UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU



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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA ELAINE XAVIER DE ALMEIDA A GINÁSTICA NA FORMAÇÃO DE LICENCIADOS EM EDUCAÇÃO FÍSICA: UM ESTUDO SOBRE OS PLANOS DE ENSINO SÃO PAULO 2012

UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA ELAINE XAVIER DE ALMEIDA A GINÁSTICA NA FORMAÇÃO DE LICENCIADOS EM EDUCAÇÃO FÍSICA: UM ESTUDO SOBRE OS PLANOS DE ENSINO Dissertação apresentada à Banca Examinadora do Curso de Mestrado em Educação Física da Universidade São Judas Tadeu, como exigência parcial para obtenção do título de Mestre em Educação Física, na Linha de Pesquisa Educação Física, Escola e Sociedade sob a orientação da Professora Doutora Vilma Lení Nista-Piccolo. SÃO PAULO 2012

ELAINE XAVIER DE ALMEIDA A GINÁSTICA NA FORMAÇÃO DE LICENCIADOS EM EDUCAÇÃO FÍSICA: UM ESTUDO SOBRE OS PLANOS DE ENSINO Dissertação apresentada à Banca Examinadora do Curso de Mestrado em Educação Física da Universidade São Judas Tadeu, como exigência parcial para obtenção do título de Mestre em Educação Física, na Linha de Pesquisa Educação Física, Escola e Sociedade sob a orientação da Professora Doutora Vilma Lení Nista-Piccolo. Data da Defesa: / / Resultado: Banca Examinadora Prof.ª Dr.ª Eliana de Toledo Ishibashi Prof.ª Dr.ª Laurita Marconi Schiavon Prof.ª Dr.ª Vilma Lení Nista-Piccolo

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da Universidade São Judas Tadeu Bibliotecário: Ricardo de Lima - CRB 8/7464 A447g Almeida, Elaine Xavier A ginástica na formação de licenciados em Educação Física: Um estudo sobre os planos de ensino / Elaine Xavier Almeida. - São Paulo, 2012. 157 f. : il. ; 30 cm. Orientador: Vilma Leni Nista-Piccolo. Dissertação (mestrado) Universidade São Judas Tadeu, São Paulo, 2012. 1. Educação física Formação profissional. 2. Ginástica. I. Nista- Piccolo, Vilma Leni. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de Pós- Graduação Stricto Sensu em Educação Física. III. Título

Dedico esse trabalho primeiramente a Deus, pela constante presença em minha vida e por direcionar os meus caminhos. Aos meus amados pais Altamiro e Zilda (in memoriam) que apesar das batalhas enfrentadas juntos, sabiamente ensinaram aos seus filhos importantes princípios e valores. Ao Jeferson, meu amado marido, por compreender os momentos de isolamento, compartilhando comigo as angústias e ansiedades. Às minhas amadas filhas, Beatriz e Julia, razões da minha existência, agradeço a compreensão pela ausência durante esse longo processo. Aos meus queridos irmãos pelo amor, apoio e conselhos, em especial à inesquecível Adriana (in memoriam) que nos deixou tão cedo, mas que está viva em nossas memórias e em nossos corações.

AGRADECIMENTOS Meus sinceros agradecimentos e gratidão a todos que direta ou indiretamente contribuíram para que a obtenção desse título se concretizasse. Agradeço à CAPES, pela possibilidade concedida de bolsa de estudos custeando minha pesquisa, por intermédio do GEPEFE, com aprovação do edital Observatório da Educação - 2008. À minha querida mãe acadêmica, Professora Doutora Vilma Lení Nista- Piccolo, pelos ensinamentos, pelo carinho, pela amizade, pela paciência, e principalmente pelo respeito às minhas limitações. À Professora Doutora Eliana de Toledo Ishibashi, pela forma carinhosa que me recebeu, quando fui procurá-la para aprender um pouco mais sobre o mundo da Ginástica. Obrigada por tudo, principalmente pelo olhar carinhoso e acadêmico que teve na correção do projeto para banca de qualificação. Que Deus lhe abençoe e a ilumine sempre. À Professora Doutora Laurita Schiavon, que brilhantemente apontou direcionamentos que significaram grande contribuição no processo final desse estudo. A todos os professores do Programa de Pós-Graduação da Universidade São Judas Tadeu, pelos valiosos ensinamentos e reflexões. A todos os amigos de turma, pela amizade que construímos. Nós sabemos que não foi fácil enfrentar essa empreitada, diversos foram os desafios, mas cruzamos a reta final. Parabenizo a todos vocês. Meus agradecimentos especiais para minhas amigas, as quais constantemente me impulsionaram para que eu não desistisse, além de me ouvirem, me aconselharem e contribuírem para que tudo isso acontecesse. Obrigada, Luciene Melo, Elaine Russo, Cristiane Guzzoni, Fabiana Ramiro, Elane Campos, Andresa Ugaya, Kamila Ressurreição, Cassia Hess, Rose Maria, Regina Turcatto, Elizabeth Morandi. Aos Professores, Coordenadores e Alunos da Universidade Nove de Julho (Uninove) pelo apoio e estímulo ao longo desse percurso acadêmico. Aos Professores e Coordenadores das Instituições de Ensino Superior investigadas nesse estudo, por autorizarem e aceitarem participar da pesquisa

e pelo pronto atendimento enviando-nos os documentos necessários para isso. A todos vocês, meu muito obrigada! Ao Professor Eduardo Gunther Montero, meu padrinho acadêmico no Ensino Superior. Meus sinceros agradecimentos pelos ensinamentos, pela amizade, pelos conselhos, e principalmente por acreditar e confiar que eu seria capaz. À Professora Irene Hernandez, por todos os ensinamentos éticos e humanos, transformando-se no meu exemplo de dedicação e amor pela profissão. Ao Danilo Sola, pela valiosa contribuição no auxílio da digitação dos dados coletados. Agradeço imensamente por sua atitude e carinho. Aos meus queridos sogros Eliazar, e em especial a Vânia, que brilhantemente assumiram grandes papéis na minha vida e na minha família. Agradeço à minha sogra por ter assumido a função de minha mãe postiça, mãe e avó das minhas filhas ao mesmo tempo por muitas vezes. Vocês sempre estarão presentes em nossas vidas. Não encontro palavras que possam expressar o quanto vocês são importantes para todos nós. Às minhas queridas amigas, Araildes, Regina Coutinho, Cristiane Pérola, Andrea Vicente e Michele Magalhães, obrigada pelo incentivo, amizade e pelo carinho. A Professora Vera Lúcia Fator Gouvêa Bonilha por ter se dedicado de maneira bastante competente à revisão deste estudo.

Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina. Cora Coralina

RESUMO O presente estudo investiga a área da Ginástica oferecida como componente curricular nos cursos de Licenciatura em Educação Física nas Instituições de Ensino Superior (IES) da cidade de São Paulo. Objetivou-se analisar a formação de futuros professores no que concerne aos conteúdos ginásticos que fazem parte desse contexto de formação, visando prospectar a relevância da sua aplicação na formação básica dos alunos na Educação Física escolar. Para tanto, o estudo foi desenvolvido numa abordagem qualitativa do tipo descritiva. A coleta dos dados partiu da leitura e análise dos planos de ensino, tendo como foco as ementas, os objetivos e os conteúdos, indicados nas disciplinas que abordam a Ginástica nos cursos de Licenciatura em Educação Física da capital de São Paulo. A interpretação dos dados coletados pautou-se numa análise de conteúdo proposta por Laville e Dionne (1999), que buscou a categorização de unidades significativas ao pesquisador. Os resultados apontaram expressiva porcentagem de disciplinas de Ginástica por IES, muitos equívocos nos planejamentos para se ensinar Ginástica na formação inicial do professor, impedindo-os de transportar tais conhecimentos para a escola. Apesar de a Ginástica estar presente nos currículos dos cursos de Educação Física investigados, parece que os conhecimentos adquiridos pelos licenciandos mostram-se insuficientes para o trabalho com o tema no contexto escolar. Palavras- chave: Ginástica; Educação Física; Formação profissional

ABSTRACT The present study investigates the theme Gymnastics offered as a curriculum component in graduation courses in Physical Education in Higher Education Institutions in São Paulo. The relevance of this theme is justified for the little discussion or approach from academic and professional environment. The objective is to identify how the future teachers who intend to work in schools, are being trained, concerning to the contents that are part of gymnastic training context in order to prospect the importance of its application in basic training for students in physical education. For this purpose, we explored the universe of Gymnastics in their fields, explaining our current understanding about this universe,which has shown itself very low in the initial training of physical education teachers. Basing on the documental research, from the syllabus offered by the coordinators of the respective courses, the study was developed in a qualitative descriptive approach. Data collecting was based on the reading and analysis of teaching plans, focusing on the menus, content and objectives stated in the disciplines that approach the Gymnastics at the graduation courses in Physical Education in São Paulo. The interpretation of the data collected was based on a content analysis, which according to Laville and Dionne (1999) aim the categorization of meaningful units researcher. The results pointed out many mistakes in the planning to teach gymnastics in initial teacher training, preventing them from delivering such knowledge to school. Although gymnastics is present in the investigated curricula of physical education courses, it seems that the knowledge acquired by graduating students are not enough to deal with the theme in the school context. Keywords: Gymnastics, Physical Education, Vocational Training

LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 Campos de atuação da Ginástica... 21 FIGURA 2: Elementos constitutivos da Ginástica... 59

LISTA DE QUADROS QUADRO 1: Nomes das disciplinas nas IES investigadas.... 46 QUADRO 2: Nome das disciplinas (elementos convergentes)... 47 QUADRO 3. Categorias Geradas Pelas Ementas Presentes Nos Planos de Ensino... 76 QUADRO 4: Síntese dos Objetivos dos Planos de Ensino... 83 QUADRO 5. Síntese de Temas e Conteúdos dos Planos de Ensino... 105 QUADRO 6: Ginástica, na escola, expressa nas ementas e os objetivos e conteúdos apresentados nos planos de ensino das disciplinas de Ginástica analisadas... 124

SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO... 15 2. UNIVERSO DA GINÁSTICA... 19 2.1. A Ginástica... 19 2.2. Campos de atuação... 21 2.2.1 Ginástica de Conscientização Corporal... 23 2.2.2 Ginástica de Condicionamento Físico... 24 2.2.3 Ginástica Fisioterápica... 25 2.2.4 Ginástica de Demonstração... 25 2.2.5 Ginástica de Competição... 27 3. A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA... 33 3.1 A evolução da formação dos professores de Educação Física... 34 3.2 Os contextos históricos e as Diretrizes Curriculares na formação em Educação Física... 36 3.3 Outros desafios na formação do professor de Educação Física... 41 4. A GINÁSTICA NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA... 57 4.1. Possibilidades Gímnicas na Educação Física Escolar... 60 5. CAMINHOS DA PESQUISA... 71 5.1 Tipo de pesquisa... 71 5.2 O Campo e Seus Representantes Nesse Estudo... 72 5.3 Procedimentos Para Análise dos Dados... 73 6. INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS DA PESQUISA... 75 6.1. As Ementas... 75 6.1.2 Análise das Ementas das Disciplinas de Ginástica... 75 6.2 Os Objetivos... 82 6.2.1 Análise dos Objetivos das Disciplinas de Ginástica... 83 6.3 Os Conteúdos... 101 6.3.1 Análise dos Conteúdos das Disciplinas de Ginástica... 105 6.4 Cruzando os Dados... 113 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS... 131 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 135 ANEXOS... 145

ANEXO A Carta convite aos coordenadores de Educação Física das Instituições de ensino pesquisadas... 145 ANEXO B UNIDADES DE SIGNIFICADOS DAS EMENTAS EXTRAÍDAS DOS PLANOS DE ENSINO... 147 ANEXO C UNIDADES DE SIGNIFICADOS DOS OBJETIVOS EXTRAÍDOS DOS PLANOS DE ENSINO... 149 ANEXO D UNIDADES DE SIGNIFICADOS DOS CONTEÚDOS EXTRAÍDOS DOS PLANOS DE ENSINO... 152

