PROPOSTA DE AVALIAÇÃO DO DOMÍNIO AFETIVO EM CURSOS ONLINE RIO DE JANEIRO - RJ - MAIO DE 2010



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Transcrição:

1 PROPOSTA DE AVALIAÇÃO DO DOMÍNIO AFETIVO EM CURSOS ONLINE RIO DE JANEIRO - RJ - MAIO DE 2010 IVAN SOARES DOS SANTOS - Departamento de Educação e Cultura do Exército - soares@decex.ensino.eb.br Categoria: Pesquisa e Avaliação Setor Educacional: Educação Corporativa Natureza: Descrição de Projeto em Andamento Classe: Investigação Científica RESUMO Para se chegar a uma avaliação integral do discente se faz necessário a averiguação de aspectos dos domínios cognitivo, afetivo e psicomotor. Desta forma, o presente Trabalho tem por finalidade apresentar estudos acerca da possibilidade de avaliação do domínio afetivo em cursos online. Tem como ponto de partida o Projeto de Desenvolvimento e Avaliação dos Atributos da Área Afetiva do Exército Brasileiro elaborado em 1999 para capacitar, em melhores condições, os recursos humanos da Força Terrestre. O Trabalho lança foco em aspectos como avaliação, afetividade e comportamentos em ambientes virtuais de aprendizagem. Palavras-chave: Avaliação, afetividade, online.

2 1- Introdução A educação a distância (EAD), de acordo com o Decreto nº 2.494, de 10 de fevereiro de 1998 [1], que regulamenta o art. nº 80 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), nº 9.394/96 [2], é uma modalidade de ensino que possibilita a auto-aprendizagem, com a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios de comunicação. As práticas pedagógicas, nesta modalidade, apoiam-se cada vez mais na tecnologia, imprimindo ao processo ensino aprendizagem um repensar na ação de ensinar. [3] Por intermédio da avaliação da aprendizagem se obtêm as informações relevantes sobre a construção do conhecimento do discente. [3] Porém, é sabido que a educação transcende os limites da aquisição de conhecimentos (área cognitiva) e de destrezas específicas (área psicomotora). Ela desenvolve também a chamada área afetiva, a qual implica em modificação de atitudes e na internalização de valores. [4] Assim, o presente trabalho tem como finalidade apresentar estudos sobre a possibilidade de avaliação do domínio afetivo em cursos online. O ponto de partida para concepção da pesquisa foi o projeto do Exército Brasileiro de Desenvolvimento e Avaliação dos Atributos da Área Afetiva elaborado no ano de 1999, para os cursos presencias (sistemática para avaliação do domínio afetivo dos discentes nos cursos presenciais). [4] 2- O projeto de desenvolvimento e avaliação dos atributos da área afetiva O Art. 83 da Lei Nr 9.394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional [2], estabelece que o Sistema de Ensino do Exército Brasileiro (SEEB) é regulado em lei específica, admitida a equivalência de estudos, de acordo com as normas fixadas pelos sistemas de ensino. Em virtude da especificidade da carreira militar, este princípio - o da autonomia - vem sendo executado ao longo da várias legislaturas. Graças a este postulado é que o Sistema de Ensino Militar tem conseguido caminhar rumo aos seus objetivos, ao longo de várias décadas.

