Tribunal de Contas da União. Número do documento: DC-0172-11/01-P. Identidade do documento: Decisão 172/2001 - Plenário



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Transcrição:

Tribunal de Contas da União Número do documento: DC-0172-11/01-P Identidade do documento: Decisão 172/2001 - Plenário Ementa: Tomada de Contas Especial. Convênio. MIR. Prefeitura Municipal de Santo Antônio dos Lopes MA. Obra pública. Fraudes em processo licitatório. Autos apartados para audiência de empresa privada envolvida. Alegações de defesa não acolhidas. Declaração de inidoneidade para licitar com a administração pública por 3 anos. Remessa de cópia ao MPU. Grupo/Classe/Colegiado: Grupo I - CLASSE VII - Plenário Processo: 004.158/1999-7 Natureza: Autos Apartados Entidade: Município de Santo Antônio dos Lopes (MA) Interessados: Responsáveis: Hidráulica e Mecânica Ltda. Dados materiais: ATA 11/2001 DOU de 06/04/2001 INDEXAÇÃO Tomada de Contas Especial; Convênio; MIR; Prefeitura Municipal; Santo Antônio dos Lopes MA; Obra Pública; Licitação; Convite; Habilitação de Licitantes; Julgamento das Propostas; Execução de Obras e Serviços; Desvio de Finalidade; Pagamento; Empresa Privada; Declaração de Inidoneidade; TC 928.491/1998-6 Sumário: Celebração de convênio entre o município de Santo Antônio dos Lopes (MA) e o extinto Ministério da Integração Regional. Verificação de

irregularidades na gestão dos respectivos recursos. Citação do responsável. Apresentação de defesa pelo responsável. Rejeição da defesa apresentada e determinação de constituição dos presentes autos para verificar o cabimento de aplicar às empresas Hidráulica e Mecânica Ltda. e Irriganor do Piauí Ltda. a sanção prevista no art. 46 da Lei nº 8.443/92. Realização de audiências das mencionadas empresas. Não acatamento das justificativas apresentadas. Declaração de inidoneidade dessas empresas para licitar com a Administração Pública. Relatório: Trata-se de autos apartados constituídos em cumprimento à Decisão nº 135/98 TCU 2ª Câmara, com o fim verificar o cabimento de imputar à empresa Hidráulica e Mecânica Ltda e à empresa Irriganor do Piauí Ltda. a sanção prevista no art. 46 da Lei nº 8.443/92, que consiste na declaração de inidoneidade para licitar com a Administração Pública. Com intuito de dar cumprimento à referida decisão foram constituídos dois processos (TC 928.491/1998-6 e TC 004.158/1999-7). 2.Tanto no primeiro desses processos que pertence à lista de Unidades Jurisdicionadas do eminente Ministro José Antonio Barreto de Macedo, quanto no outro - que integra a lista de Unidades Jurisdicionadas deste Relator -, foram realizadas audiências das mencionadas empresas, na figura do representante legal de ambas, Sr. Jurandir Souza Bastos. Foram aquelas empresas chamadas a justificar-se sobre a participação ativa na fraude ao processo licitatório, que teve como objeto a perfuração de poços artesianos naquele município. 3.Considerou-se que as empresas Hidráulica e Mecânica Ltda. e Irriganor do Piauí Ltda. teriam apresentado propostas com o intuito de simular competição entre as empresas. Ficou demonstrado serem as duas propostas por ela apresentadas originárias de uma mesma fonte. Isso porque o endereço e o telefone constantes do papel timbrado da firma Irriganor do Piauí Ltda são exatamente os mesmos que figuram na proposta vencedora apresentada pela empresa Hidráulica e Mecânica Ltda. Verificou-se, também, que o signatário da proposta da empresa Hidráulica e Mecânica Ltda. é o responsável, perante o fisco, pela citada pessoa jurídica, bem como pela Irriganor do Piauí. Reforçou o entendimento de ter havido, em princípio, fraude o fato de que a empresa Hidráulica e Mecânica Ltda. já vinha realizando os serviços de perfuração e por eles recebendo os respectivos pagamentos. 4.Em resposta aos ofícios de audiência, que consignaram as ocorrências que embasaram a presunção de ter havido conluio entre as empresas Hidráulica e Mecânica Ltda. e Irriganor do Piauí Ltda, por intermédio do Sr. Jurandir Souza Bastos, apresentaram suas razões de