15 1. INTRODUÇÃO Meu interesse pela Ginástica teve início aos doze anos de idade por meio de vivências extraescolares. Isso se deu em detrimento da falta de oferecimento desses conhecimentos durante as aulas regulares de Educação Física, vivenciadas na Educação Básica. Na época em que cursei essa fase escolar, a disciplina Educação Física era direcionada exclusivamente ao ensino de modalidades esportivas tradicionais. O conhecimento aprendido foi reduzido à vivência do voleibol, prática de maior frequência, que provavelmente era aplicada pela afinidade do professor com a referida modalidade. Desta forma, a minha inserção em aulas de Ginástica Artística (GA) não se deu no contexto escolar, mas fora dele, associando desejo e curiosidade em experimentar novos desafios, que, nessa prática, podiam ser saciados. As aulas de GA vivenciadas num contexto extra escolar no clube esportivo foram apresentadas de forma lúdica e prazerosa, por meio de atividades que proporcionavam o aprimoramento motor. Diante da percepção corporal de um enriquecimento no aspecto motor, cada vez mais ampliava meu domínio de movimentos. Essa vivência positiva com a modalidade levou-me a cursar uma graduação em Educação Física, e atualmente, como docente universitária, ministrando as disciplinas que representam o universo gímnico em cursos de Licenciatura em Educação Física, pude verificar durante minhas aulas e também em conversas com outros professores, que atuam com essa temática, as várias dificuldades encontradas para trabalhar com esse conteúdo no contexto da formação profissional. Constatei que a queixa de maior incidência é a grande dificuldade motora que os alunos apresentam para realizar os movimentos propostos. Esse fato levou-me a refletir que as dificuldades demonstradas pelos graduandos poderiam estar atreladas à falta de oportunidades de vivenciarem essas práticas gímnicas em aulas de Educação Física. Observei que alguns graduandos não tinham participação efetiva nas aulas, alegando que os movimentos apresentavam um grau de complexidade muito elevado, causando medo e falta de coragem para realizá-los.

16 De outra forma, pude constatar que há ainda uma outra situação corrente, que também gera preocupações durante o processo de formação. Quando da participação dos alunos nas atividades, prevalece a execução dos movimentos pautados apenas no fazer por fazer, ou seja, muitos graduandos se deslumbram na realização dos movimentos das modalidades gímnicas nunca experimentados antes, esquecendo que o principal objetivo dessa vivência não está relacionado ao saber fazer, e sim ao se apropriar desse processo para aprender a ensinar. Diante do exposto, pareceu-me necessária uma reflexão com relação à forma que esse universo tem sido tratado na formação inicial de licenciados em Educação Física, que deveria possibilitar vivências pedagógicas e educativas independentemente de sua sistematização, haja vista que o palco central de atuação desse profissional essencialmente dos licenciados é a escola. Essas observações levam a refletir sobre o que os docentes que ministram as disciplinas de Ginásticas nas escolas podem fazer para sensibilizar os graduandos a participarem das aulas conscientizando-os da sua importância nos currículos da Educação Física escolar. Essa preocupação aponta a necessidade de uma intervenção direcionada à sensibilização do aluno do curso de Licenciatura para a realização dos movimentos vivenciados nas aulas, ressaltando aquilo que está sendo ensinado para o contexto em que irá atuar. Tal premissa pode ser defendida tendo-se em vista que o ensino na formação de licenciandos deveria priorizar o refinamento de argumentos sobre o que se deve ensinar, gerando motivação e gosto pelo que se faz, ou seja, dar sentido e significado para as ações nos diferentes contextos de atuação profissional sensibilizando para o desenvolvimento de práticas de ensino da Ginástica mais adequadas. É neste contexto que se objetiva investigar cientificamente o que tem sido ensinado aos futuros professores que pretendem atuar nas escolas, nas disciplinas que contemplam o universo gímnico, e em suas formações vividas nas Instituições de Ensino Superior (IES) da capital de São Paulo. Remete-se então a uma problematização acerca do tema: será que o processo de formação tem apresentado subsídios suficientes para que os futuros professores possam desenvolver esses conhecimentos na escola?

17 De outra forma, este estudo se justifica a partir da importância que tem a formação profissional, oferecida pelas IES, ao futuro licenciado em Educação Física para atuar em escolas, quanto à escolha dos conhecimentos atribuídos às diversas disciplinas que compõem a grade curricular. A relevância desse estudo centra-se nas disciplinas que tratam da Ginástica e que deveriam ser contextualizadas por um ensino crítico, reflexivo, oferecendo conhecimentos necessários para que os futuros profissionais pudessem ter autonomia e competência para introduzi-los na escola. Para tanto, é necessário que os docentes formadores tenham preocupação em oferecer conhecimentos gímnicos bem estruturados, utilizando-se de diversas vias de acesso que possam facilitar as vivências, o ato de aprender e compreender o conteúdo, para posteriormente ensiná-los. Pautando-se nesse contexto acredita-se que o licenciando poderá ter condições de (re) construir os conhecimentos adquiridos durante sua formação e transformá-los nas diversas situações a serem encontradas em sua atuação profissional. Como docentes que atuam no processo de formação para professores de Educação Física, consideramos que as disciplinas que tratam das Ginásticas devam possuir uma forma diferenciada de serem ensinadas, visando conduzir todos os graduandos às vivências dos elementos propostos, buscando atingir a compreensão dos movimentos. Os conteúdos a serem desenvolvidos devem estar pautados em exercícios educativos e modos de auxiliar a aprendizagem, de acordo com a realidade escolar, proporcionando segurança aos futuros professores para explorarem esses conhecimentos, e, posteriormente, saberem aplicá-los na escola. Desta forma, espera-se com esse estudo, contribuir com os docentes das disciplinas de Ginástica, que atuam em cursos de Licenciatura em Educação Física, especificamente, para identificar os problemas e encontrar possibilidades para melhorar as suas atuações pedagógicas, no que diz respeito aos objetivos e conteúdos de ensino utilizados em suas aulas. Elegeu-se como metodologia a análise dos planos de ensino adotados pelos docentes que ministram as disciplinas que tratam sobre as Ginásticas nos cursos de Licenciatura em Educação Física das IES da capital paulista, visando conhecer as ementas, o objetivo e o conteúdo que tem sido ensinado

