IMPACTO DAS EXPORTAÇÕES DAS COOPERATIVAS SOBRE O EMPREGO NO BRASIL EM 2011 1



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Transcrição:

IMPACTO DAS EXPORTAÇÕES DAS COOPERATIVAS SOBRE O EMPREGO NO BRASIL EM 2011 1 Rcardo Kuresk 2 Glson Martns 3 Rossana Lott Rodrgues 4 1 - INTRODUÇÃO 1 2 3 4 O nteresse analítco pelo agronegóco exportador se estabelece dada a mportânca do segmento na geração de emprego, renda e saldos na economa naconal. No Brasl, parte das exportações do agronegóco é realzada pelas cooperatvas, que alavancam a economa, gerando efcênca e compettvdade. Assm, fomentam o crescmento econômco do país e dos estados, mpulsonando o desenvolvmento e contrbundo para a melhora dos ndcadores econômcos e socas. Nesse contexto, as cooperatvas promovem a cração de novos postos de trabalho nas regões onde estão nstaladas, fomentando as atvdades de agropecuára, ndústra e comérco. Dessa forma, conforme relata Baloskorsk Neto (2006), ctado por Araúo e Slva (2011, p. 43), o cooperatvsmo é economa socal á que fomenta o desenvolvmento da economa e a usta dstrbução de renda, além de gerar emprego. Neste partcular, Perobell, Gulhoto e Fara (2006) destacam que a ntensfcação do comérco com o exteror pode produzr mpactos postvos sobre o nível de atvdade econômca. Salentam a mportânca da análse dos mpactos das exportações sobre a produção e a renda por parte dos gestores de polítca econômca. Assm, o obetvo deste trabalho é estmar o volume de empregos gerado pelas expor- 1 Regstrado no CCTC, IE-40/2015. 2 Economsta, Doutor, Professor do Curso de Economa da PUC-PR e Técnco do Insttuto Paranaense de Desenvolvmento Econômco e Socal (IPARDES) (e-mal: kuresk@ pardes.pr.gov.br). 3 Engenhero Florestal, Doutor, Professor do Mestrado Profssonalzante em Gestão de Cooperatvas da PUC-PR e Assessor Técnco e Econômco do Sndcato e Organzação das Cooperatvas do Estado do Paraná (OCEPAR) (e-mal: glson.martns@sstemaocepar.coop.br). 4 Economsta, Doutora, Professora da Unversdade Estadual de Londrna (UEL) (e-mal: rlott@sercomtel.com.br). tações das cooperatvas para o ano de 2011. Para atngr esse obetvo, fo empregada a matrz de nsumo-produto braslera, estmada pela metodologa desenvolvda por Gulhoto et al. (2002). 2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA O agronegóco é a prncpal atvdade em que atuam as cooperatvas. Roessng e Lazzarotto (2004) apontam o agronegóco como o setor que mas emprega na economa braslera, com volume de emprego no complexo agrondustral da soa estmado em torno 4,5 mlhões, entre dretos e ndretos, consderando o encadeamento para trás e para frente da cadea produtva e também os empregos gerados na produção de aves e suínos. A lteratura que aborda a matrz de nsumo-produto apresenta dstntos métodos de análse para a economa naconal e regonal. Para dentfcar seus mpactos econômcos, utlzam- -se, prncpalmente, os multplcadores produção, emprego e renda. Por meo do emprego da matrz de nsumo-produto, é possível mensurar a quantdade de emprego e renda, produção e poder de encadeamento de um determnado setor. Exemplo dsso é o estudo de Perobell, Gulhoto e Fara (2006), que estma os mpactos do aumento das exportações sobre a produção e o emprego dos setores produtvos do Brasl, consderando quatro blocos de comérco (MERCOSUL, NAFTA, Unão Europea e o restante do mundo). Partndo do modelo de nsumo-produto, os autores concluíram que as exportações do setor agropecuáro foram relevantes tanto na produção quanto na geração de emprego. Outro trabalho que analsou a cração de emprego pelas exportações fo o de Costa, Burnqust e Gulhoto (2006). Os autores fzeram a estmatva do mpacto de um aumento nas exportações brasleras de açúcar e de álcool sobre os

