Superior Tribunal de Justiça

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1 RECURSO ESPECIAL Nº MG (2004/ ) RELATORA : MINISTRA ELIANA CALMON RECORRIDO : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS EMENTA PROCESSUAL CIVIL - EXERCÍCIO DA ADVOCACIA - AÇÃO AJUIZADA CONTRA O INSS - ADVOGADO DA AUTORA ELEITO VEREADOR - IMPEDIMENTO - ART. 30, II, DA LEI 8.906/ Nos termos do art. 30, II, da Lei 8.906/94, todos os membros do Poder Legislativo, independentemente do nível a que pertencerem - municipal, estadual ou federal - são impedidos de exercer a advocacia contra ou a favor das pessoas jurídicas de direito público. 2. Precedentes da Seção de Direito Público. 3. Recurso conhecido, mas não provido. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça "A Turma, por unanimidade, negou provimento ao recurso, nos termos do voto do(a) Sr(a). Ministro(a)-Relator(a)." Os Srs. Ministros Castro Meira, Humberto Martins, Herman Benjamin e Mauro Campbell Marques votaram com a Sra. Ministra Relatora. Brasília-DF, 24 de junho de 2008 (Data do Julgamento) MINISTRA ELIANA CALMON Relatora Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 18/08/2008 Página 1 de 6

2 RECURSO ESPECIAL Nº MG (2004/ ) RECORRIDO : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL INSS RELATÓRIO EXMA. SRA. MINISTRA ELIANA CALMON: Trata-se de recurso especial interposto por Maria da Conceição Cintra, com fundamento no art. 105, III, "a", da Constituição da República com o objetivo de reformar acórdão proveniente do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, com fundamento sintetizado por meio da seguinte ementa: "PROCESSUAL CIVIL MEMBRO INTEGRANTE DA CÂMARA MUNICIPAL ESTATUTO DA OAB LEI Nº 8.906/94 IMPEDIMENTO ART. 5º, XIII DA CF AGRAVO PROVIDO. 1. O novo Estatuto da OAB (Lei nº 8.906/94 art. 30, II) estabeleceu que o advogado em exercício de mandato eletivo em todos os níveis, ou seja, municipal, estadual, distrital e federal encontra-se impedido de exercer a advocacia contra entidades do Poder Público. 2. Na espécie, restou comprovado que o patrono do autor é integrante da Câmara Municipal de Ibiraci/MG, desde 1º de janeiro de 2001, sendo certo que a ação ordinária foi proposta em 02 de fevereiro de 2000 e o instrumento de mandato outorgado em 19/10/2000 (docs. De fls. 09/10 e fls. 17). 3. Inexistência de violação ao direito assegurado constitucionalmente livre exercício de atividade profissional -, eis que o próprio dispositivo constitucional (art. 5º, XIII) o condiciona ao atendimento das qualificações profissionais que a lei estabelecer. (cf. art. Citado). 4. Agravo provido" (fl. 43). Alega a recorrente violação do art. 30, II, da Lei 8.906/94. Sustenta que não deve haver restrições ao exercício da atividade advocatícia pelo vereador, a não ser quando se tratar de ação contra a Fazenda Pública Municipal, mesmo porque o mencionado dispositivo não menciona expressamente a aludida limitação. Entende, assim, inexistir impedimento à atuação do patrono no presente feito, porquanto a ação foi ajuizada em desfavor do INSS, que é uma autarquia federal e está, por isso, fora dos limites de atuação do vereador, ou seja, em outro nível. Com as contra-razões, subiram os autos por força do juízo positivo de admissibilidade. É o relatório. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 18/08/2008 Página 2 de 6

3 RECURSO ESPECIAL Nº MG (2004/ ) RELATORA : MINISTRA ELIANA CALMON RECORRIDO : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL INSS VOTO EXMA. SRA. MINISTRA ELIANA CALMON(RELATORA): De início, cumpre reproduzir o art. 30, II, da Lei 8.906, de 4 de julho de 1994 (Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil - OAB): Art. 30. São impedidos de exercer a advocacia: (...) II - os membros do Poder Legislativo, em seus diferentes níveis, contra ou a favor das pessoas jurídicas de direito público, empresas públicas, sociedades de economia mista, fundações públicas, entidades paraestatais ou empresas concessionárias ou permissionárias de serviço público. Extrai-se da leitura do predito dispositivo que todos os membros do Poder Legislativo, independentemente do nível a que pertencerem - municipal, estadual ou federal - são impedidos de exercer a advocacia contra ou a favor das pessoas jurídicas de direito público, incluindo-se aí o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, que é uma autarquia federal. Nesse sentido, vem a calhar precedentes oriundos da Seção de Direito Público: PROCESSO CIVIL. EXERCÍCIO DA ADVOCACIA. VEREADOR. LEI Nº 8.906/ O desempenho de mandato eletivo do Poder Legislativo impede o exercício da advocacia contra ou a favor das pessoas de direito público, independentemente da esfera a que pertença o parlamentar (art. 30 da Lei nº 8.906/94). 2. Recurso improvido. (REsp /MG, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em , DJ p. 219) RECURSO ESPECIAL. AÇÃO AJUIZADA CONTRA O INSS. ADVOGADO DA AUTORA ELEITO VEREADOR. IMPEDIMENTO. ART. 30, II, DA LEI N /94. PRECEDENTE. Da leitura do artigo 30, inciso II, da Lei n /94, verifica-se que o legislador determinou que todos os membros do Poder Legislativo, seja em qual nível for, são impedidos de exercer a advocacia contra ou a favor das pessoas jurídicas de direito público. Na presente ação, contudo, ajuizada contra o Instituto Nacional do Seguro Social, a autora foi representada por vereador. Dessa forma, deve ser mantido o Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 18/08/2008 Página 3 de 6

