OAFB Nº 70024428724 2008/CÍVEL



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Transcrição:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO ORDINÁRIA. BRASIL TELECOM S.A. CONTRATO DE PARTICIPAÇÃO FINANCEIRA. AQUISIÇÃO DE LINHA TELEFÔNICA. PEDIDO DE SUBSCRIÇÃO DE AÇÕES DA ANTIGA CRT. PRELIMINARES DE NULIDADE DA SENTENÇA, POR AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO, DE IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO, DE ILEGITIMIDADE PASSIVA, DE ILEGITIMIDADE PASSIVA COM RELAÇÃO ÀS AÇÕES DA CELULAR CRT E DE PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PRINCIPAL E DOS DIVIDENDOS. CASO CONCRETO. O contratante tem direito a receber a quantidade de ações correspondente ao valor patrimonial na data da integralização, entretanto, tal valor deve ser apurado no mês do investimento, mediante demonstração dos balancetes mensais da companhia e, caso parcelado o investimento, deve ser considerada a data do pagamento da primeira parcela. Precedentes do Egrégio STJ. DOBRA ACIONÁRIA. A mesma quantidade de ações a serem subscritas pela Brasil Telecom deverá ser emitida e subscrita, em nome da Celular CRT. CONVERSÃO DA OBRIGAÇÃO EM PERDAS E DANOS NO CASO DE IMPOSSBILIDADE DA SUBSCRIÇÃO. CRITÉRIO DE APURAÇÃO DA INDENIZAÇÃO. Quanto às ações da Brasil Telecom, deve ser utilizado o valor da cotação da ação no fechamento do pregão da Bovespa no dia útil anterior à data do efetivo pagamento. Em relação às ações da Celular CRT, o valor patrimonial atribuído à ação na primeira Assembléia-Geral realizada após a sua constituição (janeiro de 1999), com correção monetária a partir dessa data e juros legais a contar da citação. PAGAMENTO DE DIVIDENDOS. CASO CONCRETO. MATÉRIA DE FATO. Reconhecido o direito à complementação de ações, responde a ré pelo pagamento dos dividendos correspondentes às ações subscritas a menor. Precedentes. SUCUMBÊNCIA. Com o provimento parcial do apelo, devem ser invertidos os ônus da sucumbência. REJEITADAS AS PRELIMINARES, DERAM PROVIMENTO, EM PARTE, AO APELO. UNÂNIME. APELAÇÃO CÍVEL DÉCIMA QUINTA CÂMARA CÍVEL 1

COMARCA DE PORTO ALEGRE MARGOT ZANETE ELIAS GOMES BRASIL TELECOM S/A APELANTE APELADO A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos os autos. Acordam os Desembargadores integrantes da Décima Quinta Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, rejeitar as preliminares e dar provimento, em parte, ao apelo. Custas na forma da lei. Participaram do julgamento, além do signatário (Presidente), os eminentes Senhores DES. ANGELO MARANINCHI GIANNAKOS E DES. PAULO ROBERTO FÉLIX. Porto Alegre, 22 de outubro de 2008. DES. OTÁVIO AUGUSTO DE FREITAS BARCELLOS, Relator. R E L A T Ó R I O DES. OTÁVIO AUGUSTO DE FREITAS BARCELLOS (RELATOR). Trata-se de APELAÇÃO CÍVEL interposta por MARGOT ZANETE ELIAS GOMES, por inconformada com sentença que, nos autos da Ação de Complementação da Integralização de Ações que move contra BRASIL TELECOM S.A., julgou improcedentes os pedidos e condenou o autor ao pagamento das custas processuais e de honorários advocatícios, fixados em R$ 1.000,00, suspensa a exigibilidade nos termos do art. 12 da Lei nº 1.060/50. 2

