O EMPREENDEDORISMO E A INCAMP (INCUBADORA DE BASE TECNOLÓGICA DA UNICAMP) COMO FACILITADORES PARA AS EMPRESAS SEMENTE NO BRASIL



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Transcrição:

O EMPREENDEDORISMO E A INCAMP (INCUBADORA DE BASE TECNOLÓGICA DA UNICAMP) COMO FACILITADORES PARA AS EMPRESAS SEMENTE NO BRASIL Amanda Buono Gomes Graduanda Aluna do curso de Administração E-mail: manbuono@yahoo.com.br Vicente Idalberto Becerra Sablón Doutor em Engenharia Elétrica Professor-coordenador E-mail: vsablon@sj.unisal.br RESUMO Este trabalho abordará os temas empreendedorismo e incubadoras de empresas, usando como base a Incubadora INCAMP. O levantamento de dados mostrou que o sistema de incubação é um meio eficiente para o início de novas empresas e são uma realidade para os jovens empreendedores que saem das instituições de ensino com idéias e encontram nas incubadoras o cenário ideal para quem quer transformar em negócio lucrativo o que antes só existia no papel. A relevância das incubadoras está no apoio aos micro e pequenos empreendimentos, que movem a economia brasileira, representando 98% das empresas existentes, empregando 60% da população economicamente ativa e gerando 42% da renda produzida no setor industrial, contribuindo com 21% do Produto Interno Bruto (PIB). Palavras Chave: Empreendedorismo; Incubadoras de empresas; INCAMP; Empreendedores. SUMARY This work will describe the relation between entrepreneurship and business incubators, taken as a positive example the INCAMP. Our data showed that the incubation environment is an efficient way to set up of new companies and start new business. Incubators are identified as a real

opportunity for young entrepreneurs living the university full of ideas. These young entrepreneurs find in this environment an appropriate business support needed to increase the chances of their survival and growth. In Brazil, the relevance of the incubators is the support dedicated for micro and small companies responsible for 98% of local companies and 60% of the economically working people, generating 21% of the Gross Internal Product. Keywords: Entrepreneurship; Company incubator; INCAMP; Technology transfer

INTRODUÇÃO Em meados do século passado surgiram nos Estados Unidos, na região do Vale do Silício, um novo sistema de produção baseado no conhecimento e no empreendedorismo. Esses arranjos institucionais eram semelhantes aos que hoje se consideram incubadoras de empresas. Já na década de 1970, esse tipo de empreendimento adquiriu seu formato atual, e além dos Estados Unidos outros países, como Japão, Alemanha, Francia e Grão Bretanha, fomentaram as incubadoras como forma de promover um maior dinamismo econômico e tecnológico (Azevedo 2007). No Brasil, o projeto de criação de incubadoras de empresas começou nos anos 80, com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e adesão de agências de fomento à pesquisa como a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e a Organização dos Estados Americanos (OEA) no plano supranacional. Estudos apoiados por essas agências levaram à constituição, em 1987, da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos de Tecnologia Avançada (ANPROTEC), cujo objetivo tem sido a articulação com organismos governamentais e não-governamentais, visando o desenvolvimento de Incubadoras e Parques Tecnológicos no País (Azevedo, 2007). O resultado do processo de incubação de novas empresas, no Brasil, tem se mostrado um agente catalisador de empreendedorismo e inovação. Por promoverem e estimularem a criação de novas empresas, com a graduação das incubadas, a expectativa das incubadoras é a de produzir empresas técnica e administrativamente preparadas para enfrentar o mercado, fortalecendo a tecnologia brasileira e o desenvolvimento sócio-econômico nacional. Este trabalho visa o estudo do modelo do empreendedorismo surgido a partir da criação das incubadoras de empresas. Como base de pesquisa de campo foi utilizada a INCAMP. 1

