Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação, Processo nº 0027511-14.2013.8.19.0001, em que é Apelante LUIZ CARLOS PINTO.



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V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de RECURSO ORDINÁRIO, provenientes da 05ª VARA DO TRABALHO DE MARINGÁ, sendo recorrente

Transcrição:

CONSELHO DA MAGISTRATURA PROCEDIMENTO DE DÚVIDA PROCESSO Nº 0027511-14.2013.8.19.0001 APENTE: LUIZ CARLOS PINTO RETORA: JACQUELINE LIMA MONTENEGRO RECURSO DE APEÇÃO. PROCEDIMENTO DE DÚVIDA. ADIAMENTO DE REGISTRO DE ESCRITURA DEFINITIVA RETIVA À TRANSFERÊNCIA DE PROPRIEDADE DE DUAS SAS COMERCIAIS, CUJO INSTRUMENTO PARTICUR VRADO NO CARTÓRIO DE NOTAS PREVÊ AGREGAREM TAMBÉM UMA GARAGEM. OFICIAL REGISTRADOR QUE APONTA A AUSÊNCIA DAS GARAGENS NAS MATRÍCUS DOS IMÓVEIS, BEM COMO A VINCUÇÃO DE TODAS AS GARAGENS DO PRÉDIO A OUTRAS UNIDADES AUTÔNOMAS QUE NÃO AQUES APRESENTADAS PARA REGISTRO. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA DA DÚVIDA QUE DEVE SER MANTIDA. REGISTRO PRETENDIDO NESTAS CONDIÇÕES QUE VIO PRINCÍPIOS DO DIREITO REGISTRAL, NA MEDIDA EM QUE NÃO INDIVIDUALIZA A VAGA DE GARAGEM. DISCUSSÃO A RESPEITO DA INCLUSÃO OU NÃO DES NA MATRÍCU DEVE SER TRAVADA EM PROCESSO CONTENCIOSO. DESPROVIMENTO DO RECURSO. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação, Processo nº 0027511-14.2013.8.19.0001, em que é Apelante LUIZ CARLOS PINTO. Acordam os Desembargadores integrantes do Conselho da Magistratura, por unanimidade de votos, NEGAR PROVIMENTO ao recurso. Ж Trata-se de Procedimento de Dúvida suscitada pelo Oficial do 2º Ofício do Registro de Imóveis da cidade do Rio de Janeiro/RJ, que se iniciou a partir de requerimento formulado por Luiz Carlos Pinto, para Conselho da Magistratura - Procedimento de Dúvida - Proc. nº 0027511-14.2013.8.19.0001 Pág. 1

o registro das Escrituras Públicas, lavradas em 24.02.2012, no 21º Ofício de Notas, Livro 3194, fls. 186 e 191, referentes aos imóveis localizados à Rua Jardim Botânico, nº 700, salas 609 e 610, Jardim Botânico, nesta cidade. Em sua inicial (fls. 03-ejud) o Suscitante informa que deixou de registrar os títulos apresentados, por não constar nas matrículas o direito à vaga de garagem vinculado às salas 609 e 610. Destaca, ainda, que na discriminação das vagas de garagem do edifício, assim como na licença concedida pela Prefeitura, o prédio tem 152 vagas de garagem, as quais se encontram vinculadas a outras unidades autônomas da edificação. Inconformado com as exigências formuladas o interessado requereu ao Oficial Registrador (fl.04) que suscitasse o procedimento de dúvida que ora se apresenta. Em sua impugnação (fls. 112-ejud), o Apelante alegou, em síntese, que antes de adquirir as salas acima destacadas, era locatário delas desde 01/06/1990, sempre usando duas vagas de garagem, de acordo com os contratos de locação, sem que ninguém o tivesse interpelado sobre tal uso a partir de então. Acrescenta que, quando adquiriu as duas salas, constou na escritura lavrada em 24/02/2012 que ambas tinham direito a 01 (uma) vaga de garagem. Por sua vez, a vendedora que transferiu para si as salas, as adquiriu da empresa Jardim Botânico Empreendimentos e Participações, a qual não outorgou escritura definitiva, obrigando-a a se socorrer do Judiciário, onde obteve a adjudicação por meio de sentença proferida na 15ª Vara Cível da Comarca da Capital. Promoção do Ministério Público de 1º grau (fl.103) opinando pela improcedência da Dúvida. A sentença (fls.104 e 105) julgou procedente a Dúvida. Irresignado, o Interessado interpôs apelação às fls. 136-ejud. reprisando os argumentos expostos em sua impugnação. Parecer recursal da Promotoria de Justiça às fls. 142-ejud, pugnando pela reforma da sentença. Parecer da Procuradoria de Justiça às fls. fls.150-ejud no sentido do conhecimento e desprovimento do Apelo. Conselho da Magistratura - Procedimento de Dúvida - Proc. nº 0027511-14.2013.8.19.0001 Pág. 2

