o Controle de Projetos Através dos Conceitos de



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Transcrição:

========================================================================PRODUÇÃO o Controle de Projetos Através dos Conceitos de Desempenho Real (Earned Value) Oscar Fernando Osorio Balarine Doutor em Engenharia de Produção PUCRS - Av. Ipiranga, 6681-Prédio 40-.\ala 502 90619-900 Porto Alegre(RS) balarine@pucrs.br Reswno Partindo dos co nceitos de Administração de Projetos, es te artigo objetiva mostrar a importância de um tip.o especial de controle, auxi liar ao monitoramento de custos e tempos, visando alcançar os melhores resultados com projetos. E sugerida uma técnica de controle denominada Desempenho Real (Earned Value). Com isso, a totalidade do projeto pode ser co nstantemente controlado em seu progresso e desempenho, através da determinação de recursos necessários à conclusão dos trabalhos, mediante acompanhamento de seus custos e prazos. Palavras-Chave: Admi nistração de Ptojetos; Desempenho Real; Controle de Projetos. Abstract Slarting from Projecl Managemenl concepls, Ihis paper aillls lo show a spedal kind of controllllelhod lo aid cosls and time 1II0nilon ng lo gel betler projec! resulls. 11 is sllggesled a conlrol lechnique based on Earned Vallle. Thal is, lhe overall projccl cal/ be col/slanlly conlrolled ;1/ progress al/d performance Ihrollgh delerlflil/atiol/ of resollrces required lo complele lhe work, bolh il/ lolal al/d over tillle. Keywords: Projecl Managelflel1l; Eamed Vallle; ProjecI COl/lrol. 1. Introdução A Administração de Projetos tem evoluído como tratamento diferenciado, dirigido à gestão de empreendimentos não-repetitivos. Popularizada nos anos 60, com os programas espaciais norte-americanos, as técnicas de gestão de projetos vieram a consolidar-se, inicialmente aplicadas às indústrias petrolífera, química e da construção. Hoje, sua aplicação estende-se para além dessas indústrias, em particular devido à quatro fortes razões, como indicado por Harrison (1993): (I) grande parte das atividades administrativas são projetos, exigindo tratamento diferenciado em sua gestão; (2) as condições de mercado tem reclamado maior profissionalismo dos agentes; (3) a aceleração da velocidade das mudanças demanda maior cuidado no tratamento dos objetivos de tempo, custos e desempenho; e (4) a integração multidisciplinar, e muitas vezes multiorganizacional, dentro das empresas, tem apontado para a adoção de técnicas de Administração de Projetos como referência para o alcance do sucesso esperado nos negócios. De outro lado, algumas atividades empresariais são típicas estruturas voltadas para a Administração POR Projetos, como é o caso da atividade imobiliária, onde cada produto é, em si, um projeto. Sem dúvida, atualmente as organizações vem se defrontando com problemas associados à gestão, que exigem o domínio de técnicas avançadas, auxiliares à realização de seus empreendimentos, com a habilidade e a competência exigidas.

