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Transcrição:

ACÓRDÃO Registro: 2014.0000798921 Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelação nº 0001086-88.2008.8.26.0563, da Comarca de São Bento do Sapucaí, em que é apelante HERNANI DE JESUS OLIVEIRA, são apelados MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO e S.E.R.R.A SOCIEDADE PRO EDUCAÇAO RESGATE E RECUPERAÇAO AMBIENTAL. ACORDAM, em 1ª Câmara Reservada ao Meio Ambiente do Tribunal de Justiça de, proferir a seguinte decisão: "Deram provimento em parte ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores RUY ALBERTO LEME CAVALHEIRO (Presidente), MOREIRA VIEGAS E DIMAS RUBENS FONSECA., 4 de dezembro de 2014. RUY ALBERTO LEME CAVALHEIRO RELATOR Assinatura Eletrônica

VOTO Nº: 24069 APELAÇÃO nº 0001086-88.2008.8.26.0563 APELANTE: HERNANI DE JESUS OLIVEIRA APELADOS: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO E S.E.R.R.A SOCIEDADE PRO EDUCAÇAO RESGATE E RECUPERAÇAO AMBIENTAL COMARCA: SÃO BENTO DO SAPUCAÍ MAGISTRADO DE PRIMEIRO GRAU: Dr. Fábio Franco de Camargo AÇÃO CIVIL PÚBLICA. Construção irregular na Área de Proteção Ambiental Sapucaí Mirim. A evolução legislativa indica que a área não é mais APP. Entretanto, as restrições persistem em razão de se tratar de Área de Proteção Ambiental e de Zona de Vida Silvestre. Portanto, as construções anteriores à criação da APA são mantidas, em suas extensões e limites originais. Todo o excedente e as demais construções devem ser demolidas e removidas, nos moldes da sentença impugnada. Inaplicável o artigo 13 da Lei nº 9.985/2000, voltado para Unidade de Proteção Integral. Eventual indenização deve ser buscada pelos meios judiciais cabíveis. Dá-se parcial provimento. Trata-se de apelação interposta contra sentença de fls. 488/517 e fls. 525/526 que julgou procedente ação civil pública para condenar o réu à obrigação de demolir as edificações existentes no imóvel, no prazo de 60 dias, sob pena de multa diária de R$ 1.000,00, limitada a 60 dias; a se abster de explorar e ocupar referida área de Zona de Vida Silvestre ou de nela promover ou permitir que se promovam atividades danosas ao meio ambiente; a recompor a vegetação nativa, mediante projeto de recuperação de área degradada, a ser apresentado em 60 (sessenta) dias da data do trânsito em APELAÇÃO Nº 0001086-88.2008.8.26.0563 SÃO BENTO DO SAPUCAÍ VOTO Nº24069 - (RAC) 2/7

julgado; condenar o réu a pagar indenização pelos danos ambientais irreversíveis e ao pagamento de danos morais no importe de R$ 5.000,00. Apela o réu (fls. 530/540) sustentando que a CETESB atestou não incidir APP na propriedade e que, conforme a Lei nº 12.651/2012, somente as APP são consideradas zonas de vida silvestre. Aduz que a propriedade se trata de área rural consolidada e deve ser aplicada a nova legislação, não havendo sentido em demolir a casa do requerido com base em legislação revogada. Assim, requer a improcedência da ação. Subsidiariamente afirma que, consoante a Lei nº 9.985/2000, a área particular pode ser considerada zona de vida silvestre desde que seja compatível com o uso da terra dado pelo proprietário, o que não é o caso dos autos; que o recorrente está sendo proibido de utilizar totalmente sua propriedade sem que tenha havido a desapropriação da área, como prevê o artigo 13 de mencionada Lei. Por tais razões, requer a manutenção na área se esta ainda for considerada zona de vida silvestre, em detrimento da atual legislação ou, ainda, que o Estado de pague a justa indenização prevista na Lei nº 9.985/2000. Foram apresentadas as contrarrazões de apelo (fls. 545/548 e 550/562). A Douta Procuradoria de Justiça manifestou-se pelo parcial provimento do recurso, em termo mais amplo que o impugnado no apelo (fls. 566/574). É O RELATÓRIO. Consta da inicial que Hernani de Jesus Oliveira Gaia é proprietário de um imóvel situado na Estrada São Gotardo, altura do km 05, em Santo Antonio do Pinhal/SP e construiu uma casa, aparentemente abandonada, com 40 m², uma casa de 174 m² onde, aparentemente, a família reside e mais uma casa de 126 m², em ampliação e reforma, todas totalizando 340m² de construção. A interpretação do recorrente, quanto à APELAÇÃO Nº 0001086-88.2008.8.26.0563 SÃO BENTO DO SAPUCAÍ VOTO Nº24069 - (RAC) 3/7