6 Kuresk; Martns; Rodrgues níves de produção e emprego do país. A metodologa do trabalho empregou uma matrz de nsumoproduto nter-regonal da economa braslera. Os autores constataram que um aumento nas exportações de açúcar ou de álcool gera mpacto maor sobre a produção e renda da regão Norte-Nordeste, se comparado com a regão Centro-Sul. As cooperatvas agropecuáras representam a maor parte das atvdades lgadas ao cooperatvsmo no Brasl. Gmenes et al. (2006) enfatzam a mportânca cooperatva da agropecuára no desenvolvmento rural, por ser capaz de garantr maor produtvdade e receta, além de preservar o meo ambente e melhorar a qualdade de vda dos produtores ruras e da socedade como um todo. De modo específco, o setor cooperatvo fo destacado no estudo de Rodrgues e Gulhoto (2007), que analsaram a estrutura produtva da economa paranaense destacando o papel das cooperatvas agropecuáras no desenvolvmento do estado nos anos de 1980, 1985, 1990 e 1995. Os autores observaram que as cooperatvas agropecuáras: a) nos anos 1980 e 1985, foram setores-chave na economa estadual; e b) apresentaram, para todos os anos estudados, coefcentes técncos de produção bastante smlares aos das empresas não cooperatvas, mostrando que aquelas estão ncorporando em seus processos produtvos o progresso tecnológco consoldado pelas não cooperatvas. Costa, Gulhoto e Moraes (2013) analsam os mpactos na geração de empregos na economa braslera, resultantes da substtução de gasolna C por etanol hdratado, empregando a matrz de nsumo-produto nter-regonal, consderando as regões Norte-Nordeste, Centro-Sul e o Estado de São Paulo. Para o mpacto no emprego e na remuneração dos empregados, aqueles autores utlzaram o multplcador do tpo II, que consdera o consumo das famílas como uma varável endógena. Assm, é possível dentfcar a quantdade de etanol hdratado. De acordo com esses autores, o resultado da smulação com aumento de 5%, 10% e 15% no consumo de etanol em substtução à gasolna tera um alto potencal de cração de emprego e renda na economa braslera. Pode-se verfcar na revsão bblográfca a mportânca do agronegóco para a economa braslera, prncpalmente no que tange à geração de emprego pelas exportações. Na lteratura econômca, um dos prncpas métodos para dentfcar o volume de empregos gerado pelas exportações tem como base de dados a matrz de nsumo-produto. Assm, na seção segunte, serão apresentados, detalhadamente, os procedmentos metodológcos deste nstrumento de análse econômca. 3 - METODOLOGIA Para atngr os obetvos deste trabalho, é necessáro utlzar o modelo de nsumo-produto, que vablza o cálculo dos multplcadores de emprego, renda e valor adconado. Isso ocorre porque o modelo apresenta os fluxos de bens e servços tanto para o consumo ntermedáro quanto para a demanda fnal. Na tabela 1, o modelo de nsumo-produto é dvddo em três setores, obtendo-se para cada setor a demanda ntermedára, a demanda fnal e o valor bruto da produção. As lnhas, que representam os setores produtvos, são as orgens dos bens e servços e as colunas ndcam onde estes são consumdos, tanto como nsumo para a elaboração de outros bens e servços quanto para a demanda fnal. O valor bruto da produção de um setor é dado pela equação 1: x x f x (1) que corresponde à soma do fornecmento da demanda ntermedára do setor x com o fornecmento da demanda fnal da categora f. Defnndo-se o coefcente técnco dreto a como nsumos por undade do valor bruto da produção do setor, e substtundo na expressão (1), têm-se as equações 2 e 3: x a x x (2) a x uf (3) uf f (4)