18 aos graduandos sobre esses saberes durante seu processo de formação. Neste percurso objetiva-se: a) verificar quais são os conteúdos no que se referem às Ginásticas, usados pelos docentes dos cursos de Licenciatura em Educação Física da cidade de São Paulo; b) analisar as divergências e as convergências existentes nas ementas, nos objetivos e nos conteúdos expostos nos planos de ensino das disciplinas que tratam das Ginásticas nos cursos de Licenciatura em Educação Física; c) verificar se os aspectos citados nos planos de ensino dos docentes são adequados para contribuir com a formação dos licenciados, ou seja, se eles contemplam saberes gímnicos que possam ser aplicados no ambiente escolar. Mediante esses objetivos, a pesquisa mostrou a necessária ampliação de estudos na temática Ginástica na área Educação Física escolar, assim como possibilitou a identificação de aspectos que sinalizam a limitação de conhecimentos, por parte dos professores, para o desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem dos licenciandos em Educação Física. Isso apontou demandas de novas perspectivas no processo de formação continuada dos docentes formadores de professores de Educação Física que atuarão no contexto escolar.

19 2. UNIVERSO DA GINÁSTICA 2.1. A Ginástica O termo Ginástica, como exposto nos estudos de Soares (2004), Ayoub (2007), Desiderio (2009), remete-se à etimologia grega e origina-se da palavra gimnastiké que significa a arte de exercitar-se com o corpo nu. Complementam ainda que ela pode ser interpretada como o ato de exercitar o corpo para fortificá-lo e dar-lhe agilidade, trazendo consigo uma ideia de associação entre o exercício físico e a nudez, no sentido do despido, do simples, do livre, do limpo, do desprovido ou destituído de maldade, do imparcial, do neutro, do puro. Essa forma de manifestação corporal ao longo da história foi sofrendo transformações e se fez presente, em diferentes contextos, com diversos objetivos, dentre os quais se pode citar, como meio de sobrevivência, na preparação de soldados para guerra, entre outros. Para contextualizar as suas várias utilizações, pode-se amparar no estudo de Souza (1997) que se pauta em outros referenciais como Ramos (1982), Langlade e Langlade (1970), Soares (1994) para interpretar que a história da Ginástica se confunde com a história do homem, e tem seu início na pré-história, quando o homem se apropriava da prática corporal como objetivo de sobrevivência, pois precisava estar preparado em todo momento tanto para atacar como para se defender. Ainda segundo a autora, na Antiguidade, mais especificamente no Oriente, foram aparecendo outras formas de manifestações corporais, entre elas, as lutas, a natação, o remo, o hipismo, a arte de atirar com o arco, porém, o foco estava centrado na preparação de militares para guerra. Destaca-se também sua utilização como ideal de beleza (Grécia), objetivando valorizar o corpo (Atenas), bem como a preparação de soldados para guerra em Esparta. Em Roma, apesar de o exercício físico estar fortemente direcionado à preparação militar, tinha ainda outros objetivos, voltados às práticas esportivas e aos combates de gladiadores ligados às questões bélicas.

20 Na Idade Média, durante alguns séculos, os exercícios físicos foram utilizados como base na preparação dos militares para a guerra, sendo destacada nesse contexto a utilização da esgrima e da equitação para participação de torneios e jogos. Na Idade Moderna, após o ano de 1453, a prática corporal passou a ter valorização no contexto educacional, levando muitos estudiosos da área da pedagogia a publicarem obras que relacionavam a pedagogia, a fisiologia e a técnica, com a Educação Física (EF), contribuindo para a evolução da área, e cooperando para sistematização da Ginástica (SOUZA, 1997). De acordo com Langlade e Langlade (1970), a origem da atual Ginástica teve influência de quatro grandes escolas: a inglesa, que tinha como característica os jogos, atividades atléticas e esportivas, e as escolas alemã, sueca e francesa, que foram responsáveis pelo surgimento dos principais métodos ginásticos, os quais tiveram forte influência na Ginástica do mundo, assim como na Ginástica brasileira. De acordo com Ayoub (2007), as escolas tinham características diferentes, bem como diversas formas de compreensão quanto aos exercícios físicos e os gestos gímnicos. Nesse sentido, compreende-se que a Ginástica desde suas origens se refere às atividades corporais extraídas das habilidades naturais do ser humano, como as corridas, os saltos, os lançamentos, os giros, dentre outros movimentos, atribuindo a elas um significado próprio, que vai além das necessidades de locomoção ligadas à sobrevivência. Goyaz (2003) expõe que a utilização dessas habilidades em forma de Ginástica implica intencionalidades em operar com novos significados para realizar determinadas ações motoras, cognitivas, afetivas e sociais. Também considera-se adequada a inferência exposta em Souza (1997) que compreende o fato da Ginástica apropriar-se de vários campos de atuação, já que a sua definição evoca várias concepções, impossibilitando a construção de um conceito único. Com isso, corre-se o risco de restringir a sua abrangência dentro do seu universo caracterizado como um dos temas da cultura corporal, que pode ser manifestado em vários ambientes, situações e com objetivos diversos. As modalidades inseridas nos campos de atuação, por sua vez, trazem à tona a ideia que caracteriza a Ginástica como uma forma específica de

21 exercitação corporal que possibilita valiosas experiências de aprendizagem, as quais abrangem diferentes objetivos (SOARES et. al., 1992). Sendo assim, é possível considerá-la como um tema promissor que pode ser desenvolvido no cotidiano das aulas de Educação Física escolar. 2.2. Campos de atuação Devido à grande abrangência da Ginástica, o estabelecimento de um conceito único restringiria a compreensão desse imenso universo que a caracteriza como um dos conteúdos da Educação Física. Essa modalidade no decorrer dos tempos tem sido direcionada para objetivos diversificados, ampliando cada vez mais as possibilidades de sua utilização. De acordo com o estudo de Souza (1997), esses caminhos podem classificar a Ginástica em diferentes campos de atuação explicitados no quadro abaixo: Figura 1 Campos de atuação da Ginástica. Fonte: Souza (1997, p. 26) O quadro acima mostra a diversidade do tema Ginástica em suas formas de utilização, que podem ser entendidas e desenvolvidas por diferentes

