Usucapião É a aquisição do domínio ou outro direito real pela posse prolongada Tem como fundamento a função social da propriedade!1
Requisitos da posse ad usucapionem Posse com intenção de dono (animus domini) Posse mansa e pacífica Posse contínua e duradoura Posse justa Posse de boa-fé e com justo título (na usucapião ordinária)!2
Acessio possessionis É a soma dos lapsos temporais entre os sucessores na posse Pode se dar na sucessão inter vivos ou mortis causa Não se aplica para os casos de usucapião especial ou constitucional!3
Causas que obstam, suspendem ou interrompem o prazo Não corre prazo entre cônjuges, na constância da sociedade conjugal Não haverá usucapião entre ascendentes e descendentes durante o poder familiar, até o menor completar 18 anos Não correm os prazos entre tutelado ou curatelado e seu tutor ou curador, durante a tutela ou curatela!4
Causas que obstam, suspendem ou interrompem o prazo Não corre o prazo contra absolutamente incapazes (art. 3º do CC Não correm prazos contra os ausentes do país em serviço público ou contra os que se acharem servindo nas forças armadas, em tempo de guerra Não se adquire um bem por usucapião pendendo condição suspensiva (ex.: se houver uma ação reivindicatória tramitando)!5
Causas que obstam, suspendem ou interrompem o prazo Não se adquire por usucapião não estando vencido eventual prazo para a aquisição do direito ou se pendente ação de evicção Quando a ação de usucapião se fundar em fato que deva ser apurado no juízo criminal, não corre o prazo antes da respectiva sentença definitiva Interrompe-se o prazo com o despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar citação (ex.: ação que discute o domínio da coisa!6
Causas que obstam, suspendem ou interrompem o prazo Pelo protesto judicial ou cambial, interrompe-se o prazo prescricional, como também a apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de credores Também interrompe o prazo qualquer ato judicial que constitua em mora o possuidor ou qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito alheio!7
Modalidades de usucapião de bens imóveis!8
Usucapião ordinária (art. 1242 do CPC) Posse mansa, pacífica e ininterrupta com animus domini por 10 anos Justo título (todo e qualquer ato jurídico hábil em tese a transferir a propriedade, independentemente do registro, como o instrumento particular de compromisso de compra e venda) Boa-fé O prazo cai para 5 anos no caso de posse-trabalho (o imóvel serve como moradia ou nele são realizados investimentos de interesse social e econômico)!9
Usucapião extraordinária (art. 1238 do CC) Posse mansa e pacífica, ininterrupta, com animus domini e sem oposição por 15 anos, dispensados o justo título e a boa-fé O prazo cai para 10 anos no caso de posse-trabalho!10
Usucapião constitucional ou especial RURAL Art. 191 da CF e 1239 do CC e Lei 6.969 de 1981 A área não pode ser superior a 50 hectares e deve estar localizada na zona rural 5 anos ininterruptos, sem oposição e com animus domini O imóvel deve ser utilizado para subsistência ou trabalho (o essencial é que a terra seja produtiva) Aquele que pretende usucapir não pode ser proprietário de outro imóvel!11
Usucapião constitucional ou especial URBANA Art. 183 da CF, 1240 do CC e 9º da Lei 10.257 de 2001 Área urbana não superior a 250 m² Posse mansa e pacífica de 5 anos ininterruptos, sem oposição, com animus domini O imóvel deve ser utilizado para moradia própria ou da família (pro misero) Aquele que adquire o bem não pode ser proprietário de outro imóvel e a modalidade não pode ser deferida mais de uma vez!12
Usucapião especial urbana por abandono do lar (art. 1240-A do CC) Posse direta, com exclusividade, ininterruptamente e sem oposição por 2 anos Imóvel urbano de até 250m² cuja propriedade era dividida com ex-cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar O bem deve servir para moradia própria ou da família O pedido somente pode ser apresentado a partir de 16 de junho de 2013, pois o artigo 1240-A foi acrescentado pela Lei 12.424, de 16-6-2011!13
Abandono do lar Se houver disputa judicial ou extrajudicial relativa ao imóvel, não ficará caracterizada a posse ad usucapionem O afastamento do lar conjugal representa o descumprimento simultâneo de outros deveres conjugais, como assistência material e dever de sustento do lar, onerando desigualmente aquele que se manteve na residência familiar e que se responsabiliza unilateralmente com as despesas oriundas da manutenção da família e do próprio imóvel (Enunciado 499 do CNJ)!14