7 TABELA 1 - Modelo Básco de Transações de Insumo-Produto Setores produtvos Vendas para Demanda ntermedára Setores produtvos Demanda fnal Setores de demanda fnal Compras de Indústra 1 2 3 4... m C I G E Indústra 1 X 11 X 12 X 13 X 14 X 1m C 1 I 1 G 1 E 1 X 1 Indústra 2 X 21 X 22 X 23 X 24 X 2m C 2 I 2 G 2 E 2 X 2 Indústra 3 X 31 X 32 X 33 X 34 X 3m C 3 I 3 G 3 E 3 X 3 Indústra 4 X 41 X 42 X 43 X 44 X 4m C 4 I 4 C 4 E 4 X 4.......................... Indústra m X m1 X m2 X m3 X m4 X mm C m I m G m E m X m Ganhos e saláros W 1 W 2 W 3 W 1 W m Lucro/dvdendos P 1 P 2 P 3 P 4 P m Impostos T 1 T 2 T 3 T 4 T m Importações M 1 M 2 M 3 M 4 M m Valor bruto da produção X 1 X 2 X 3 X 4 X m Valor bruto da produção Impacto das Exportações das Cooperatvas sobre o Emprego no Brasl Tal que: X = Produto; C = Consumo das famílas; I = Investmento; G = Gastos governamentas; e E = Exportações. Fonte: Elaborada pelos autores a partr de dados de Cooper (2007, p. 187). Assm, obtém-se a equação 5: x a x f (5) Rearranando os termos e reescrevendo-os na forma matrcal, tem-se: I A X F (6) I é a matrz dentdade; A é a matrz dos coefcentes técncos dretos, ou das necessdades dretas; F é o vetor da demanda fnal, assumda nessa análse como exógena; e X é o vetor da produção bruta setoral. A solução desse sstema matrcal é dada pela equação 7: X I A F (7) I A é conhecda como matrz nversa de Leontef, ou matrz de mpacto total, ou anda das necessdades dretas e ndretas. Para determnar os empregos gerados pelas exportações das cooperatvas, adotou-se a metodologa apresentada por Sesso Flho et al. (2005) para estmar os efetos do comérco nternaconal sobre o emprego setoral no Brasl em 1990. Assm, o prmero procedmento consste em determnar os coefcentes de emprego, dvdndo-se, para cada atvdade, o valor total de empregos pela produção total da atvdade correspondente. Esse procedmento é descrto com a segunte fórmula:

8 Kuresk; Martns; Rodrgues l e / x (8) l = coefcente de emprego dreto; e = número de empregados da atvdade ; e x = valor bruto da produção da atvdade. Um aumento das exportações mplcará, portanto, um aumento na demanda dos bens ntermedáros, amplando-se consequentemente sua produção e realmentando o processo de geração de emprego. Para medr o mpacto no total da produção, é necessáro multplcar a matrz de Leontef pelo valor da produção: X ( I A). EX (9) X varação da produção; ( I A) matrz nversa de Leontef; e EX valor das exportações. Em seguda, dado um aumento de produção, tem-se o aumento correspondente do nível de emprego: GE L ( I A). X (10) GE = emprego por atvdade; L = multplcador de emprego dreto; ( I A) matrz nversa de Leontef; e X varação da produção. Para elaborar a matrz nversa de Leontef, é necessáro utlzar a tabela de recursos e usos (TRU) a preço básco. Em outras palavras, devem ser excluídos do consumo ntermedáro e da demanda fnal os valores das margens de comérco e transporte, e o total de mpostos líqudos de subsídos. Empregando a tabela de recursos e usos a preço de mercado de 2011, publcada pelo Insttuto Braslero de Geografa e Estatístca (IBGE), fo estmada pelos autores a TRU a preço básco, adotando-se o procedmento metodológco apresentado por Gulhoto et al. (2002). 