AULA 07. Herança Jacente = herança sem herdeiros notoriamente conhecidos (arts e ss. do CC).
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- Cláudia Delgado Caiado
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1 01 Profª Helisia Góes Disciplina: DIREITO CIVIL VI SUCESSÕES Turmas: 8ºDIV, 8ºDIN-1 e 8º DIN-2 Data: 21/08/12 AULA 07 II - SUCESSÃO EM GERAL (Cont...) 11. Herança Jacente e Vacante (arts a 1.823, CC) Herança Jacente = herança sem herdeiros notoriamente conhecidos (arts e ss. do CC). O fenômeno da jacência ocorre quando, falecendo o titular do patrimônio, não existirem herdeiros (legítimos ou testamentários) notoriamente conhecidos (1.819, CC). Questões Relevantes: 1- Tem caráter transitório; Jacência: é o período transitório que visa a entrega da herança aos herdeiros. ou a Declaração de Vacância. 2- Não é pessoa jurídica, equiparando-se à massa falida, sendo considerada uma entidade com personificação anômala. 3- Tem como administrador o curador, que será nomeado pelo juiz e representará, judicial e administrativamente, a herança jacente (art. 12, IV, CPC). Foro Competente: último domicílio do de cujus (1.785, CC; 96, Parágrafo único, CPC). Procedimento: a 1.158, CPC. Segundo a disciplina do CPC, o juiz competente deverá iniciar o processo de jacência, imediatamente, pela arrecadação dos bens do falecido (1.142, CPC). JACÊNCIA Arrecadação (arts. 1142, a 1.151, CPC) É um procedimento cautelar onde os bens são arrecadados, a fim de se evitar uma dilapidação do patrimônio do de cujus por terceiros oportunistas, ou seja, visando garantir os direitos de futuros herdeiros, a serem encontrados ou, em instância final, do próprio Estado. Curador (arts e 1.144, CPC): é o administrador da herança jacente. No inciso I, do art , CPC, temos a previsão da participação obrigatória do MP no processo de herança jacente.
2 02 Atribuições: Além dos incisos do art , do CPC, ao prestar compromisso, o curador da herança jacente fica sujeito, também, às disposições contidas no arts. 148 a 150, do CPC, relativas ao administrador. Habilitação de Herdeiros Antes da declaração de vacância, os herdeiros podem requerer habilitação diretamente no processo de jacência, por petição simples. O juiz proferirá decisão acerca da habilitação de herdeiros no decorrer do processo de jacência. Se for aceita a habilitação o processo de jacência será convertido em inventário (1.153, CPC). Se for negada a habilitação, caberá recurso ao herdeiro insatisfeito. Se for inadmitida a habilitação apenas por falta de provas, nada impede que o herdeiro proceda novamente o pedido, com novas provas. Caberá, nesse caso, Agravo de Instrumento. Após o trânsito em julgado da sentença que declarou a vacância da herança, os herdeiros somente poderão pleitear a herança por meio de ação direta (1.158, CPC). Habilitação de Credores A lei garante que os credores habilitem-se diretamente no processo de jacência, para ter direito ao seu crédito. Bem como podem promover a competente Ação de Cobrança (1.821, CC e 1.154, CPC). Entretanto, após o trânsito em julgado da sentença que declarou a vacância da herança, somente poderão pleitear o seu crédito por meio de ação direta (1.158, CPC). Publicação de Edital Depois de concluir a arrecadação dos bens do de cujus, o juiz determinará a expedição de edital, que deverá ser publicado 03 vezes, com intervalo de 30 dias para cada um, no órgão oficial e na imprensa da comarca, chamando os sucessores do finado para habilitarem-se no prazo de 06 meses, contados da primeira publicação (1.820, CC; 1.152, CPC). Se, entretanto, for verificada a existência de sucessor ou testamenteiro em lugar certo, deve-se providenciar sua citação e, concomitantemente, a publicação do edital ( 1º, 1.152, CPC). Sendo o de cujus estrangeiro, a jacência também deverá ser comunicada à autoridade consular ( 2º, 1.152, CPC). VACÂNCIA Os bens serão entregues ao Poder Público se, passados um ano da primeira publicação do Edital, não surgirem herdeiros habilitados, nem houver habilitação pendente (Sucessão Provisória). Porém, a incorporação definitiva somente ocorrerá 05 anos após a morte do de cujus (abertura da sucessão) art , CC (Sucessão Definitiva). Declaração Direta de Vacância: Havendo herdeiros conhecidos, mas se todos renunciarem à herança, a lei permitirá a declaração imediata de vacância (1.823, CC). Obs.1: Segundo o Parágrafo único do art (CC), não ocorrerá a transmissão da herança se o herdeiro renunciar, portanto, apesar de existirem herdeiros conhecidos, se renunciarem, será como não existissem. Obs.2: Nem sempre a declaração de jacência e vacância corresponderá à totalidade da herança. Se, por exemplo, o falecido deixar testamento, válido e eficaz, dispondo acerca de apenas uma parte de seu patrimônio, a parte remanescente, caso não existam herdeiros necessários conhecidos, será considerada jacente, com possibilidade de posterior declaração de vacância.