3 Há que se destacar que a lei Nr 9.786, de 8 de fevereiro de 1999 [5], que dispõe sobre o ensino do Exército, em seu Art. 1º, institui que o Sistema de Ensino do Exército tem características próprias, com a finalidade de qualificar recursos humanos para a ocupação de cargos e para o desempenho de funções previstas, na paz e na guerra, em sua organização. Este artigo justifica todo o investimento que o Exército procura realizar para manter o ensino militar na vanguarda da educação nacional. A origem histórica do Projeto de Desenvolvimento e Avaliação dos Atributos da Área Afetiva teve início na década de 1970, quando em 1972 realizaram-se os estudos que redundaram na edição, em 1975, do novo Manual do Instrutor, o T21-250, que substituiu a edição de 1959. [6] O movimento que começou com os estudos iniciais da versão de 1975 do Manual do Instrutor, aprofundou-se e permitiu que se estabelecessem novas bases para o ensino e a instrução militar no Brasil. Os principais marcos da evolução desse processo foram: - o Projeto Currículo, que deu origem à Metodologia de Elaboração e Revisão de Currículos (MERC), desenvolvido de 1973 a 1975; - o Projeto Programa Padrão de Instrução (PP) 1978; - e o Projeto Objetivos Afetivos, desenvolvido de 1973 a 1980. No Projeto Objetivos Afetivos, o grupo de pesquisa se debruçou sobre as teorias de Benjamin Bloom, que classificou os objetivos educacionais nos domínios: cognitivo, psicomotor e afetivo. [6] No que se referia ao domínio afetivo, não havia suporte teórico consistente. Em consequência, foi necessário estruturar um novo projeto de pesquisa, que tomou, inicialmente, o nome de Projeto Objetivos Atitudinais e Comportamentais, e depois passou a se chamar Projeto Objetivos Afetivos. Este projeto foi o que trouxe maiores inovações para área de ensino e recursos humanos do Exército. A área afetiva trata de valores, atitudes e interesses. Em uma perspectiva mais ampla, segundo alguns autores, diz respeito a todos os comportamentos com uma variável emocional bem nítida. [6] No ano de 1995, o Exército implementou mais uma grande mudança no ensino militar. Para executar este desafio foi organizado o Grupo Trabalho

4 para Estudo da Modernização do Ensino (GTEME) que, dentre outras áreas, dedicou-se profundamente ao estudo do Projeto Objetivos Afetivos. Em julho de 1997 o trabalho foi rebatizado com o nome de Projeto Desenvolvimento e Avaliação dos Atributos da área Afetiva, cuja finalidade era: - implantar uma sistemática de operacionalização dos atributos da área afetiva nos planos de disciplinas; - construir um instrumento para avaliar verticalmente os atributos constantes dos objetivos de ensino da área afetiva, nos Estabelecimento de Ensino (Estb Ens) do Departamento, exceto Colégio Militar e Escola Preparatória de Cadetes; - e orientar o corpo docente dos Estb Ens nos trabalhos de desenvolvimento e avaliação dos atributos. [6] Com os estudos bem adiantados, o Exército objetivava implantar, nos cursos presenciais, esta nova metodologia e partindo sempre da premissa vital: capacitar recursos humanos para a ocupação de cargos e o desempenho de funções. [6] Para sistematizar o Projeto de Desenvolvimento e Avaliação dos Atributos da Área Afetiva o Exército elaborou 2 (dois) documentos que são a base da metodologia: a Portaria Nr 12/DEP, de 12 de maio de 1998, que trata da conceituação dos atributos da área afetiva e a Portaria Nr 102/DEP, de 28 de dezembro de 2000, que orienta os docentes nos procedimentos de desenvolvimento e avaliação dos atributos. [6] 3-Taxionomia dos objetivos educacionais e afetividade na EAD. 3.1 - Taxionomia dos objetivos educacionais A taxonomia dos objetivos educacionais, base para o projeto do Exército, foi resultado do trabalho de uma comissão multidisciplinar de especialistas de várias universidades dos Estados Unidos da América, liderada por Benjamin S. Bloom, na década de 1950. A classificação proposta por Bloom dividiu as possibilidades de aprendizagem em três grandes domínios: [7]