4 - RESULTADOS E DISCUSSÃO Em 2004, na economa braslera, hava 7.136 cooperatvas. Nos últmos dez anos, esse número dmnuu 4,33%. É nteressante, porém, notar que o número de cooperados cresceu 92,30%, passando de cerca de 5.762 ml, em 2004, para 11.081 ml, em 2011 (Tabela 2). Esse processo de redução no número de cooperatvas e elevação no número de cooperados é explcado pelas fusões e ncorporações das cooperatvas, vsando, prncpalmente, à maor efcênca no processo produtvo. Para o segmento do agronegóco, as fusões e ncorporações foram mpulsonadas pela crse econômca de 2008. Para as cooperatvas de crédto, conforme apresentam Amaral e Braga (2012), as fusões e ncorporações foram uma estratéga de crescmento e sobrevvênca, consttundo mportante alternatva às cooperatvas que se encontravam em dfculdade fnancera ou almeavam alavancar o mercado. Os produtos do agronegóco ocuparam um papel de destaque nas exportações brasleras, audando o país a manter superavts no balanço comercal. As cooperatvas, prncpalmente as lgadas ao agronegóco, contrbuem para esse resultado postvo das contas externas brasleras. Para se ter uma dea, em 2005, as exportações das cooperatvas somaram US$2,253 blhões, o que possbltou um saldo comercal de US$ 2.021 blhões (Tabela 3). É mportante destacar que as exportações evoluíram a uma taxa méda anual de 9,92% no período 2005-2014, totalzando US$5.280 blhões. Quanto ao saldo comercal, ele avançou 140,68% no período 2005-2014, alcançando o valor de US$4.866 blhões. Os prncpas produtos exportados pelas cooperatvas estão relaconados com o agronegóco. Para 2011, destacam-se a fabrcação e o refno de açúcar, com 27,92% das exportações das cooperatvas. Sobre esse ponto, ressalta-se que as exportações foram mpulsonadas pelo aumento do preço no mercado nternaconal. Outros produtos de destaque na pauta de exportações das cooperatvas são os do complexo soa (20,63%), café cru em grão (13,59%) e carne de frango (12,86%). Os resultados da pesqusa sobre o número total de empregos gerados pelas cooperatvas, em 2011, estão na fgura 1. Os empregos dretos totalzaram 124,3 ml, o que corresponde a 43,32% do total de empregos gerados. Constata-se, anda, que o emprego ndreto corresponde a 56,68% do total de empregos. Assm, têm-se 287,0 ml empregos gerados pelas exportações das cooperatvas. Os empregos ndretos estão relaconados com a cadea produtva, que fornece nsumos, prncpalmente para a agropecuára.

9 TABELA 2 - Números do Cooperatvsmo Braslero, 2004 a 2013 Ano Cooperatvas Cooperados Empregos 2004 7.136 5.762.718 182.026 2005 7.518 6.159.658 195.100 2006 7.603 6.791.054 199.680 2007 7.672 7.393.075 218.415 2008 7.682 7.687.568 250.961 2009 7.261 7.887.707 254.556 2010 6.652 8.252.410 274.190 2011 6.586 9.016.527 298.182 2012 6.603 10.008.835 296.286 2013 1 6.827 11.081.977 321.467 1 Número de empregos estmado pelos autores. Fonte: OCB (2015). TABELA 3 - Exportações e Importações das Coooperatvas Brasleras, 2005 a 2014 (US$ FOB) Ano Exportação Importação Saldo 2005 2.253.971.093 232.165.145 2.021.805.948 2006 2.832.923.928 193.574.105 2.639.349.823 2007 3.301.234.776 276.219.427 3.025.015.349 2008 4.010.600.074 539.055.452 3.471.544.622 2009 3.627.791.364 306.020.664 3.321.770.700 2010 4.417.824.355 269.090.089 4.148.734.266 2011 6.213.282.879 388.183.606 5.825.099.273 2012 6.233.061.995 395.030.834 5.838.031.161 2013 6.072.481.254 396.654.853 5.675.826.401 2014 5.280.587.187 414.474.743 4.866.112.444 Fonte: MDIC/SECEX (2015). Impacto das Exportações das Cooperatvas sobre o Emprego no Brasl Fgura 1 - Número de Empregos Gerados pelas Exportações das Cooperatvas, 2011. Fonte: Dados da pesqusa.