22 objetivos, conteúdos e métodos. Isso revela a diversidade de possibilidades de aplicação dessa temática nas aulas de Educação Física no Ensino Superior e na Educação Básica. Porém, observa-se que, na formação de professores, não são todas as modalidades desses campos que são tratadas no processo de ensino dos licenciandos, sendo as mais frequentes: a Ginástica Rítmica (GR), a Ginástica Artística e a Ginástica Geral (GG). 1 (ALMEIDA, et. al. 2010). Num primeiro olhar, entende-se que, talvez, essa limitação a respeito do conhecimento da Ginástica no Ensino Superior ocorra em detrimento da pequena carga horária destinada às disciplinas correspondentes a esse tema, fazendo com que os professores optem pelas modalidades gímnicas de maior tradição no país, ou também, pode ser pela falta de capacitação de profissionais do esporte em atividades de academia. Dessa forma, pode-se dizer que a Ginástica fica representada tão somente pelas modalidades competitivas, como a GA e GR, e pela demonstrativa, a Ginástica Geral que apesar de estar fora do contexto competitivo tem sida oferecida em alguns cursos de formação em Educação Física. (ALMEIDA et. al. 2010). Embora essas modalidades sejam compreendidas como adequadas para o ensino na escola, compreende-se que o profissional de Educação Física durante a sua formação deva adquirir conhecimentos e vivências de todas as outras Ginásticas (RINALDI, 2005). Assim, o licenciado, em sua futura atuação escolar, poderá propiciar um ensino que diversifique os conteúdos referentes a essa temática na formação básica, colaborando para a ampliação do conhecimento dos alunos acerca do fenômeno Ginástica, como expressão da cultura corporal humana. Portanto, concorda-se com Rinaldi (2005) quando expõe que se o processo de formação do licenciado desse conta de propiciar aprendizagens significativas sobre a existência das várias modalidades gímnicas, poderia contribuir positivamente com a aplicação delas no âmbito escolar. Para ampliar o entendimento sobre essas Ginásticas, apresenta-se a seguir uma breve 1 Ginástica Geral era o nome dessa modalidade gímnica esportiva, regulamentada pela FIG, que, em 2006, teve sua identidade modificada para Ginástica para Todos". Optamos neste trabalho utilizar o termo Ginástica Geral por ser a terminologia utilizada por diversos autores e pela maioria dos planos de ensino das disciplinas de Ginástica das IES investigados na pesquisa campo.

23 explicação, pautada na classificação dos seus respectivos campos de atuação, exposta em Souza (1997). 2.2.1 Ginástica de Conscientização Corporal Essas Ginásticas reúnem as novas propostas de abordagem do corpo, também conhecidas por técnicas alternativas ou Ginásticas Suaves. Foram introduzidas no Brasil na década de 70, tendo como pioneira a Anti-Ginástica, mas sendo também representantes a Eutonia, a Ginástica de Feldenkrais, a Bioenergética, dentre outras. A maior parte dessas práticas tiveram origem na busca de solução dos problemas físicos e posturais. Conforme as características desse campo de atuação de Ginástica, entende-se que é possível trabalhar com essas modalidades gímnicas em toda a fase escolar básica, preocupando-se com a apropriação dos seus conteúdos pelo aluno e com a sua utilização fora do âmbito escolar. Para atingir tais objetivos faz-se necessário que a escola adote uma concepção de aulas de Educação Física como espaço de integração das ações da reflexão sobre o que se faz em contexto de prática motora. Isso implica propostas de ensino que priorizem não só o saber fazer, mas, também, o conhecimento sobre os mecanismos corporais a serem usados nessas práticas gímnicas, nas descobertas do seu próprio corpo (GALLARDO, 2003). Entende-se que as relações entre a consciência e o corpo, vivenciadas nas propostas de atividades gímnicas de conscientização corporal pretendem ampliar os conteúdos desenvolvidos na Educação Física escolar. Isto quer dizer que esse tipo de Ginástica pode proporcionar conhecimentos que vão além da força muscular, dos esportes competitivos e dos aspectos higiênicos de saúde, permitindo que os alunos alcancem aprendizagens sobre seu próprio corpo, reconhecendo suas limitações e suas potencialidades.

24 2.2.2 Ginástica de Condicionamento Físico As Ginásticas classificadas como de condicionamento físico englobam todas as modalidades que têm por objetivo a aquisição ou a manutenção da condição física do indivíduo e até mesmo de um atleta. São as modalidades praticadas comumente nas academias, tais como a Ginástica localizada, a aeróbica, a musculação, o step, dentre outras tantas modalidades que vão surgindo de tempos em tempos (SOUZA, 1997). A relevância das Ginásticas de Condicionamento Físico reside no fato de que muitas pessoas levam uma vida sedentária, piorando suas condições de vida. Atualmente, é comum a busca por melhor condicionamento físico por meio de práticas de ginásticas, após surgirem problemas de saúde como a obesidade, a hipertensão, o diabetes, entre outros (BATISTA, 2010). Isso vem justificar a importância da obtenção do conhecimento específico sobre essas ginásticas durante a formação do professor de Educação Física. Só assim futuros docentes poderão propiciar aos seus alunos saberes que colaboram com a conscientização da aquisição de melhor condicionamento físico para a saúde. Ensinar premissas de viver mais e melhor por meio da prática regular de atividades gímnicas de condicionamento físico faz parte da responsabilidade do educador físico (GALLARDO et. al., 1998). Kunz (2002), revela que no âmbito do contexto escolar a aplicação da Ginástica só vem acrescentar na formação básica dos alunos, levando-os ao autoconhecimento sobre o funcionamento corporal, tendo como foco o efeito físico e emocional proporcionado pela vivência de atividades gímnicas. A Ginástica, nessa dimensão, poderá ser ensinada a partir dos últimos anos do Ensino Fundamental até o Ensino Médio. Nessa fase, as referências aos inúmeros tipos de práticas de Ginástica de academia, voltadas ao condicionamento físico, podem ser debatidas com os alunos e vivenciadas nas aulas de Educação Física, com a intenção de oportunizar "o hábito da prática de movimentos e do cuidado com o corpo, reconhecendo critérios para a seleção de atividades físicas." (GARANHANI, 2010, p. 215). Dessa forma, é possível promover discussões mais críticas sobre as práticas que são apresentadas nas academias, visando levar os alunos à autonomia de suas atividades físicas voltadas para a saúde. Por meio desses conhecimentos