5 Domínio cognitivo Domínio afetivo Domínio psicomotor Abrange a aprendizagem intelectual Abrange os aspectos de sensibilização e gradação de valores Tabela 1. Domínios educacionais de Bloom Abrange as habilidades de execução de tarefas que envolvem o organismo muscular Na hierarquia de Bloom, o domínio afetivo trata de reações de ordem afetiva e de empatia. É dividido em cinco níveis: [7] Recepção Resposta Valorização Organização Internalização de valores Percepção, Participação Aceitação, Conceituação de Comportamento disposição para ativa, disposição preferência e valor e dirigido por perceber e para responder compromisso organização de grupo de valores atenção seletiva e satisfação em responder (com aquilo que valoriza) um sistema de valores Tabela 2. Níveis do domínio afetivo de Bloom Outro autor que também discorre sobre objetivos educacionais é Gronlund [8] que, baseado em Bloom, define o domínio afetivo como aqueles aspectos que enfatizam sentimentos e emoções tais como interesses, atitudes, avaliação e formas de ajustamento. 3.2 - Afetividade na EAD A fim de subsidiar o trabalho em tela, verificou-se também temas relacionados à busca pela dimensão afetiva em ambientes virtuais de aprendizagem (AVA) onde Longhi, Behar, Bercht afirmam que: É mediante a avaliação da aprendizagem que se obtêm as informações relevantes sobre o aluno, como ele se desenvolve e constrói o conhecimento. Entretanto, a avaliação do processo de aprendizagem deve ir além da verificação do alcance dos objetivos em relação ao conteúdo, procurando levar em consideração o afeto e os atributos afetivos subjacentes do aluno, uma vez que interferem profundamente nos processos mentais, como memorização, raciocínio, atenção, motivação, etc. (LONGHI, BEHAR, BERCHT, 2009, p. 204). São comuns, nos AVAs, as trocas textuais entre docentes/discentes/discentes. A escrita assume uma estrutura sintáticosemântica um tanto coloquial, a semelhança da oralidade. Porém, a escrita digital, em virtude da possibilidade de registro e acompanhamento do processo ensino aprendizagem, fator preponderante na proposta deste estudo, presta-se mais à análise das interações dos educadores e intervenção sobre as mesmas, do que se ocorressem oralmente. [9]

6 Em 1897 Darwin já afirmava que as expressões afetivas poderiam ser aprendidas, inaugurando assim o estudo dos aspectos comportamentais. [3] 4- Avaliação do domínio afetivo em cursos online Com o advento das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) a vida passou a ter uma nova dimensão. O fazer humano ganhou enfoque mais dinâmico, acelerado e com mais possibilidades. [10] A educação online, por sua natureza digital, por trafegar suas informações de modo codificado, em suportes também digitais [11] é uma modalidade educacional mediada por meios eletrônicos e, por sua vez, guarda algumas características próprias. O projeto pedagógico, o currículo e o sistema de avaliação são elaborados levando em consideração estes aspectos. Quanto à avaliação Polak afirma que: A avaliação da aprendizagem é uma preocupação do docente, o que se expressa pelas inúmeras publicações na área que visam aperfeiçoar e enriquecer as ferramentas de comunicação e interação, em vista de monitorar os aspectos informais de desempenho do aluno. No entanto, os esforços envidados pelos profissionais de informática, gestores e pedagogos ainda não atingiram o modelo desejado, ou seja, uma avaliação integral do aluno. (POLAK, 2009, p. 154) Os cursos online se valem das interfaces de comunicação para tornar o ambiente educacional mais interativo [12]. E quando se fala em avaliação da aprendizagem a interatividade deve ser encarada como fundamental para o sucesso do processo. Assim, os instrumentos de avaliação da aprendizagem nos cursos online serão construídos sobre interfaces interativas. Ao se pensar no desenvolvimento tecnológico dos ambientes virtuais de aprendizagem é razoável depreender que algumas implicações estarão voltadas para aspectos pedagógicos dos cursos online como: currículo; projeto pedagógico; e avaliação da aprendizagem. [13] É neste contexto do desenvolvimento tecnológico dos AVAs que a avaliação da aprendizagem pode extrapolar a simples verificação de conteúdos assimilados, para uma avaliação que oportunize a averiguação de atitudes e comportamentos exteriorizados pelos discentes.