mudança das alegações contidas na inicial, está equivocada. Isso porque claramente consta da exordial que as construções estavam inseridas em Unidade de Conservação/Área de Proteção Ambiental Sapucaí Mirim, conforme firmado pelo Decreto Estadual nº 43.285/98 e, ao mesmo tempo, localizavam-se em área de preservação permanente. A esse respeito, veja-se a folha 5 da inicial. Portanto, leviano afirmar que houve alteração do pleito inicial no decurso do processo. Nos autos existem diversas vistorias e laudos, como segue: 1) A fls. 47/54, vistoria de 18/02/2008 do DEPRN nos quesitos 1 e 4 confirmou-se que as construções estavam inseridas em APP e em Unidade de Conservação de Uso Sustentável (APA Sapucaí Mirim). 2) A fls. 89/92, vistoria de 21/06/2008 do DEPRN concluindo-se que aquilo que estivesse acima da cota de topo de morro 1248 metros é considerado APP. 3) A fls. 105/108, laudo de 06/02/2009 do DEPRN em esclarecimento ao anterior, afirmando que tudo o que está acima de 1218 metros é considerado APP e que a propriedade em questão está numa altitude de 1250 metros, logo, inserida em APP. 4) A fls. 180/182, relatório de GPS de 03/09/2009, realizado por arquiteto urbanista, a pedido do réu Afirmando que as altitudes encontradas foram 1276 e 1291 metros, logo, as construções estariam fora da APP. 5) A fls. 272/319, parecer técnico do CAEX, realizado em 20/09/2011, com vistoria do imóvel em 15/08/2011 com diversas conclusões: o imóvel está integralmente no interior da APA Sapucaí Mirim, as três construções encontram-se em APP e duas delas foram erigidas após a resolução CONAMA 04/85, que regulamentou o artigo 2º da Lei 4.771/65 (fls. 301). 6) A fls. 338/342, parecer técnico do assistente da S.E.R.R.A., realizado em 25/10/2011. 7) A fls. 350/356, esclarecimento técnico do CAEX, realizado em 19/03/2012, corroborando o parecer de fls. 272/319. APELAÇÃO Nº 0001086-88.2008.8.26.0563 SÃO BENTO DO SAPUCAÍ VOTO Nº24069 - (RAC) 4/7

