são mais encontrados nas artérias pulmonares (AP) e átrio direito (AD) do coração. De forma menos comum a DI pode apresentar - se em nódulos cutâneos ou pulmonares, podendo ser confundidos com neoplasia (AHID & OLIVEIRA, 1999), (SERRÃO, et al; 2000), (BRITO, et al; 2001), (SILVA e LANGONI, 2009), (LEITE, et al, 2007). Nos cães, a infecção por DI pode resultar em doença e/ou morte. Além disso, existe o risco de transmissão ao homem, isso por se tratar de uma antropozoonose endêmica no mundo (BRITO, et al; 2001). O diagnóstico da filariose tem sido geralmente baseado no encontro de microfilaria (MF) no sangue. As técnicas de detecção de MF incluem gotas espessas, testes de concentração como a técnica de Knott e filtração em membrana de policarbonato. Técnicas de imunodiagnóstico foram desenvolvidas com o objetivo de detectar as formas ocultas da infecção. Recentemente, o uso da técnica molecular utilizando a reação em cadeia da polimerase (PCR), foi proposto como método espécie-específico de diagnóstico da dirofilariose canina (BRITO, et al; 2001), (SILVA e LANGONI, 2009), (RIBEIRO, 2004), (LARSSON, et al, 1992), (GUILARTE, 2011).

27 5. DIROFILARIOSE Com um maior contato entre o homem e cães e gatos vem aumentando também a preocupação com a sua exposição a agentes zoonóticos, o que podem afetar tanto o homem quanto outros animais (RIBEIRO, 2004). As helmintoses constituem um grave problema na clínica de pequenos animais, isto pela alta prevalência e por serem, na maioria nelas, zoonoses (RIBEIRO, 2004). A DI foi vista pela primeira vez em 1626, na Itália. O parasita foi encontrado no coração direito de um cão de caça. Já no Brasil o primeiro caso foi encontrado num gato domestico (Felis catus), em 1921. (ROSA, 2009), (GUILARTE, 2011). A distribuição dos helmintos da se mais em locais onde há mais pobreza e ambientes onde a higiene é precária ou inexistente. Isso devido o desenvolvimento do vetor, tendo em vista que o Aedes spp. (Ae) se desenvolve em água parada e o Culex spp. em matéria orgânica. Desta forma contribuem com maior risco a infecção humana por esses agentes (RIBEIRO, 2004). A dirofilariose, também chamada doença do verme do coração, é uma antropozoonose emergente de cães, de caráter crônico, causada por nematódeos do gênero Dirofilaria, onde Dirofilaria immintes é a espécie mais amplamente conhecida (SILVA e LANGONI, 2009), (LABARTHE, et al, 1998). DI é um nematódeo parasita pertencente à subfamília Filarioidea e a família Onchocercidae. Este agente é há muito tempo o principal causador de dirofilariose canina (DCan). No ser humano, a transmissão ocorre de caráter acidental. É caracterizado por comprometimento do parênquima pulmonar ou nódulos subcutâneos, porém, nos cães a DI manifesta-se de forma diferente. Nos cães a DI normalmente se manifesta como lesões no endotélio vascular e obstruções causadas pelo parasita adulto, sendo encontrado principalmente na luz das artérias pulmonares (AP) e o ventrículo direito (VD) do coração. Assim como nos humanos, os cães podem apresentar nódulos cutâneos e pulmonares, porem muito mais raro. Nos gatos a infecção é menos comum isso pelo fato de serem mais resistentes ao parasita (AHID; OLIVEIRA; SARAIVA, 1999), (AHID e OLIVEIRA; 1999), (SERRÃO et al; 2000), (BRITO et al; 2001),