METODOLOGIA Os dados utilizados neste trabalho foram obtidos a partir de uma extensa revisão bibliográfica acerca dos temas desenvolvidos. A fundamentação usada foi feita com base em pesquisas divulgadas por entidades de apoio ao empreendedorismo como o SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), a ANPROTEC (Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores), e o GEM (Global Entrepreneurship Monitor) que é o maior estudo independente sobre a atividade empreendedora, cobrindo mais de 40 países consorciados. Atualmente administrado por uma holding - Global Entrepreneurship Research Association (GERA), está fortemente ligado à suas duas instituições fundadoras, a London Business School e a Babson College, Boston. A pesquisa qualitativa foi feita através de entrevistas com o gerente da INCAMP, onde foram abordados os detalhes do sistema de incubação empregado e o perfil das empresas incubadas. Os dados das empresas e empresários serão mantidos em sigilo, uma vez que se está tratando de incubadora e empresas reais. 1. O EMPREENDEDORISMO COMO FATOR DE DIFERENCIAÇÃO DOS NOVOS EMPREENDIMENTOS. O termo empreendedorismo possui vários desdobramentos, dentre eles, podemos destacar o empreendedorismo como: - O individuo capaz de empreender: capacidade de tomar a iniciativa, solucionar problemas econômicos, sociais ou pessoais através de empreendimentos. - Disciplina a ser ensinada: conjunto de conceitos, metodologias, ferramentas e práticas relacionadas com o processo de criar e gerir empreendimentos. 2

- Movimento social: movimento social e econômico para a geração de emprego e renda, que recebe o incentivo dos governos e instituições de diferentes tipos. (DORNELAS, 2005). Nas palavras de José Carlos Teixeira: Empreendedorismo é ousar, transformar, descobrir novas vidas em cima de produtos que já existem. É sonhar para frente, dar função e vida a produtos antigos. Enfim, empreendedorismo é provocar o futuro, reunir experiências e ousadias, ir além do tradicional. (Aprender a empreender. Sebrae, 2007). Para que o empreendedorismo possa entrar em ação, é necessária a ferramenta (homem) chamada: empreendedor. Este deve possuir características básicas como: iniciativa, autoconfiança, não temer o fracasso e/ou a rejeição, ser responsável, decidido, auto-motivado, ser entusiasta, não se ater a ilusões, otimista, persistente, dentre outras. Nas palavras do economista Joseph Alois Schumpeter, Empreendedor é aquele capaz de visualizar uma realização futura e, através do seu trabalho e recursos, combinado ao trabalho e recursos de terceiros, torná-la realidade. (Aprender a empreender. Sebrae, 2007). Dos 7,5 milhões de brasileiros que empreendem, 41,6% não o fazem voluntariamente, mas por necessidade. (GEM, 2007). A realidade mostra que os jovens brasileiros são formados para serem empregados e não empreendedores. As disciplinas lecionadas nas universidades não preparam os jovens para serem empreendedores, donos de suas próprias empresas. Por isso a taxa de mortalidade das PME - Pequenas e Médias Empresas no Brasil supera os 50% até o terceiro ano de vida. (Sebrae, 2008) Ser empreendedor não basta para o sucesso de alguns empresários, visto que muitos se lançam no mercado empresarial por necessidade e não por oportunidade. Desta forma, pode-se classificar os dois tipos de empreendedor: - Empreendedor por oportunidade: é aquele individuo essencialmente automotivado que ao perceber um nicho de mercado potencial ou criador de uma inovação, mune-se das 3

ferramentas gerencial e estratégica e transforma uma idéia em uma inovação ou oportunidade em um negócio lucrativo. (Sebrae, 1999). - Empreendedor por necessidade: é aquele individuo que na falta de emprego ou no impulso de ser dono de seu próprio negócio, decide abrir um negócio, muitas vezes, sem a bagagem prévia de ferramentas e know-how para gerar o empreendimento. (Sebrae, 1999). A figura a seguir mostra as proporções entre os empreendedores por oportunidade e motivação no país. Figura 1. Evolução das proporções de empreendedores por motivação no Brasil 2001 a 2007. 2007 2006 2005 2004 2003 2002 2001 0% 20% 40% 60% 80% 100% Oportunidade Necessidade Outras Fonte: Pesquisa GEM 2007 A figura acima ilustra que os brasileiros costumam adentrar ao mundo do negócio próprio face a uma oportunidade encontrada, seja esta por deficiência dos produtos/serviços já existentes ou por demanda do mercado. 4