25 desenvolvidos, muitos alunos poderão participar mais em diferentes propostas de modalidades de Ginástica de academia, estimulando ainda a construção de outras práticas gímnicas escolares, voltadas à melhor qualidade de vida (BATISTA, 2010; GARANHANI, 2010). 2.2.3 Ginástica Fisioterápica Segundo Souza (1997), o campo das Ginásticas Fisioterápicas é responsável pela utilização do exercício físico na prevenção ou tratamento de doenças. Tem como principais modalidades a Reeducação Postural Global (RPG), a Cinesioterapia, o Isostrechting, dentre outras. Mesmo sendo práticas específicas para uma reeducação da postura corporal, pertencentes à atuação do fisioterapeuta, é importante que os graduandos da área da Educação Física conheçam e relacionem com os seus conhecimentos, associando-os em suas atuações, visando à melhora de pessoas necessitadas desse tipo de tratamento. A atuação conjunta de uma equipe de saúde voltada para a melhora postural do indivíduo requer a participação do profissional de Educação Física. Sendo assim, são conteúdos que devem fazer parte da formação inicial do professor dessa área. 2.2.4 Ginástica de Demonstração É representante deste grupo a Ginástica Geral, cuja principal característica é a não competitividade, tendo como função a interação social, isto é, a formação integral do indivíduo nos seus aspectos motor, cognitivo, afetivo e social. Pautando-se nos pressupostos da Confederação Brasileira de Ginástica (2007), os principais objetivos dessa modalidade podem ser resumidos nos seguintes itens: Oportunizar a participação em atividades físicas de lazer no que concernem aos elementos gímnicos;

26 Integrar as várias possibilidades de manifestações corporais às atividades Ginásticas; Oportunizar autossuperação sociocultural entre os participantes; Manter e desenvolver o bem estar físico e psíquico social; Promover uma melhor compreensão entre os indivíduos e povos e geral; Oportunizar a valorização do trabalho coletivo, sem deixar de valorizar a individualidade neste contexto; Realizar eventos que proporcionem experiências de beleza estética a partir dos movimentos apresentados tanto aos participantes ativos quanto aos espectadores; Desenvolver a cultura através das manifestações folclóricas; Mostrar nos eventos as tendências da Ginástica.(CBG, 2010). O principal evento que caracteriza essa prática é a Gymnaestrada Mundial (SOUZA, 1997). Esse evento é administrado pela FIG, quando vários países se reúnem, a cada quatro anos, para realizar suas apresentações, sem fins competitivos, visando à troca de experiências sobre os trabalhos desenvolvidos em seus países. Além disso, levantam discussões sobre questões que permeiam a prática da Ginástica Geral, como um importante elemento para o aprimoramento humano em qualquer contexto. Toledo e Schiavon (2008) afirmam que é difícil definir e expressar o simbolismo dessa prática, mediante a diversidade de suas características. Compreende-se que a Ginástica Geral é uma forma de atividade que procura resgatar o movimento humano na sua totalidade, que busca desenvolver diferentes habilidades, capacidades e competências dos seus participantes de acordo com as suas possibilidades. Permite a interpretação diversificada das modalidades gímnicas e o diálogo com elementos da cultura corporal através de um espaço amplo de liberdade de execução das ações corporais (GALLARDO; SOUZA, 1996; SANTOS, 2001; AYOUB, 2007; TOLEDO, 1997). A formação do professor de Educação Física por meio dessa modalidade gímnica é de extrema importância (CESÁRIO, 2001; RINALDI; CESÁRIO, 2005), já que os conteúdos da Ginástica Geral são perfeitamente

27 adequados ao ambiente escolar porque aborda "aspectos temáticos da cultura que ela engloba, presentes em outros conteúdos, desenvolvidos em outras disciplinas, ou nos temas transversais." (TOLEDO, 1999, p.156). Também oportuniza uma prática prazerosa, que estimula à criação, ao senso estético, à participação, colaboração, à troca de ideias e pesquisas, entre outras possibilidades. Essa Ginástica privilegia todas as formas de trabalho, estilos, tendências, influenciadas por uma variedade de tradições, simbolismos e valores que cada cultura agrega (SOUZA, 1997). 2.2.5 Ginástica de Competição Reúne todas as modalidades competitivas, sendo as mais conhecidas e divulgadas pela mídia: a Ginástica Rítmica, Ginástica Artística, a Aeróbica Desportiva, a Roda Ginástica, a Ginástica de Trampolim (conhecida antigamente como Trampolim Acrobático), Duplo-mini, Mini tramp, Tumbling, dentre outras. A Ginástica Rítmica, denominada por muito tempo de Ginástica Rítmica Desportiva (GRD), é uma das representantes das modalidades competitivas, e tem como característica a combinação harmoniosa dos elementos corporais, ginásticos e pré-acrobáticos, desenvolvidos com acompanhamento musical, somados ao manejo de aparelhos oficiais da modalidade como: bola, fita, arco, corda, fita e maças (TOLEDO, 2009). Para Gaio (1996), Rinaldi e Cesário (2005) e Toledo (2009) a Ginástica Rítmica é uma modalidade esportiva que tem como princípio o desenvolvimento do movimento corporal de forma expressiva. Está sistematizada por um trabalho rítmico de mãos livres, que é a base para elaboração das coreografias, tendo as habilidades motoras fundamentais como andar, correr, saltar, saltitar, circundar, balancear, equilibrar, girar, ondular e os exercícios pré-acrobáticos como elementos fundamentais dessa prática gímnica. Outra característica dessa modalidade são as séries executadas com ou sem a manipulação dos aparelhos já citados anteriormente. Segundo esses autores consultados a GR é uma modalidade que tem sua maior representatividade no público feminino, porém em alguns países da