Em suas razões, pugnou o apelante pela reforma da sentença, suscitando em preliminar a nulidade da sentença por ausência de fundamentação. No mérito, reeditou seus argumentos no sentido do descumprimento contratual por parte da requerida, pois tomou conhecimento que houve a subscrição de poucas ações em seu favor, quando deveriam ter-lhe subscrito um número muito maior de ações. Tal subscrição de ações foi realizada de forma irregular, eivada de vícios e erros, lesando substancialmente o seu direito. Posto isto, requereu o provimento do recurso, impondo-se a inversão dos ônus da sucumbência. Ausente o preparo, por litigar o apelante sob o pálio da Assistência Judiciária Gratuita, e com contra-razões, oportunidade em que a apelada argüiu preliminares de impossibilidade jurídica do pedido, de ilegitimidade passiva, de ilegitimidade passiva com relação às ações da Celular CRT e de prescrição. No mérito, rogou pelo desprovimento do apelo. Após, subiram os autos conclusos para julgamento. Registro, finalmente, que foram rigorosamente observadas as formalidades constantes dos arts. 549, 551, 2º, e 552 do CPC. É o relatório. V O T O S DES. OTÁVIO AUGUSTO DE FREITAS BARCELLOS (RELATOR) Inicialmente, impõe-se o exame das prefaciais levantadas pelas partes. Ao que entendo, a decisão ora recorrida, embora tenha sido sucinta, foi devidamente fundamentada pelo MM. Julgador a quo. É pacífico nesta Câmara o entendimento de que a decisão sucinta, mas suficiente, não importa ausência de fundamentação, mormente se a motivação emerge das circunstâncias descritas nos autos. 3

Ademais, há muito, as Cortes Superiores abandonaram a tese da necessidade do prequestionamento numérico, no sentido da necessidade da referência expressa ao dispositivo legal que embasa a decisão. Bastam os argumentos, sejam, os fundamentos de fato e de direito, e nada mais. Rejeito, portanto, a preliminar. Na situação dos autos, não há cogitar da impossibilidade jurídica do pedido deduzido na petição inicial. O pedido deduzido pela parte autora é, sem dúvida alguma, juridicamente possível. Impõe-se não confundir a impossibilidade jurídica do pedido com o mérito da causa. Em tese, nada impede à parte demandante postular em juízo a subscrição da diferença de ações que entende devida, pois não há qualquer obstáculo no ordenamento jurídico que impeça a requerida a complementar o pagamento. O direito ou não à subscrição pretendida é questão a ser julgada no momento processual oportuno. Rejeito, assim, a preliminar. Da mesma forma, não merece acolhimento a preliminar de ilegitimidade passiva, uma vez que os Contratos de Participação Financeira foram celebrados entre a parte autora e a CRT, discutindo-se nos presentes autos o efetivo cumprimento por parte da Companhia contratante de cláusulas contratuais. Também não prospera a preliminar de ilegitimidade passiva da ré quanto às ações da Celular CRT Participações S/A, pois dispõe o Protocolo e Justificação de Cisão Parcial da CRT com a Constituição da Celular CRT Participações S/A, ao tratar da sucessão: VI. SUCESSÃO 6.1 Para todos os efeitos, as obrigações de qualquer natureza, inclusive, mas sem limitação, as de natureza trabalhista, previdenciária, civil, tributária, ambiental e comercial, referentes a atos praticados ou fatos geradores ocorridos até a data da efetivação da cisão 4

parcial, inclusive, permanecerão de responsabilidade exclusiva da CRT, com exceção das contingências passivas cujas previsões tenham sido expressamente consignadas nos documentos anexos à presente Justificação e ao laudo de avaliação, hipótese em que, caso incorridas, as perdas respectivas serão incorporadas pelas empresas cindida e resultante da cisão, na proporção da contingência a elas alocada. Com efeito, tal Protocolo mantém a responsabilidade da CRT em relação aos atos praticados antes da cisão e constituição da nova empresa, excluindo a responsabilidade da Celular CRT Participações S/A. Já se decidiu: AÇÃO ORDINÁRIA. CRT. CONTRATO DE PARTICIPAÇÃO FINANCEIRA. SUBSCRIÇÃO DE AÇÕES. ILEGITIMIDADE PASSIVA DA CELULAR CRT. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DA VERBA HONORÁRIA. Agravo improvido. Suspensão do pagamento dos honorários advocatícios, de ofício (AI 70001606458, Rel. Des. Manuel Martinez Lucas, 15ª Câmara Cível, TJRS, j. em 29.11.2000). E no corpo desse v. acórdão lê-se: A constituição da Celular CRT Participações S/A somente ocorreu em janeiro de 1999, em face da cisão da CRT. A autora, na inicial, pretende a complementação de ações referentes a contrato de participação financeira celebrado com a CRT em 1990. Ora, tal protocolo exclui expressamente a Celular CRT de qualquer responsabilidade pelos atos praticados antes de sua constituição, o que derruba a tese da agravante de que há litisconsórcio necessário entre esta e a CRT. Assim sendo, somente a Companhia Riograndense de Telecomunicações tem legitimidade para figurar no pólo passivo da ação ordinária ajuizada pela agravante, eis que somente ela permanece responsável por contratos entabulados antes de janeiro de 1999, como é o caso dos autos. 5