justificativas. Transcrevo, em seguida, trecho da instruções da Unidade Técnica, em que foram sintetizadas e analisadas suas alegações, e também os pronunciamentos do Ministério Público: TC- 004.158/99-7 Hidráulica e Mecânica Ltda. "Razões de Justificativa apresentadas Quanto à simultânea participação das empresas Irriganor do Piauí Ltda. e Hidráulica e Mecânica Ltda. na simulação de convite, alega o Sr. Jurandir Souza Bastos que não houve irregularidade ou má-fé, porém admite que as duas sociedades mercantis pertencem ao mesmo grupo e que, se de início as respectivas sedes ficavam em lugares distintos, na data das propostas era-lhes comum o endereço. Quanto ao procedimento licitatório forjado pela Prefeitura de Santo Antônio dos Lopes, rechaça que nisso tenha tomado parte, direta ou indiretamente, garantindo, ad instar de prova irretorquível, que nenhum documento da mencionada licitação contém assinatura dele. "Análise/fundamentação Indignas de acolhida as justificativas do Sr. Jurandir Souza Bastos. Os esclarecimentos a respeito da presença da Irriganor Piauí Ltda. e da Hidráulica e Mecânica Ltda. no Convite n. 014/94 não negam, antes confirmam, que supracitadas pessoas jurídicas, das quais era sócio, contribuíram para, sob uma falsa seqüência documental, ocultar atos manifestamente irregulares. Por outro lado, o envolvimento do Sr. Jurandir Souza Bastos na farsa armada pela Prefeitura de Santo Antônio dos Lopes fica evidente quando se leva em conta, exempli gratia, este excerto das justificativas (fl. 144) : 'Não sabemos precisar a data exata em que fomos procurados pelo senhor RENATO ABREU CAVALCANTE (...), pessoa a qual não conhecíamos (...) [que] queria nos contratar para fazermos 03 (três) pôços (sic) em sua cidade, ou seja, SANTO ANTÔNIO DOS LOPES em locais que ele iria definir. Após a costumeira negociação entre CONTRATANTE e CONTRATADO, ficou acertado que nossa empresa apenas faria os serviços de PERFURAÇÃO, ficando todo restante (...) a cargo da prefeitura'. (grifos no original) A leitura dessas declarações revela que o contratar dos serviços da Hidráulica e Mecânica Ltda. aconteceu 'após a costumeira negociação entre contratante e contratado', e para logo ressai o caráter informal de tal acordo de cavalheiros, feito sem delongas e em total descompasso

com as mínimas regras impostas por lei ao administrador público. Conclui-se, assim, que o liame contratual entre Município e Hidráulica e Mecânica Ltda. nasceu clandestina e precariamente, desprovido de alicerce legal, forçando depois o Executivo de Santo Antônio dos Lopes, no intuito de dar visos de regularidade ao gasto dos recursos do Convênio n. 595/93-SEDEC/MIR, a lançar mão de expediente fraudulento, para cuja materialização colaboraram o Sr. Jurandir Souza Bastos e as empresas Hidromeca e Irriganor do Piauí Ltda. Por último, enfrentemos a alegação do Sr. Jurandir de que inexiste, entre os papéis vinculados ao simulacro de convite, documento com sua rubrica. Cópia à fl. 101 do processo habilita-nos a demolir cabalmente a afirmativa. A um perfunctório exame, constata-se, sem margem de erro ou dúvida, que a assinatura no rodapé da folha de proposta da Hidráulica e Mecânica Ltda. é rigorosamente idêntica às do AR (fl. 142) e da peça de defesa in fine (fl. 147), só para citar as mais recentes, sem falar noutras dispersas nos autos. Além disso, sublinhe-se, abaixo da rubrica contida na proposta existe a marca inequívoca de um sinete com a denominação comercial da Hidromeca e a identificação de seu sócio-gerente, a induzir que aquela subscrição não foi obtida mediante dolo ou erro, como pareceu insinuarem, mas decorreu de livre manifestação volitiva do Sr. Jurandir. Diante do exposto, e demonstrada quantum satis a existência de fraude à licitação, submetemos os autos à consideração superior, para posterior encaminhamento ao Ministro-Relator Benjamin Zymler, propondo: a) com fulcro no art. 46 da Lei n. 8.443/92, declarar-se inidônea para licitar com a Administração Pública Federal, por prazo a ser fixado in concreto pelo Colegiado, a empresa Hidráulica e Mecânica Ltda. (Hidromeca), CGC n. 35.135.581/0001-53, Inscrição Estadual n. 19.415.759-8, situada na Avenida Maranhão, 802, Centro, Teresina, Estado do Piauí; b) remeter cópia da decisão que vier a ser proferida, bem como do relatório e voto que a fundamentarem, à Secretaria Federal de Controle Interno, para que, no âmbito de suas atribuições, adote as medidas necessárias à plena eficácia do decisum." 5.O Sr. Diretor manifestou-se de acordo com a proposta de encaminhamento oferecida pelo Sr. Analista, acrescentando apenas a sugestão de que fosse remetida cópia da decisão que vier a ser proferida ao Ministério Público Federal. a fim de que adote as medidas que entender pertinentes.