28 Europa e Ásia, mais especificamente no Japão, há também a participação masculina com algumas modificações. De acordo com as explicações de Schiavon (2003), a Ginástica Rítmica masculina é uma modalidade não reconhecida pela FIG e apresenta coreografias com os seguintes aparelhos: corda, maças, bastão e arcos pequenos utilizados em pares como as maças. A mesma autora ainda explicita que essa modalidade (tanto feminina quanto masculina) tem características técnicas de alto nível, as quais expressam elevado grau de dificuldade. Seus elementos devem ser executados com muita leveza e graciosidade, com ou sem aparelho, os quais misturados à arte despertam o desafio ao limite de execução das ginastas durante as competições. A sua prática ainda implica obrigatoriamente a apresentação em séries coreografadas executadas em um tempo de rotina estipulado pela FIG, executadas por um conjunto de 5 ginastas, e também em coreografias individuais. O espaço oficial para praticar a GR é um tablado medindo 13 X 13 m, sendo, no entanto, possível praticá-la em qualquer espaço adaptado, como quadra, sala de aula, ou qualquer espaço livre disponível que forneça segurança às crianças (SCHIAVON, 2003;TOLEDO, 2009). Porém, de acordo com Toledo (2009), essas especificidades podem ser modificadas quando aplicadas na iniciação esportiva da modalidade, bem como adaptadas ao contexto escolar em aulas de Educação Física. Por ser um esporte peculiar, que envolve não só os movimentos do corpo, mas também associados aos aparelhos, a GR torna-se uma prática interessante para ser apresentada aos alunos inseridos na formação básica. Por meio da prática de GR eles terão oportunidade de conhecer novos movimentos, conhecer melhor seu próprio corpo, e ainda se socializarem, aprendendo a trabalhar em conjunto. Sobre essa possibilidade, Rinaldi e Cesário (2005) assinalam que a formação do professor de Educação Física deve abarcar conteúdos sobre essa modalidade de maneira adequada para que futuros professores possam planejar e aplicar na escola, levando-se em conta as diferentes questões com as quais vão se deparar na futura atuação profissional. Como, por exemplo, as características específicas da modalidade, o número elevado de alunos envolvidos nas aulas, a quantidade de materiais, além das formas de aplicação dos conteúdos da GR para as diferentes faixas etárias. Esses aspectos

29 requerem adaptações dos elementos técnicos, da manipulação dos materiais e da elaboração das coreografias, considerando uma prática de GR com caráter não competitivo, sem descaracterizar a modalidade. Nessa perspectiva, os autores também sugerem que essa modalidade pode ser praticada por ambos os gêneros, caracterizando-se como uma atividade inclusiva. Além disso, é uma prática que pode contribuir para uma formação rica de experiências motoras no que concerne ao desenvolvimento das habilidades fundamentais, bem como para o aprimoramento das capacidades físicas de crianças, tanto no ambiente escolar como não escolar, promovendo vivências diversificadas, com ou sem fins competitivos. Segundo Toledo (2009), a Ginástica Rítmica também tem sido apresentada em algumas IES, nos cursos de formação de professores de EF, com um foco na combinação dos elementos corporais, associados ao manejo dos aparelhos oficiais que são o arco, a bola, a corda, a fita e as maças, contextualizadas e executadas sincronizadamente a um ritmo musical instrumentado. Logo, pode-se afirmar que a prática da Ginástica Rítmica contribui com a formação de uma nova leitura do movimento ginástico, por propiciar o desenvolvimento de elementos corporais, pré-acrobáticos, com ou sem aparelhos de pequeno porte, associados ao trabalho da expressividade manifestada harmoniosamente com as características da música. Outra modalidade de bastante destaque, dentro do campo de competição, é a Ginástica Artística (GA). Atualmente, essa modalidade no Brasil vem obtendo bons resultados internacionais, com intensa aparição na mídia, o que denota que, provavelmente, esteja contribuindo para popularizá-la em nosso país. Após os grandes feitos de Daiane dos Santos, Diego Hipólito, Arthur Zanetti e outros... na Ginástica Artística, somados ao alto nível no desempenho apresentado em eventos internacionais pela equipe brasileira de Ginástica Rítmica, podemos dizer que vivemos um outro momento em relação à prática da Ginástica! Atualmente, não é difícil encontrarmos uma criança que tenha sonhado com as famosas piruetas no ar mostradas pelos ginastas brasileiros em campeonatos mundiais. Também é possível identificarmos o aumento expressivo no número de participantes em competições dessa modalidade.

30 Nos aparelhos se diferenciam quanto ao gênero, sendo quatro aparelhos oficiais para o feminino, que são: salto sobre a mesa; barras paralelas assimétricas; trave de equilíbrio e solo que obrigatoriamente deve ter acompanhamento musical. Para o masculino são apresentados seis aparelhos executados em campeonatos na seguinte ordem: solo; cavalo com alças, argolas, salto sobre a mesa; barras paralelas simétricas e barra fixa (NUNOMURA et. al. 2009) Os apontamentos acima detalham aspectos da GA competitiva, porém, é preciso enfatizar que existe a possibilidade de se desenvolver essa modalidade adaptando os aparelhos e facilitando a execução da maioria dos elementos que a compõem, sem deixar de serem ensinados com a técnica correta. Para o trato dessa modalidade no contexto escolar, não há necessidade de se objetivar o desempenho perfeito, mas visar o melhor que cada aluno pode executar, desde que sejam movimentos vivenciados numa perspectiva educativa e formativa, oportunizando as crianças no contexto escolar de praticar esses ricos elementos ginásticos durante sua formação básica. A GA ensinada nessa perspectiva poderá contribuir com uma formação mais significativa, levando as crianças a desafiarem seus limites de capacidades, desenvolvendo sua autoconfiança, autocontrole e conhecimento corporal. Essa manifestação gímnica promove possibilidades diversificadas de movimento que podem facilitar o desenvolvimento da criança. Com a prática dessa Ginástica proporcionam-se novas experiências motoras que possibilitam sensações diferentes do seu cotidiano. As passagens de uma ação motora para outra, em situações pré-determinadas, por meio da utilização, ou não, de aparelhos específicos, exigem maior domínio do corpo, que por sua vez, oferecem maior segurança além da elegância em suas execuções (NISTA- PICCOLO, 1999). Conclui-se assim que é possível que todo o universo da Ginástica proposto por Souza (1997) pode ser apresentado às crianças, combinando os seus elementos, iniciando uma vivência de exploração dos movimentos, pautando-se na especificidade de cada uma das referidas modalidades. Dessa forma, é possível oportunizar às crianças uma gama de experiências motoras, com e sem a utilização de materiais e aparelhos