28 (SILVA e LANGONI 2009), (RIBEIRO, 2004), (LEITE et al, 2007), (GUILARTE, 2011). O ciclo biológico da dirofilariose se inicia com o auxilio de um hospedeiro intermediário (HI), o mosquito. O vetor ao se alimentar de um hospedeiro definitivo (HD) passam a estar contaminados. Dependendo do clima, as MF podem se desenvolver entre 2 e 3 dias nos túbulos de Malpighi (figura 9). Dentro de 7 a 20 dias, as larvas (L3) já desenvolvidas migram para o lúmen dos túbulos prontos para serem distribuídos numa próxima alimentação. Após a transmissão, as larvas migrarão em direção ao coração e as AP, isso entre 70 a 100 dias após a infestação do invertebrado. Após 180 a 200 dias após a infecção do HD as larvas (L5) chegam à forma adulta e passam a liberar MF na corrente sanguínea, contaminando assim um outro HI. As fêmeas adultas (L5) são vivíparas, as MF nascidas dessas fêmeas podem permanecer na corrente sanguínea por até 2 anos e estas podem ser transmitidas pela via transplacentária (ciclo biológico esquematizado na figura 8 à baixo) (AHID e OLIVEIRA, 1999), (SERRÃO et al; 2000), (SILVA e LANGONI, 2009), (RIBEIRO, 2004), (LABARTHE, et al, 1998), (GUILARTE, 2011), (NELSON e COUTO, 2001). Figura 8. Esquema onde mostra todo o ciclo biológico larval da Dirofilariose.

29 Figura 9: Ilustração dos tubos de Malpighi em mosquito. 6. PREVALÊNCIA Fonte: Moraes 2015 No Brasil a maior prevalência DI esta relatada nas áreas costeiras, podendo estar presente em áreas distantes do litoral. Além disso, a frequência de viagens a locais endêmicos e a condições precárias de higiene, tais como, locais inapropriados para lixo, esgotos a céu aberto e acumulo de água, devem ser considerados um fator de risco (SILVA e LANGONI, 2009). A prevalência da doença canina, no Brasil, apresentou uma redução de 7,9% em 1988 e de 2% em 2001. Porem, no ano 2000 nos estados brasileiros a prevalência pode se quantificar em: Maranhão (46%), São Paulo (14,2%), Rio de Janeiro (13,68%) e Minas Gerais (9,4%). (BRITO et al, 2001), (RIBEIRO, 2004). Já em países como Chile e Colômbia houve um aumento na prevalência nesses últimos anos, com aumentos de 3,5% para 5,1% e 4,8% para 8,4% respectivamente (SILVA e LANGONI, 2009). Em 2005, a prevalência nacional em cães revelou uma média de 10,2% de animais microfilarêmicos, enquanto 9,1% apresentavam antígenos circulantes. Nas regiões Nordeste, sudeste, centro- oeste e sul, as prevalências médias de animais com MF circulantes foram de 10,6% 17,2%, 5,8% e 12,0%, respectivamente, demonstrando a localização mais litorânea da infecção. Já sorologicamente as medias foram de 13,9%, 13,5%, 6,9% e 2,0%, respectivamente (SILVA e LANGONI, 2009). Nos gatos a infecção é menos comum, sendo a maior parte das infecções amicrofilarêmica, tendo baixa carga parasitaria e geralmente é

30 assintomática. Tem um baixo desenvolvimento de formas adultas (0 a 25%), quando comparado aos cães (40 a 90%). No ser humano o parasita não se completa ate a fase adulta, mantendo se em L4 em nódulos cutâneos e pulmonares (SILVA e LANGONI 2009), (LABARTHE, et al, 1998). A DI vem sendo encontrada no Sul da Europa à América do Sul, em região tropicais, subtropicais e em determinadas áreas temperadas. SZÉNÁSI e PANTCHEV, complementa que a espécie mais encontrada na Europa é a Dirofilaria repens (DR) diferente na América a DI (AHID, OLIVEIRA, SARAIVA, 1999), (SZÉNÁSI, et al, 2008), (PANTCHEV, et al, 2009). Em estudos realizados em 2001-2002 na cidade de Guaratuba litoral do estado do Paraná, de 213 cães examinados somente 2 apresentou a doença, o que na época foi dado como baixo índice zoonotico (LEITE, et al, 2007). 7. ETIOLOGIA: As dirofilarias são nematódeos pertencentes à superfamília Filaroidea, família Filariidae, sub família Dirofilarinae, gênero dirofilaria. Este agente é há muito tempo é o principal causador de Dirofilariose canina (DCan). A DI é um parasita do sistema circulatório (coração e grandes vasos), sistema linfático, tecido subcutâneo, cavidade peritoneal ou mesentério nos cães, canídeos silvestres e, menos frequente em gatos (SILVA e LANGONI, 2009), (RIBEIRO, 2004). Os vermes adultos de DI são filiformes e encontram se, sobretudo, no VD e AP dos seus hospedeiros. Eles se alimentam de plasma e podem viver vários anos. Apresentam uma abertura oral terminal sem lábios e rodeada por duas papilas laterais e seis papilas mediais pequenas (ROSA, 2009). Nos cães, os parasitas machos adultos apresentam entre 120 a 200mm de comprimento e 0,7 a 0,9mm de diâmentro, já as fêmeas medem entre 250 a 310mm de comprimento e 1 a 1,3mm de diâmetro, são vivíparas. As microfilarias mede em media 298µm de comprimento e 7,3µm de largura epossuem a extremidade anterior ovalada e a posterior reta (SILVA & LANGONI, 2009). Já nos gatos, apresentam tamanhos menores, as fêmeas adultas medem em média 220 mm e os machos 150 mm de comprimento. Os

