Interessados: INTERESSADA: ELESERVICE do Brasil - Componentes Eletrônicos Ltda.

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1 Tribunal de Contas da União Número do documento: DC /99-P Identidade do documento: Decisão 255/ Plenário Ementa: Representação formulada por licitante. Possíveis irregularidades praticadas pela EMBRATEL. Contratação de serviços de modernização de elevadores sem processo licitatório sob alegação de inexigibilidade. Conhecimento. Procedência. Não proposição de sanções aos gestores em razão da matéria não constituir ponto pacífico no âmbito do Tribunal por ocasião do fato. Empresa já privatizada. Juntada às contas. - Licitação para serviços de modernização de elevadores. Considerações. Grupo/Classe/Colegiado: Grupo I - CLASSE VII - Plenário Processo: / Natureza: Representação. Entidade: Empresa Brasileira de Telecomunicações S/A - EMBRATEL (privatizada). Interessados: INTERESSADA: ELESERVICE do Brasil - Componentes Eletrônicos Ltda. Dados materiais: DOU de 27/05/1999 Sumário: Representação formulada com fulcro no 1 do art. 113 da Lei n 8.666/93 versando sobre a contratação de serviços de modernização de elevadores sem a realização do competente processo licitatório, sob a alegação de ser este inexigível. Procedência. Matéria examinada anteriormente pelo Tribunal, que considerou ser viável a competição para os serviços da espécie, mas que até então não havia sido pacificada nesse sentido. Inexigibilidade de licitação declarada após ouvido o órgão jurídico da empresa estatal contratante, recentemente

2 privatizada. Juntada dos autos às Contas da referida empresa. Ciência à interessada. Relatório: Trata-se de Representação formulada pela empresa ELESERVICE do Brasil - Componentes Eletrônicos Ltda., com fulcro no 1 do art. 113 da Lei n 8.666/93, contra a Empresa Brasileira de Telecomunicações S/A (EMBRATEL), por esta ter contratado sem licitação, consoante processo UABS n 004/98, a empresa Elevadores Otis Ltda., para a modernização de elevadores pertencentes àquela então empresa estatal. 2.Alega a ELESERVICE, em síntese, que o serviço de modernização de elevadores é passível de competição, não se justificando, portanto, a contratação por inexigibilidade de licitação com fulcro no art. 25, inciso I, da referida Lei, conforme fez a empresa representada. Nesse sentido, informa que as montadoras dos elevadores não detêm exclusividade para a realização de serviço de modernização de elevadores de sua própria fabricação, pois algumas delas adquirem no mercado as peças eletrônicas necessárias ao serviço, consoante comprovam os documentos anexos à Representação (fls. 11/19), sendo a empresa representante, inclusive, autorizada de várias marcas de equipamentos de modernização de elevadores nesta cidade. Acrescenta, a título de exemplo, que, em licitação realizada pela Caixa Econômica Federal para modernização de elevadores da marca ATLAS, a empresa Kone Elevadores Ltda., atendendo às disposições do edital, foi considerada habilitada para a prestação dos serviços licitados. 3.Solicita a Representante, ao final, dentre outras providências, a anulação do instrumento contratual firmado pela EMBRATEL, a apuração de responsabilidades e o encaminhamento de documentos ao Ministério Público para instauração de processo-crime contra o órgão contratante e também contra a empresa contratada. 4.A Unidade Técnica promoveu diligência junto à EMBRATEL visando a obter cópias de documentos relativos à mencionada contratação (edital, contrato e outros) bem como as justificativas daquela empresa quanto à falta de realização do competente processo licitatório. 5.Em atendimento ao solicitado, vieram aos autos os documentos de fls. 27/ O Departamento Jurídico da EMBRATEL, por meio do expediente de fls. 96, entendeu que a licitação no presente caso era inexigível porque este Tribunal teria considerado, por meio da Decisão n 020/97-Plenário, de 29/01/97, que, embora seja viável a competição para os serviços de modernização de elevadores, poderia haver serviços da espécie envolvendo alta complexidade os quais, por esse motivo, poderiam ser contratados sem licitação, devendo o órgão interessado apresentar as justificativas necessárias nesse sentido. PARECER DA SECEX/RJ