6.O Sr. Secretário pôs-se de acordo com a proposta oferecida pelo Sr. Diretor. 7.O Ministério Público, por meio do Doutor Ubaldo Alves Caldas, assim pronunciou-se: "Embora o responsável argumente boa-fé, confirma que emitiu as notas fiscais e a carta proposta bastante tempo depois do serviço prestado e pago (fl. 145). A carta proposta (fl. 101), assinada pelo representante da empresa Hidráulica e Mecânica Ltda., Sr. Jurandir Souza Bastos, serviu de base para montagem do suposto processo licitatório. Isto posto, manifestamo-nos no sentido de que seja declarada a inidoneidade da empresa Hidráulica e Mecânica Ltda. para participar de licitação, nos termos sugeridos pela Unidade Técnica (fl. 151). " TC- 928.491/1998-6 Irriganor do Piauí Ltda. 8.O responsável, nos autos desse processo, aduziu alegações idênticas às produzidas quando apresentou razões de justificativas sobre o envolvimento da empresa Hidráulica e Mecânica Ltda. (vide item 4 supra, em que foram transcritos os exatos termos de sua defesa).. Análise/fundamentação Inaceitáveis as justificativas do Sr. Jurandir Souza Bastos. Os esclarecimentos a respeito da presença da Irriganor Piauí Ltda. e da Hidráulica e Mecânica Ltda. no Convite n. 014/94 não negam, antes confirmam, que supracitadas pessoas jurídicas, das quais era sócio, contribuíram para, sob uma falsa seqüência documental, ocultar atos manifestamente irregulares. Por outro lado, o envolvimento do Sr. Jurandir Souza Bastos na farsa armada pela Prefeitura de Santo Antônio dos Lopes fica evidente quando se leva em conta, exempli gratia, este excerto das justificativas (fl. 144) : "Não sabemos precisar a data exata em que fomos procurados pelo senhor RENATO ABREU CAVALCANTE (...), pessoa a qual não conhecíamos (...) [que] queria nos contratar para fazermos 03 (três) pôços (sic) em sua cidade, ou seja, SANTO ANTÔNIO DOS LOPES em locais que ele iria definir. Após a costumeira negociação entre CONTRATANTE e CONTRATADO, ficou acertado que nossa empresa apenas faria os serviços de PERFURAÇÃO, ficando todo restante (...) a cargo da prefeitura". (grifos no original)

A leitura dessas declarações revela que o contratar os serviços da Hidráulica e Mecânica Ltda. aconteceu "após a costumeira negociação entre contratante e contratado", e para logo ressai o caráter informal de tal acordo de cavalheiros, feito sem delongas e em total descompasso com as mínimas regras impostas por lei ao administrador público. Conclui-se, assim, que o liame contratual entre Município e Hidráulica e Mecânica Ltda. nasceu clandestina e precariamente, desprovido de alicerce legal, forçando depois o Executivo de Santo Antônio dos Lopes, no intuito de dar visos de regularidade ao gasto dos recursos do Convênio n. 595/93-SEDEC/MIR, a lançar mão de expediente fraudulento, para cuja materialização colaboraram o Sr. Jurandir Souza Bastos e as empresas Hidromeca e Irriganor do Piauí Ltda. Quanto à alegação do Sr. Jurandir de que inexiste, entre os papéis vinculados ao simulacro de convite, documento com sua rubrica, o papel residente na fl. 101 do processo habilita-nos a destruí-la completamente. A um superficial exame, constata-se, sem margem de erro ou dúvida, que a assinatura no rodapé da folha de proposta da Hidráulica e Mecânica Ltda. é rigorosamente idêntica às do AR (fl. 140) e da peça de defesa in fine (fl. 146), só para citar as mais recentes, sem falar noutras dispersas nos autos. Além disso, sublinhe-se, abaixo da rubrica contida na proposta existe a marca inequívoca de um sinete com a denominação comercial da Hidromeca e a identificação de seu sócio-gerente, a induzir que aquela subscrição não foi obtida mediante dolo ou erro, como pareceu insinuarem, mas decorreu de livre manifestação volitiva do Sr. Jurandir. Malgrado não encontrada rubrica do Sr. Jurandir na proposta da Irriganor do Piauí Ltda. (fl. 102), pois outro a estaria representando no convite simulado, estamos que não se pode alijá-la de responsabilidade. O fato determinante assenta no que disse o Sr. Jurandir Souza Bastos acerca da Hidromeca e da Irriganor, donde confirmada a matriz societária comum de ambas, que até atendiam em igual endereço comercial. Diante das evidências, impensável aceitar que as empresas fizeram tudo inocentemente, sem concerto de vontades prévio. Ademais, aspecto frisante reside em que o conluio não existiu apenas entre essas pessoas jurídicas, mas sobretudo entre elas e a Prefeitura de Santo Antônio dos Lopes, sequiosa de encobrir atos infringentes da lei para, dando-lhes aparência de legalidade, tornar hígidos e inquestionáveis os dispêndios com que cumpriria o objeto do Convênio n. 595/93-SEDEC/MIR." 9.O Sr. Diretor, ao se manifestar de acordo com a proposta de encaminhamento oferecida pelo Sr Analista, sugeriu, também, seja

