Unidade Pedagógica 8 Bronquite e Broquiolite 2013/2014

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Transcrição:

Unidade Pedagógica 8 Bronquite e Broquiolite 2013/2014

Condição inflamatória da árvore traqueobronquíca, habitualmente associada a uma infeção respiratória generalizada. Neste caso, o processo inflamatório não atinge os alvéolos. Pode ser aguda, ou crónica, atingindo esta última preferencialmente adultos.

Ocorre principalmente nos meses de Inverno, em especial em regiões de clima frio e húmido. Também aparece associada à presença de elevadas concentrações de poluentes no ar, e a fumo de tabaco.

Frequentemente associada a viroses respiratórias, em especial aos agentes causadores de rinite infeciosa comum (rinovirus e coronovirus), VSR, Influenza. A infeção por Mycoplasma pneumoniae, também parece estar associada a bronquite aguda. A infeção da traqueia e bronquios provoca hipereremia e edema das mucosas e aumento das secreções. A destruição do epitélio pode ir de ligeira a severa e pode afetar a função mucociliar

Doença auto-limitada, raramente causa de morte. Sintomas inespecíficos iniciais: dor de cabeça, mal-estar, coriza, dor de garganta A tosse é a marca da bronquite aguda. Ocorre cedo e persiste mesmo após resolução dos sintomas nasofaríngeos. Inicialmente seca, tornando-se depois mucopurulenta. O exame do peito pode revelar roncos grosseiros e estertor húmido bilateral. RX normal.

Objetivo do tratamento: Proporcionar conforto ao doente Em casos mais severos tratar a desidratação associada e o compromisso respiratório

Repouso no leito e antipiréticos para alivio da letargia, mal estar e febre. Fluídos para evitar a desidratação e diminuir a viscosidade das secreções Aspirina, paracetamol e Ibuprofeno nos regimes habituais. A tosse ligeira, persistente pode ser tratada com dextrometorfano Antibioterapia apenas quando a febre e os sintomas respiratórios persistem por 4 a 6 dias. O mais dirigida que possível. (azitromicina ou fluorquinolonas, se suspeita ou confirmação de M. pneumoniae.

Resulta da conjunção de vários fatores: Fumo de tabaco Exposição a poeiras ocupacionais Infeções virais e bacterianas Parede bronquíca mais espessa e número de células calciformes produtoras de muco aumentado. Aumento substancial de muco nas vias respiratórias periféricas diminuindo as defesas pulmonares A cronicidade pode provocar cicatrização residual dos pequenos bronquios, aumentando a obstrução ao fluxo de ar e enfraquecimento da parede bronquíca

A imagem de marca é a tosse que pode variar de ligeira a severa e incessante, produtiva e purulenta. Expetoração de grande quantidade de muco pela manhã. Por definição sofre de bronquite crónica um doente que tem tosse com expetoração diariamente durante 3 meses consecutivos por ano, durante pelo menos 2 anos consecutivos.

Sinais e sintomas: Cianose Obesidade Exame físico: Estertor inspiratório e expiratório, roncos. Pieira Sons respiratórios vesiculares diminuídos Radiografia torácica: Aumento do diâmetro antero-posterior do tórax Diafragma deprimido com mobilidade limitada

Testes laboratoriais: Eritrocitose na doença avançada Aumento de granulócitos polimorfonucleares no muco sugere continuidade da irritação Aumento de eosinofilos sugere componente alérgica Função pulmonar: Capacidade vital diminuída Fluxo expiratório prolongado

Historial clínico dos potenciais agentes ambientais irritantes. Evição Cessão tabágica Humidificação do ar inspirado com vista á diminuição da viscosidade das secreções Mucolíticos por via inalatória (?) Drenagem postural para favorecer a clearance

Broncodilatadores por via oral ou em aerossol: albuterol. Ipratropium por via inalatória em formas de libertação prolongada: diminui a frequência e severidade da tosse e o volume de secreções AB. Seleccionar os agentes efetivos contra os microorganismos mais prováveis, de menor risco e que promovam maior compliance

Em doentes com exacerbações sazonais frequentes da doença, podem fazer-se cursos de AB profilático para aumentar o intervalo livre de doença. Recomenda-se o limite máximo da dose diária por 5-7 dias

Infeção viral aguda do trato respiratório inferior, em crianças. Afeta 50 % das crianças durante o primeiro ano de vida e cerca de 100% nos 3 primeiros anos de vida O agente mais comum é o VSR, responsável por 70 % dos casos. As viroses parainfluenza aparecem em segundo lugar. Apenas uma pequena percentagem evolui para colonização bacterina secundária.

Sinais e sintomas: Período prodrómico com irritabilidade, insónia, febre ligeira (2-8 dias) Tosse e coriza Vómitos, diarreia, respiração ruidosa aumento da frequência respiratória Exame físico: Taquicardia Pieira, conjuntivite ligeira e nalguns casos otite média

Exames laboratoriais: Leucócitos normais ou ligeiramente aumentados no sangue periférico Gasimetria arterial anormal (hipoxemia)

Antipiréticos e medidas de suporte geral Oxigenoterapia e fluídos IV Em crianças com propensão para broncoespasmo podem usar-se aerossóis com Beta adrenérgicos Não administrar AB por rotina. No entanto podem ser usados profilaticamente enquanto se aguardam resultados de exames para prevenir pneumonia bacteriana

Pharmacotherapy Handbook. 7th Edition. Wells BG, DiPiro JP. 2008. New York. McGraw Hill Inc. Cap. 43 www.dgs.pt