Tabela 1. Empreendedores iniciais por motivação segundo setor de atividade no Brasil 2002 a 2007. TEA (%) MOTIVAÇÃO (%) Setor de Atividades Oportunidade Necessidade Taxa Proporção Taxa Proporção Taxa Proporção Extrativista 0,3 2,2 0,2 2,2 0,1 2,3 Transformação 3,9 32,6 2,0 33,1 1,8 31,9 Serviços orientados a 1,1 9,0 0,7 11,2 0,4 6,6 empresas Serviços orientados aos 6,7 56,1 3,3 53,5 3,3 59,3 consumidores Fonte: Pesquisa GEM 2007 A Tabela 1 mostra que a Taxa de Empreendedores em Estágio Inicia (TEA) é maior no setor de transformação e nos serviços orientados ao consumidor, sendo que em ambos os casos, o empreendimento é motivado por uma oportunidade. O Brasil é o nono país mais empreendedor, dentre os 42 que fazem parte do estudo GEM. Visando esta realidade, e afrontadas pela estatística de empreendedorismo que explicita o povo brasileiro com uma taxa de atividade empreendedora de 12,7% ou seja, praticamente 13 em cada cem brasileiros adultos estão envolvidos com alguma atividade empreendedora, (GEM, 2007); é que algumas organizações como o SEBRAE e as incubadoras de empresas se dispõem como uma ferramenta de apoio aos futuros empreendedores. 5

Tabela 2. Painel comparativo de evolução dos empreendedores iniciais (TEA) entre 2001 e 2007 - BRIC e G7. Grupo de Países Ano 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Brasil 14,20 13,53 12,90 13,55 11,32 11,65 12,72 Membros do G7 Reino Unido 7,80 5,37 6,36 6,19 6,22 5,77 5,53 Estados Unidos 11,61 10,51 11,94 11,33 12,44 10,03 9,61 Itália 10,16 5,90 3,19 4,32 4,94 3,47 5,01 Japão 5,19 1,81 2,76 1,48 2,20 2,90 4,34 França 7,37 3,20 1,63 6,03 5,35 4,39 3,17 BRIC Rússia 6,93 2,52 - - - 4,86 2,6 China - 12,34 11,59-13,72 16,19 16,43 Índia 11,55 17,88 - - - 10,42 8,53 Fonte: Pesquisa GEM 2007 A Tabela 2 apresenta a evolução do indicador da atividade empreendedora para alguns grupos analíticos que permitem maior esclarecimento sobre a atividade empreendedora pelo mundo e particularmente sobre o Brasil. Uma primeira constatação reside na relativa estabilidade da TEA ao longo do tempo, com os países que apresentam altas taxas, como Brasil, China e Peru, por exemplo, com taxas sempre superiores a 10, mantendo sua posição entre os mais dinâmicos do mundo em termos de atividade empreendedora. 6

1.1 A atividade empreendedora no Brasil A atividade empreendedora está relacionada com as características institucionais, demográficas, culturais e de bem-estar econômico de um país. O bem-estar econômico determina a existência de alternativas de emprego, uma vez que países com melhor bem-estar econômico têm mais e melhores ofertas de emprego, não necessitando assim o investimento em negócios próprios. (GEM, 2007). O empreendedorismo faz parte da índole brasileira. Segundo estudo publicado pelo jornal americano US Today "Global Entrepreneurship Monitor" o Brasil é considerado o país mais empreendedor do mundo, sendo o brasileiro um empreendedor nato. O lado negativo do empreendedorismo é que os índices de mortalidade das PME no Brasil são elevadíssimos: segundo o Sebrae, 56% dessas empresas fecham as portas até o terceiro ano de vida. Entre as principais razões, destaca-se a falta de preparação do empreendedor para gerenciar com eficiência a sua empresa, insuficiência de capital, além de dificuldades pessoais do candidato a empresário. 2. FINANCIAMENTO DO EMPREENDEDORISMO Constata-se que o empreendedorismo brasileiro se faz, básica e inicialmente, a partir dos recursos próprios dos empreendedores, o conhecido autofinanciamento. (GEM, 2007). É importante salientar que pouco mais de um terço dos entrevistados na referida pesquisa afirmaram não necessitar de recurso algum para iniciar o empreendimento, o que denota a desinformação e desconhecimento para a concepção do empreendimento. (GEM, 2007). 7

