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Transcrição:

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA-GERAL DA REPÚBLICA Nº 2342/2014 - PGGB AÇÃO CAUTELAR Nº 2937/BA REQTE : PETRÓLEO BRASILEIRO S/A - PETROBRÁS REQDO : ENEDINA NERY VIEIRA ADVOGADO: CLAUDIO MORAES SODRÉ : KARINA DUSSE : CELSO VILLA MARTINS DE ALMEIDA RELATOR : MINISTRO CELSO DE MELLO - SEGUNDA TURMA Cautelar que visava ao imediato destrancamento de recurso extraordinário interposto de decisão concessiva de antecipação de tutela. Inviabilidade, em princípio, da sua apreciação nesta fase do processo. Ausência de motivo especialmente relevante para excepcionar a vedação. Hipótese, ademais, em que o extraordinário não induz convicção positiva sobre as suas perspectivas de êxito. A requerente ajuizou ação cautelar incidental, objetivando destrancar recurso extraordinário retido nos autos, por força do 3º do art. 542 do CPC. Colhe-se dos autos que o Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, reconhecendo a competência da Justiça estadual para apreciar a lide, manteve a tutela antecipada concedida pelo Juízo singular. O acórdão está assim resumido:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. SERVIÇO DE ASSISTÊNCIA MÉDICA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. REGIME DE HOME CARE. ALEGAÇÃO DE QUADRO INCOMPATÍVEL COM O SERVIÇO DETERMINADO. PACIENTE IDOSA. DOENÇA DEGENERATIVA IRREVERSÍVEL. DURAÇÃO DA ASSISTÊNCIA PREVIAMENTE DETERMINADA. IMPOSSIBILIDADE. NECESSIDADE DE AFERIÇÃO CONSTANTE DO QUADRO DA PACIENTE. PROCEDIMENTO QUE NÃO SE CONFUNDE COM OS CUIDADOS FAMILIARES. POSSIBILIDADE DE DETERMINAÇÃO POR MEIO DE LIMINAR. AGRAVO IMPROVIDO. O recurso extraordinário apontou ofensa aos art. 5º, LIII e 114, I, da CF, sustentando que a competência para apreciar a causa é da Justiça do Trabalho. O 2º Vice-Presidente do TJ/BA determinou o apensamento do recurso ao processo principal. A ação cautelar buscou o imediato processamento do recurso extraordinário, defendendo que não se aplica o art. 542, 3º, do CPC, quando se discute a competência para julgamento da lide. Viu o 'perigo na demora' na lesão financeira decorrente da tutela antecipada, que determinou o tratamento domiciliar. O Ministro relator não conheceu da ação cautelar, por entender inviável o recurso extraordinário. Na decisão monocrática se lê: (...)Entendo, sob a perspectiva ora assinalada, que, para além da mera retenção, mostra-se processualmente inviável o próprio cabimento do apelo extremo interposto pela parte ora requerente, o que me impede de acolher a postulação cautelar por ela deduzida. É que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal tem enfatizado não caber recurso 2

extraordinário contra decisões que concedem ou denegam medidas cautelares ou provimentos antecipatórios, pelo fato de que tais atos decisórios - precisamente porque apenas fundados na verossimilhança das alegações ou na mera plausibilidade jurídica da pretensão deduzida - não veiculam qualquer juízo conclusivo de constitucionalidade, deixando de ajustar-se, em conseqüência, à hipótese consubstanciada no art. 102 III, a, da Constituição, que, uma vez caracterizada, legitimaria a interposição de recurso extraordinário. Com efeito, ambas as Turmas do Supremo Tribunal Federal já firmaram entendimento no sentido de que o ato decisório - que apenas verifica a ocorrência do periculum in mora e a relevância jurídica da pretensão deduzida pelo autor ou, então, atesta a verossimilhança de suas alegações - não traduz manifestação jurisdicional conclusiva em torno da procedência, ou não, dos fundamentos jurídicos alegados pela parte interessada, inviabilizando, desse modo, a utilização do recurso extraordinário, ante a ausência de contrariedade a qualquer dispositivo constitucional (AI 269.395/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO RE 226.471/RO, Rel. Min. ILMAR GALVÃO - RE 234.153/PE, Rel. Min. MOREIRA ALVES - RE 272.194/AL, Rel. Min. SYDNEY SANCHES - RE 239.874-AgR/SP, Rel. Min. MAURÍCIO CORRÊA, v.g.):( ) Impende ressaltar, finalmente, que o entendimento jurisprudencial ora referido sempre prevaleceu no Supremo Tribunal Federal, cuja orientação, na matéria, ao admitir a possibilidade de interposição de recurso extraordinário contra decisão interlocutória, tem enfatizado a necessidade de tal ato decisório revelar-se definitivo (RTJ 17-18/114, Rel. Min. VICTOR NUNES - RTJ 31/322, Rel. Min. EVANDRO LINS): (...) 3