31 adultos possuem cordões laterais largos, um intestino pouco volumoso e uma cutícula lisa, espessa e com múltiplas camadas (ROSA, 2009). O macho apresenta a extremidade caudal em espiral com duas asas laterais curtas. A fase ventral apresenta as papilas pré anal, perianal e pós anal. As espículas são alargadas na extremidade proximal e afiladas na extremidade distal, sendo ligeiramente assimétricas. Não possuem gubernáculo. Apresentam uma cutícula lisa, sendo que as pregas e as estriações estão apenas presentes na face ventral da ultima espiral da cauda do macho. As fêmeas apresentam a terminação caudal obtusa, o ânus é subterminal e a abertura vulvar localiza se posterior à junção do esófago com intestino. Elas apresentam um par de úteros. São ovovivíparas libertando as larvas (MF) já descapsuladas na corrente sanguínea. As MF medem, em média, 315 μm comprimento e 6 a 7 de largura (ROSA, 2009). A extremidade cefálica é afundada e a cauda é reta e pontiaguda. As MF chegam a viver 18 meses na corrente sanguínea nos cães (ROSA, 2009). 8. HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO Os vetores da DI devem sobreviver à infecção e viver tempo suficiente que permita o desenvolvimento das dirofilárias. Os fatores que afetam a transmissão de DI incluem a densidade da população, as espécies de vetores, a fecundidade dos mosquitos, a exposição a predadores e o comportamento do inseto (ROSA, 2009), (LABARTHE, et al, 1998). As larvas em desenvolvimento destroem as células dos túbulos de Malpighi, desregulando a excreção de água dos mosquitos. Com um número pequeno de larvas pode não afetar muito o processo de excreção, porem grandes cargas parasitarias aumentam a possibilidade de destruição do sistema excretor, resultando na morte do mosquito. Algumas espécies de mosquitos possuem armaduras pouco eficiente onde lesam as membranas das MF. Mesmo com esta armaduras os mosquitos podem ser contaminados mesmo assim. Um mosquito pode transmitir entre 10 a 13 larvas L3 (ROSA, 2009), (LABARTHE, et al, 1998).

32 As diferentes espécies de mosquitos apresentam comportamentos alimentares distintos, com picos de atividade em momentos específicos do dia, sendo mais ou menos exo/endofágicos e endo/exofílicos. Foi documentado que algumas espécies de mosquitos de alimentam por espécies com maior abundancia (como o mosquito Culex - Cx) e outras espécies demonstram preferencia por espécies especificas (como o Aedes - Ae) (ROSA, 2009), (LABARTHE, et al, 1998). A idade da fêmea e o período de privação de sangue influenciam a postura de ovos. Sabe se que as fêmeas que necessitam de mais de um repasto sanguíneo são epidemiologicamente mais importantes quando comprados com os que necessitam de apenas um repasto (ROSA, 2009). Sabe se que o mosquito é atraído por feromonas. Especula se que como o cão repousa nas horas noturnas, ao passo que os gatos encontram mais ativos neste período, assim quando os cães permanecem acordados ou ativos cruzam com os horários no qual o mosquito se alimenta. Estudos demonstram que quando o vetor Ae encontram se frente a frente a um cão e um gato, são mais atraídos pelos cães, não tirando a importância do gato na transmissão (ROSA, 2009). 9. HOSPEDEIRO DEFINITIVO As L3 penetram nos tecidos conjuntivos. Algumas morrem nos tecidos subcutâneos onde são incorporadas em granulomas pequenos e clinicamente inaparentes. Depois as L3 migram até aos músculos, transformam se em L4 e posterior em L5 (migração dura cerca de 60 a 90 dias). A fêmea é relativamente maior que o macho, sendo estas vivíparas. Podem viver por vários anos no animal, já a MF sobrevive por no máximo dois anos (SILVA e LANGONI, 2009) (LABARTHE, et al, 1998). No inicio do quinto estagio larval entram nas veias periféricas, alcançam o coração e o VD de onde são enviadas para os ramos distais das AP. Se uma larva entrar numa artéria, não alcançara o lado venoso da circulação e desenvolver se à no ramo arterial. Já foram encontradas dirofilárias na