Tabela 3. Acesso a recursos segundo estágio dos empreendedores no Brasil. ESTÁGIO RECURSOS TOTAIS Nascente Nova TEA Estabelecidas Proporção (%) Nada 13 23 20 34 Menos de R$2.000,00 17 44 35 29 De R$2.000,00 a R$10.000,00 36 21 26 18 De R$10.000,00 a R$20.000,00 17 6 9 7 De R$20.000,00 a R$30.000,00 4 2 3 4 Mais de R$30.000,00 14 4 7 8 Fonte: Pesquisa GEM 2007 Na Tabela 3 pode-se verificar que uma parcela significativa de empresários desconhecem a necessidade de recursos financeiros para a abertura do empreendimento. No Brasil, além das instituições bancárias que dispõe de linhas de crédito especial para novos empresários, podem-se destacar órgãos de fomento a pesquisa, ciência e empreendedorismo como a Finep, as Fape s e o CNPq. 2.1 FINEP A FINEP é uma empresa pública vinculada ao MCT (Ministério da Ciência e Tecnologia), criada em 1967, para institucionalizar o Fundo de Financiamento de Estudos de Projetos e Programas, criado em 1965. Posteriormente, a FINEP substituiu e ampliou o papel até então exercido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e seu Fundo de Desenvolvimento Técnico-Científico (FUNTEC), constituído em 1964 com a finalidade de financiar a implantação de programas de pós-graduação nas universidades brasileiras. 8

2.2 Fape s As Fundações de Amparo à Pesquisa de cada Estado começaram a ser esboçadas em 1942, quando foram montados os Fundos Universitários de Pesquisa para a Defesa Nacional, imediatamente após a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial. Esses fundos propunhamse a "apoiar a contribuição da universidade para a vitória das forças democráticas, por meio da pesquisa e de programas de treinamento" com a redemocratização do país, após a Segunda Guerra Mundial, a idéia de uma fundação de amparo à pesquisa passou a atender à proposta de um grupo influente de acadêmicos e pesquisadores, estabelecendo: "O amparo à pesquisa científica será propiciado pelo Estado, por intermédio de uma Fundação organizada em moldes a serem estabelecidos por lei". 2.3 CNPq O CNPq é uma agência do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) destinada ao fomento da pesquisa científica e tecnológica e à formação de recursos humanos para a pesquisa no país, ligada diretamente ao desenvolvimento científico e tecnológico do Brasil contemporâneo. 3. APOIO AO EMPREENDEDORISMO É na fase do ser meu próprio chefe que o empreendedor incorre no erro de não buscar ajuda profissional para fazer nascer seu negócio (Dornelas, 2002). Segundo Tiffany (1999), reunidas as características empreendedoras, o empreendedor costuma considerar de forma errônea os três aspectos básicos que se deve ter para quem quer ser dono do próprio nariz : o negócio em si, os clientes e a concorrência. Par que se abra um novo negócio é necessário que o futuro empresário tenha informações burocráticas acerca do negócio, como por exemplo, a forma que a PJ configurará, documentos 9

básicos que ela deve ter e informações de cunho administrativo, financeiro, contábil, dentre outros, para poder geri-la. É nesse aspecto que as incubadoras de empresa podem ajudar para o desenvolvimento do empreendimento. 3.1 O SEBRAE O SEBRAE é uma entidade privada sem fins lucrativos que tem como missão promover a competitividade e o desenvolvimento sustentável dos empreendimentos de micro e pequeno porte. A instituição foi criada em 1972, como resultado de iniciativas pioneiras que tinham como foco estimular o empreendedorismo no país. O resultado do processo de incubação de novas empresas, no Brasil, tem se mostrado um agente catalisador de emprendedorismo e inovação. Com a graduação das incubadas, a expectativa das incubadoras é a de produzir empresas técnica e administrativamente preparadas para enfrentar o mercado, fortalecendo a tecnologia brasileira e o desenvolvimento sócioeconômico nacional. Assim, elas se capacitam para entrar de forma competitiva no mercado, transformando-se em potenciais geradoras de emprego e renda. De acordo o SEBRAE 49,4% das micro e pequenas empresas brasileiras não chegam ao 2º ano de existência, 56,4% não sobrevivem até o 3º ano e 59,9% não completam o 4º. ano de existência. O fechamento prematuro de empresas no país é um fator preocupante para a economia e a sociedade como um todo, uma vez que quanto maior o número de empresas em atividade, maior o número de empregos e geração de renda. 3.1.1 Empretec O Empretec é um programa, ofertado pelo SEBRAE, intenso e presencial para empresários e empreendedores que planejam iniciar um negócio ou modificar sua forma de agir. É um seminário de imersão em nível avançado, no âmbito do empreendedorismo, onde o 10

