O FUTEBOL E A MATEMÁTICA: O PIBID NO CONTEXTO DA COPA DO MUNDO Resumo: Sibele Prade Acadêmica UNICENTRO Irati, PIBID Matemática Vanessa Dybach Acadêmica UNICENTRO Irati, PIBID Matemática Leoni Malinoski Fillos Professora UNICENTRO Irati, PIBID Matemática Este trabalho, busca relatar uma experiência desenvolvida no âmbito do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), por acadêmicos e professores do Departamento de Matemática, da Universidade Estadual do Centro-Oeste, Campus de Irati. O projeto O Futebol e a Matemática, teve por objetivo possibilitar o desenvolvimento de atividades pedagógicas relacionadas à Copa do Mundo de Futebol, proporcionando e aprofundando conhecimentos matemáticos e, ao mesmo tempo, buscando problematizar a realidade. O projeto foi desenvolvido no Colégio Estadual João XXIII, localizado na área periférica da cidade de Irati (PR), em turmas do ensino fundamental e médio. Foram trabalhados conteúdos geométricos a partir da construção e exposição de uma maquete de um campo de futebol e de um icosaedro truncado. Os resultados indicam que o desenvolvimento do projeto potencializou a ampliação do conhecimento geométrico aos estudantes, com a percepção de propriedades e relações geométricas, a partir da visualização e da experimentação, além de trazer mais movimentação à escola e maior participação do aluno no processo pedagógico, em um contexto motivador, estimulado pela Copa do Mundo de Futebol. À equipe do PIBID envolvida permitiu reflexões sobre a importância de um ensino mais próximo da realidade dos estudantes e da necessidade de buscarmos cada vez mais recursos e métodos que evidenciem o fascínio e o lado instigante da Matemática. Palavras-chave: Copa do Mundo de Futebol; Matemática; Geometria. Introdução O ano de 2014 será lembrado por brasileiros e por estrangeiros de todo o planeta como o ano da Copa do Mundo de Futebol no Brasil. Este evento de grande magnitude, organizado pela Federação Internacional de Futebol (FIFA), atraiu a atenção de bilhões
de pessoas, organizações empresariais, turistas e da imprensa midiática internacional. Foi um momento de integração entre os povos, gerada por um esporte que envolve e aproxima as pessoas, especialmente no Brasil, conhecido mundialmente como o país do futebol. Desde o início do ano a repercussão deste evento atingiu as pessoas em geral, seja por meio do comércio, dos meios de comunicação ou mesmo dos adornos nas ruas. As expectativas em torno da Copa 2014 eram evidentes na maioria das pessoas, mas especialmente nas crianças, que viam o acontecimento como uma ocasião, talvez única, de encanto por ter uma Copa do Mundo em seu país. Pensando nisso e acreditando que não podíamos deixar este momento distante do cotidiano escolar, nas semanas que antecederam a Copa, o PIBID Matemática da UNICENTRO, Campus de Irati, desenvolveu o projeto O Futebol e a Matemática, com o objetivo de aproveitar a oportunidade para contextualizar a prática educativa, transmitindo aos estudantes conhecimentos matemáticos relacionados a esse evento e assumindo uma postura de problematizadores da realidade. Utilizamos, portanto, a Copa do Mundo para que o aluno lançasse um olhar diferenciado para a Matemática, unindo a euforia do futebol com o lado instigante e atraente da disciplina, a partir de um jeito diferente e mais concreto e realista de se ensinar. Apoiamo-nos, assim em Freire, quando diz que ninguém pode estar no mundo, com o mundo e com os outros de forma neutra. [...] Há perguntas a serem feitas insistentemente por todos nós e que nos fazem ver a impossibilidade de estudar por estudar (1996, p. 30). Metodologia O projeto foi desenvolvido no Colégio Estadual João XXIII, localizado na região periférica da cidade de Irati (PR), em turmas do ensino fundamental (6º ao 9º ano) e em turmas do ensino médio (1º ao 3º ano), nos meses de maio e junho de 2014. Para concretizar o projeto, inicialmente foi realizada uma pesquisa sobre as normas e padrões da FIFA com relação aos estádios de Futebol, especialmente sobre as medidas do campo e disposições das retas e curvas. Em seguida, foi construída uma
maquete com medidas proporcionais ao campo de futebol, ressaltando a riqueza de detalhes nas linhas e traves do gol. À maquete, em suas lateriais, foram anexadas curiosidades sobre o futebol e sobre as medidas do campo. Foi construído ainda um icosaedro truncado, composto por 12 faces pentagonais e 20 faces hexagonais, cujo formato lembra uma bola de futebol. Figura 1: Equipe do PIBID Matemática confeccionando o material Fonte: acervo das autoras A maquete e o icosaedro foram então levados às salas de aula do Colégio pela equipe do PIBID Matemática, que buscou explorar conceitos geométricos dos objetos, partindo de uma perspectiva interdisciplinar e contextualizada dos conteúdos matemáticos. Resultados e discussões A Geometria é um ramo da Matemática que permite a resolução de muitas questões relacionadas à forma dos objetos, à ocupação de espaços e à representação de trajetórias. Foi construída no decorrer dos séculos e é descrita como um corpo de conhecimentos fundamental para a compreensão do mundo e a participação ativa do indivíduo na sociedade, pois facilita a resolução de problemas de diversas áreas do conhecimento e desenvolve o raciocínio visual (LORENZATO, 1995).