PRODUÇÃO=========================================================================== É neste sentido que este artigo pretende colaborar, integrar atividades, destacando-se os métodos PERTICPM descrevendo uma técnica simples e eficiente voltada para o (Gray, 1981; Harrison, 1997), a Linha de Balanço controle de projetos, a partir de agora referenciada como (Scomazzon et ai, 1985) e as Curvas de Agregação de DESEMPENHO REAL, título em Português que, entendese, melhor identifica a técnica internacionalmente Recursos (Heineck, 1989). conhecida como EARNED VALUE. Hoje, a Administração de Projetos vem evoluindo Para tanto, o artigo está dividido em seções, com rapidez, inclusive recebendo a consideração de ciência iniciando por esta introdução, seguida de breve descrição distinta. Nos Estados Unidos, por exemplo, o Project da Administração de Projetos. Posteriormente são ManagelllelltlllStitllte - PMI dedicou-se a definir um corpo analisados os papéis do planejamento e controle de de conhecimentos específicos para administrar projetos, projetos, com aplicabilidade da técnica de Desempenho através de um comitê de padronização (Strenon, 1990). Real, encerrando-se com comentários conclusivos. 2.1 Atributos Distintos ao Ambiente de Projetos 2. Administração de Projetos Afirma-se que os projetos possuem atributos Entendidos como empreendimentos únicos e nãorepetitivos, os projetos comumente possuem duração seja, possuírem caminho próprio, tempo próprio, execução distintos da produção contínua, por serem: (1) únicos, ou determinada, são formalmente organizados e agregam discreta, com um conjunto de objetivos claramente recursos visando o cumprimento de objetivos préestabelecidos. possuírem início determinado e duração finita, além de definidos e raramente repetitivos; e (2) finitos, ao Burke (1997, p.9) define projeto COII/O "... grupo conclusão e alcance de objetivos claramente definidos. de atividades que devem ser executadas em uma seqüência Destaca-se, também, que os projetos possuem lógica, para alcançar objeti vos determinados pelo atributos característicos (mas não exclusivos), como a cliente."; e Admillistração de Projetos, sill/plesll/ellte multidisciplinaridade, a multiorganizacionalidade, uma como "... fazer o projeto acontecer". complexidade particular e um dinamismo diferenciador em Originalmente aceita como um ramo das Ciências relação aos empreendimentos convencionais (Strenon, da Administração, a Administração de Projetos evoluiu 1990, p.29). incorporando conhecimentos econômicos e de engenharia. Pondera-se, ainda, que estruturas organizacionais Para isso, tratou do planejamento e controle de projetos, típicas exigem novas formas para tratamento dos projetos, buscando otimizar tempos, custos e recursos. Iniciando dentre elas destacando-se o formato matricial que, apesar com a concepção dos projetos em si (arquitetura), as de multidepartamental, atribui responsabilidade técnicas incorporadas procuraram alcançar controle e centralizada em um gerente por projeto (Archibald, 1975). otimização no tratamento das três restrições indicadas por Mas ainda que a Administração de Projetos trate Rosenau]r. (1992), ou seja, (I) o desempenho de suas de produto único e não-repetitivo e, portanto, especificações, (2) no tempo programado, e (3) relativamente diferenciador da produção contínua, suas obedecendo aos custos orçados. técnicas observam a essência de administrar, através da A consolidação da Administração de Projetos está aplicação dos conceitos clássicos, dentre os quais associada aos programas espaciais norte-americanos na planejar e controlar. Assim, etapas dos projetos sempre década de 60 (Kast & Rosenzweig, 1980, p.216), com o recebem tratamento relativo (I) ao planejamento: pelo refinamento de técnicas utilizadas para acompanhar e estabelecimento de metas e objeti vos, com definições de 32 PRllDUçAo. '"0 1.1 0 n.2. m, ;o 2001. p.3 1. 4(j