participante estuda as dez características do comportamento empreendedor e tem oportunidade de vivenciar as mudanças comportamentais desenvolvendo e revendo conceitos e atitudes. Os negócios tocados por empretecos (terminologia dada aos que concluíram o seminário) têm mais chances de sobrevivência, pois a imersão no treinamento de 80 horas, cumpridas em nove dias, dá aos participantes a dimensão do seu poder empreendedor. (SEBRAE. 2008) Atualmente é considerado como um dos mais bem sucedidos programas de desenvolvimento do empreendedor, usando metodologia desenvolvida pela Organização das Nações Unidas (ONU) e no Brasil resulta dos esforços do Sebrae, da Agência Brasileira de Cooperação, vinculada ao Ministério das Relações Exteriores, e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNDU). O SEBRAE outros programas de apoio ao empreendedorismo como a Feira do Empreendedor e os cursos on-line em ambiente EAD (ensino a distancia). 3.2 As incubadoras de empresas Incubadoras de empresas são organismos corporacionais (instituições de ensino, tecnologia, empresas, etc.) que apóiam empresas desde sua criação e instalação até a graduação. De acordo com Medeiros (1992), incubadora é um núcleo que abriga, usualmente, microempresas de base tecnológica, isto é, aquela que tem no conhecimento seu principal insumo de produção. Segundo Spolidoro (1999), incubadora é um ambiente que favorece a criação e o desenvolvimento de empresas e de produtos (bens e serviços), em especial aqueles inovadores e intensivos de conteúdo intelectual (produtos em cujo custo, a parcela do trabalho intelectual é maior que a parcela devida a todos os demais insumos). 11

A idéia das incubadoras é a de contribuir para o surgimento de novos negócios (sobretudo os de inovação) e dar as condições necessárias aos empreendedores que têm um produto, projeto ou uma idéia, mas não tem a experiência administrativa para iniciar e decolar a empresa. Para o SEBRAE uma incubadora de empresas deve ter como objetivo promover e estimular a criação de micro e pequenas empresas competitivas, contribuir para o desenvolvimento sócio-econômico na medida em que são potencialmente capazes de induzir o surgimento de unidades produtivas que geram grande parte da produção industrial e criam a maior parte dos postos de trabalho no país, a custos bem reduzidos por emprego gerado. Estes organismos corporacionais são ambientes que dispõem de uma infra-estrutura construída ou adaptada para comportar o pequeno e micro empreendedor e oferecem uma gama de serviços como suporte técnico e de marketing, assessoria gerencial, consultorias especializadas, orientação na elaboração de projetos às instituições de fomento, serviços administrativos, cursos de capacitação gerencial para formação complementar do empreendedor, etc. 3.2.1 Empresas Incubadas São Pessoas Jurídicas de qualquer segmento que se inserem por um período prédeterminado nas incubadoras com o propósito de amadurecer e desenvolver projetos e pesquisas que tem potencial para sair do papel e se tornar um empreendimento. 3.2.2 Empresas Graduadas São Pessoas Jurídicas incubadas que já atingiram o prazo determinado de incubação, (que via de regra é de 2 anos, prorrogável por mais 1) e segundo as incubadoras já são empresas formadas, aptas para atuarem por conta própria no mercado. 3.3 INCAMP 12