3 7.O Analista-Informante encarregado do exame dos autos no âmbito da SECEX/RJ teceu, entre outras, as seguintes considerações: 7.1- a Decisão n 20/97-Plenário, mencionada pela EMBRATEL, não contém o entendimento a que chegou o departamento jurídico daquela empresa. Ao contrário, conforme consta do Relatório do Ministro Humberto Souto, que conduziu àquela decisão, a 8a SECEX, que atuou nos autos respectivos, concluiu por propor ao Tribunal que "reconheça a obrigatoriedade de prévio certame licitatório para a contratação de serviços de modernização de elevadores, onde exista a viabilidade de competição entre os concorrentes". Além disso, por meio da mencionada Decisão, o Tribunal determinou a formação de processo apartado com o objetivo de que fosse examinada e apurada a contratação direta de empresas de modernização de elevadores pela Delegacia de Administração do Ministério da Fazenda no Distrito Federal (DAMF/DF); 7.2- não obstante, ao examinar o referido processo apartado, esta Corte acolheu as justificativas da DAMF/DF por entender, conforme Voto do então Ministro Carlos Átila, "estar configurado, neste caso concreto e à época da realização da contratação (1994), a inviabilidade de competição"; posteriormente, o TCU, por meio da Decisão n 575/98, de 26/08/98, acolhendo Voto do Ministro Bento José Bugarin, considerou irregular a contratação sem licitação de serviços de modernização de elevadores efetivada pela Subsecretaria de Planejamento e Orçamento do Ministério das Comunicações. Naquela oportunidade, o Relator, em seu Voto, enfatizou que até aquela data o Tribunal ainda "não havia decidido ser cabível a licitação para a contratação de serviços de modernização de elevadores, assim como já havia feito anteriormente com relação aos serviços de manutenção, conservação e assistência técnica"; 7.4- os atestados de exclusividade (fls. 76/77, 83 e 85/88) apenas informam que a empresa Otis é detentora exclusiva da marca de mesmo nome e que a empresa não possui representantes, o que não lhe dá "exclusividade de reformas e modernizações de espécie alguma", haja vista que representantes não autorizados "podem realizar os serviços técnicos nos equipamentos daquela marca, utilizando-se de peças e componentes originais que a OTIS está obrigada a fornecer, de acordo com o art. 1 da Lei n 8.002/90. 8.Diante do que expôs, o Analista-Informante propõe que o Tribunal: 8.1- conheça da representação, por preencher os requisitos de admissibilidade previstos no art. 213 do Regimento Interno, para, no mérito, considerá-la procedente quanto à exigibilidade de licitação para contratos de reforma e modernização de elevadores; 8.2- acate parcialmente a justificativa da EMBRATEL quanto ao fato de a empresa não ter realizado licitação para os serviços de modernização de elevadores, "tendo em vista que à época da assinatura do contrato em foco, este Tribunal ainda não havia estabelecido entendimento sobre o

4 assunto" e também porque a decisão da empresa foi lastreada em parecer prévio favorável de seu Departamento Jurídico; 8.3- determine a juntada dos autos às contas da EMBRATEL relativas ao exercício de 1998; 8.4- comunique a Decisão a ser adotada à interessada, ELESERVICE do Brasil - Componentes Eletrônicos Ltda. 9.Os dirigentes da Unidade Técnica (Diretor de Divisão e Secretário) manifestam anuência às propostas do Analista-Informante. É o Relatório. Voto: Conforme lembrou a Unidade Técnica, a matéria objeto da presente Representação foi exaustivamente examinada por esta Corte quando da apreciação do TC /97-5, que tratou de caso idêntico. Na ocasião, o Tribunal, acolhendo Voto deste Relator, decidiu considerar como sendo exigível o procedimento licitatório para a contratação de serviços de modernização de elevadores, tendo em vista ser viável a competição entre as empresas do ramo (Decisão n 575/98-Plenário, de 26/08/98). Decidiu também a Corte, na ocasião, acatar parcialmente as justificativas do gestor, porque estavam amparadas em parecer jurídico do órgão, que considerava legal o procedimento adotado. 2.Dessa forma, em conformidade ao decidido naquela assentada, conclui-se pela procedência da presente Representação. 3.Não obstante, deixo de propor as sanções devidas aos gestores à época, porquanto a matéria até então não havia sido pacificada no âmbito desta Corte (vide subitens 7.2 e 7.3 do Relatório precedente). Ademais, a EMBRATEL deixou de realizar o competente processo licitatório com base em parecer jurídico que defendia a legalidade de ser aquele inexigível. 4.Deixo também de sugerir qualquer recomendação àquela empresa, no sentido do exato cumprimento da lei, tendo em vista que a mesma foi recentemente privatizada. Ante o exposto, acolho, no mérito, os pareceres da Unidade Técnica e VOTO no sentido de que o Tribunal adote a Decisão que ora submeto à apreciação deste Colegiado. Assunto: VII - Representação. Relator: BENTO BUGARIN Unidade técnica: SECEX-RJ

5 Quórum: Ministros presentes: Iram Saraiva (Presidente), Adhemar Paladini Ghisi, Marcos Vinicios Rodrigues Vilaça, Homero Santos, Humberto Guimarães Souto, Bento José Bugarin (Relator), Adylson Motta, Walton Alencar Rodrigues e o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha. Sessão: T.C.U., Sala de Sessões, em 19 de maio de 1999 Decisão: O Tribunal Pleno, diante das razões expostas pelo Relator, DECIDE: 8.1. conhecer da presente Representação, por preencher os requisitos de admissibilidade previstos no art. 213 do Regimento Interno, para, no mérito, considerá-la procedente, tendo em vista a contratação pela EMBRATEL, por meio do Contrato de n UABS 09/98, de serviços de modernização de elevadores sem a realização do competente processo licitatório; 8.2. determinar a juntada dos presentes autos às contas da EMBRATEL relativas ao exercício de 1998, para exame em conjunto e em confronto; 8.3. encaminhar cópia desta Decisão, bem como do Relatório e do Voto que a fundamentam, à interessada.