7 O Projeto de Desenvolvimento e Avaliação dos Atributos da Área Afetiva do Exército implica na apreciação de comportamento dos discentes. Exige do docente uma intensa e constante interação com o discente. [4] Nos cursos presencias do Exército, o docente apresenta ao discente o atributo a ser desenvolvido e avaliado [14]. Vale lembrar que estes atributos, num total de quarenta e dois, constam da Portaria Nr 12/DEP, de 12 de maio de 1998 [15] e conceitua todos os atributos (comportamentos) trabalhados no ensino militar. Exemplo: o atributo responsabilidade é a capacidade de cumprir suas atribuições assumindo e enfrentando as consequências de suas atitudes e decisões; o atributo cooperação é a capacidade de contribuir espontaneamente para o trabalho de alguém e/ou de uma equipe. Nos cursos online, estes atributos, escolhidos pela coordenação pedagógica, de acordo com o objetivo geral do curso, poderiam ser trabalhados por meio de avaliações formativas, onde os docentes (tutores) estabeleceriam estratégias para a observação do atributo em pauta. Tomando-se como exemplo um curso de formação de tutor, onde o atributo escolhido fosse tolerância, que é a capacidade de respeitar e conviver com idéias, atitudes e comportamentos diferentes dos seus [15]. Para avaliar formativamente o atributo tolerância, as ações sugeridas seriam: - o decente (tutor) poderia criar, no AVA, um ambiente de práticas de docência online, onde os discentes realizariam a prática de tutoria; - o discente assumiria as funções de tutor, onde estabeleceria contato com discentes de características comportamentais diversas (alunos dispersivos, mal educados, pouca habilidade tecnológica, ausentes, etc); - o docente acompanharia a execução da prática; - ao final, faria um juízo de valor do desempenho do discente no que diz respeito ao atributo tolerância e transmitiria um feedback. Para o atributo responsabilidade, que é a capacidade de cumprir suas atribuições assumindo e enfrentando as consequências de suas atitudes e decisões: [15] - o docente (tutor) poderia planejar, por meio da interface fórum do AVA, uma atividade onde os discentes deveriam postar contribuições em datas préestabelecidas; - os discentes realizariam a tarefa indicada postando suas contribuições;

8 - o docente (tutor) observaria a conduta de cada discente quanto ao prazo estabelecido para as postagens; - por meio das observações, o docente faria um juízo de valor do desempenho de cada discente, para o atributo responsabilidade, e transmitiria um feedback. Há que se destacar que o início deste processo deve ser precedido de capacitação dos docentes (tutores) para avaliação formativa do domínio afetivo [14] e uma negociação entre docente (tutor)/discente, para definição dos parâmetros da avaliação (avaliação formativa e participativa). [12] Desta forma, o estudo apresentado pretende lançar um foco maior no assunto avaliação do domínio afetivo e suscitar pesquisas mais aprofundadas sobre o assunto. 5- Considerações finais Ao tratar avaliação da aprendizagem na educação online é significativo entender as relações no ambiente virtual. Alguns comportamentos e atitudes inerentes aos AVAs como: ausência; silêncio virtual; presença; participação; dentre outros devem ser observados e acompanhados com bastante atenção por parte do docente (tutor). [16] A avaliação do aspecto afetivo, no Exército, é realizada mediante uma sistematização de procedimentos, onde o docente procura estabelecer estratégias que permitam ao discente a exteriorização de comportamentos. [4] Já na educação online, as estratégias e observações ficam por conta das possibilidades dos dispositivos tecnológicos de cada AVA. Assim, cabe ao docente (tutor), por meio de avaliações formativas, criar situações que permitam a observação de comportamentos e atitudes do discente. Se o comportamento for entendido como um conjunto de reações e atitudes, pode-se inferir que não importa o ambiente físico, presencial ou virtual, que as sensações experimentadas pelos discentes serão a mesmas. [16] Silva (2006) afirma que há espaço para a construção de novas práticas de aprendizagem e de avaliação. [17] E para encerrar e como informação, este projeto está sendo desenvolvido pelo Departamento de Educação e Cultura do Exército que