33 aorta, nas artérias femorais, ilíacas, esplênicas, renais, hepáticas, carótidas e cerebrais dos cães. Após a chegada de L5 nas AP distais caudais, dentre de dois a três meses de desenvolvem a fase adulta, se tornando sexualmente maduros, migrando em direção ao VD (ROSA, 2009). 10. EPIDEMIOLOGIA O cão é o principal hospedeiro definitivo da DI, menos comum estão os gatos e raramente o ser humano, outros primatas e também já foi citado em cavalos. Os mosquitos Culex pipiens (Cx), Cx. quinquefasciatus, Aedes aegypti (Ae), Ae. albopictus, Anopheles maculipenis e Coquillettidia richiardii estão descritos como os principais hospedeiros intermediários (SILVA e LANGONI 2009), (LEITE, et al, 2007). A maioria dos cães acometidos têm entre 4 a 8 anos de idade, porem também pode ser encontrado em animais com menos de 1 ano. Os machos são mais acometidos que as fêmeas, numa proporção de 2 a 4 vezes maior. E um outro fator diferencial é o porte do animal, cães de grande porte são mais susceptíveis que cães pequenos, isso pelo fato deste permanecerem mais no ambiente externo das residências (NELSON e COUTO, 2001). Na dirofilariose, ocorre tanto a resposta imune inata quanto a adquirida, sendo que o desenvolvimento da resposta adquirida depende muito do HD ou da carga parasitaria. As manifestações clínicas dependem do tipo de resposta imune que foi estimulada pelo parasita. (SILVA e LANGONI, 2009). No cão, os neutrófilos se acumulam nos rins e nas paredes das artérias pulmonares durante a infecção. Há formação de reação granulonatosa, quando há presença do parasita nos ramos arteriais pulmonares. Além disso, algumas moléculas secretadas pelo agente parecem estimular a produção de interleucinas do tipo 10 (IL 10) contribuindo para a sobrevivência do parasita, beneficiando o hospedeiro pela inibição da patologia imunomediada. Quando o parasita morre, ocorre uma reação inflamatória exacerbada com formação de granuloma podendo obstruir as AP (SILVA e LANGONI, 2009). DI se desenvolve na AP e VD (de forma secundária) do cão e quase sempre em forma de um enovelado que compreende inúmeros parasitas. Em

34 infecções mais intensas e duradouras, as filarias vivas ou mortas causam estenose dos vasos pulmonares e dificultam o fluxo sanguíneo, ocorrendo um aumento na pressão arterial pulmonar e lesões vasculares. Sendo que de forma crônica pode provocar falha do VD (SILVA e LANGONI, 2009), (NELSON e COUTO; 2001). 11. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Nenhum protocolo para o diagnostico foi desenvolvido para a DI, assim não há nenhum sinal clínico patognomonico da doença. Porem a doença vem sendo relacionada à eosinofilia e/ou basofilia (LARSSON, et al, 1992). Os sinais clínicos no cão podem estar ausentes ou podem se manifestar em episódios de tosse, intolerância ao exercício, fadiga, hemoptise, dispnéia, ruídos cardíacos e pulmonares, hepatomegalia, síncope, tosse crônica e/ou perda de vitalidade e sinais clínicos de insuficiência cardíaca direita. Nas formas mais graves os sinais clínicos são manifestações de insuficiência cardíaca direita, como ascite, congestão aguda de fígado e rins, hemoglobinúria e morte em 24 a 72 horas podem ocorrer (SILVA e LANGONI, 2009), (NELSON e COUTO, 2001). A severidade é definida pelo número de parasitas, mas também exacerbada pelo estresse de alto fluxo sanguíneo relacionado ao exercício. A descrição clássica de síndrome pulmonar é induzida somente em cães com um padrão de exercício que força uma hipertrofia ventricular direita originada por uma saída cardíaca aumentada e resistência pulmonar. Durante a microfilaremia, é desenvolvida uma resposta imune baixa que transiente contra a L3 (SILVA e LANGONI, 2009). Assim, nos cães a patogenia esta ligada ao parasita adulto e onde este se localiza. Além da localização, outros dados importantes são a excreção e secreção destes parasitas. O quadro clínico é classificado em três classes: Classe I subclínico - relacionada à chegada das larvas adultas (L5) nas AP, com pequenas alterações na parede e no

