SPED - Sistema Público de Escrituração Digital - Bases.. A Emenda Constitucional nº 42/2003 introduziu o inciso XXII ao artigo 37 da Constituição Federal, que determina que as administrações tributárias da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios atuem de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de cadastros e de informações fiscais. Para atender o disposto Constitucional, foi realizado, em julho de 2004, em Salvador, o I Encontro Nacional de Administradores Tributários (ENAT), reunindo o Secretário da Receita Federal, os Secretários de Fazenda dos Estados e Distrito Federal, e o representante das Secretarias de Finanças dos municípios das Capitais. O Encontro teve como objetivo buscar soluções conjuntas nas três esferas de Governo que promovessem maior integração administrativa, padronização e melhor qualidade das informações; racionalização de custos e da carga de trabalho operacional no atendimento; maior eficácia da fiscalização; maior possibilidade de realização de ações fiscais coordenadas e integradas; maior possibilidade de intercâmbio de informações fiscais entre as diversas esferas governamentais; cruzamento de informações em larga escala com dados padronizados e uniformização de procedimentos. Em consideração a esses requisitos, foram aprovados dois Protocolos de Cooperação Técnica, um objetivando a construção de um cadastro sincronizado que atendesse aos interesses das administrações tributárias da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios e outro, de caráter geral, que viabilizasse o desenvolvimento de métodos e instrumentos que atendessem aos interesses das respectivas Administrações Tributárias. Em agosto de 2005, no evento do II Encontro Nacional de Administradores Tributários (ENAT), em São Paulo, o Secretário da Receita Federal, os Secretários de Fazenda dos Estados e Distrito Federal e os representantes das Secretarias de Finanças dos municípios das Capitais, buscando dar efetividade aos trabalhos de intercâmbio entre os mesmos, assinaram os Protocolos de Cooperação nº 2 e nº 3, com o objetivo de desenvolver e implantar o Sistema Público de Escrituração Digital e a Nota Fiscal Eletrônica.
Em 2006 foi realizado na cidade de Fortaleza o III Encontro Nacional de Administradores Tributários (ENAT), onde foram assinados protocolos de cooperação objetivando o desenvolvimento e a implantação da NFS-e (Nota Fiscal de Serviços eletrônica) e do CT-e (Conhecimento de Transporte eletrônico). O SPED, instituído pelo Decreto nº 6.022/2007, no âmbito da Receita Federal, faz parte do Projeto de Modernização da Administração Tributária e Aduaneira (Pmata), que consiste na implantação de novos processos apoiados por sistemas de informação integrados, tecnologia da informação e infra-estrutura logística adequados. O Decreto nº 6.022, publicado em 22 de janeiro de 2007, instituiu o Sistema Público de Escrituração Digital (Sped), que é um instrumento que unificará as atividades de recepção, validação, armazenamento e autenticação de livros e documentos que integram a escrituração comercial e fiscal dos empresários e das sociedades empresárias, mediante fluxo único, computadorizado, de informações. Os livros e documentos serão emitidos em forma eletrônica, observado o disposto na Medida Provisória nº 2.200-2/2001, que institui a Infra- Estrutura de Chaves Públicas (ICP Brasil), que garante autenticidade, a integridade e a validade jurídica de documentos em forma eletrônica, das aplicações de suporte e das aplicações habilitadas que utilizem certificados digitais, bem como a realização de transações eletrônicas seguras. Consiste na modernização da sistemática atual do cumprimento das obrigações acessórias, transmitidas pelos contribuintes às administrações tributárias e aos órgãos fiscalizadores, utilizando-se da certificação digital para fins de assinatura dos documentos eletrônicos, garantindo assim a validade jurídica apenas na sua forma digital. O Sped proporcionará a entrega única de várias obrigações acessórias de vários órgãos diferentes. O sistema representa uma iniciativa integrada das administrações tributárias nas esferas federal, estadual e municipal, e ainda mantém parceria com 16 instituições, entre órgãos públicos, conselho de classe, associações e entidades civis, na construção conjunta do projeto.