É o Relatório. Passo ao Voto. O Apelo não merece acolhimento. Como se sabe, o registro imobiliário tem a finalidade precípua de garantir a regular transferência e idoneidade das transações imobiliárias, dando-lhes a devida segurança jurídica. Regem tal registro alguns princípios, dentre eles o da especialidade objetiva. Por este princípio específico qualquer transação imobiliária somente se consuma quando o respectivo título estiver com todas as características do imóvel pormenorizadas, de modo que nenhuma dúvida paire sobre sua individuação. Isso porque é esta individuação que torna o registro reflexo fiel do fato jurídico que o originou. Grife-se, o referido princípio está inserido na Lei dos Registros Públicos (artigos 176 e 225), bem como na Consolidação Normativa da Corregedoria Geral Parte Extrajudicial (artigos 408, 465, 492 e 493). No caso concreto o Apelante apresentou ao Oficial Registrador duas promessas de compra e venda outorgadas por Heloísa Magalhães Duncan, relativas a duas salas comerciais, celebradas ambas em 24/02/2012 no 21º Ofício de Notas (fls. 07-ejud//fls. 76/81 verso). Constou dos respectivos instrumentos que cada sala tinha direito a 01 (uma) vaga de garagem. Por sua vez, a promitente vendedora, Heloísa, recebeu as duas salas em 03/03/1983, quando celebrou promessa de compra e venda com a outorgante, Jardim Botânico Empreendimentos e Participações (escrituras às fls. 07-ejud//fls. 07/22 dos autos), lavrada no 14º Ofício de Notas da Comarca da Capital. Nessas promessas (cláusula 4.1) constou igualmente que cada sala teria direito a uma vaga (s) de garagem, situada (s) no subsolo ou no pavimento de garagem (2º garagem), indistintamente. Cumpre salientar que a 1ª promitente compradora, Heloísa, teve de se socorrer do Judiciário para se tornar titular dos títulos aquisitivos, através de ação de adjudicação compulsória (cópia da sentença às fls. 07- ejud//fls. 65/68). Nestes autos, o magistrado sentenciante julgou Conselho da Magistratura - Procedimento de Dúvida - Proc. nº 0027511-14.2013.8.19.0001 Pág. 3

procedente o pedido e determinou a adjudicação das duas salas e uma vaga na garagem, para cada uma. Note-se, o Apelante já vinha utilizando as duas vagas de garagem em razão de contrato de locação celebrado com a 1ª promitente em 01/06/1990 (cópia dos contratos às fls. 112-ejud//fls. 89/94 dos autos). Descrito em detalhes o cenário factual, passa-se ao exame das razões de mérito que levaram o magistrado de 1º grau a julgar procedente a Dúvida suscitada pelo Oficial Registrador. De logo, afirma-se que a recusa em registrar os títulos apresentados pelo Apelante é legítima, principalmente, à luz do princípio da especialidade objetiva, há pouco aludido. Não se pode olvidar, primeiramente, que nas matrículas imobiliárias das respectivas salas não está consignado o direito à vaga de garagem. Além do que, nas licenças concedidas pelo Município todas as 152 vagas de garagem do prédio estão destinadas a outras unidades autônomas, que não as duas salas em questão. Conclui-se, pois, que se está diante de uma realidade em que a pretensão de propriedade sobre as garagens, pelo menos por enquanto, viola os princípios do direito registral. Sendo assim, o registro aqui pretendido, isto é, incluindo as vagas de garagem, que, aliás, não estão mencionadas nas matrículas, se acolhido, fatalmente causará prejuízo a terceiros, na medida em que, muito provavelmente, encontram-se registradas em nomes alheios, como bem assinalou o magistrado a quo em sua sentença. Deve então o Apelante utilizar-se de procedimento específico na via ordinária, inclusive, com a participação do Condomínio, onde serão definitivamente individualizadas as garagens e passem estas a constar da matrícula do imóvel, ajustando-se assim ao disposto no artigo 227 da Lei nº 6.015/1973, que dispõe: todo imóvel objeto de título a ser registrado deve estar matriculado. Tal imposição legal deve ser interpretada de forma extensiva. In casu, as duas salas têm matrícula. Contudo, se para cada uma delas existe realmente um adendo (garagem), deve também constar da matrícula daquelas para que o título como um todo possa ser registrado. Conselho da Magistratura - Procedimento de Dúvida - Proc. nº 0027511-14.2013.8.19.0001 Pág. 4

Por conseguinte, não merece provimento o Apelo interposto, mantendo-se, consequentemente, a sentença tal como proferida. Ante o exposto, Voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso. Rio de Janeiro, 27 de março de 2014. JACQUELINE LIMA MONTENEGRO Desembargadora Relatora Conselho da Magistratura - Procedimento de Dúvida - Proc. nº 0027511-14.2013.8.19.0001 Pág. 5