===============================================================================PRODUÇÃO suas tarefas e seqüências a realizar, com base nos 1997; Hischfeld, 1985; Prado, 1988). recursos necessários e disponíveis; (2) ao controle: pelas Este artigo não pretende detalhar tais técnicas, medições de seu progresso e desempenho; e (3) às ações suficientemente conhecidas através de literatura correti vaso direcionada e objeto de pacotes computacionais, como o software MS-Project, da Microsoft. Espera-se, isto sim, 2.2 Planejamento de Projetos que a partir das informações obtidas através da programação do projeto, seja possível aplicar a técnica de Simplificadamente, pode-se definir planejar como controle denominada Desempenho Real, como na Seção 3, organizar o futuro. Assim, o planejamento de um projeto adiante, será enfocado. consiste em processo que antecipe o que deve ser b) Orçamento: complementar à programação, são executado, através de identificação do trabalho a realizar estimados os custos exigidos, de forma detalhada e precisa, em cada momento do tempo, levantando-se insumos e através da determinação dos recursos totais a utili zar em custos associados. cada fase do projeto. Estas estimações irão permitir a O processo consiste em coletar idéias e distribuição dos ingressos e desembolsos associados às conhecimentos, organizando-os em pacotes de trabalho di versas etapas, em cada momento do tempo, gerando o lógicos, dinâmica e continuamente, de forma a acompanhar fluxo de caixa do projeto. Também associado ao a execução do projeto até sua conclusão, garantindo o orçamento e seu fluxo de caixa, estarão as avaliações alcance da satisfação de seus usuários finais. econômico-financeiras, através de considerações sobre a Portanto, o processo de planejamento inicia com a viabilidade do projeto (8alarine, 1997). descrição detalhada do produto (objetivos do projeto), Neste artigo, também não serão detalhadas as seguida de programação do trabalho a realizar. técnicas orçamentárias, satisfatoriamente explicitadas na Posteriormente, levantam-se os custos de execução, literatura (Caruso, 1980; Goldman, 1986; Sanvicente & materializados através de um orçamento. Santos, 1985). Durante o estágio de planejamento, são realizadas Entende-se atinente, no entanto, uma breve a programação e o orçamento, como descrito a seguir: explanação sobre o processo de organização do projeto, a) Programação: utilizada para predizer os caminhos como será visto a seguir. a adotar, associando-os aos tempos necessários de execução; a programação determina cada etapa e suas 2.3 Organização do Projeto durações, até a conclusão do projeto, com a soma desses tempos definindo o prazo total de execução. Visando organizar a execução de um produto, Inúmeras técnicas quantitativas são conhecidas Duncan (1993) identifica três processos administrativos visando programar projetos, desde as mais simples, como os básicos: (I) o planejamento, antecipando programas de Gráficos de Gantt (Diagramas de Barras), até aquelas técnicas trabalho destinados a atingir objetivos pré-determinados; mais sofisticadas envolvendo a composição de redes, como o (2) a execução, que traduz-se na realização dos planos; e PERT - Program Evaluatioll and Review Technique, surgido (3) o controle, representado pelo monitoramento contínuo ao final dos anos 50, com o Projeto Polaris da Marinha dos do progresso executivo, acompanhado das ações corretivas Estados Unidos; ou o CPM - Criticai Path Method, necessárias. desenvolvido à mesma época pelas empresas Ou Pont e Dentre os três processos, aquele autor destaca as Remington Rand Univac; ou, ainda, com a unificação de relações típicas do planejamento do empreendimento, ambos, denominada PERTICPM (Burke, 1997; Harrison, como visto na Figura I. Balarinc, o. F. o. -o Cu ntrule di.: Projctos Alran:s dos ConccilOS de Dt'scmpcnho Real (Farncd Valur.:) 33