Também: PROCESSUAL CIVIL. CRT. FORMAÇÃO DO CAPITAL. ALIENAÇÃO DA TOTALIDADE DAS AÇÕES. CONDIÇÃO DA AÇÃO. ILEGITIMIDADE ATIVA DO ALIENANTE. CELULAR CRT PARTICIPAÇÕES. ILEGITIMIDADE PASSIVA. (...). A Celular CRT Participações S/A é parte ilegítima para residir no pólo passivo da demanda, porque sua criação operou-se em janeiro de 1999, em virtude da cisão da empresa concessionária dos serviços de telefonia. Carência de ação demonstrada em face do contrato de participação financeira ter sido firmado em 1990, em período anterior à existência da empresa fornecedora de telefonia celular. Processo extinto sem julgamento do mérito em relação à CRT, e improvido em relação à Celular CRT Participações S/A (AC 70001478031, Rel. Des. Paulo Antônio Kretzmann, 10ª Câmara Cível, TJRS, j. em 19.04.2001). Ainda: CRT. Contrato de participação financeira. Ação de cobrança visando complementação de participação acionária. Preliminares de ilegitimidade ativa e ilegitimidade passiva da Celular CRT Participações S.A. Acolhimento. Apelo improvido (AC 70001356476, Rel. Des. Bayard Ney de Freitas Barcellos, 11ª Câmara Cível, TJRS, j. em 13.12.2000). Denota-se, pois, que a CRT há de responder pelas conseqüências e o alcance do negócio jurídico realizado inclusive quanto às ações da Celular CRT Participações S/A, tendo em vista os termos da cisão efetuada. Com relação à alegação de prescrição, igualmente não prospera a tese defensiva. No caso concreto, não incide a regra prevista no artigo 287, II, g, da Lei 6.404/76, com a redação dada pela Lei 10.303/01, que reza que a ação movida pelo acionista contra a companhia, qualquer que seja o seu fundamento prescreve em três anos. 6

Na espécie, não estão sendo questionadas as decisões tomadas em Assembléia nem se pretende a anulação destas, mas sim o perfeito adimplemento de obrigações nascidas de contrato de adesão. Logo, a prescrição é vintenária, nos termos do art. 177 do CCB e da Súmula nº 39 do STJ. Ao que entendo, também inaplicável à espécie o disposto no art. 206, 3, inciso V, do Novo Código Civil, consoante entendimento pacificado pelo colendo Superior Tribunal de Justiça, que assevera a incidência do prazo geral de vinte (art. 177 do Código Civil de 1916) e dez (art. 205 do Novo Código Civil de 2002) anos, tendo em vista a natureza pessoal da pretensão. Destarte, para o caso de incidir na espécie o lapso prescricional de 10 (dez) anos, não há falar em prescrição, visto que o dies a quo do prazo no caso de aplicação das regras do Novo Código Civil seria a data de entrada em vigor do novo diploma, seja, 11.01.2003, nos termos do entendimento sedimentado pelo egrégio STJ (REsp 813.293/Jorge Scartezzini e REsp 822914/Humberto Gomes de Barros). Quanto à alegação de prescrição ao recebimento de dividendos, tenho que inexiste a prescrição argüida, considerando que o prazo prescricional dos dividendos, estes de natureza acessória à obrigação principal complementação de ações, começa a fluir tão-somente a partir da decisão que reconhece o direito à complementação acionária controvertida. Nesse sentido, registro o seguinte precedente exarado por esta Câmara: EMBARGOS DECLARATÓRIOS. SUBSCRIÇÃO DE AÇÕES. PRESCRIÇÃO. DIFERENÇA. DIVIDENDOS. INDENIZAÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. INÍCIO DA CONTAGEM DO PRAZO. A contagem do prazo prescricional relativa aos dividendos apenas passará a fluir da data do trânsito em julgado da decisão que reconhecer a existência da diferença 7