Criada em 2001, e incorporada à Agência de Inovação da Unicamp (INOVA) tem como missão: "Criar e desenvolver empresas inovadoras de base tecnológica, capacitando-as gerencial e tecnologicamente, através da interação Unicamp-empresa-rede de parceiros e contribuindo para o fortalecimento do Sistema Regional de Inovação. Os principais objetivos da INCAMP, visando a implantação de uma estrutura propícia ao surgimento de novas empresas de base tecnológica propiciando, conjuntamente com o SEBRAE, a comunidade e os governos municipal, estadual e federal, podem ser divididos em: - desenvolvimento de tecnologias adequadas ao país; - fluxo contínuo de inovações; - geração de riqueza e novos empregos; - diversificação e desconcentração industrial; - valorização da cultura empreendedora. A INCAMP, além de oferecer a permissão de uso de parte de espaço físico, proporciona condições favoráveis para a interação da empresa incubada com as unidades de ensino e pesquisa da UNICAMP. Desta forma, tem contribuído para a transferência de tecnologia entre universidade e empresa, além de incentivar a cultura de patentes. Através de sua assessora técnica, promove capacitação na elaboração de projetos para captação de recursos financeiros, assessora o registro de Propriedade Intelectual, o licenciamento de produtos junto aos órgãos governamentais, apóia a participação em feiras e eventos e capacita na gestão empresarial, tais como: gestão financeira, custos, marketing, planejamento, administração geral, produção e operações através do seu grupo de assessores. Atualmente, a INCAMP conta com onze empresas graduadas e atuantes no mercado e dez empresas incubadas. 3.3.1 Processo de Incubação 13

Incubação é o processo de apoio ao desenvolvimento de empreendimentos semente. É o mecanismo de transformação de empresas potenciais em empresas crescentes e lucrativas com capacidade de competição e sustentação no mercado. Segundo o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) (2000), o processo de incubação de empresas passa a ser cada vez mais profissional, criando-se mecanismos de gestão, controle e avaliação. Tende a agregar e articular os diversos aspectos e atividades subjacentes à criação e desenvolvimento de empresas e aos desdobramentos dos processos de incubação, considerando instituições e sistemas regionais de inovação em que se situam. A INCAMP, bem como as demais incubadoras no Brasil, publica edital para a chamada de projetos para incubação e transformação destes em futuro negócio. Especificamente, tem utilizado o processo de jornadas de empreendedorismo que tem como objetivo selecionar projetos de base tecnológica ou idéias que possam se transformar em empreendimentos. Este evento é direcionado a universidades, centros de pesquisa, escolas técnicas e empresas onde se desenvolvem projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (P&D&I). O período de incubação tem uma duração média de 3 anos, podendo variar de incubadora para incubadora. 4. O MOVIMENTO DAS INCUBADORAS Foi em 1959 no estado de Nova Iorque, quando uma das fábricas da Massey Ferguson fechou e Joseph Mancuso, comprador das instalações da fábrica, resolveu sublocar o espaço para pequenas empresas iniciantes, que compartilhavam equipamentos e serviços. Além da infraestrutura física das instalações, Mancuso ofereceu um conjunto de serviços que poderiam ser compartilhados pelas empresas ali instaladas, como secretaria, contabilidade, vendas, marketing entre outros; o que reduzia os custos operacionais das empresas e aumentava a competitividade. 14

A esta estrutura criada deu-se o nome de incubadora de empresas, que apareceram também como meio de incentivar universitários recém-graduados a disseminar suas inovações tecnológicas e a criar espírito empreendedor. No Brasil, as primeiras incubadoras formadas nasceram no início da década de 80 com o intuito de transferir para as empresas o conhecimento produzido nas universidades tanto para o aumento do nível tecnológico das empresas que já existiam como para a criação de novos negócios. Elas se estenderam para abranger objetivos econômicos e sociais num ampliado modelo de inovação, compreendendo as incubadoras de base tecnológica, tradicionais, mistas, de cooperativas e sociais. As de cunho tecnológico são as que abrigam as empresas de base tecnológica cujos produtos, processos ou serviços são gerados a partir de resultados de pesquisas aplicadas, nos quais a tecnologia representa alto valor agregado; as tradicionais abrigam empresas dos setores tradicionais da economia que detém tecnologia largamente difundida e queiram agregar valor aos seus produtos, processos ou serviços por meio de um incremento em seu nível tecnológico e devem estar comprometidas com a absorção ou o desenvolvimento de novas tecnologias, as mistas são as que abrigam ambos os tipos, as de cooperativas, incubam as cooperativas e as sociais abrigam empreendimentos diversos visando o desenvolvimento social e econômico de determinada área. Em 2007, o último levantamento fornecido pela ANPROTEC foi de 363 incubadoras em todo país. 5. INCUBADORA DE EMPRESAS COMO UM INCENTIVADOR DE DESENVOLVIMENTO DA ECONOMIA 15