PRODUÇÃO======================================================================= PLANEJAMENTO DA PROGRAÇÃO I TEMPO DEFINIÇÃO DO PROJETO INTEGRAÇÃO DO PLANO ESTIMATIVA DOS RECURSOS I CUSTOS Fonte: Duncan, 1993, p.7 Figura 1. Planejamento do Empreendimento - Processos Dependentes Tais processos de planejamento dependentes, incluem: a) definição das intenções: justificativa do projeto, através de documento escrito descrevendo as intenções e objeti vos a alcançar; b) definição do projeto: decomposição das metas a atingir, de forma detalhada e que proporcione melhor controle; c) definição das atividades: identificação das ati vidades necessárias ao desempenho desejado, para alcançar os objetivos finais; d) seqüência das atividades: identificação das dependências entre as diversas atividades; e) estimativa das durações: estimação das durações prováveis das atividades e tarefas; f) desenvolvimento da programação: determinação das datas para as atividades; g) estimativa de custos: desenvolvimento inicial dos custos totais do projeto; h) orçamentação de custos: desenvolvimento detalhado das estimações de custos para cada atividade; e i) integração do plano: idealização documentada de um plano coerente para o projeto como um todo. Cada um dos processos anteriormente descritos será associado ao ciclo de vida do projeto, com suas interações claramente identificadas e monitoradas, através de gerenciamento ativo. 2.4 Controle de Projetos Distribuídas seqüencialmente as etapas necessárias à execução do projeto e determinados seus custos associados, é o momento de utilizar cada recurso exigido (recursos humanos, financeiros, materiais, equipamentos, etc.), para execução e obtenção do produto final projetado. No entanto, ainda que detalhadamente planejado, à medida que o projeto evolua, irão surgir desvios dos planos, originados em erros, omissões ou modificações não previstas. Assim, durante todo o ciclo de vida do projeto será necessário acompanhamento criterioso de sua execução, através da análise de informações que permitam comparar o progresso atual com a programação, custos e recursos estabelecidos no plano inicial. É o momento, pois, do processo de controle tornar-se dominante, na evolução da administração do projeto. É importante salientar que, como sugerido por Harrison (1993, p.97), no trabalho com projetos, planejamento e controle não são funções discretas e separadas. Elas interagem uma com a outra e são interdependentes, num ciclo contínuo em que o planejamento produz informações necessárias ao controle, ao mesmo tempo em que o controle realimenta o planejamento. 34 PRODUçAo, vol.1o n.2, maio 2001, p.31-40

========================================================================PRODUÇÃO 3. Desempenho Real (Earned Value) controle de projetos, consistindo simplesmente na agregação (soma ou totalização) dos recursos utilizados Revistos os conceitos elementares de em um projeto, período a período. Tais recursos podem planejamento e controle aplicados à Administração de ser "". homens-hora, volume ou quantidade de materiais, Projetos, é o momento de descrever a técnica bastante número de máquinas, ou o denominador comum de todos simples e eficiente direcionada ao controle de projetos, estes, ou seja, o valor em... " Reais, CUBs 1, Dólares conhecida internacionalmente por Eamed Value. Entendese que, em Português, as palavras com melhor significado 1989, p.1). Norte-Americanos, etc., investidos no projeto (Heineck, para tradução (não-literal) daquela técnica, sejam A curva é desenhada sob a forma de gráfico, num Desempenho Real, como aqui vem sendo referenciado. sistema cartesiano, com o tempo distribuído no eixo x Para tanto, inicia-se esta Seção com a descrição das Curvas (podem ser dias, semanas, meses ou anos); enquanto que de Agregação de Recursos, que auxiliam o entendimento os recursos são registrados no eixo y. daquela técnica, para depois caracterizar o controle por Uma derivação particular da Curva de Agregação Desempenho Real. Encerra-se a Seção com exemplo de Recursos, que interessa particularmente à introdução da aplicativo simulado. técnica de Desempenho Real, é aquela em que o tempo e os recursos são transformados