10 Kuresk; Martns; Rodrgues Nesse sentdo, cabe a segunte passagem de Gmenes et al. (2006, p. 10): O bom desempenho do agronegóco e o aumento das exportações contrbuem, sensvelmente, para o aumento de oferta de trabalho no campo e na cdade. Anda, as exportações do agrbussnes são fundamentas para a geração de saldos comercas superavtáros e a consequente redução da vulnerabldade externa da economa braslera (GIMENES et al., 2006, p. 10). Ao se avalar a geração de emprego (Fgura 1), resultante das exportações das cooperatvas no ano de 2011, torna-se perceptível a mportânca das atvdades econômcas do agronegóco, que mpulsonam a cração de empregos na economa braslera. Por tudo sso, é crucal a prorzação do ncentvo ao ncremento da produção das cooperatvas, que geram emprego e renda, recolhem mpostos e contrbuem para o desenvolvmento do país. 5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho abordou a geração de emprego medante o desempenho das exportações das cooperatvas brasleras em 2011, cuos resultados encontrados foram nfluencados, prncpalmente, pela produção do agronegóco. Notou-se uma expansão sgnfcatva nos valores das exportações das cooperatvas, que passaram de US$2,25 blhões, em 2005, para US$5,28 blhões em 2014. Os empregos nas cooperatvas tveram uma expansão de 76,60% no período 2004-2013. No que tange aos empregos gerados pelas exportações, o resultado fnal para 2011 fo de 287,0 ml empregos. Em síntese, os resultados obtdos trazem evdêncas sobre a mportânca das cooperatvas para a economa braslera, gerando empregos, superavt no balanço comercal, e contrbundo para a arrecadação de mpostos. Dada a mportânca das cooperatvas na economa braslera, estudos com ênfase regonal, prncpalmente para os estados do Sul, fcam como sugestão para outras pesqusas. Entretanto, é necessáro que o IBGE e os órgãos estaduas de estatístca elaborem tabelas de recursos e usos, e matrzes de nsumo-produto, as quas podem ser empregadas como ferramental para análses das economas regonas. LITERATURA CITADA ARAÚJO, E. A.; SILVA, W. A. C. Socedades cooperatvas e sua mportânca para o Brasl. Revsta Alcance, v. 18, n. 1, p. 43-58, 2011. AMARAL, I. C.; BRAGA, J. B. O Impacto das Fusões e Incorporações sobre a efcênca Técnca e de Escaladas Cooperatvas de Crédto Brasleras. In: ENCONTRO BRASILEIRO DE PESQUISADORES EM COOPERATIVISMO, 2., 2012, Porto Alegre. Anas eletrôncos... Porto Alegre: EBPC, 2012. Dsponível em: <http://www.braslcooperatvo. coop.br/downloads/gecom/ebpc/ii_ebpc_amaral.pdf.> Acesso em: 10 un. 2014. ARAÚJO, E. A.; SILVA, W. A. C. Socedades cooperatvas e sua mportânca para o Brasl. Revsta Alcance, Floranópols, v. 18, n. 1, p. 43-58, 2011. BIALOSKORSKI NETO, S. Aspectos econômcos das cooperatvas. Belo Horzonte: Mandamentos, 2006. COOPER, C. Tursmo: prncípos e prátcas. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2007. COSTA, C. C.; BURNQUIST, H. L.; GUILHOTO, J. J. M. Impacto de alterações nas exportações de açúcar e álcool nas regões Centro-Sul e Norte-Nordeste sobre a economa do Brasl. Revsta de Economa e Socologa Rural, Brasíla, v. 44, p. 611-629, 2006.

