A C Ó R D Ã O 5ª T U R M A RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DA 2ª RECLAMADA Mesmo em se tratando de terceirização lícita, embora não se estabeleça vínculo entre a tomadora e a empregada - que se forma exclusivamente entre esta e a empresa prestadora de serviços - subsiste a responsabilidade subsidiária da contratante. Visto, relatado e discutido o presente apelo de RECURSO ORDINÁRIO, interposto da sentença de fls. 290/291, proferidas pelo M.M. Juízo da 72ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro, na pessoa da Juíza Heloisa Juncken Rodrigues, em que figuram como partes EDITORA GLOBO LTDA, recorrente e ALESSANDRA LARA DA SILVA e MAX VEND DISTRBUIÇÃO LTDA, recorridas. Insurge-se a 2ª Reclamada (EDITORA GLOBO LTDA) contra sua condenação subsidiária. Requer o afastamento da revelia, vez que apresentou defesa em prol da 1ª Ré. Afirma que celebrou contrato de natureza civil de prestação de serviços, sem a tomada de mão de obra, possuindo natureza de típico contrato comercial. Insurge-se contra a condenação ao pagamento das verbas rescisórias, multas dos artigos 467 e p 1º do 477 da CLT, férias, 13º salário, vale alimentação e vale transporte, além de 4848 1
honorários advocatícios. Contrarrazões da autora às fls. 334/336. Não houve remessa dos autos ao douto Ministério Público do Trabalho, por não se vislumbrar qualquer das hipóteses previstas no anexo ao Ofício PRT/1ª Reg. Nº 27/08-GAB, de 15.01.2008. É o relatório. CONHECIMENTO Presentes os pressupostos recursais, conheço o recurso. MULTAS DO 477 E 467 DA CLT NÃO CONHEÇO Requereu a 2ª Reclamada a exclusão do pagamento das multas do 8º do artigo 477 e do 467 da CLT. Tratam-se de verbas que não constam da sentença, não havendo sucumbência. Não conheço por falta de sucumbência. DA IMPOSSIBILIDADE DE DECRETAÇÃO DE REVELIA DA 1ª RÉ EM RAZÃO DA APRESENTAÇÃO DE DEFESA PELA 2ª RÉ Insurge-se a 2ª Reclamada (EDITORA GLOBO LTDA) alegando que deve ser afastada os efeitos da revelia porquanto apresentou defesa em prol da 1ª Reclamada (MAX VEND DISTRIBUIÇÃO LTDA), em consonância com o artigo 320, I, do CPC. 4848 2
como genérica. PODER JUDICIÁRIO FEDERAL O Juízo de primeiro grau, a 2ª Ré reconheceu defesa Verifica-se que a contestação da recorrente apresentou preliminar de inépcia e matéria basicamente de interpretação da peça inicial, sem atacar os fatos apresentados na peça inicial. Também na peça recursal não há qualquer contraposição sobre fatos, interpretação e discordância com o foi julgado sob ângulo de tese jurídica. Rejeito. DA RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DA 2ª RECLAMADA Afirma a 2ª Ré (EDITORA GLOBO LTDA) que não pode ser responsabilizada subsidiariamente pelas verbas decorrentes do contrato firmado entre a autora e a 1ª Ré porque apenas celebrou contrato de natureza civil com a 1ª Ré, sem a tomada de mão de obra, possuindo esse contrato natureza comercial. Alega que o objeto social da 2ª Ré não se confunde com o da 1ª Ré (MAX VEND DISTRIBUIÇÃO LTDA), vez que esta exerce atividade no ramo de vendas, ao passo que aquele, de edição de jornais, livros e revistas. Cita a hipótese das bancas de jornais que vendem revistas, jornais e livros da 2ª Ré e desta prática comercial não surge qualquer responsabilidade da 2ª Reclamada. Alega que a reclamante nunca prestou serviços nas dependências da 2ª Reclamada e que esta é legalmente constituída, exercendo atividade lícita, não necessitando de autorização para exploração do negócio. 4848 3