acionária ao acionista, à medida que eventual pretensão executória surgirá com a imutabilidade dessa decisão. Portanto, in casu, não há falar prescrição. AUSÊNCIA DE OMISSÃO, OBSCURIDADE E CONTRADIÇÃO. REDISCUSSÃO DA MATÉRIA JÁ APRECIADA EM SEDE DE APELAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. Com efeito, a irresignação da parte embargante cingese quanto ao resultado do julgamento do recurso de apelação, demonstrando intenção de rediscutir o tema já apreciado no julgado, o que, diga-se, é inviável via embargos declaratórios. PREQUESTIONAMENTO. INTERPOSIÇÃO DE RECURSOS EXCEPCIONAIS. NÃO CONFIGURAÇÃO DAS HIPOTESES PREVISTAS NO ARTIGO 535, DO CPC. EMBARGOS DECLARATÓRIOS DESACOLHIDOS. (Embargos de Declaração Nº 70018759878, Décima Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Angelo Maraninchi Giannakos, Julgado em 11/04/2007). Afastadas as preliminares, passo ao exame do mérito recursal. A matéria em apreço tem sido objeto de constante discussão por esta Câmara. Em que pese já se tenha decidido de maneira diversa neste Órgão Fracionário, tendo em vista o atual posicionamento do Colendo Superior Tribunal de Justiça a respeito do tema e, como mencionado pelo eminente Des. Ricardo Raupp Ruschel nos autos da Apelação Cível nº 70008469470, em respeito à supremacia da Superior Instância de jurisdição, preeminência outorgada pela própria carta constitucional e construída ao longo de toda a história institucional brasileira, e visando igualmente à uniformidade do Poder Judiciário no trato de questões análogas, o entendimento deste Relator há que se curvar e trilhar os mesmos passos das decisões Superiores aludidas, ainda que ressalvada a convicção pessoal. A fim de evitar repetição desnecessária, limito-me a reproduzir os argumentos utilizados pelo ilustre Ministro Hélio Quaglia Barbosa, quando do julgamento do Recurso Especial nº 975.834/RS, julgado pela Segunda 8

Seção e publicado em 26.11.2007, aos quais me reporto, na parte que interessa, destacando que o julgado manteve o entendimento no sentido de que o contratante tem direito a receber a quantidade de ações correspondente ao valor patrimonial na data da integralização, entretanto, tal valor deve ser apurado no mês do investimento, mediante demonstração dos balancetes mensais da companhia e, caso parcelado o investimento, deve ser considerada a data do pagamento da primeira parcela, in verbis: Extrai-se, com efeito, da lição de Fábio Ulhoa Coelho: Podem-se considerar duas modalidades de valor patrimonial: o contábil e o real. Nas duas, o divisor é o número de ações emitidas pela companhia, variando o dividendo. O valor patrimonial contábil tem por dividendo o patrimônio líquido constante das demonstrações financeiras ordinárias ou especiais da sociedade anônima, em que os bens são apropriados por seu valor de entrada (custo de aquisição). O instrumento que, especificamente, contém a informação é o balanço. O valor patrimonial contábil pode ser de duas subespécies: histórico ou atual. É histórico, quando apurado a partir do balanço ordinário, levantado no término do exercício social; atual (ou a data presente), quando calculado com base em balanço especial, levantado durante o exercício social. (Curso de Direito Comercial. Saraiva: São Paulo- SP. vol2. 2006. pg 85). O valor patrimonial real, por outro lado, busca a reavaliação dos bens que compõem o patrimônio (não a utilização do critério do valor de entrada do bem, mas a apuração do valor real e atual de cada bem) da sociedade e a nova verificação dos lançamentos, para formulação de balanço de determinação, utilizado, por exemplo, nos casos de reembolso do dissidente. Na espécie presente, não há falar em valor patrimonial real, principalmente em razão das dificuldades de ordem prática para 9

se reavaliarem os bens da companhia, de acordo com valores da época, bem como na sua utilização em situações excepcionais, tanto que limitada ao fato que lhe deu origem. Razoável, pois, a utilização do valor patrimonial mensal, apurado mediante informações já consolidadas pela própria CRT, na época, mediante utilização do critério contábil, a partir de seus balancetes mensais. Será factível, dessa forma, chegar ao equilíbrio contratual, tanto a bem do consumidor, que tem direito ao valor patrimonial da data da integralização, quanto a bem da companhia, que fixou tal valor em assembléia ordinária e não promoveu sua readequação, de acordo com a evolução do patrimônio líquido da sociedade e a quantidade de ações, no decorrer do exercício financeiro, além de preservar-se o critério utilizado pelas partes, na formação do negócio jurídico, isto é, o do valor patrimonial. Ademais, tal solução há de se compatibilizar com o entendimento firme desta Seção, já referido, ao proclamar que o contratante tem direito a receber a quantidade de ações correspondente ao valor patrimonial na data da integralização (Recurso Especial nº 470.443 RS, relator Ministro Carlos Alberto Menezes Direito, em 13.08.2003); esse valor deve ser apurado no mês da integralização, o que não colide com a meta do precedente. Por fim, preservar-se-ia também o entendimento da Seção, no sentido de inviável, nesses casos, a adoção da correção monetária como fator de atualização do valor patrimonial da ação. Nem se diga que tal prática possa gerar risco efetivo de manipulação de dados ou de suspeita da maquiagem dos balancetes mensais, porque naquilo que interessa aos litígios da espécie, originários de exercícios já longínquos, nem mesmo se poderia cogitar 10