Para Lorenzato (1995) a Geometria tem função essencial na formação dos indivíduos, pois possibilita uma interpretação mais completa do mundo, uma comunicação mais abrangente de ideias e uma visão mais equilibrada da Matemática. Tal ideia é corroborada por Fainguelernt (1995), que indica que a Geometria desempenha um papel fundamental no ensino porque ativa as estruturas mentais na passagem de dados concretos e experimentais para os processos de abstração e generalização; é tema integrador entre as diversas partes da Matemática sendo a intuição, o formalismo, a abstração e a dedução constituintes de sua essência. Kalef (2003, p. 16) adverte, entretanto que: Pelo fato de os objetos geométricos pertencerem ao mundo das idéias e, ao mesmo tempo, terem sua origem no mundo físico e representarem abstrações de objetos materiais, apresenta uma ambiguidade que gera uma grande dificuldade para os alunos. Em muitos casos, os alunos não percebem que os objetos geométricos são abstratos e que mesmo ao observarem o desenho de uma figura geométrica no livro texto ou no quadro-negro, ou mesmo sua imagem na tela do computador, estão, na realidade, vendo apenas uma representação do objeto geométrico. Por isso, é crucial que a geometria tenha lugar de destaque nas atividades pedagógicas em sala de aula e que esse campo da Matemática seja trabalhado por meio de metodologias inovadoras, que atraiam o interesse dos alunos e possibilitem um aprendizado mais significativo dos conteúdos a partir da visualização, da comparação e do desenho de formas (KALEF, 2003). Nessa perspectiva, no desenvolvimento do projeto O Futebol e a Bola nas salas de aula do Colégio João XXIII, foi possível perceber que os materiais apresentados (campo de futebol e o icosaedro truncado) de imediato despertaram o interesse dos estudantes, que puderam manipular os objetos e observar as propriedades geométricas com mais facilidade. Ao descobrirem que a bola era feita de papel ficaram surpresos e ainda mais interessados, questionando a equipe do PIBID sobre como era possível construir uma bola quase perfeita. Foi explicado então que a bola na verdade se tratava de um poliedro, composto por 12 pentágonos regulares e 20 hexágonos regulares, também
conhecido por icosaedro truncado, obtido a partir de cortes feitos em um icosaedro regular, de forma a retirar seus vértices. Com relação à maquete, foi explanado para as turmas que as medidas eram proporcionais às medidas reais de um campo de futebol, que tem comprimento oficial de 105 metros e a largura de 68 metros, sendo sua área é de 7140 m². As balizas, popularmente conhecidas como traves do gol, devem ter 7,32 metros de comprimento e 2,44 metros de altura. Foram exploradas também as linhas do campo e algumas medidas dessas linhas. Os alunos em geral ouviram as explicações com bastante atenção e demonstraram bastante interesse pelos conteúdos. No intervalo das aulas, a maquete e o icosaedro truncado (bola de futebol) foram expostos em espaços comuns de circulação dos estudantes, ora na biblioteca, ora no pátio da escola, despertando a atenção de todos, professores e alunos. Quem já havia visto e aprendido conceitos geométricos e curiosidades sobre os objetos, buscava explicar aos colegas de outras turmas que não tinham ainda conhecimento do trabalho. Figura 2: Maquete do campo de futebol Fonte: acervo das autoras Figura 3: Icosaedro truncado Fonte: acervo das autoras
Considerações finais Neste trabalho, foram propostas algumas abordagens matemáticas envolvendo a o maior evento futebolístico mundial, numa perspectiva interdisciplinar e contextualizada. Tais abordagens tornaram possíveis a articulação e a integração de conceitos básicos de Geometria, tais como figuras geométricas planas e espaciais, cálculo de superfícies, posições relativas entre retas. O desenvolvimento do projeto possibilitou a ampliação do conhecimento geométrico aos estudantes, com a percepção de propriedades e relações geométricas, a partir da visualização e da experimentação. A atividade trouxe mais movimentação à escola, despertou a curiosidade e o interesse das turmas pelo conteúdo e permitiu maior participação do aluno no processo pedagógico, em um contexto motivador, estimulado pela Copa do Mundo de Futebol. À equipe do PIBID envolvida permitiu reflexões sobre a importância de um ensino mais próximo da realidade dos estudantes e da necessidade de buscarmos cada vez mais recursos e métodos que tornem a Matemática melhor compreendida e evidenciem o fascínio desta disciplina. Referências FAINGUELERNT, E. K. O Ensino de Geometria no 1º e 2º Graus. Educação Matemática em Revista SBEM 4, 1995, 45 52 FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. KALEFF, Ana M. Vendo e entendendo poliedros. Niterói: EDUNFF, 2003. LORENZATO, Sérgio. Por que não ensinar Geometria? Educação Matemática em Revista SBEM 4, 1995, 3-13.