APELAÇÃO. UNIÃO ESTÁVEL. PARTILHA. DERAM PARCIAL PROVIMENTO. Nº COMARCA DE MONTENEGRO A C Ó R D Ã O
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- Juan da Conceição Canto
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1 APELAÇÃO. UNIÃO ESTÁVEL. PARTILHA. Não há como reconhecer sub-rogação, por alegada venda de bem exclusivo, quando não provado nem minimamente que um bem exclusivo foi vendido, ou que eventuais valores frutos dessa alegada venda tenham sido efetivamente utilizados na aquisição do bem que se pretende seja reconhecido como sub-rogado. Bem imóvel adquirido mediante financiamento ainda não quitado não pode ser objeto de partilha. Nesse caso, a partilha deve envolver o que foi efetivamente pago na vigência da união, a ser apurado em liquidação de sentença. Precedentes jurisprudenciais. Presume-se que o produto da venda de bem comum, em meio à união estável, reverteu em proveito do casal. Não há como decidir sobre partilha de bem imóvel, mas sem nenhuma prova concreta a mostrar propriedade ou sequer existência do bem, ou mesmo eventuais direitos e ações passíveis de serem partilhados. DERAM PARCIAL PROVIMENTO. APELAÇÃO CÍVEL OITAVA CÂMARA CÍVEL COMARCA DE MONTENEGRO J.J.F... V.M.C... APELANTE; APELADA. A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos os autos. 1
2 Acordam os Desembargadores integrantes da Oitava Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em dar parcial provimento ao apelo. Custas na forma da lei. Participaram do julgamento, além do signatário (Presidente), os eminentes Senhores DES. LUIZ FELIPE BRASIL SANTOS E DES. ALZIR FELIPPE SCHMITZ. Porto Alegre, 13 de dezembro de DES. RUI PORTANOVA, Relator. portanova@tj.rs.gov.br R E L A T Ó R I O DES. RUI PORTANOVA (RELATOR) Trata-se de apelo interposto por JAIME contra sentença que julgou parcialmente procedente a ação de dissolução de união estável e partilha contra ele ajuizada por VIVIANE. O apelante se insurgiu contra as determinações sentenciais de partilha de um imóvel e de uma motocicleta. Disse que deve também ser partilhado um imóvel em nome da apelada. Pediu a reforma da sentença. Não vieram contrarrazões. O Ministério Público deixou de ofertar parecer. 2
3 Registro que foi observado o disposto nos artigos 549, 551 e 552, do Código de Processo Civil, tendo em vista a adoção do sistema informatizado. É o relatório. V O T O S DES. RUI PORTANOVA (RELATOR) IMÓVEL. O apelante se insurgiu contra a determinação sentencial de partilha de um imóvel. A sentença resolveu que o imóvel deverá ser partilhado à razão de metade para cada parte. (a) Herança. Por primeiro, o apelante disse que parte do imóvel foi paga com valores exclusivos dele, pois recebidos pela venda de um bem exclusivo, recebido por herança de sua mãe. Mas sem razão. Não há nestes autos uma única prova concreta sequer a dar amparo efetivo a essa alegação do apelante. 3
4 O documento que o apelante invocou como sustentáculo do seu pedido é um contrato particular celebrado entre o pai dele e uma terceira pessoa, no qual foi vendido um determinado imóvel (fls. 247/248). Mas isso nem de longe faz prova de que aquele imóvel referido no contrato particular, e vendido ao terceiro pelo pai do apelante, era na verdade de propriedade do apelante. repassado ao apelante. E não faz prova de que o produto da venda tenha sido E para arrematar, não faz prova de que o produto da venda tenha sido efetivamente empregado na compra do imóvel aqui em debate. À vista de tudo isso, inviável acolher a pretensão. (b) Financiamento. Quanto ao mais, ainda no que tange a esse imóvel, o apelante se insurgiu sob alegação de que não é adequada a determinação de partilha do bem, pois ele está financiado, e ainda não quitado. No ponto o apelante tem razão, como mostram a cópia da matrícula (fls. 231/232) e o contrato de mútuo e constituição de alienação fiduciária com a caixa Econômica Federal (fls. 233/246). 4
5 Assim, por ser financiado, e por ainda não estar quitado, não é o imóvel que deve ser partilhado entre as partes, mas sim todos os valores pagos na constância da união, a serem apurados em liquidação de sentença (ilustra: ApC n.º ). MOTOCICLETA. O apelante se insurgiu ainda com a determinação sentencial de partilha de uma motocicleta. E com razão. A cadeia sucessória mostra que a motocicleta, registrada em nome da aqui apelada, foi por ela vendida em OUTUBRO/2007 (fl. 15). Ou seja, ainda na vigência da união estável que pela sentença, em trecho irrecorrido, se encerrou em a final de 2007 (que se projeta ser o mês de dezembro daquele ano). Ora, tendo o bem sido alienado na vigência da união, presumese tenha revertido em prol do casal, nada havendo a ser partilhado no que tange a isso. Ainda mais porque a aqui apelada nem sequer controverteu essa alegação e pretensão do apelante. IMÓVEL DA APELADA. 5
6 Por fim, o apelante pediu fosse determinada a partilha de um imóvel que ele disse ter sido adquirido pela apelada na vigência da união estável. Vale dizer, a sentença não tratou dessa questão uma omissão que, em face do efeito declaratório do apelo, pode ser suprida aqui e agora. Contudo, não há como acolher o pedido. É que para tentar provar que a apelada tem um imóvel adquirido na vigência da união, o apelante acostou apenas um documento. Trata-se de uma cópia de uma carta enviada por uma imobiliária para a apelada, contendo notificação de descumprimento de cláusula contratual contida em contrato de arrendamento residencial (fl. 61). propriedade imobiliária. Guardada a devida vênia, esse documento não faz prova de Aliás, considerando a forma e o teor do documento em questão, ele não serve como prova sequer de existência de direitos e ações capazes de serem objeto de partilha, em face da dissolução da união estável havida entre os litigantes. 6
7 pediu. Por isso, não há como determinar a partilha que o apelante Vale destacar apenas que a presente decisão, neste ponto, não importa em qualquer espécie de reconhecimento de exclusividade de qualquer bem, ou de direitos e ações, em prol da apelada. A presente decisão apenas reconhece a impossibilidade de proferir qualquer decisão sobre o bem e/ou direito alegado pelo apelante, pela falta absoluta e total de prova, aqui neste processo, sobre existência e propriedade. Mas com isso não fica a afastada a possibilidade de qualquer das partes, se desejar, intentar futura e eventual ação de sobrepartilha, se puder e quiser provar a existência e a comunicabilidade desse (ou de outros bens). fim de: ANTE O EXPOSTO, dou parcial provimento ao apelo, para o (a) determinar que a partilha do imóvel registrado na matrícula de n.º deverá envolver apenas os valores pagos na constância da união, a serem apurados em liquidação de sentença, nos moldes da fundamentação retro; e (b) excluir a motocicleta Phaser, placas IVJ 0015 da partilha. 7
8 Sem reflexo na sucumbência. DES. LUIZ FELIPE BRASIL SANTOS (REVISOR) - De acordo com o(a) Relator(a). DES. ALZIR FELIPPE SCHMITZ - De acordo com o(a) Relator(a). DES. RUI PORTANOVA - Presidente - Apelação Cível nº , Comarca de Montenegro: "DERAM PARCIAL PROVIMENTO. UNÂNIME." Julgador(a) de 1º Grau: DEISE FABIANA LANGE VICENTE 8
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