Relatório Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Escolar Indígena



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Transcrição:

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE ARTES PIBID UFRN Subprojeto Teatro ORIENTADOR: Prof. Dr. Sávio Araújo BOLSISTA: Gefferson Medeiros Araújo Relatório Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Escolar Indígena Proposta: fazer um relatório sobre o tema do seminário proposto em sala. Diretrizes x Parâmetros Diretrizes são orientações, guias, rumos. São linhas que definem e regulam um traçado ou um caminho a seguir. Diretrizes são instruções ou indicações para se estabelecer um plano, uma ação, um negócio etc. A Lei de Diretrizes e Bases estabelece as diretrizes e bases da educação Nacional. A Lei de Diretrizes e Bases (LDB) disciplina a educação escolar brasileira, que se desenvolve por meio do ensino, em instituições próprias. Foi criada em 1961. Uma nova versão foi aprovada em 1971 e a terceira, ainda vigente, foi aprovada em 29 de dezembro de 1996. A educação no Brasil, de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases divide-se em dois níveis, a educação básica e a educação superior. A educação básica compreende três etapas: a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio. Parâmetros são propostas flexíveis, que pretendem melhorar os currículos e a vertente educacional brasileira. Não são uma imposição ou um padrão curricular homogêneo e não invalidam a competência política e executiva dos Estados e Municípios. Os parâmetros curriculares nacionais são referências ou padrões de qualidade que são aplicados no Ensino Fundamental no Brasil, com o objetivo de potenciar o processo de criação da cidadania e também do aumento da equidade de direitos dos cidadãos. Os PCN s foram elaborados para difundir os princípios da reforma curricular e orientar os professores na busca de novas abordagens e metodologias. Eles traçam um novo perfil

para o currículo, apoiado em competências básicas para a inserção dos jovens na vida adulta; orientam os professores quanto ao significado do conhecimento escolar quando contextualizado e quanto à interdisciplinaridade, incentivando o raciocínio e a capacidade de aprender. Protagonismo Indígena As Diretrizes para Educação Escolar Indígena foram resultado do crescente protagonismo indígena em espaços como escolas, Coordenações Indígenas nas Secretarias de Educação e representação indígena no Conselho Nacional de Educação (CNE). Outra exemplificação desse protagonismo foi quando durante a I Conferência Nacional de Educação Escolar Indígena, realizada em 2009, pela primeira vez, um indígena assume a relatoria de Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Indígena no CNE. Esse protagonismo indígena é o responsável por ampliar o diálogo intercultural entre o estado brasileiro e os povos indígenas. Em 1999 foram instituídas as primeiras Diretrizes Nacionais para a Educação Escolar Indígena, as quais fixaram normas para o funcionamento das escolas indígenas, no âmbito da educação básica (ensino fundamental e médio). Para evidenciar o reconhecimento gradativo, por parte do estado brasileiro, da importância política pedagógica da temática escolar indígena na construção das diretrizes da educação nacional, podemos citar a reunião ocorrida no período de 25 a 27 de março no ano de 2007, onde a Câmara de Educação Básica realizou uma reunião ordinária no município de São Gabriel da Cachoeira, AM. Nesse evento grande parte do público presente era indígena e lhes foi apresentada uma reflexão sobre a preocupação da câmara de Educação Básica em estar próxima da comunidade indígena para discutir a formulação e a implementação da política nacional de Educação Escolar Indígena. Nesse contexto de busca pelo fortalecimento dos diálogos interculturais o CEB estabelece as Diretrizes Nacionais para a Educação Escolar Indígena na Educação Básica em 2010. A participação Indígena na elaboração das diretrizes representa o compromisso dos educadores indígenas e das esferas governamentais e não governamentais em promover justiça social e defender os direitos dos povos indígenas na construção de projetos escolares diferenciados, que contribuam para a afirmação de suas identidades étnicas e sua inserção digna na sociedade brasileira.