Segundo a GEM (2007) que mede as taxas de empreendedorismo mundial, houve um aumento de 11,6%, em 2006, para 12,72%, em 2007 (equivalente a 15 milhões de empreendimentos). Este fato é de extrema relevância, pois se sabe também que as micro, pequenas e médias empresas são as que mais empregam e geram renda. Elas constituem cerca de 98% das empresas existentes, empregam 60% da população economicamente ativa e geram 42% da renda produzida no setor industrial, contribuindo com 21% do Produto Interno Bruto (PIB). (SEBRAE, 2008) Tendo um papel importantíssimo na economia brasileira, é fato que os olhos se voltem para esta parcela geradora de emprego e renda. É nesse aspecto que entram em cena as incubadoras de empresas e sua importância para o mercado. De acordo com a ANPROTEC (2008), 93% das empresas que iniciaram suas atividades através de um processo de incubação tiveram êxito nos empreendimentos realizados. De forma semelhante, o SEBRAE divulgou estatísticas americanas e européias, que revelam que a taxa de mortalidade de empresas que passam pelo processo de incubação é reduzida de 70% para 20%; taxas de mortalidade a níveis comparáveis às brasileiras. Dentre as várias razões que propiciam a falência das empresas, o SEBRAE detectou os problemas gerenciais como a principal razão e este é um problema que pode ser superado com o apoio das incubadoras. O Sindicato das Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo (SIMPI) aponta também as dificuldades burocráticas, que incluem uma legislação complexa e exigente com altos custos tributários e de comercialização, além das dificuldades concorrenciais um dos fatores para o desaparecimento de micro e pequenos empresários que encontram prazos e condições de pagamentos para a aquisição de insumos apertados e as elevadas taxas de juros sobre os empréstimos e as garantias que geralmente eles não podem oferecer, deixam-no sem acesso ao 16

crédito e nesse âmbito as incubadoras podem dar suporte técnico para a viabilização do empreendimento. As incubadoras de empresas têm demonstrado ser uma porta de entrada ao mercado competitivo para empresas sementes cujos empresários tem a ambição de transformar em negócio rentável uma idéia que ainda está no papel. Isto porque elas fazem a gestação de algo novo que, (igualmente como as destinadas a chocar ovos) tem a função de promover crescimento e, esperase, que este seja forte e saudável. 5.1 Apoio aos programas de incubação 5.1.1 ANPROTEC A ANPROTEC foi criada em 1987 com o objetivo de representar e defender os interesses das entidades gestoras de incubadoras de empresas, pólos, parques tecnológicos e tecnópolis, promovendo através destes modelos, instrumentos para o desenvolvimento do país e criação e fortalecimento de empresas baseadas no conhecimento. Ela se legitimou no cenário de incubadoras brasileiras como uma associação que reúne entidades que promovem empreendimentos de tecnologias avançadas, apoiando as inovações do campo produtivo e incentivando o desenvolvimento de novas tecnologias e novos produtos. 5.1.2 PNI O Programa Nacional de Apoio às Incubadoras de Empresas e Parques Tecnológicos (PNI), tem o objetivo de reunir, articular, aprimorar e divulgar os esforços institucionais e financeiros de suporte a empreendimentos residentes nas incubadoras e parques tecnológicos, com o intuito de ampliação e otimização dos recursos canalizados para apoio, geração e consolidação de um número crescente de micro e pequenas empresas de inovação. 17

Ele fomenta o surgimento e a consolidação de incubadoras de empresas de base tecnológica, mistas e tradicionais caracterizadas pela inovação tecnológica dos produtos, processos e serviços, bem como pela utilização de modernos métodos de gestão. CONSIDERAÇÕES FINAIS Nascendo como incubadas as empresas obtêm uma maior taxa de sucesso, visto que é nos primeiros anos de existência que se verifica uma maior taxa de falência. As incubadas têm nas incubadoras o apoio necessário nos primeiros anos de existência, recebendo o auxilio para o desenvolvimento de novos projetos em seu processo inicial com o suporte administrativo, condução do desenvolvimento através de consultorias especializadas e desenvolvimento de estratégias de marketing para abordagem do produto nas vendas. De acordo com o CNPq (2000), as incubadoras induzem ações positivas para suas gestões ou instituições em que se encontram, como nas universidades que passam a ofertar disciplinas de empreendedorismo nos seus cursos a partir da motivação trazida por suas incubadoras. Segundo o BNDES, Admitindo-se que as dificuldades e os riscos de implantação de novos empreendimentos no mercado inibem o surgimento de empresas e, ainda, que os custos e a necessidade de investimentos são elevados, o processo de conquista da credibilidade no mercado é lento; admitindo-se, ainda, que há também a inexperiência característica da fase inicial, sendo que, muitas vezes, são problemas gerenciais que levam boas idéias ao fracasso, é natural que com tantos obstáculos poucas empresas se efetivem no mercado. No entanto, o diferencial mais significativo para as empresas nascentes é a infra-estrutura intelectual que a incubadora oferece. Os serviços de consultorias nas áreas de gestão empresarial, gestão tecnológica, comercialização dos produtos e serviços, contabilidade, marketing e 18