O SPED é composto por três grandes subprojetos: a) Escrituração Contábil Digital (ECD) - Instituída pela Instrução Normativa RFB nº 787, publicada em 20/11/2007 para fins fiscais e previdenciários. b) Escrituração Fiscal Digital (EFD) - Instituída pelo Convênio ICMS nº 143/2006 e alterado pelo Convenio ICMS nº 123/2007, em arquivo digital, se constitui em um conjunto de escrituração de documentos fiscais e de outras informações de interesse dos fiscos das unidades federadas e da Secretaria da Receita Federal bem como no registro de apuração de impostos referentes às operações e prestações praticadas pelo contribuinte. As especificações técnicas para a geração de arquivos Manual de Orientação do Leiaute da Escrituração Fiscal Digital (EFD), que devem ser observadas pelos contribuintes do ICMS e IPI para a geração de arquivos digitais, foram instituídas inicialmente por meio do Ato Cotepe/ICMS nº 11/2007, alterado pelo Ato Cotepe/ICMS nº 20/07 produzindo efeitos a partir de 1º de janeiro de 2009. Contudo, em 23 de abril de 2008 foi publicado no Diário Oficial da União o Ato Cotepe/ICMS nº 9/2008 revogando o Ato Cotepe/ICMS nº 11/2007 e trazendo novas especificações técnicas para a geração de arquivos da Escrituração Fiscal Digital (EFD) que produzirão efeitos a partir de 1º de junho de 2008. O Ato Cotepe/ICMS nº 9/2008 foi alterado pelos Atos Cotepe/ICMS nºs 19/2008, 30/2008, 45/2008, 15/2009 e 38/2009. c) Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) - é um documento de existência apenas digital, emitido e armazenado eletronicamente, com o intuito de documentar, para fins fiscais, uma operação de circulação de mercadorias ou uma prestação de serviços, ocorrida entre as partes. Sua validade jurídica é garantida pela assinatura digital do remetente (garantia de autoria e de integridade) e pela recepção, pelo Fisco, do documento eletrônico, antes da ocorrência do Fato Gerador. A Nota Fiscal Eletrônica, instituída por meio do Ajuste Sinief nº 7/2005, a ser utilizada pelos contribuintes do IPI ou ICMS em substituição à Nota Fiscal em papel modelo 1 ou 1A em todas as operações acobertadas por este tipo de documento fiscal. O Documento Auxiliar da Nota Fiscal Eletrônica (DANFE) é uma representação gráfica simplificada da NF-e e tem como funções, dentre outras, conter a chave de acesso da NF-e (permitindo assim a consulta às suas informações na Internet) e acompanhar a mercadoria em trânsito.
Foi disponibilizado na Internet o portal Nacional da Nota Fiscal Eletrônica (www.nfe.fazenda.gov.br), que tem como objetivo a divulgação de informações sobre o Projeto Nota Fiscal Eletrônica (NF-e). Esse projeto é coordenado pelo Encontro Nacional dos Administradores e Coordenadores Tributários Estaduais (ENCAT) e desenvolvido em parceria com a Receita Federal e tem como finalidade a alteração da sistemática atual de emissão da nota fiscal em papel, por nota fiscal eletrônica com validade jurídica para todos os fins. O Sped possibilita, com as parcerias fisco-empresas, planejamento e identificação de soluções antecipadas no cumprimento das obrigações acessórias, em face das exigências a serem requeridas pelas administrações tributárias, e manterá, ainda, funcionalidades de uso exclusivo dos órgãos de registro para as atividades de autenticação de livros mercantis. São usuários do Sped: a) a Secretaria da Receita Federal do Ministério da Fazenda; b) as administrações tributárias dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios, mediante convênio celebrado com a Secretaria da Receita Federal; c) os órgãos e as entidades da administração pública federal direta e indireta que tenham atribuição legal de regulação, normatização, controle e fiscalização dos empresários e das sociedades empresárias. Os usuários, no âmbito de suas respectivas competências, deverão estabelecer a obrigatoriedade, periodicidade e prazos de apresentação dos livros e documentos, por eles exigidos, por intermédio do Sped. O acesso às informações armazenadas no Sped deverá ser compartilhado com seus usuários, no limite de suas respectivas competências e sem prejuízo da observância à legislação referente aos sigilos comercial, fiscal e bancário, o acesso sendo possível também aos empresários e às sociedades empresárias em relação às informações por eles transmitidas. A administração do Sped será ficará a cargo da Secretaria da Receita Federal e compete a ela:
a) adotar as medidas necessárias para viabilizar a implantação e o funcionamento do Sped; b) coordenar as atividades relacionadas ao Sped; c) compatibilizar as necessidades dos usuários do sistema; d) estabelecer a política de segurança e de acesso às informações. A Secretaria da Receita Federal e os demais órgãos expedirão, em suas respectivas áreas de atuação, normas complementares ao cumprimento do projeto Sped.