31 específicos das modalidades, desafiando-as à execução de novas descobertas nas diversas formas de exploração corporal. A proposta de ensino e aprendizagem das Ginásticas no ambiente escolar deve considerar as diferenças e as dificuldades apresentadas pelos alunos e a sugestão inicial para essa temática deve ser pautada em descobertas corporais, partindo das habilidades motoras básicas, expandindo para os elementos específicos das Ginásticas, de forma lúdica e prazerosa. Assim, é possível construir um ambiente pedagógico, com diversos materiais, para que todos possam experienciar os elementos ginásticos.vários desafios devem ser propostos para que os alunos se sintam motivados e tenham prazer em querer participar das aulas. Nesse sentido, Nista-Piccolo (1999) afirma que o brincar de fazer Ginástica, de repetir movimentos desafiantes, proporciona sensações de prazer, sendo esse um dos caminhos para se inserir essa prática tão rica de experiências nas aulas de Educação Física escolar. Assim, a formação do professor que vai atuar na escola deve proporcionar vivências desses elementos, bem como possibilitar formas de manusear os aparelhos, associando as propostas experienciadas na graduação com as possibilidades de sua atuação na escola. Os conteúdos, métodos e estratégias de ensino, além dos procedimentos de avaliação, devem instrumentalizar os futuros professores para ensinarem essa temática, relacionando com situações que se aproximem da realidade da escola. Isso requer dos docentes responsáveis pelo ensino dessas modalidades, conhecimentos sobre as possibilidades dessas Ginásticas, preocupando-se não somente em cobrar a execução perfeita dos elementos gímnicos, mas também em gerar um significado às vivências. Nas experiências com os elementos gímnicos, os graduandos precisam aprender a aplicar a Ginástica na escola, enfatizando sempre a importância que têm esses conhecimentos na formação das crianças. Dessa forma, poderão reinventar maneiras de se ensinar esses saberes. A presença das modalidades gímnicas na formação de professores de Educação Física, de acordo com seus campos de atuação, não tem a intenção de esgotar ou sistematizar o conhecimento a respeito dos saberes gímnicos,

32 mas sim, de apontar diversas possibilidades para o ensino desse tema durante a graduação. Todos esses conhecimentos precisam ser dominados para serem aplicados nas aulas dessa disciplina na escola. A reflexão que se faz sobre a formação inicial em Educação Física, mais especificamente, sobre o ensino do universo da Ginástica, aponta para a necessidade de as disciplinas, que tratam desse tema, oferecerem os saberes gímnicos, abordando possibilidades de colocá-los em prática, fazendo relações com situações reais do cotidiano escolar. Nesse sentido, para que os conteúdos do universo da Ginástica sejam aprendidos no contexto da Licenciatura em Educação Física, de maneira adequada para serem aplicados na escola, a mediação do docente do Ensino Superior deve ser eficaz nesse processo. Deve propiciar diálogos e reflexões antes, durante e depois das exposições teóricas e vivências realizadas com relação ao tema, visando à ampliação do olhar dos licenciandos a respeito da especificidade dos conhecimentos da Ginástica, aplicados nas aulas de Educação Física escolar. É preciso, portanto, sensibilizar os futuros professores para entenderem as diferenças e semelhanças de cada campo de atuação e de cada tema da Ginástica; as várias possibilidades de ensino que requerem esses conhecimentos gímnicos, quando aplicados na escola, no qual deve incluir a apresentação de suas especificidades, de maneira informativa e as possíveis adaptações para serem vivenciados em aulas práticas. Entende-se que assim, poderá ser gerado um envolvimento reflexivo no licenciando, o que contribuirá com a construção de uma postura pedagógica autônoma com o tema Ginástica.

33 3. A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA Para formar professores capazes de organizar e aplicar situações adequadas de ensino e aprendizagem é preciso pensar, antes de tudo, que tal contexto estará formando profissionais para trabalhar em Educação (NEIRA, 2009, p.7). Isso implica certo esforço das IES visando formar profissionais críticos e criativos, com sólida formação, abrangendo a compreensão da realidade e os conhecimentos gerais e específicos da Educação Física. Deve-se esperar que um profissional formado pelo curso de Licenciatura em Educação Física receba informações de uma diversidade de conhecimentos da área, mas não deixe de apresentar condutas éticas, demonstrando ter consciência de seu papel na sociedade e da sua responsabilidade como educador. Além disso, deve ter clareza que os alunos, que passarão pelas suas aulas, levarão consigo as marcas indeléveis de suas lições. Isso leva a entender que a docência deve ser percebida pelo licenciando como um caminho a ser percorrido, construído e reconstruído diariamente, algo que deve ser significativo, projetado e ressignificado. Sem dúvida, essas premissas devem estar presentes nos programas de formação inicial para professores, em qualquer área de conhecimento, mas nem sempre nos deparamos com um ensino aos futuros professores próximo à realidade escolar, ressaltando as questões da formação humana em suas atuações docentes. Tais percepções conduzem à reflexão de que os cursos de Licenciatura deveriam dispor de instrumentos mais eficazes na condução do processo de formação de professores, possibilitando uma futura atuação mais efetiva. O que se percebe em nível nacional, de acordo com diversos estudos voltados às questões da formação profissional, é um quadro de apatia em relação ao desenvolvimento dessa profissão. Diferentes autores pontuam: ausência de reflexão, carência de inovação nas práticas pedagógicas, as quais geram processos de ensino sem sentido e significado para os futuros professores (LIMA, H. C. F., 2010; MIRANDA, M. F., 2003; NISTA-PICCOLO, V.L., 2010; PALMA, 2001; RANGEL-BETTI, I. C.; GALVÃO, Z., 2001; SILVA, P. T. N., 2002; SBORQUIA, S.P. 2008).