assistência jurídica, já demonstram que seria necessário para a empresa nascente um investimento muito alto em recursos humanos graduados e especializados. A soma de todos estes recursos necessários, muitas vezes é fator decisivo para que uma empresa não nasça ou não sobreviva o tempo suficiente no mercado até o produto/serviço estar desenvolvido e comercializado. É também nas incubadoras que os empreendedores recebem cursos de capacitação e treinamento de gestão empresarial e tecnológica como negociação, técnicas de comercialização, elaboração de contratos, marcas e patentes, noções de legislação tributária e fiscal, assessoria à exportação, normalização e metrologia, capital de risco, etc. Com essa bagagem gerencial, espera-se que os futuros empresários adquiram uma cultura empreendedora e, quando graduada, a empresa tenha condições necessárias de vencer no mercado gerando empregos e aquecendo a economia. REFERENCIAS ANPROTEC. Disponível em <http://www.anprotec.org.br/>. Acesso em 05 mai. 2008. ANPROTEC. Planejamento e implantação de incubadoras de empresas. Brasília. 2002. AZEVEDO, Alessandra; OLIVEIRA, Luiz Jose; BALDEÓN, Tufino. Incubadora Tecnológica de Cooperativas ITCP x Incubadora de Empresas de Base Tecnológica - IEBT Diferenças e semelhanças no processo de Incubação. Disponível em <http://www.itcp.unicamp.br/downloads/itcp_doc1.doc>. Acesso em 10 out. 2007. BNDES. Disponível em < http://www.bndes.gov.br>. Acesso em 05 mai. 2008. CNPq. Propostas para incentivo dos processos de incubação de empresas de base tecnológica. Brasília: CNPq, 2000. DIAS, Carolina; CARVALHO, Luís Felipe. Panorama Mundial das Incubadoras. In: ARANHA, José Alberto. Modelo de Gestão para Incubadoras de Empresas: implementação do modelo. Rede de Incubadoras do Rio de Janeiro, 2002. 19

DORNELAS, J. C. A. Empreendedorismo - Transformando idéias em negócios. 2ª. Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005 5ª. Impressão. DORNELAS, J. C. A., Planejando incubadoras de empresas: como desenvolver um plano de negócios para incubadoras. Rio de janeiro: Campus, 2002. FINEP. Disponível em <www.finep.gov.br>. Acesso em 05 mai. 2008 GEM 2007. Empreendedorismo no Brasil: 2007 / Carlos Artur Krüger Passos et al.curitiba : IBQP, 2008. MEDEIROS, J.A, MEDEIROS, L.A, MARTINS, T., PERILO, S. Pólos, parques e incubadoras A busca da modernização e competitividade. CNPq, SCT/PR, IBICT, SENAI. Brasília, 1992. Pesquisa Fatores Condicionantes e Taxa de Mortalidade de Empresas. Brasília: Ed. Sebrae, outubro de 1999. SEBRAE. Disponível em <http://www.sebrae.com.br>. Acesso em 05 mai. 2008. SEBRAE. Curso: Aprender a empreender. 2007. SIMPI. Disponível em <http://www.simpi.com.br/pesquisas.php>. Acesso em 05 mai. 2008. SPOLIDORO, R. Habitats de inovação e empreendedores: agentes de transformação das estruturas sociais. TECHBAHIA. Camaçari. 1999. TIFFANY, P; PETERSON, S.D. Planejamento estratégico. Série para Dummies; Rio de Janeiro: Campus, 1999. 20