A reclamante inicialmente, propôs demanda em face da 1ª Ré (MAX VEND DISTRIBUIÇÃO LTDA) e, na inicial, alegou que foi admitida em 01.01.2004, na função de Divulgadora Junior embora exercesse a função de Operadora de Telemarketing. Requereu a rescisão indireta do contrato de trabalho, com base no artigo. 483, letra d da CLT, a retificação de sua CTPS, pagamento de verbas rescisórias, multas dos artigos 467 e 477 da CLT, entre outros pedidos. Na emenda à inicial de fls. 96/97 a autora esclareceu que a rte, quando seu labor, a Rda, prestava serviços exclusivamente perante a EDITORA GLOBO LTDA, requerendo que ela fosse incluída no pólo passivo da demanda e responsabilizada subsidiariamente. Mesmo em se tratando de terceirização lícita, embora não se estabeleça vínculo entre a tomadora e o empregado - que se forma exclusivamente entre este e a empresa prestadora de serviços - subsiste a responsabilidade subsidiária da contratante. Tal responsabilidade resulta do benefício auferido pelo tomador dos serviços, decorrente do trabalho do empregado, uma vez que não poderia ser prejudicado, em caso de inadimplência de seu empregador. Para configuração da responsabilidade subsidiária, é necessário, o inadimplemento das obrigações trabalhistas pelo prestador de serviços e, bem assim, que o tomador tenha participado na relação processual. Quanto à responsabilização da 2ª Reclamada, esta engloba todas as obrigações pecuniárias não 4848 4
cumpridas pela devedora inicial. A questão foi pacificada pela Súmula 331, que assim dispõe em sua nova redação (Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011): SUM-331- CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas obrigações, desde que hajam participado da relação processual e conste também do título executivo judicial. (...) VI - A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange todas as verbas decorrentes da condenação referentes ao período da prestação laboral Foi juntado o contrato de prestação de serviços celebrados pelas rés, às fls. 128/136, cujo objeto é a prestação de serviços de angariação de novas assinaturas para as publicações mensais e semanais de titularidade da 2ª Ré, somente por telefone (telemarketing ativo). A testemunha do autor, à fl. 282, afirmou que, apesar de os empregados serem contratados pela 1ª Ré (MAX VEND 4848 5
DISTRIBUIÇÃO LTDA), trabalhavam para a 2ª Reclamada (EDITORA GLOBO LTDA) e que esta possuía um supervisor que cobrava metas, se dirigindo diretamente a cada empregado. Ademais, a 2ª Reclamada (EDITORA GLOBO LTDA) não negou que a reclamante lhe tenha prestado serviços, apenas alegando que ela não prestou serviços nas dependências da 2ª Ré o que, como é cediço, não é requisito para que seja afastado o fato de ser tomadora dos serviços. Nego provimento. AMPLITUDE DA RESPONSABILIDADE Alega a recorrente que não pode ser responsabilizada pelo pagamento das verbas rescisórias porquanto entende que essa responsabilidade cabe exclusivamente à 1ª Reclamada. A responsabilidade subsidiária engloba todas as obrigações pecuniárias não cumpridas pela devedora inicial. A expressão o inadimplemento das obrigações trabalhistas, constante do inciso IV da Súmula 331 do TST e agora expressa no inciso VI, não exclui as oriundas de multas ou indenizações, assim como saldo de salários, férias, repouso semanal remunerado, 13º salário, aviso prévio, depósitos de FGTS + 40%, vale alimentação, vale transporte, contribuições previdenciárias e recolhimentos fiscais, entre outros. Nego provimento. 4848 6
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS Razão assiste à recorrente. Por não preenchidos os requisitos das Súmulas 219 e 329 do C. TST, não estando a autora assistida pelo seu sindicato de classe, incabível a condenação ao pagamento de honorários advocatícios. Dou Provimento para excluir da condenação o pagamento de honorários advocatícios. CONCLUSÃO PELO EXPOSTO, CONHEÇO do apelo, salvo quanto às multas dos artigos 467 e 477 da CLT, por falta de sucumbência, DANDO-LHE PARCIAL PROVIMENTO, para excluir da condenação o pagamento de honorários advocatícios. Mantenho o valor da causa. ACORDAM os Desembargadores que compõem a 5ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, por unanimidade, CONHECER do apelo, salvo quanto às multas dos artigos 467 e 477 da CLT, por falta de sucumbência, e DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO, para excluir da condenação o pagamento de honorários advocatícios; manter o valor da causa, nos termos do voto do juiz relator. Rio de Janeiro, 6 de março de 2012. Juiz Ivan da Costa Alemão Ferreira Relator 4848 7