dos efeitos reflexos, que elementos peculiares neles retratados teriam, no futuro, o condão de produzir. Afora isso, não se há de perder de vista que a então Companhia Riograndense de Telecomunicações (CRT), sucedida pela recorrente, fazia parte da administração pública indireta, sujeitando-se, bem por isso, a ter seus balanços e balancetes submetidos ao controle de órgãos fiscalizadores, dentre a CVM - Comissão de Valores Mobiliários, o TCE - Tribunal de Contas do Rio Grande do Sul, com participação do Ministério Público ali oficiante, a CAGE - Controladoria e Auditoria Geral do Estado, a auditoria externa e o seu próprio conselho fiscal. 10. A data da integralização, nas avenças como a dos autos, é considerada aquela relativa ao pagamento do valor contratado, no que difere da data da contratação, ou seja, do acordo de vontades com a assinatura do termo escrito, embora possam ser coincidentes; nos casos em que o valor tenha sido pago em parcelas sucessivas, perante a própria companhia telefônica, considera-se data da integralização, para o fim de apurar a quantidade de ações a que terá direito o consumidor, a data do pagamento da primeira parcela. No mesmo sentido, as seguintes Decisões Monocráticas, também do Egrégio Superior Tribunal de Justiça: (...). Em relação ao mérito, nesse mesmo julgamento foi decidido que em contrato de participação financeira, firmado entre a Brasil Telecom S/A e o adquirente de linha telefônica, este tem direito a receber a quantidade de ações correspondente ao valor patrimonial na data da integralização, sob pena de sofrer severo prejuízo, não podendo ficar ao alvedrio da empresa ou de ato normativo de natureza administrativa, o critério para tal, em detrimento do valor efetivamente 11

integralizado. Firmada a data da integralização, cabe fixar qual o valor patrimonial da ação correspondente, a ser considerado para fins de cálculo. E este, consoante a decisão da Colenda 2ª Seção no REsp n. 975.834/RS, Rel. Min. Hélio Quaglia Barbosa, julgado por unanimidade, em 24.10.2007, será aquele baseado no valor patrimonial da ação apurado de acordo com o balancete do mês do primeiro ou único pagamento. (Ag 972436-RS, Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, DJ 30.11.2007). AGRAVO DE INSTRUMENTO. BRASIL TELECOM. SUBSCRIÇÃO DE AÇÕES. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. PRELIMINAR DE AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO REJEITADA. PRESCRIÇÃO TRIENAL. INOCORRÊNCIA. VALOR PATRIMONIAL DA AÇÃO. MÊS DA INTEGRALIZAÇÃO. BALANCETE MENSAL. CORREÇÃO MONETÁRIA AFASTADA. AGRAVO CONHECIDO. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO EM PARTE E, NESTA EXTENSÃO, PARCIALMENTE PROVIDO. (...). 6. Quanto ao valor patrimonial da ação, a Segunda Seção, à unanimidade, revisou o posicionamento anterior, para estabelecer que o valor deverá ser fixado com base em balancete mensal, como forma de alcançar o equilíbrio contratual. (Resp 975.834/RS). (...). (Ag 971883-RS, Ministro HÉLIO QUAGLIA BARBOSA, DJ 30.11.2007). (...). Em 24.10.2007, a 2ª Seção decidiu que o valor patrimonial das ações definido no balancete do mês da integralização é o parâmetro correto para calcular a quantidade de ações da companhia que deveriam ter sido subscritas ao adquirente de linha telefônica. Decidiu-se, ainda, que se a integralização ocorreu em parcelas sucessivas, o balancete a ser considerado é aquele relativo ao mês de pagamento da primeira parcela (REsp 975.834/QUAGLIA). (...). (Ag 962158-RS, Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS DJ 30.11.2007). No caso concreto, conforme o Relatório de Informações Cadastrais de fl. 15, a parte autora firmou contrato de participação financeira 12