35 parênquima pulmonar. Normalmente o animal neste estagio é assintomático. Classe II doença moderada caracterizada pelo aumento das AP, opacidade pulmonar difusa, aumento da câmara cardíaca direita e anemia. Classe III doença grave pode estar associada a complicações após o tratamento adulticida. A forma mais grave dessa complicação é a síndrome da veia cava caudal, que esta relacionada com cerca de 100 parasitas adultos presentes na veia cava caudal podendo levar o animal à óbito em poucas horas (RIBEIRO, 2004). A resposta humoral nos gatos, não é somente direcionada contra o parasita, mas também contra a Wolbachia, que pode ser eliminada massivamente após a morte da larva e ou do parasita adulto. Porém, os felinos podem apresentar um quadro pulmonar agudo severo com a chegada das larvas (L5) nas AP, mimetizando a asma brônquica. Após a morte do parasita pode ocorrer um processo inflamatório intenso do parênquima pulmonar (Síndrome do Sofrimento Respiratório Agudo) podendo levar à morte (SILVA e LANGONI, 2009), (RIBEIRO, 2004). Na fase aguda os principais sinais clínicos são dispneia, convulsões, diarreia, vômito, taquicardia, sincope e raramente morte. Já na fase crônica, observa se tosse, vômito, dispnéia, letargia, anorexia, perda de peso e quilotórax. Quando os parasitas atingem seu estádio adulto os sinais regridem. (SILVA e LANGONI, 2009), (RIBEIRO, 2004). No homem pode ocorrer tosse, hemoptiase, dor na garganta, sibilo, calafrio, febre, dor torácica, dispneia dependente de esforço, sudorese, fadiga, sincope, emagrecimento, eosinofilia e múltiplos nódulos pulmonares bilaterais com derrame pleural. Também pode ocorrer do hospedeiro manter se assintomático (SILVA e LANGONI, 2009).

36 12. DIAGNÓSTICO O diagnóstico da filariose tem sido geralmente baseado no encontro de MF no sangue periférico (figura 19). As técnicas de detecção de MF, testes de concentração como a técnica de Knott e filtração em membrana de policarbonato. Entretanto LARSSON e colaboradores, 1992, revela uma prevalência de 10 a 67% de casos de DI oculta em amostras de sangue. Essa ausência pode ser justificada por infecções pré patentes, infecções por um único sexo larval, a idade do parasita, ação de drogas podendo mascarar a doença e resposta imunomediadas (BRITO, et al; 2001), (RIBEIRO, 2004), (LARSSON, et al, 1992), (GUILARTE, 2011). Esta condição de ausência de MF periférica constitui num grande problema diagnóstico, assim técnicas de imuno-diagnóstico foram desenvolvidas com o objetivo de detectar as formas ocultas da infecção. Recentemente, o uso da técnica molecular utilizando a reação em cadeia da polimerase (PCR), foi proposto como método espécie-específico de diagnóstico da dirofilariose canina, porem o uso do ELISA vem sendo utilizado para o mesmo fim (BRITO, et al; 2001), (RIBEIRO, 2004), (LARSSON, et al, 1992), (NELSON e COUTO, 2001). Os testes antígenos circulantes específicos é eficaz somente após 6 a 7 meses e meio a infecção, por esse motivo estes testes não são recomendados em animais menores de 6 meses de idade (NELSON e COUTO, 2001). Figura 19: ilustração de um esfregaço sanguíneo com uma microfilaria. Fonte: GOMES et al, 2013