remetida cópia da decisão que vier a ser proferida ao Ministério Público Federal para as medidas que entender pertinentes. 10.O Sr. Secretário posicionou-se favoravelmente à proposta de encaminhamento apresentada pelo Sr. Diretor. 11.O Ministério Público/TCU, por meio do Doutor Jatir Batista da Cunha, assim posicionou-se: "À vista do que se contém no processo, entendemos ser adequado o encaminhamento proposto pela SECEX/MA, pois o desenrolar dos fatos, ora trazidos ao conhecimento do Tribunal pelo Sr. Jurandir Souza Bastos, denota a existência de dolo por parte das empresas envolvidas (acertos prévios, pagamentos antecipados, cheques pré-datados da conta pessoal do Prefeito e emissão de nota fiscal a posteriori). O fato de terem as empresas objeto social, afim, funcionarem no mesmo endereço e contarem com sócios em comum retrata a comunhão de interesses entre elas e torna quase inexistente a possibilidade de a firma Irriganor do Piauí Ltda. desconhecer a intenção de burla ao procedimento licitatório. Não constar da proposta da empresa Irriganor do Piauí Ltda. a assinatura do Sr. Jurandir Souza Bastos, em nada macula nossas conclusões, tendo em vista que, em princípio, foram as propostas subscritas por pessoas legalmente habilitadas para tanto e, nestes autos, estamos a avaliar a pertinência de aplicação, ao licitante, da pena prevista no art. 46 da Lei nº 8.443/92. O conjunto probatório apresentado leva-nos, portanto, a conlcuir em linha de consonância com a SECEX/MA. Destarte, posicionamo-nos de acordo com a proposição do Sr. Analista-informante, bem assim, ante os indícios de condutas penalmente relevantes, pela remessa de cópia da documentação pertinente ao Ministério Público Federal, conforme sugerido pelo Sr. Diretor e pelo Titular da Unidade Técnica às fls. 150-152, aduzindo proposta no sentido de que, a título de racionalização administrativa e economia processual e de modo a evitar decisões díspares, passem o presente processo e o TC-004.158/1999-7, por serem conexos, a tramitar conjuntamente. Registre-se, por fim, que, não obstante a autuação como tomada de contas especial, tratam estes autos de processo apartado (artigo 4º, inciso II, da Resolução nº 136/2000), intervindo, pois, o Ministério Público como 'custos legis', a teor do disposto no artigo 81, inciso I, da Lei º 8.443/92, em face da ausência de solicitação do pronunciamento