4 entendimento firmado pela Corte de origem no sentido de que "o ilustre patrono da ora agravada" se encontra, "em virtude da expressa disposição legal, impedido de exercer a representação judicial, na condição de advogado, contra o Instituto Nacional do Seguro Social, pessoa jurídica de direito público da espécie autarquia federal". Precedente desta colenda Segunda Turma. Recurso especial improvido. (REsp /MG, Rel. Ministro FRANCIULLI NETTO, SEGUNDA TURMA, julgado em , DJ p. 335) PROCESSUAL CIVIL - RECURSO ESPECIAL - MEDIDA CAUTELAR - EFEITO SUSPENSIVO - REQUISITOS - CAPACIDADE POSTULATÓRIA - LEGITIMIDADE PARA A CAUSA - DEPUTADO FEDERAL - AÇÃO POPULAR. Não há como se conferir efeito suspensivo a recurso especial ainda não interposto, mas não é necessário, para efeito de concessão de cautelar com este propósito, que o recurso tenha sido submetido ao juízo de admissibilidade perante o Tribunal de origem. Capacidade postulatória e legitimidade para propor ação são coisas diversas. O artigo 30, inciso II da Lei nº 8.906/94 proíbe aos deputados federais pleitearem em Juízo contra os interesses da pessoa jurídica de direito público. Agravo improvido. (AgRg na MC 2.780/RS, Rel. Ministro GARCIA VIEIRA, PRIMEIRA TURMA, julgado em , DJ p. 98) PROCESSUAL CIVIL AÇÃO POPULAR MOVIDA POR PARLAMENTAR CONTRA O ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL E SEU GOVERNADOR CONCESSÃO DE LIMINAR PARA SUSPENDER O EMPREGO DE PESSOAL E RECURSOS PÚBLICOS NA PRÁTICA DE ATOS RELATIVOS AO DENOMINADO ORÇAMENTO PARTICIPATIVO SUSPENSÃO DA EXECUÇÃO DA MEDIDA LIMINAR AGRAVO REGIMENTAL CONTRA DECISÃO DO PRESIDENTE DO TRIBUNAL A QUO NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO, POR FALTA DE CAPACIDADE POSTULATÓRIA DO AGRAVANTE INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 30, INCISO II, DA LEI Nº 8.906/94 RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE CONHECIDO E PROVIDO PARA REFORMAR O ACÓRDÃO RECORRIDO E ACOLHER A PRELIMINAR DE NÃO CONHECIMENTO DO REGIMENTAL. I Não há confundir capacidade postulatória com legitimidade processual para propor ação. II Na ação popular movida por parlamentar (Deputado Federal) contra Estado da Federação, não pode o autor, mesmo em causa própria e na condição de advogado, interpor como signatário único, recurso de agravo regimental, impugnando decisão que, no curso do processo, suspendeu liminar concedida em primeiro grau, porquanto está impedido de exercer a advocacia, no caso, a teor do disposto no artigo 30, inciso II, da Lei nº 8.906/94. III Recurso especial parcialmente conhecido e provido, para reformar a decisão recorrida, acolhendo a preliminar de não conhecimento do agravo regimental. (REsp /RS, Rel. Ministro GARCIA VIEIRA, PRIMEIRA TURMA, julgado em , DJ p. 131) No caso particular dos autos, segundo se depreende do acórdão recorrido, restou comprovado que o patrono da autora é integrante da Câmara Municipal de Ibiraci/MG desde 1º de janeiro de Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 18/08/2008 Página 4 de 6

5 Nesse caminhar, resta evidenciado que o advogado da autora, vereador do Município de Ibiraci/MG, encontra-se impedido de exercer a representação judicial no presente feito, no qual figura o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS no pólo passivo da relação processual. Diante do exposto, conheço do recurso especial mas lhe nego provimento. É o voto. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 18/08/2008 Página 5 de 6

6 CERTIDÃO DE JULGAMENTO SEGUNDA TURMA Número Registro: 2004/ REsp / MG Números Origem: PAUTA: 24/06/2008 JULGADO: 24/06/2008 Relatora Exma. Sra. Ministra ELIANA CALMON Presidente da Sessão Exmo. Sr. Ministro CASTRO MEIRA Subprocurador-Geral da República Exmo. Sr. Dr. EUGÊNIO JOSÉ GUILHERME DE ARAGÃO Secretária Bela. VALÉRIA ALVIM DUSI AUTUAÇÃO RECORRIDO : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL INSS ASSUNTO: Administrativo - Exercício Profissional CERTIDÃO Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: "A Turma, por unanimidade, negou provimento ao recurso, nos termos do voto do(a) Sr(a). Ministro(a)-Relator(a)." Os Srs. Ministros Castro Meira, Humberto Martins, Herman Benjamin e Mauro Campbell Marques votaram com a Sra. Ministra Relatora. Brasília, 24 de junho de 2008 VALÉRIA ALVIM DUSI Secretária Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 18/08/2008 Página 6 de 6