com a requerida em 20.02.1991; as ações foram subscritas em nome do acionista em 30.06.1993. A Portaria nº 1.361, de 15.12.1976, foi alterada pelas Portarias nº 881 e 104, ambas de 07.11.1990, e 86, de 17.07.1991, todas do Ministério das Comunicações. As alterações apenas instituíram a correção monetária do valor integralizado, não se podendo confundir esta modificação da norma administrativa com o direito de o acionista ter suas ações subscritas com base no valor da ação no mês da integralização. Mister esclarecer que se tratam de contratos típicos de adesão, sobre os quais incidem as normas do Código de Defesa do Consumidor, devendo-se proceder à interpretação mais favorável ao investidor/consumidor. Além disso, tese fundamental à procedência da ação, diz com o princípio geral da boa-fé objetiva dos contratos, fundada na premissa de que as partes envolvidas na relação jurídica devem agir com transparência em relação às obrigações assumidas. Portanto, consoante o entendimento do Colendo Superior Tribunal de Justiça, o cálculo dos títulos a serem complementados deve utilizar o valor integralizado, dividindo-o pelo valor patrimonial da ação apurado no balancete do mês do investimento, diminuindo-se do resultado, por óbvio, o número de ações já subscritas. Havendo ações a serem complementadas, a subscrição deve ser feita com ações da mesma espécie daquelas que já foram entregues. Ademais, a mesma quantidade de ações a serem subscritas pela Brasil Telecom à parte autora deverá ser emitida e subscrita, em nome da Celular CRT, em razão da chamada dobra acionária. Refiro, ainda, que, em dezembro de 2000, houve a incorporação da CRT pela Brasil Telecom, sendo determinado na Assembléia Geral Extraordinária, que cada ação emitida pela CRT deveria 13

corresponder a 48,56495196 ações da atual Brasil Telecom, devendo ser feito esta conversão ao estabelecer-se a quantidade de ações a serem complementadas. Em caso de impossibilidade de a Brasil Telecom S/A subscrever as ações, faculta-se a conversão da obrigação de fazer em perdas e danos, consoante o disposto no art. 461, 1º, do CPC. Para tanto, ponderando que o ressarcimento deve ser o mais justo possível, o critério de conversão deve considerar, quanto às ações da Brasil Telecom, o valor da cotação da ação no fechamento do pregão da Bovespa no dia útil imediatamente anterior à data do efetivo pagamento. Em relação às ações da Celular CRT, deve ser utilizado o valor patrimonial atribuído à ação na primeira Assembléia-Geral realizada após a sua constituição (janeiro de 1999), valor que será corrigido monetariamente pelo IGP-M a partir daquela data até o efetivo pagamento, acrescido de juros moratórios de 1% ao mês, a partir da citação. No que se refere ao pagamento dos dividendos, conforme já decidiu esta Egrégia Décima Quinta Câmara Cível, quando do julgamento da Apelação Cível nº 70008681900, tendo como Relator o ilustre Desembargador Vicente Barrôco de Vasconcellos, reconhecendo-se a possibilidade de a autora ter recebido número de ações inferior ao que teria direito, por óbvio que a mesma também possui o direito de receber os dividendos relativos a tais ações, no período compreendido entre a data da integralização até a correta subscrição. Nesse sentido: APELAÇÃO CÍVEL. BRASIL TELECOM. COMPLEMENTAÇÃO DE AÇÕES. CONTRATO DE PARTICIPAÇÃO FINANCEIRA E DIREITO DE USO DE TERMINAL TELEFÔNICO. (...). Dividendos. Adequada a condenação da demandada ao pagamento dos dividendos relativos às ações a 14

serem indenizadas, diante do acolhimento da pretensão quanto à complementação acionária. Rejeitaram a preliminar, afastaram a prescrição e deram parcial provimento ao recurso. Unânime. (Apelação Cível Nº 70023052673, Décima Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Cláudio Augusto Rosa Lopes Nunes, Julgado em 13/03/2008) APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PRIVADO NÃO ESPECIFICADO. SUBSCRIÇÃO DE AÇÕES. CRT. CELULAR CRT PARTICIPAÇÕES S/A. DIVIDENDOS. CONTRATO DE 1990. (...). Não incide ainda a prescrição dos dividendos do art. 206, 3º, III do novo Código Civil, pois se constituem em prestação acessória, decorrentes das ações só agora concedidas. (...). Considerando o acolhimento do pedido de complementação acionária, adequada a condenação ao pagamento dos rendimentos que as ações teriam produzido, na forma adotada pela companhia, com a correspondente atualização monetária. (...). REJEITADAS AS PRELIMINARES, APELO NÃO PROVIDO. (Apelação Cível Nº 70022912174, Décima Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Cláudio Baldino Maciel, Julgado em 13/03/2008) AÇÃO DE COBRANÇA. PRELIMINAR DE OFENSA À COISA JULGADA REJEITADA. CONTRATO DE PARTICIPAÇÃO FINANCEIRA. CRT. PAGAMENTO DE DIVIDENDOS. CASO CONCRETO. MATÉRIA DE FATO. Tendo sido reconhecida a complementação das ações em outra demanda, responde a ré pelo pagamento dos dividendos correspondentes às ações subscritas a menor. Precedentes. AFASTADA A PRELIMINAR, DERAM PROVIMENTO AO APELO. UNÂNIME. (Apelação Cível Nº 70016991887, Décima Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Otávio Augusto de Freitas Barcellos, Julgado em 08/11/2006). Destarte, uma vez reconhecido o direito à complementação de ações, inquestionável que eventual lucro líquido obtido no período deve ser distribuído aos acionistas, com correção monetária pelo IGPM, a partir da 15