11 COSTA, C. C.; GUILHOTO, J. J. M.; MORAES, M. A. F. D. Impactos socas do aumento de demanda de etanol hdratado versus gasolna C na economa braslera. Revsta Econômca do Nordeste, Fortaleza, v. 44, p. 45-57, 2013. GIMENES, A. P. et al. Contrbuções do cooperatvsmo agropecuáro ao desenvolvmento rural. Revsta de Cêncas Empresaras da UNIPAR, Paraíba, v. 7, p. 99-119, 2006. GUILHOTO, J. J. M. et al. Nota metodológca: construção da matrz nsumo-produto utlzando dados prelmnares das contas naconas. In: ENCONTRO DE ESTUDOS REGIONAIS E URBANOS, 2., 2002, São Paulo. Anas... São Paulo: ENABER, 2002. CD-ROM. MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR. Secretara de Comérco Exteror - MDIC/SECEX. Balança comercal braslera: cooperatvas. Brasíla: MDIC/SECEX. Dsponível em: <http://www. desenvolvmento.gov.br//sto/nterna/nterna.php?area=5&menu=3186>. Acesso em: 21 mao 2015. ORGANIZAÇÃO DAS COOPERTIVAS BRASILEIRAS - OCB. Banco de dados. Brasíla: OCB. Dsponível em: <http://www.ocb.org.br/ste/servcos/ndex.asp>. Acesso em: 20 mao 2015. PEROBELLI, F. S.; GUILHOTO, J. J. M.; FARIA, W. R. Impacto das exportações brasleras para o Mercosul, Unão Europea e Nafta sobre a produção e emprego: uma análse de nsumo-produto para 1997-2001. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E SOCIOLOGIA, 44., 2006, Fortaleza. Anas... Fortaleza: SO- BER, 2006. Impacto das Exportações das Cooperatvas sobre o Emprego no Brasl RODRIGUES, R. L.; GUILHOTO, J. J. M. Análse setoral e topográfca da estrutura produtva: as cooperatvas agropecuáras no Paraná. Estudos econômcos, São Paulo, v. 37, n. 3, p. 487-514, 2007. ROESSING, A. C.; LAZZAROTTO, J. J. Cração de empregos pelo complexo agrondustral da soa. Londrna: Embrapa Soa, 2004. 50 p. (Embrapa Soa. Documentos, 233). SESSO FILHO, U. A. et al. Estmatva dos efetos do comérco nternaconal sobre o emprego: o caso da economa braslera na década de 1990. In: ENCONTRO REGIONAL DE ECONOMIA ANPEC SUL, 8., 2005, Porto Alegre. Anas... Porto Alegre: Anpec, 2005. IMPACTO DAS EXPORTAÇÕES DAS COOPERATIVAS SOBRE O EMPREGO NO BRASIL EM 2011 RESUMO: Este estudo obetva estmar o volume de empregos gerados pelas exportações das cooperatvas brasleras para o ano de 2011. Como nstrumento de análse, utlzam-se a matrz de nsumo-produto do Brasl e o valor das exportações das cooperatvas. Também fo estmado o multplcador de emprego e renda dreto e ndreto para a economa braslera. Os resultados revelaram que as exportações das cooperatvas geraram 287,0 ml empregos, contrbundo para a expansão do mercado de trabalho naconal, prncpalmente nas atvdades lgadas ao agronegóco. Palavras-chave: cooperatvas, exportações, empregos, matrz de nsumo-produto, Brasl. IMPACT OF COOPERATIVES EXPORTS ON EMPLOYMENT IN BRAZIL IN 2011 ABSTRACT: Ths study ams to estmate the volume of obs arsng from exports by coopera-

12 Kuresk; Martns; Rodrgues tves n 2011. Brazl s nput-output matrx s used as an analyss nstrument, as well as the value of the cooperatves exports. Drect and ndrect ob and ncome multplers for the Brazlan economy were also estmated. The results revealed that the exports carred out by cooperatves generated 287,0 thousand obs, thereby contrbutng to an expanson n the natonal ob market, manly n relaton to the actvtes connected to agrbusness. Key-words: cooperatves, exportatons, employment, nput-output matrx, Brazl. Recebdo em 05/08/2015. Lberado para publcação em 06/01/2016.