do MP/TCU pelo Exmº Ministro-Relator". 12.O Eminente Ministro José Antônio Barreto de Macedo, em despacho de 01.03.01, teceu as seguintes considerações: "Considerando que o Sr. Jurandir Souza Bastos, representante legal das duas empresas Hidráulica e Mecânica Ltda. e Irriganor do Piauí Ltda apresentou a defesa em uma única peça (fls. 141 146), bem assim tendo em conta a proposta formulada pelo Ministério Público, no sentido de que a título de racionalização administrativa e economia processual e de modo a evitar decisões díspares passem o presente processo e o TC 004.158/1999-7, por serem conexos, a tramitar conjuntamente, e, por fim, que a Decisão nº 135/98, que motivou a constituição dos dois processos apartados, teve como Relator o Ministro Benjamin Zymler, encaminho o presente feito ao Gabinete de Sua Excelência para que aprecie a possibilidade de apensamento deste processo ao TC 004.158/1999-7, e, caso entenda adequada a adoção de tal medida, se digne de autorizá-la, com fundamento no art. 29 da Resolução/TCU nº 136/00." É o Relatório. Voto: Anoto, de início, que é evidente a conexão existente entre os processos constituídos com a finalidade de apurar a conduta das empresas Hidráulica e Mecânica Ltda e Irriganor do Piauí Ltda. para fins de aplicação da pena de declaração de inidoneidade dessas empresas. Conforme ressaltou o eminente Ministro José Antonio Barreto de Macedo, tais empresas apresentaram, inclusive, defesas idênticas. Por isso e com o intuito de impedir a prolação por este Tribunal de decisões inconsistentes entre si, considero adequado sejam os referidos processos julgados conjuntamente. 2.Conforme ficou evidenciado no pronunciamento da Unidade Técnica e do Ministério Público, os elementos constantes dos autos autorizam a conclusão de que a empresa Hidráulica e Mecânica Ltda. praticou atos visando conferir aparência de licitude ao procedimento licitatório que teve por objeto a perfuração de poços artesianos no município de Santo Antônio dos Lopes (MA). Restou demonstrado que, a despeito de já ter realizado os mencionados serviços e por eles recebido o respectivo pagamento, a empresa Hidráulica e Mecânica Ltda. apresentou carta-proposta para simular competição entre as empresas participantes do certame. 3.Note-se que, em 21.12.93, a mencionada empresa já havia recebido

pagamento no valor de Cr$ 3.000.000,00, sendo que a abertura das propostas e homologação do resultado da licitação somente se daria em 10/03/94. Além disso, ficou evidenciado que a carta-proposta, constante de fl. 101 dos presentes autos, foi um dos documentos utilizados para simular a competição entre as empresas e também que as proposta oferecidas por essa empresa e pela Irriganor do Piauí Ltda. tiveram a mesma origem (vide item 2 do Relatório supra). 4.Quanto à empresa Irriganor do Piauí, considero acertadas as conclusões enunciadas pela Unidade Técnica e pelo Ministério público, no sentido de que ficou configurado sua participação ativa na fraude contra o processo licitatório em tela. Precisas as ponderações efetuadas pelo Subprocurador-Geral, Doutor Jatir Batista da Cunha. Asseverou que o fato de terem as empresas mencionadas objeto social afim, de funcionarem no mesmo endereço e de contarem com sócios em comum retrata a comunhão de interesses e autoriza a conclusão de a empresa Irriganor do Piauí Ltda. conhecia a intenção de burla ao procedimento licitatório e, ao apresentar a respectiva proposta, teve participação ativa na fraude.. 5.Por isso, cabível impor às mencionadas empresas a sanção prevista no art. 46 da Lei nº 8.443/92. Tendo em vista as circunstâncias do caso concreto, em especial o fato de que a iniciativa da ilicitude ter sido do gestor público e o grau médio de envolvimento dessas empresa, considero razoável declarar a inidoneidade das empresas pelo período de 3 (três) anos. Ante o exposto, proponho que o Tribunal adote a Decisão que ora submeto ao Plenário. TCU, Sala das Sessões, em 28 de março de 2001. BENJAMIN ZYMLER Relator Assunto: VII - Autos Apartados Relator: BENJAMIN ZYMLER Representante do Ministério Público: UBALDO CALDAS

Unidade técnica: SECEX-MA Quórum: Ministros presentes: Humberto Guimarães Souto (Presidente), Marcos Vinicios Rodrigues Vilaça, Iram Saraiva, Bento José Bugarin, Valmir Campelo, Adylson Motta, Walton Alencar Rodrigues e Guilherme Palmeira. Sessão: T.C.U., Sala de Sessões, em 28 de março de 2001 Decisão: O Plenário, diante das razões expostas pelo Relator, DECIDE: 8.1 - não acolher as razões de justificativa apresentada pela empresa Hidráulica e Mecânica Ltda., em função de fraudes comprovadas no procedimento licitatório (convite nº 014/94), que tinha por objeto a perfuração de poços artesianos no município de Santo Antônio dos Lopes (MA); 8.2 - declarar a empresa mencionada no subitem 8.1, nos termos do art. 46 da Lei nº 8.443/92, inidônea para participar, pelo prazo de 03 (três) anos, a contar da publicação, de licitação no âmbito da Administração Pública Federal; 8.3 - remeter cópia desta Decisão, assim como do Relatório e da Proposta de Decisão que a fundamentam ao Ministério Público da União, nos termos do artigo 102 da Lei 8.666/93.