interposição da ação (ex vi do exposto pelo 2º do art. 1º da Lei nº 6.899/81), e juros legais de 1% ao mês, a contar da citação. SUCUMBÊNCIA. Considerando o resultado da demanda, impõe-se condenar a parte demandada, fulcro no parágrafo único do art. 21 do CPC, ao pagamento da integralidade das custas processuais e dos honorários sucumbenciais que vão invertidos. Por tais razões, rejeitadas as preliminares, dou provimento, em parte, ao recurso para julgar parcialmente procedentes os pedidos e declarar o direito à complementação das ações da CRT/Brasil Telecom S.A., inclusive com a emissão das ações relativas à Celular CRT Participações S.A., a ser apurado em liquidação de sentença, tendo como parâmetro o valor patrimonial apurado no mês da respectiva integralização, com base no balancete mensal a ele correspondente, bem como o direito ao pagamento dos rendimentos que o respectivo número de ações (complemento), tanto da CRT quanto da Celular CRT, teriam produzido ao longo do período; no caso de indenização, quanto às ações da Brasil Telecom, deve ser considerado o valor da cotação da ação no fechamento do pregão da Bovespa no dia útil imediatamente anterior à data do efetivo pagamento, e em relação às ações da Celular CRT, deve ser utilizado o valor patrimonial atribuído à ação na primeira Assembléia-Geral realizada após a sua constituição (janeiro de 1999), corrigido monetariamente pelo IGP-M a partir daquela data até o efetivo pagamento, acrescido de juros moratórios de 1% ao mês, a partir da citação. Ainda, inverter os ônus da sucumbência na forma supra. É o voto. DES. ANGELO MARANINCHI GIANNAKOS (REVISOR) - De acordo. DES. PAULO ROBERTO FÉLIX - De acordo. 16

DES. OTÁVIO AUGUSTO DE FREITAS BARCELLOS - Presidente - Apelação Cível nº 70024428724, Comarca de Porto Alegre: "REJEITARAM AS PRELIMINARES E DERAM PROVIMENTO, EM PARTE, AO APELO. UNÂNIME." Julgador(a) de 1º Grau: HERACLITO JOSE DE OLIVEIRA BRITO. ef AÇÃO ORDINÁRIA DE COBRANÇA. CONTRATO DE PARTICIPAÇÃO FINANCEIRA. COMPLEMENTAÇÃO DE AÇÕES. CISÃO DA CRT. I PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE PASSIVA AFASTADA. PRELIMINARES DE MÉRITO II PRESCRIÇÃO sob a ótica da Lei n.10.303/2001, que acrescentou a letra g ao inc. II do art. 287 da Lei n. 6.404/76, não acolhida, nos termos do julgamento do Incidente de Uniformização de Jurisprudência n. 70013792072, 5ª Turma deste Tribunal de Justiça, sessão de 31/março/2006. III PRESCRIÇÃO VINTENÁRIA AFASTADA. Inaplicável ao caso o art. 206, 3º, IV e V do Código Civil, pois o objeto da lide é a subscrição acionária, que não tem natureza de reparação civil. Ação pessoal. Prazo decenal, conforme art. 205 do Código Civil. Termo a quo da prescrição coincidente com a vigência do novo Código Civil. IV PRESCRIÇÃO DOS DIVIDENDOS. Descabe a prescrição dos dividendos, que são conseqüência direta do reconhecimento do direito à subscrição das ações, o que se deu no acórdão. V DO MÉRITO SUBSCRIÇÃO DE AÇÕES. Na melhor interpretação do contrato de adesão há de ser favorável ao aderente cláusula que refere a subscrição das ações, observado o valor da ação no momento da integralização do capital. Entendimento consolidado no colendo STJ. Precedentes. 17