37 O diagnóstico no cão e no gato baseia-se nos sinais clínicos de disfunção cardiovascular e na apresentação de MF no sangue, por esfregaços espessos corados por Giemsa, pelo método de concentração de Knott modificado ou por filtros Millipore, sendo bem sucedido em aproximadamente 60% dos cães e menos de 10% de gatos infectados (SILVA e LANGONI, 2009), (RIBEIRO, 2004). Exames complementares como radiografia, auscultação do tórax e angiografia pulmonar. O diagnostico definitivo deve ser realizado pela técnica imunoabsorção enzimática (ELISA) para detecção de antígenos do parasita adulto ou teste de Knott modificado (SILVA e LANGONI, 2009), (RIBEIRO, 2004). Devido à sobrevivência das MF após morte dos adultos, uma pequena porcentagem de cães pode apresentar microfilaremia, sem formas adultas no coração. Os filhos de cadelas com alta contagem de MF podem apresentar microfilaremia transitória, que pode não chegar a adulto. Infecções ocultas (animais amicrofilaremicos) podem ser causadas por helmintos imaturos em filhotes com menos de seis meses de idade, infecções por um único helminto, infecções com um único sexo de helminto, além de reações imunológicas do hospedeiro contra as MF. Nesses casos, o teste do antígeno é necessário para determinar a situação do cão, a fim de controlar mensalmente a infecção. No caso de DI, a amostra de sangue deve ser obtida de preferencia no período noturno. Nos casos de parasitas imaturos e baixas cargas parasitarias, especialmente no felino, os resultados serão negativos para o antígeno quando os parasitas estiverem presentes nas AP, mesmo com sinais clínicos presentes (SILVA e LANGONI, 2009). O esfregaço sanguíneo direto é um teste simples de triagem, não recomendado como teste de rotina. Isso por que o animal deve estar infectado com um grande número de larvas para a sua detecção. Menos de 20 a 50 MF por ml de sangue não são detectadas e mais infecções mais brandas elas estarão ausentes (SILVA e LANGONI, 2009). Atualmente, o teste de Knott é realizado conjuntamente com o Immunoblot, teste imunológico para detecção de antígeno, permitindo a

38 detecção de fragmentos e pequeno número de parasitas adultos ou ate mesmo as infecções ocultas (SILVA e LANGONI, 2009). O Immunoblot é um método que combina a analise de antígenos por meio de eletroforese em gel de poliacrilamida, dodecil-sulfato de sódio, com a alta sensibilidade do teste de ELISA, produzindo um instrumento qualitativo poderoso para o estudo do complexo antígeno-anticorpo. Este último está disponível como teste a ser realizado na própria clínica, assim como em muitos laboratórios veterinários de referência. Uma desvantagem deste método é que detectam somente parasitas fêmeas, com sete a oito meses de idade, mais resistentes ao primeiro tratamento com anti-helmíntico específico, comparadas aos machos. Animais infectados somente com parasitas machos resultarão sempre negativos. Assim sendo, este teste falha em detectar parasitas imaturos, infecções com parasitas machos e algumas infecções com somente um ou dois parasitas adultos, não sendo considerado um teste de triagem eficaz, porém se positivo, define-se o diagnóstico. Para sanar essas limitações, técnicas sorológicas como ELISA e immunoblot têm sido capazes de detectar mais precocemente cães infectados e infecções envolvendo parasitas machos e/ou fêmeas que os testes de antígenos (SILVA e LANGONI, 2009). As radiografias torácicas podem ser uma ferramenta de triagem para cães e gatos com sinais clínicos sugestivos. Os achados radiográficos torácicos podem ser normais no inicio da doença, embora alterações significativas se desenvolvem rapidamente com cargas maciças de vermes. Um dos achados radiográficos incluem aumento do VD, abaulamento do tronco pulmonar, aumento e tortuosidade das artérias pulmonares lombares no centro, com espessamento periférico. (NELSON e COUTO, 2001), (SILVA e LANGONI, 2009). As AP podem estar tortuosas e dilatadas em cães com dilatação do segmento arterial pulmonar. Alterações no parênquima pulmonar podem ser difusas na infecção prévia por L5, mas também podem se tornar granulomatosas nas infecções severas crônicas, não havendo registro de lesões em forma de moeda nos cães e gatos. As AP caudais dilatadas são as lesões mais consistentes nos gatos infectados. A densidade fluida do lobo pulmonar está associada com sinais agudos em gatos e pode ser confundida