Objetivos das Diretrizes para Educação Escolar Indígena a) Orientar as escolas indígenas de educação básica e os sistemas de ensino da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na elaboração, desenvolvimento e avaliação de seus projetos educativos; b) Orientar os processos de construção de instrumentos normativos dos sistemas de ensino visando tornar a Educação Escolar Indígena projeto orgânico, articulado e sequenciado de Educação Básica entre suas diferentes etapas e modalidades, sendo garantidas as especificidades dos processos educativos indígenas; c) Assegurar que os princípios da especificidade, do bilinguismo e multiculturalismo, da organização comunitária e da interculturalidade fundamentem os projetos educativos das comunidades indígenas, valorizando suas línguas e conhecimentos tradicionais; d) Assegurar que o modelo de organização e gestão das escolas indígenas leve em consideração as práticas socioculturais e econômicas das respectivas comunidades, bem como suas formas de produção de conhecimento, processos próprios de ensino e de aprendizagem e projetos societários; e) Fortalecer o regime de colaboração entre os sistemas de ensino da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, fornecendo diretrizes para a organização da Educação Escolar Indígena na Educação Básica, no âmbito dos territórios etnoeducacionais; f) Normatizar dispositivos constantes na Convenção 169, da Organização Internacional do Trabalho, ratificada no Brasil, por meio do Decreto Legislativo nº 143/2003, no que se refere à educação e meios de comunicação, bem como os mecanismos de consulta livre, prévia e informada; g) Orientar os sistemas de ensino da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios a incluir, tanto nos processos de formação de professores indígenas, quanto no funcionamento regular da Educação Escolar Indígena, a colaboração e atuação de especialistas em saberes tradicionais, como os tocadores de instrumentos musicais, contadores de narrativas míticas, pajés e xamãs, rezadores, raizeiros, parteiras, organizadores de rituais, conselheiros e outras funções próprias e necessárias ao bem viver dos povos indígenas; h) Zelar para que o direito à educação escolar diferenciada seja garantido às comunidades indígenas com qualidade social e pertinência pedagógica, cultural,

linguística, ambiental e territorial, respeitando as lógicas, saberes e perspectivas dos próprios povos indígenas. O Direito à Educação diferenciada Nas últimas décadas os projetos de educação indígenas seguiam uma linha de pensamento que tinha como finalidade o apagamento das diferenças culturais existentes entre a sociedade moderna e a sociedade indígena, essas diferenças eram vistas como barreiras para o processo civilizatório e de desenvolvimento do país. Porém com o fortalecimento dos diálogos anteriormente citados o ambiente escolar indígena tem se tornado um local de identidades e de pertencimento étnico. O direito a escolarização nas próprias línguas, a valorização dos próprios processos de aprendizagem, a formação de professores da própria comunidade, a produção de materiais didáticos específicos, a valorização dos saberes e práticas tradicionais, além de autonomia pedagógica, são exemplos destes novos papeis e significados assumidos pela escola. A luta do movimento indígena pela defesa dos seus direitos e interesses de continuidade sociocultural fez com que o estado refletisse sobre as relações com os povos indígenas e estabelecesse na constituição de 1988 que a Educação Escolar Indígena haveria de ser diferenciada, específica, intercultural e Bilíngue e multilíngue. O Estado que antes via os indígenas como uma categoria étnica e social provisória e transitória, a qual seria incorporada a sociedade moderna, passa então a reconhecer a pluralidade de sua formação, dessa forma reconhece os indígenas por sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições. As Diretrizes vieram para definir os seguintes pontos para a educação indígena: fundamentos e conceituações da educação indígena, a criação da categoria escola indígena, a definição da esfera administrativa, a formação do professor indígena, o currículo e sua flexibilização, a flexibilização das exigências e das formas de contratação de professores indígenas, a estrutura e o funcionamento das escolas indígenas, bem como a proposição de ações visando à concretização de propostas de Educação Escolar Indígena.