em percentuais acumulados, 3.1 Curvas de Agregação de Recursos gerando as chamadas Curvas "S" (Formoso et ai, 1986), representativas da distribuição dos recursos utilizados As Curvas de Agregação de Recursos associados ao tempo decorrido, conforme exemplificado representam técnica de planejamento, programação e na Figura 2. Recursos Utilizados Curva "S" Típica Figura 2 100% Tempo Decorrido L CUB - Custo Unitário Básico: unidade de medida do custo de um metro quadrado de construção, levantado pelos sindicatos regionais da Indústria da Construção Civil, conforme Lei Federal No. 4.591 e NBR 12.721193, da ABNT. Balarinc, o. F. o. - O Controle de Projetos Através dos Conceitos de Desempenh o Real (Earncd Valuc) 35

PRODUÇÃO======================================================================= Como visto, a Curva "S" inicia apresentando concavidade para cima, atinge seu ponto de inflexão (tempo relativo em que é realizado o maior volume de consumo do recurso considerado); a partir daí, e até o momento final da atividade retratada, registra concavidade para baixo. Pindyck & Rubinfeld (1991, p.422) apresentam função geradora das Curvas "S", que podem ser obtidas a partir da seguinte equação: Y = e" -<'21') I onde: e = Logarítmo Neperiano; k I e k2 = Parâmetros. (I) 3.2 Desempenho Real (Earned Value) Tradicionalmente, o controle dos "recursos versus tempos" consumidos em projetos, tem sido acompanhado através da Análise de Variância. A utilização das Curvas de Agregação de Recursos podem ser plotadas, então, comparando-se o custo originalmente orçado com o custo atual efetivamente realizado, à medida em que o projeto evolua, como ilustrado à Figura 3. Com base neste conceito, são acompanhadas as diferenças entre o progresso atual do projeto e o plano original, gerando variâncias que podem ser positivas ou negativas. Simplificadamente, poderá ilustrar-se a situação descrita, tomando como exemplo determinado projeto destinado à construção de edificação, com as seguintes características: a) Custo Orçado (CO) total: $ 1.000 (mil unidades monetárias); b) Prazo para execução da edificação: 50 semanas. Considere-se, agora, que após decorrido determinado tempo em que o projeto, como originalmente orçado (CO), deveria ter consumido $ 410, apresente, na verdade, um Custo Atual (CA) de $ 425. Conforme o conceito de variância, o quadro descrito i ndicaria, apenas, que, na data da medição, o Custo Atual (C A) estaria ultrapassando o Custo Orçado (CO) em $ 15. Nenhuma outra indicação seria obtida, além da constatação de que os desembolsos ultrapassaram o orçamento. Portanto, a Anál ise de Variância é bastante limitada, destacando-se as seguintes restrições: a) trata-se de técnica puramente histórica, não Custo Orçado (CO) x Custo Atual (CA) Recursos Utilizados 1000/. 100% Tempo Decorrido Figura 3 36 PRODUçAo, vol.1o n.2, m,io 2001, p.31 40

===========================================================================PRODUÇÃO vislumbrando ocorrências futuras; c) Custo final projetado: 1.000/0,88 = 1.136 b) não utiliza a potencialidade de todos os dados Constatação: o projeto terá um sobrecusto de $ 136 2. disponíveis; 2.) Em relação aos PRAZOS: c) não indica tendências; e d) deixa de integrar informações de custos, com a) Variância no tempo (como função dos custos): 375 informações sobre o tempo decorrido. -410= - 35 Constatação: o projeto está atrasado em $ 35. Visando suprir tais lacunas, é sugerida a utilização da b) Desempenho: 375/410 = 0,915 técnica de Desempenho Real (Eamed Valu e), metodologia Constatação: foram executados 91,5% do planejado. que considera custos e prazos de forma integrada, através c) Prazo final projetado: 50/0,915 = 54,6 da associação de um terceiro elemento à análise, Constatação: o projeto atrasará 4,6 semanas 3. correspondendo ao Custo Orçado (CO) como função dos custos do trabalho atualmente concluído (Town, 1998). As curvas correspondentes aos três elementos Portanto, o Desempenho Real é identificado pelo que foi utilizados na análise, podem ser observadas na Figura 4. fisicamente obtido, proporcionalmente ao custo até então incorrido (Fleming & Koppelman, 1996, p.130). 