O agravo regimental alega que a) o recurso excepcional que se busca destrancar objetiva atacar capítulo decisório acerca de competência de órgão jurisdicional, e não o periculum im mora ou o fumus boni iuris da tutela antecipada; b) a não fixação imediata da Justiça competente poderá acarretar, no futuro, monumental exercício de inutilidade, consumindo precioso tempo, recursos pessoais (atividade de advogados, servidores e magistrados) e materiais e c) o risco de o Tribunal de Justiça adotar tese de que a questão de competência precluiu com o julgamento do Agravo de Instrumento, impossibilitando à Recorrente o acesso às instâncias superiores (...). - II - No caso em exame, a requerente busca destrancar recurso extraordinário que argui a incompetência absoluta da Justiça estadual para julgamento da causa. Em casos tais, a Corte Suprema tem admitido o recurso extraordinário, como ilustrado no seguinte aresto: Medida cautelar em recurso extraordinário: deferimento: a questão objeto do RE - acerca da competência da Justiça Federal ou da Justiça Estadual para a causa - é daquelas em que se deve afastar a regra de retenção do recurso contra decisões interlocutórias (C.Pr.Civil, art. 542, 3º). Ademais, densa a plausibilidade do RE, à vista da Súmula 650 ("Os incisos I e XI do art. 20 da Constituição Federal não alcançam terras de aldeamentos extintos, ainda que ocupadas por indígenas em passado remoto"). (AC 1005 QO, rel. o Ministro Sepúlveda Pertence, DJ 9.12.2005) Não obstante, há outros óbices ao conhecimento do recurso extraordinário que afastam a viabilidade da pretensão cautelar. A decisão agravada encontra amparo na jurisprudência que cita, especialmente tendo em vista o risco para o bem jurídico saúde, que o caso envolve. Soma-se, ainda, contra a pretensão cautelar, a falta de boas perspectivas 4

para o recurso extraordinário interposto. Este é um aspecto da controvérsia de relevo para o insucesso da cautelar requerida, conforme já ensinou o eminente relator deste feito: AÇÃO CAUTELAR - PRESSUPOSTOS QUE LHE SÃO INERENTES - PRETENDIDA OUTORGA DE EFICÁCIA SUSPENSIVA A RECURSO EXTRAORDINÁRIO JÁ ADMITIDO - VÍNCULO DE ACESSORIEDADE E DE DEPENDÊNCIA DO PROCESSO CAUTELAR EM RELAÇÃO À CAUSA PRINCIPAL - INVIABILIDADE DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO, NO CASO, POR VEICULAR SITUAÇÃO DE APARENTE OFENSA INDIRETA AO TEXTO CONSTITUCIONAL - CONSEQÜENTE DESCABIMENTO DO PROVIMENTO CAUTELAR - AGRAVO IMPROVIDO. - A outorga de eficácia suspensiva a recurso extraordinário, mediante exercício do poder cautelar geral, supõe, dentre os vários requisitos que lhe condicionam a prática (RTJ 174/437-438), que a impugnação recursal extraordinária reúna condições de viabilidade processual (tais como tempestividade, prequestionamento explícito da matéria constitucional e transgressão direta ao texto da Carta Política), sob pena de não se justificar a concessão do provimento cautelar requerido, considerada a hegemonia da causa principal em relação ao processo cautelar, que, com ela, mantém vínculo de essencial dependência e acessoriedade, de tal modo que, sendo inviável o apelo extremo deduzido no processo principal, revelar-se-á também inadmissível a postulação formulada em sede cautelar. Situação existente no caso em exame, que, por traduzir aparente ocorrência de ofensa indireta ou reflexa ao texto da Constituição, inviabilizaria a adequada utilização do recurso extraordinário. Precedentes. (AC 219-AgR/SP, Rel. Ministro Celso de Mello, DJ 22.10.2004) 5

Anote-se que, ao apreciar o ARE n. 808.726-AgR/RN, o Plenário Virtual do STF considerou que a discussão em torno da exata questão que anima estes autos - competência para julgar as causas envolvendo a Assistência Multidisciplinar de Saúde da Petrobrás- não supera o âmbito infraconstitucional. A ementa do precedente está assim redigida: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. PETROBRAS. ASSISTÊNCIA MULTIDISCIPLINAR DE SAÚDE (AMS), OFERECIDA AOS EMPREGADOS DESSA COMPANHIA. COMPETÊNCIA PARA PROCESSAR E JULGAR AS CAUSAS RELATIVAS A TAL RELAÇÃO JURÍDICA. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL. REEXAME DE FATOS E PROVAS, BEM COMO DE CLÁUSULAS CONTRATUAIS (SÚMULAS 279 E 454 DO STF). AUSÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. 1. Não tem natureza constitucional a controvérsia relativa à competência para julgar demandas envolvendo prestações por parte da Assistência Multidisciplinar de Saúde - AMS, oferecida pela Petrobras aos seus empregados e respectivos dependentes. É que a causa foi decidida pelo Juízo de origem à luz da legislação infraconstitucional pertinente, da análise do conjunto fático-probatório dos autos e da interpretação de cláusulas contratuais. ( ) (ARE n. 808.726-AgR/RN, Rel. Ministro Teori Zavascki, DJe 18.6.2014). O parecer é pelo desprovimento do agravo. Brasília, 22 de julho de 2014. Paulo Gustavo Gonet Branco Subprocurador-Geral da República 6