9 pretende testá-lo no curso de formação de tutores, para os docentes dos Estabelecimentos de Ensino do Exército, que terá seu início no mês de junho de 2010. 6. Referências [1] BRASIL. Decreto Nr 5.622, de 19 de dezembro de 2005. Regulamenta o art. 80 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. [2] BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diário Oficial [da República Federativa do Brasil], Brasília, DF, v. 134, n. 248, 23 dez. 1996. Seção 1, p. 27834-27841. [3] LONGHI, Magali Terezinha; BEHAR, Patrícia Alejandra; BERCHT, Magda. A busca pela dimensão afetiva em ambientes virtuais de aprendizagem. In: BEHAR (org), Modelos Pedagógicos em Educação a Distância. Porto Alegre: Artmed, 2009 [4] EXÉRCITO BRASILEIRO, CENTRO DE ESTUDOS DE PESSOAL, DIVISÃO DE PESQUISA. Instrução Provisória da Avaliação do Comportamento. Centro de Estudos de Pessoal. Rio de Janeiro, 1998. [5] BRASIL. Lei n. 9.786, de 8 de fevereiro de 1999. Estabelece a Lei do Ensino do Exército. Diário Oficial [da República Federativa do Brasil], Brasília, DF. 27 de 9-2-1999 pág.1 [6] FERNANDES, Synésio Scofano. O ensino militar nas décadas de 70 a 90. Revista da Cultura. Rio de Janeiro, ano VII, n.13, p. 14-19, 2008 [7] BLOOM, Benjamin. Taxionomia dos Objetivos Educacionais. Porto Alegre Rio de Janeiro: Globo, 1983 [8] GRONLUND, Normam. A formulação de Objetivos Comportamentais para as Aulas. Rio de Janeiro: Reditora rio, 1975 [9] PESCE, Lucila; BRAKLING, Kátia. A avaliação do aprendizado em ambientes digitais de formação de educadores. Um olhar inicial. In: SILVA e SANTOS (orgs), Avaliação da Aprendizagem em Educação online. São Paulo: Loyola, 2006.

10 [10] POLAK, Ymiracy Nascimento de Souza. Avaliação do Aprendiz em EAD. In: LITTO e FORMIGA (orgs), Educação a Distância o estado da arte. São Paulo. Peasron 2009 [11] BARREIRO-PINTO, Isabel Andréa. Caderno da Disciplina Cibercultura: os fundamentos. Universidade Castelo Branco e Fundação Trompowsky. Rio de Janeiro, 2009 [12] BARREIRO-PINTO, Isabel Andréa. Caderno da disciplina Avaliação em Educação a Distância. Universidade Castelo Branco e Fundação Trompowsky. Rio de Janeiro, 2009. [13] NUNES, Lina Cardoso; VILARINHO, Lúcia Regina Goulart. Avaliação da aprendizagem no ensino online em busca de novas práticas. In: SILVA e SANTOS (orgs), Avaliação da Aprendizagem em Educação online. São Paulo: Loyola, 2006. [14] BRASIL. Ministério da Defesa. Exército Brasileiro. Departamento de Ensino e Pesquisa. Portaria Nr 102/DEP, de 28 de Dezembro de 2000. Aprova as Normas para Elaboração do Conceito Escolar. [15] BRASIL. Ministério do Exército. Departamento de Ensino e Pesquisa. Portaria Nr 12/DEP, de 12 de maio de 1998. Aprova a definição dos atributos da área afetiva. [16] OKADA, Alexandra Lilaváti P.; DE ALMEIDA, Fernando José. Avaliar é bom, avaliar faz bem. In: SILVA e SANTOS (orgs), Avaliação da Aprendizagem em Educação online. São Paulo: Loyola, 2006. [17] SILVA, Marcos; SANTOS, Edméa (orgs). Avaliação da Aprendizagem em Educação online. São Paulo: Loyola, 2006.