39 com uma pneumonia em consolidação (SILVA e LANGONI, 2009), (RIBEIRO, 2004), (NELSON e COUTO, 2001). Em eletrocardiograma (ECG) costuma estar normal. Porem em doença avançada pode causar um desvio de eixo para a direita ou uma arritmia. Uma ocorrência é onda P aumentada sugerindo aumento ou distensão do átrio direito (NELSON e COUTO, 2001). Ao ecocardiograma pode se observar dilatação atrial e ventricular direita, hipertrofia do ventrículo direito, movimento septal paradoxal, coração esquerdo pequeno e dilatação das AP, entretanto é muito difícil visualizar as extremidades das artérias pulmonares dos gatos, onde os parasitas se instalam, porém são especialmente úteis para o diagnóstico de condição ascítica associada com a doença. A visualização do parasita pela ultrassonografia é diagnóstico definitivo da infecção (SILVA e LANGONI, 2009), (RIBEIRO, 2004), (NELSON e COUTO, 2001). No hemograma completo fica evidente a eosinofilia, basofilia e/ ou monocitose. Em media de 30% dos cães ocorre anemia regenerativa discreta, acredita se que esse dado se da por hemólise. Pode ocorrer também trombocitopenia, por consequência de maior consumo de plaquetas no sistema arterial pulmonar, especialmente após o tratamento com adulticida. Em casos mais avançados a ocorrência de coagulação intravascular disseminada (CID). Outro fator importante são as enzimas hepáticas e renais (NELSON e COUTO, 2001). A identificação de MF no sangue é de baixa sensibilidade nos gatos, porém se detectadas, é conclusiva para o diagnóstico da infecção. Para humanos é de suma importância o diagnóstico por imagem, além de exames hematológicos. Ao exame radiológico, as AP estarão dilatadas, mais proeminentes nos lobos menores do pulmão. É o procedimento diagnóstico mais utilizado, permitindo a sua confirmação e o prognóstico (SILVA e LANGONI, 2009). As lesões são normalmente auto-limitante e calcificadas, em forma de moeda, de difícil diferenciação, confundindo se com neoplasia, cisto sebáceo, cisto hemático, outras doenças infecciosas ou granulomas. Mediante a presença de pneumonia inicial e consequentemente formação de granuloma, a identificação da lesão em forma de moeda torna se possível somente após a

40 clarificação do padrão radiológico pulmonar. Associado a esse fator, a basófila aumenta a suspeita da doença (SILVA e LANGONI 2009). 13. TRATAMENTO Os cães infectados sem sinais clínicos ou com sinais brandos apresentam melhor resposta ao tratamento quando comparados aqueles com apresentação mais severa da doença, podendo haver maiores complicações e possibilidade de maiores de óbito. Sem contar que na fase mais avançada e crítica da doença outras afecções podem agravar ou impedir o tratamento (SILVA e LANGONI 2009). A morte do parasita, esta associada a lesões no parênquima pulmonar severas, assim o exercício limitado torna se essencial durante a fase pós adulticida (SILVA e LANGONI 2009). Os principais compostos arsenicais orgânicos (adulticidas) são a melarsomina e a tiacetarsamida. Em ambos compostos recomenda se repouso após a administração destes fármacos, o período de descaço é de 4 a 6 semanas. Medida esta para reduzir as sequelas de morte do verme adulto e tromboembolismo pulmonar (NELSON e COUTO, 2001). A tiacetarsamida sódica inativa é considerada o agente mais antigo contra a DI. Sua administração se da por VI bem lento. Quando não administrada por VI pode causar necrose. Vomito após a sua administração pode correr e este pode ocorrer mesmo após o tratamento (NELSON e COUTO, 2001). Após o tratamento o paciente deve ser reavaliado minuciosamente em busca de sinais de toxicidade. A tiacetarsamida sódica inativa a maior parte dos parasitas machos e algumas fêmeas jovens. A dose da tiacetarsamida sódica utilizada é 2,2 mg/kg IV duas vezes ao dia, por dois dias, com intervalos de 6 a 8 horas entre as doses (SILVA e LANGONI, 2009), (RIBEIRO, 2004). Para cães, o dicloridrato de melarsomina (RM340) é a única droga aprovada pelo United States Food and Drug Administration (FDA) e tem demonstrado maior efetividade e segurança referente às demais drogas