4. Conclusões Retornando ao exemplo do projeto de edificação anteriormente suposto, e, agora, incluindo nova Este artigo visou divulgar técnica conhecida informação correspondente ao trabalho atual executado, internacionalmente como Eamed Valu e, aqui chamada de quantificado conforme custos originais orçados, seriam Desempenho Real. Iniciando por caracterizar a obtidos os seguintes dados: Administração de Projetos, o estudo incursionou pelo planejamento e controle, posteriormente incorporando os a) Custo Orçado (CO) total: $ 1.000; conceitos das Curvas de Agregação de Recursos e do b) prazo total: 50 semanas; Desempellho Real, ilustrados por gráficos e exemplo c) posição planejada para o Custo Orçado, à data da simulado. medição: $ 410; Como visto, o processo é simples e eficiente, d) Desempenho Real (Earned Value): $ 375. mostrando utilidade especial para auxiliar a análise e monitoramento de projetos em execução. Então, de posse desses dados, podem ser geradas as Surpreende, no entanto, que a técnica de seguintes informações auxiliares à tomada de decisão: Desempenho Real, conhecida desde os anos 60, não venha sendo adotada por empresas nacionais que trabalham com 1.) Em relação aos CUSTOS: projetos. Considerando que o método potencializa obter a) Variância nos custos: 375-425 = - 50 i nformações preciosas sobre custos e prazos, de forma Constatação: o projeto está $ 50 acima do orçado. simples e eficaz, espera-se que este artigo sirva como b) Desempenho de custos: 375/425 = 0,88 introdução ao tema, provocando curiosidade naqueles que Constatação: foram executados apenas 88 % do dedicam-se ao planejamento e controle de projetos. Então, planejado. a bibliografia indicada poderá servir como referência para 2.3 Projeções com base no desempenho atual. desconsideradas interferências no rítmo de execução "do projeto. Balarinc, o. F. o. -O Co nt role de Pruit:los i\lr:l\ú do~ Conceitos de Desempenhu Rcrd (Earncd V:duc.:) 37

PRODUÇÃO======================================================================= (J) o ~ (J) ~ U r --------------------------------r---:-:;;;o''1 _- - Estimativa de Custo Final Total Custo Atual Estim _ Custo Orçado Total Estimativa para completar o projeto Custo Orçado '-Desempenho Real (ctrmed Vtr/IIS) "'-+--,--,-:---' Variância no Tempo I I TEMPO Atraso na Execução Figura 4 maior aprofundamento sobre essa útil ferramenta, auxiliar à tomada de decisão_ Nutre-se a esperança de que, adotado o conceito de Desempenho Real, através de pequeno aumento no tempo dedicado ao processo de planejamento e controle, sejam proporcionados expressivos acréscimos à probabilidade de sucesso dos projetos_ S. Referências Bibliográficas BURKE, R. Project Management: Planning and Control. 2 nd Ed. Chichester, John Wiley & Sons, 1997. CARUSO, C. Orçamento na Teoria e na Prática. São Paulo, Centro Técnico de Especialização, 1980. DUNCAN, W. The Process of Project Management. Project Management Journal. V. XXIV, N.3, September 1993. pp.5-1o. ARCHIBALD, R. Managing High-Technology Programs and Projects. New York, Willey-Interscience, 1976. BALARINE, O. Contribuições Metodológicas ao Estudo de Viabilidade Econômico-Financeira das Incorporações Imobiliárias. In : FORMOSO, C. (Ed.). Métodos e Ferramentas para a Gestão da Qualidade e Produtividade na Construção Civil. Porto Alegre, UFRGS-NORIE/PQPCCRS, 1997. pp.11-28. FLEMING, Q. & KOPPELMAN, J. Earned Valu e Project Management. Upper Darby, Project Management Institute, 1996. FORMOSO, C.; HIROTA, E.; SAFFARO, F. & SILVA, M. Estimativa de Custos de Obras de Edificação. Caderno de Engenharia No. 9. Porto Alegre, UFRGS/CPGEC, 1986. GOLDMAN, P. Introdução ao Planejamento e Controle de Custos na Construção Civil. São Paulo, Pini, 1986. 38 PRO D UçAo. vou o n.2. m,iu 2001, p.3 1-40

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