CISÃO DA CRT. DOBRA ACIONÁRIA. Pretensão de complementação de ações junto à telefonia móvel decorrente (1) do reconhecimento de um número maior de ações na telefonia fixa após a cisão das empresas, acolhido o pedido de subscrição de ações e (2) do que estabelecido na Assembléia Geral nº 115, que atribui aos acionistas da sociedade cindida a mesma quantidade de ações da CELULAR CRT Participações S/A. DIVIDENDOS. Os dividendos são conseqüência do reconhecimento da subscrição das ações. CONVERSÃO DA SUBSCRIÇÃO EM INDENIZAÇÃO. Há pedido alternativo de indenização (fl. 11). No caso de conversão da subscrição em indenização da telefonia móvel (Celular), deve ser utilizado o número de ações devidas e o valor das ações na Bolsa de Valores na data da última cotação da empresa demandada. Quanto à telefonia fixa, deve ser o valor da cotação na data do efetivo pagamento. Sucumbência redimensionada. PRELIMINARES AFASTADAS. DERAM PROVIMENTO AO RECURSO. UNÂNIME. APELAÇÃO CÍVEL DÉCIMA SEXTA CÂMARA CÍVEL Nº 70022700926 COMARCA DE PORTO ALEGRE ALESSANDRA GARCIA BRASIL TELECOM S/A APELANTE APELADO A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos os autos. Acordam os Desembargadores integrantes da Décima Sexta Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em afastar as preliminares e dar provimento ao recurso. Custas na forma da lei. 18

Participaram do julgamento, além da signatária (Presidente), os eminentes Senhores DES.ª ANA MARIA NEDEL SCALZILLI E DES. ERGIO ROQUE MENINE. Porto Alegre, 02 de abril de 2008. DES.ª HELENA RUPPENTHAL CUNHA, Relatora. R E L A T Ó R I O DES.ª HELENA RUPPENTHAL CUNHA (RELATORA) Trata-se de ação de complementação da integralização de ações ajuizada por ALESSANDRA GARCIA contra BRASIL TELECOM S/A, pleiteando a complementação da subscrição das ações da Brasil Telecom, além das ações da Celular CRT Participações, bem como dividendos correspondentes, decorrentes de contrato de participação financeira firmado entre as partes. Postula, também, perceber indenização por perdas e danos em razão do descumprimento contratual. Alternativamente, no caso da impossibilidade de complementação das ações, seja a ré condenada a pagamento de indenização por perdas e danos em valor equivalente às ações da Brasil Telecom e Celular CRT. Foi deferido o benefício da AJG à autora (fl. 22). O magistrado de primeiro grau (fls. 137/139) julgou improcedentes os pedidos e condenou a autora a pagar as despesas processuais e os honorários advocatícios da parte adversa, os quais, observados os parâmetros dos 3º e 4º do art. 20 do Código de Processo Civil, fixou em R$ 1.000,00. Suspensa a exigibilidade do ônus sucumbencial 19

em virtude da eventual concessão do benefício da AJG no curso do processo. Apela a autora (fls. 143/177). Alega, em preliminar, nulidade da sentença de primeiro grau, tendo em vista que o juiz não fundamentou sua decisão, com relatório e conclusão, infringindo os arts. 165 e 458 do CPC e o inc. IX do art. 93 da CF. Sustenta, no mérito, que a emissão de ações não alterará o capital social; caso não seja possível a emissão de ações, tal obrigação pode ser convertida em perdas e danos; a demandada pode e deve responder pelas ações ora pretendidas; os pedidos não estão prescritos; o valor pago a título de participação financeira deveria ter sido convertido pelo valor da ação na data do respectivo desembolso; aplica-se, no caso, o CDC; que, no caso da impossibilidade da complementação das ações, seja a demandada condenada ao pagamento de indenização por perdas e danos em valor equivalente ao número de ações correspondentes, de acordo com a cotação do mercado na data da firmatura do contrato; são devidos os respectivos dividendos. Requer o provimento do recurso. Recebida a apelação no duplo efeito (fl. 178) e apresentadas as contra-razões (fls. 181/196) pela ré, que suscitou preliminares de ilegitimidade passiva em face das ações da Celular CRT Participações e prescrição do pedido, com base na alínea g do art. 287, II, da Lei nº 6.404/76, acrescentada pela Lei nº 10.303/01, subiram os autos a este Tribunal de Justiça. Registro que foi observado o disposto nos artigos 549, 551 e 552 do CPC, tendo em vista a adoção do sistema informatizado. 20