41 disponíveis. É eficaz tanto contra os vermes adultos quanto os imaturos, e o ajuste da dose pode ser controlado com ajuste da dose (SILVA & LANGONI, 2009), (RIBEIRO, 2004), (NELSON e COUTO, 2001). A melarsomina tem apresentado mais eficácia quando comparada a tiacetarsamida, isso pelo fato de poder haver mais tromboembolismo e hipertensão pulmonar (NELSON e COUTO, 2001). É de rápida absorção quando administrada por via intramuscular (IM), sendo de excretado principalmente pelas fezes e de forma insignificante pela urina. Durante o seu uso mudança no comportamento pode ocorrer, como por exemplo tremores, letargia, oscilações, ataxia e inquietação. Alterações pulmonares também podem ocorrer, como respiração ofegante ou superficial, laboriosa e crepitação pulmonar. No local da aplicação pode ocorrer vermelhidão, edema e dor (NELSON e COUTO, 2001). Pode ser indicado em infecções leves e moderadas, na dose na classe I e II da doença é de 2,5mg/ kg, duas doses com intervalo de 24 horas. Para animais com doença grave e alta carga parasitária (classe III), o medicamento deve ser administrado em uma dose, repetindo-se 30 dias após (SILVA e LANGONI, 2009), (RIBEIRO, 2004). A melarsomina (duas doses intramuscular, intervaladas por 24 horas) tem eficácia aumentada, inativando mais de 95% dos parasitas. Uma dose intramuscular e um reforço mensal, seguida de duas doses 24 horas após, intervaladas por 24 horas, é uma alternativa segura em cães com doença severa, sugerindo altas cargas de antígeno. Os cães que recebem essa terapia devem se avaliados antes do tratamento e devem ser hospitalizados para a administração da droga. Os resultados de testes com antígeno 12 a 16 semanas após o tratamento adulticida bem sucedido devem ser negativos (SILVA e LANGONI, 2009), (NELSON e COUTO, 2001). Em algumas situações, a alternativa é tratar com ivermectina. Pode ser utilizada na dose de 50µg/kg/VO, promovendo eliminação rápida, ou 6 a 12µg/kg/VO, com eliminação gradativa (SILVA e LANGONI, 2009). A morte das MF e adultos pode causar complicações sérias em cães com alta carga parasitária. Em cães que ainda permanecem positivos ao teste de antígeno, a repetição do tratamento adulticida pode ser indicada após a avaliação adequada do caso (SILVA e LANGONI 2009).

42 Não há medicação aprovada para a infecção nos felinos. Recomenda-se tratamento de suporte com doses pequenas e crescentes de prednisolona em gatos com evidências clínicas e radiográficas de doença pulmonar. A terapia adulticida pode ser adotada em gatos também, porem com supervisionamento constante do paciente. A medicação normalmente adotada é a tiacetarsamida sódica na dose de 2,2 mg/kg IV a cada 12 horas, durante dois dias. Após esse tratamento, os gatos devem ser acompanhados para possíveis complicações tromboembólicas pulmonares. Os gatos podem apresentar cura espontânea (SILVA e LANGONI, 2009), (RIBEIRO, 2004). 14. PREVENÇÃO Há uma variedade de métodos para a prevenção da infecção nos cães, incluindo tabletes e gomas a base de oxime milbemicina e ivermectina, em formulações de 6 e 100µg/kg, diárias e mensais, e soluções tópicas a base de selamectina, mensalmente, seguras e econômicas (SILVA e LANGONI, 2009). A Sociedade Americana do Verme do Coração (American Heartworm Disease) recomenda a prevenção anual em todas as áreas que apresentam grandes variações de temperaturas durante as estações do ano. As principais drogas preventivas utilizadas nos cães são a dietilcarbamazina e a lactona macrocíclica ML. As ivermectinas orais foram as primeiras drogas aprovadas pelo FDA. Ela e a oxime milbemicina, Interceptor, bloqueiam o desenvolvimento das larvas. Podem ser usadas ainda a selamectina topicamente e a moxidectina, Proheart, com benefícios similares às ivermectinas (SILVA e LANGONI, 2009). Os cães com idade superior a seis meses devem ser negativos para testes de antígenos e MF antes do início da medicação preventiva. Cães menores que seis meses de idade devem ser examinados novamente a cada seis meses a um ano após o início da terapia preventiva, para pesquisa de antígeno ou de microfilária circulante (SILVA e LANGONI, 2009). Para gatos, a exemplo da prevenção para cães em termos populacionais, recomenda-se evitar acesso a áreas endêmicas, com presença