Organização da Educação Indígena Educação Infantil: Devem existir alguns cuidados. Esses cuidados devem ser tomados para evitar que a escola não distancie a criança dos seus familiares, dos demais membros da comunidade, dos outros espaços comunitários e até mesmo, em alguns casos, da sua língua materna. Educação Fundamental: O Ensino Fundamental, aliado à ação educativa da família e da comunidade, deverá se constituir em tempo e espaço de formação para a cidadania indígena plena, articulada tanto ao direito a diferença quanto ao direito a igualdade; Ensino Médio: O Ensino Médio se apresenta para as comunidades indígenas como um dos meios de fortalecimento de laços de pertencimento indenitário dos estudantes com seu grupo sociais de origem, favorecendo a continuidade sóciocultural dos grupos comunitários em seus territórios; Educação Especial: A Educação Especial é uma modalidade de ensino transversal que visa assegurar aos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e com altas habilidades e superdotação; Educação de Jovens e Adultos: Na Educação Escolar Indígena, as propostas educativas de EJA, numa perspectiva de formação ampla, devem favorecer o desenvolvimento de uma educação profissional que possibilite aos jovens e adultos indígenas atuarem nas atividades socioeconômicas e culturais de suas comunidades; Educação Profissional e Tecnológica:

Deve articular os princípios da formação ampla, sustentabilidade socioambiental e respeito a diversidade dos estudantes, considerando-se as formas de organização das sociedades indígenas e suas diferenças sociais, políticas, econômicas e culturais; Projeto Político Pedagógico das Escolas Indígenas É uma referência importante na garantia do direito escolar especial diferenciada, o PPP. Deve está acentuada nos princípios da interculturalidade, bilinguismo e multiculturalismo. Possibilitar aos estudantes indígenas conhecimento para o desenvolvimento econômico, social e cultural de sua comunidade, trazendo estratégias para o bem viver indígena. Currículo da Educação Escolar Indígena A educação diferenciada deve ser concebida de modo flexível, adaptando-se aos contextos políticos e culturais nos quais a escola está situada. Nesse sentido as diretrizes contribuem intensamente para a construção de identidades sociais e culturais dos estudantes. Os currículos, em uma perspectiva intercultural devem ser constituídos considerando-se os valores e interesses etno-políticos na comunidade. Critérios na Organização Curricular A Reconhecimento das especificidades; B De flexibilidade na organização dos tempos e espaços curriculares; C De duração mínima anual de 200 dias letivos; D Da adequação da estrutura física dos prédios escolares;

E Da interdisciplinaridade e contextualização entre os diferentes campos do conhecimento; F Da adequação das metodologias didáticas e pedagógicas às características dos diferentes sujeitos e aprendizagem; H Do cuidado e educação das crianças nos casos em que a educação infantil for solicitada pela comunidade; I De atendimento educacional especializado; Avaliação A avaliação deve estar associada aos processos de ensino e aprendizagem dos próprios, com aspectos qualitativos, quantitativos, diagnósticos, processuais, formativos, dialógicos e participativo. A avaliação institucional da educação escolar indígena deve contar com a contribuição de professores e lideranças indígenas; Professores Indígenas Os professores aparecem, em muitos casos, no cenário político e pedagógico como um dos principais interlocutores nos processos de construção do diálogo intercultural, mediando e articulando os interesses de suas comunidades com os da sociedade nacional em geral e com os de outros grupos particulares, promovendo a sistematização e organização de novos saberes e práticas. Conclusão Estudar as Diretrizes para Educação Indígena foi maravilhoso. Pudemos perceber que foi graças a uma série de lutas (lutas essas realizadas com legitimidade e

organização), que conseguiram aprovar suas próprias diretrizes. Ao longo da história do nosso país é mais que perceptível a falta de respeito para com índios. Eles têm legislação própria, que rege as normas dessa sociedade. Eles foram os protagonistas das lutas pelas aprovações e uma série de outros benefícios para o povo indígena. Percebe-se também uma utopia na elaboração das Diretrizes (agora não só para os indígenas, mas de um modo geral), mas que porém não se pode tirar os méritos das Diretrizes em relação à aplicação na prática. As diretrizes divididas para diferentes pessoas, são de fato um marco na história da Educação deste país. Educação para quem precisa, mas forma organizada e que respeite as especificidades dos grupos sociais é dever do estado com supervisão da população. Referências Parecer CNE/CEB nº 13/2012, aprovado em 10 de maio de 2012 - Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Indígena.