Abandono do lar Se um cônjuge expulsa o outro, não se configura o abandono Não se exige a ocorrência de divórcio ou de dissolução da união estável, bastando a separação de fato!15
Usucapião especial urbana COLETIVA (Art. 10 da Lei 10.257 de 2001 Área urbana de ao menos 250m² Posse de 5 anos ininterruptos, sem oposição, com animus domini, dispensada a boa-fé Famílias de baixa renda utilizando o imóvel para moradia Impossibilidade de identificação da área de cada possuidor O interessado não pode ser proprietário de outro imóvel O juiz atribui igual fração ideal do terreno para cada possuidor, salvo acordo escrito entre os condôminos!16
Usucapião especial indígena (art. 33 da Lei 6001 de 1973 Área de no máximo 50 hectares Posse mansa e pacífica por dez anos, exercida por indígena!17
Usucapião administrativa (Lei Minha Casa, Minha Vida - 11.977/2009) É possível que o poder público legitime a posse de ocupantes de imóveis públicos ou particulares, que, devidamente registrada, constitui direito de moradia Art. 59. A legitimação de posse registrada constitui direito em favor do detentor da posse direta para fins de moradia. 1º A legitimação de posse será concedida aos moradores cadastrados pelo poder público, desde que: I - não sejam concessionários, foreiros ou proprietários de outro imóvel urbano ou rural; II - não sejam beneficiários de legitimação de posse concedida anteriormente.!18
Usucapião administrativa Após 5 anos do registro do título de legitimação de posse, o interessado poderá requerer ao oficial de registro de imóveis a conversão desse título em registro de propriedade, tendo em vista a aquisição por usucapião, nos termos do art. 183 da CF No caso de bens públicos, não cabe tal conversão!19
Documentos necessários para requerer a conversão (art. 60, 1º da Lei 11977/2009) certidões do cartório distribuidor demonstrando a inexistência de ações em andamento que versem sobre a posse ou a propriedade do imóvel; declaração de que não possui outro imóvel urbano ou rural; declaração de que o imóvel é utilizado para sua moradia ou de sua família; e declaração de que não teve reconhecido anteriormente o direito à usucapião de imóveis em áreas urbanas.!20
Usucapião administrativa (art. 60, 3º da Lei 11.977/2009) No caso de área urbana de mais de 250m² (duzentos e cinquenta metros quadrados), o prazo para requerimento da conversão do título de legitimação de posse em propriedade será o estabelecido na legislação pertinente sobre usucapião!21
Usucapião e direito intertemporal Art. 2029 do CC: aos prazos de usucapião ordinária e extraordinária por posse-trabalho serão acrescidos dois anos, independente do tempo transcorrido na vigência do Código anterior, até dois anos após a entrada em vigor do novo código Ou seja, até 11 de janeiro de 2005 referidos prazos serão de 7 e 12 anos, respectivamente!22
Art. 2028 do CC Art. 2.028. Serão os da lei anterior os prazos, quando reduzidos por este Código, e se, na data de sua entrada em vigor, já houver transcorrido mais da metade do tempo estabelecido na lei revogada Exemplo: Usucapião extraordinária - o prazo era de 20 anos no CC de 1916 e foi reduzido para 15 no de 2002; Se em 11 de janeiro de 2003 já havia transcorrido 11 anos, o possuidor deverá aguardar mais 9 para usucapir Se, por outro lado, houvesse transcorrido apenas 2 anos, aplica-se o prazo reduzido, porém desde a entrada em vigor do novo código!23
Usucapião de bens públicos O art. 183, 3º e 191 parágrafo único CF/88, acompanhado do art. 102 do CC, proíbem expressamente a usucapião de imóveis públicos, sendo esse o caminho seguido pela doutrina e jurisprudência majoritárias Apesar disso, há juristas que defendem a usucapião de bens públicos dominicais, ou seja, os que são formalmente públicos mas não materialmente públicos, por não possuírem função social!24
Registro do título (arts. 1245 a 1247 do CC) É a principal forma derivada de aquisição da propriedade imóvel Art. 108 do CC: se o imóvel tiver valor superior a 30 salários mínimos, deve ser lavrada escritura pública (é formalidade, ou seja, está no plano da validade do negócio) O registro imobiliário está no plano da eficácia do negócio, e é o que gera a aquisição da propriedade imóvel!25
Sucessão hereditária (art. 1784 do CC) Ocorre por ato mortis causa, em que o herdeiro legítimo ou testamentário ocupa o lugar do de cujus em todos os seus direitos e deveres Princípio de saisine: a herança transmite-se no momento da morte, independentemente da transcrição no registro de imóveis!26