8) A fls. 373/376, vistoria técnica do DEPRN, datada de 08/11/2007. 9) A fls. 385/409, laudo realizado por perito nomeado pelo juiz, datado de 28/10/2012, corroborando que a casa mencionada na ação de usucapião não se encontra no imóvel do requerido; que as construções A e C foram originalmente construídas entre 1989 e 1991 pelo Sr. Claudio Henrique de Oliveira e que a construção B ( casa de madeira ) ocorreu em 2006 ou 2007. A edificação C foi ampliada em 2007. A edificação D foi construída entre 18/02/2008 e 03/09/2009. 10) A fls. 449 a CETESB, por meio de ofício datado de 10/07/2013, afirmou não incidir APP na propriedade, consoante a Lei nº 12.651/2012. Assim, é preciso que fique claro: o local era APP, nos moldes da Lei nº 4.771/65. O Decreto Estadual nº 43.285/98 transformou o local em Área de Preservação Ambiental e, ainda, Zona de Vida Silvestre pois, no momento da instituição da APA, a área sub judice era APP. Conforme o Novo Código Florestal, não mais existe APP (fls. 449). Por isso, não é pertinente manter a proibição de construir ou a análise dos pedidos com enfoque exclusivo no Código Florestal, já que não mais se trata de APP. Portanto, superados os pleitos baseados na aplicação da Lei nº 12.651/2012, Ressalto que a condição acima posta não afasta o Decreto Estadual nº 43.285/98, que instituiu a Área de Preservação Ambiental Sapucaí Mirim. O local, desde 1998 é área de preservação ambiental, sendo que a Zona de Vida Silvestre continua existindo. Ou seja, a restrição de construção permanece em razão do Decreto Estadual. Nesse contexto, pertinente considerar quais construções foram anteriores e quais foram posteriores à criação da APA e, para tal fim, adoto o laudo de fls. 385/409, por ter sido elaborado justamente para espancar qualquer dúvida quanto às datas em que as construções foram realizadas. Ademais, as partes concordaram com as conclusões de mencionado laudo (fls. APELAÇÃO Nº 0001086-88.2008.8.26.0563 SÃO BENTO DO SAPUCAÍ VOTO Nº24069 - (RAC) 5/7

416, 420 e 423/424). Nos termos de tal perícia (fls. 385/409), as construções foram classificadas em A, B, C e D, sendo que as edificações A e a C foram construídas originalmente entre 1989 e 1991, ou seja, antes da criação da Área de Proteção Ambiental. Logo, devem ser mantidas, mas em suas metragens originais. Esclareço que, originalmente, a edificação A tinha aproximadamente 13m² (fls. 409) e a construção C, aproximadamente 60 m² (fls. 408), somente com o pavimento térreo. Ou seja, as ampliações de tais construções devem ser demolidas, autorizada a manutenção apenas de edificações nos moldes originais já descritos. Quanto ao pleito do recorrente, de aplicação do artigo 13 da Lei nº 9.985/2000, é totalmente descabido. Isso porque o Refúgio de Vida Silvestre integra Unidade de Proteção Integral, enquanto que a Área de Proteção Ambiental integra Unidade de Conservação de Uso Sustentável. Ou seja, a Zona de Vida Silvestre prevista no Decreto Estadual é instituto distinto do Refúgio de Vida Silvestre invocado pelo recorrente. Por fim, se o apelante entende ser cabível indenização, deve buscar os meios judiciais cabíveis para este fim. Em suma, o provimento parcial do apelo é para manter as construções A e C, mencionadas no laudo de fls. 385/409, em suas extensões originais (respectivamente 13m² e 60m²), ressalvando-se que a construção C constituía-se somente de pavimento térreo, devendo ser demolido todo o excedente oriundo de reforma, ampliação ou modificação dessas construções, inclusive o pavimento superior. Assevero que a demolição acima determinada, bem como das demais construções ( B e D do laudo de fls. 385/409), deve se dar na forma e no prazo descrito no item a da sentença impugnada. Neste ponto, em que pese a manifestação da PGJ opinando pela dilação de prazo, vejo que não é preciso tal dilação, posto que a obrigação somente será exigível após trânsito em julgado, logo, haverá decurso de lapso APELAÇÃO Nº 0001086-88.2008.8.26.0563 SÃO BENTO DO SAPUCAÍ VOTO Nº24069 - (RAC) 6/7

temporal mais que suficiente para que o requerido se prepare para o cumprimento da obrigação. Ademais, o recorrente, que é o maior interessado, não impugnou os prazos concedidos, tampouco à condenação ao pagamento de indenização por danos morais, motivo pelo qual tais pontos se tornaram incontroversos e, não verificada qualquer ilegalidade na decisão, são mantidos. Nesses termos, mantém-se a sentença, com a ressalva de manutenção parcial de algumas construções. ao apelo. Ante o exposto, DÁ-SE PARCIAL PROVIMENTO RUY ALBERTO LEME CAVALHEIRO Relator APELAÇÃO Nº 0001086-88.2008.8.26.0563 SÃO BENTO DO SAPUCAÍ VOTO Nº24069 - (RAC) 7/7