3 03 ATENÇÃO: Mesmo após a declaração de vacância, no período de transmissão provisória do patrimônio hereditário para o domínio público, os herdeiros ainda podem pleitear o direito à herança, exceto os colaterais, mas tão somente por ação judicial própria (1.822, Par. único, CC; 1.158, CPC). Efeitos da Vacância a) Encerramento dos deveres de guarda, conservação e administração do curador (1143, CPC); b) Devolução da herança à União, se os bens estiverem em território federal, aos Municípios ou ao Distrito Federal, se localizados em suas respectivas circunscrições, conferindo-lhes propriedade resolúvel (Sucessão Provisória); c) Possibilidade de reclamação da herança por parte dos herdeiros, exceto colaterais (Par. único, 1.822, CC), pelo prazo de 5 anos, contados da abertura da sucessão (1.158, CPC/1.824, CC). Obs.3: O ente público, que assume o domínio dos bens da herança vacante, tem a obrigação de aplicar tal patrimônio em fundações voltadas para o ensino universitário, com a devida fiscalização do Ministério Público, conforme disciplina o art. 3º, do Decreto-Lei n 8.207/1945. Em Destaque: Resumidamente, temos a seguinte seqüência de acontecimentos: JACÊNCIA Arrecadação Edital VACÂNCIA (Suc. Provisória*) Suc. Definitiva** (Processo de conservação dos bens e busca de sucessores) (Processo de transferência dos bens para o Poder Público) * A declaração judicial de vacância ocorre 01 ano depois da 1ª publicação do Edital, se não forem encontrados herdeiros, caracterizando a transferência provisória dos bens da herança para o Poder Público. ** Ultrapassados 5 anos, contados da data da abertura da sucessão, o patrimônio será transmitido definitivamente para o Poder Público, se não forem encontrados herdeiros. 12. Petição de Herança (arts a 1.828, CC) Definição: é a ação judicial que visa reconhecer o direito sucessório de herdeiro preterido no processo de inventário. Cabível tanto na sucessão legítima, quanto na sucessão testamentária (1.824, CC) Objetivos: reconhecer a qualidade de herdeiro ao autor da ação e conferir a herança ao seu legítimo dono (herdeiro/autor). Obs.1: Exemplo do Manejo da Ação - Quando determinados filhos não são reconhecidos, no momento da abertura da sucessão, tendo estes que comprovar sua filiação por meio de ação própria, poderão, futuramente, impetrar a Ação de Petição de Herança, para receber a parte que lhes cabe na herança.
4 04 ATENÇÃO: Para obter seu direito de herança por meio da Ação de Petição, o Autor deve comprovar sua condição de herdeiro, informando, exatamente, quem está na posse indevida dos bens objeto da herança pleiteada (Réu) Natureza Jurídica: ação judicial declaratória (vez que declara a condição de herdeiro) e condenatória (determinação judicial para que o Réu proceda a devolução da herança ao legítimo dono, com seus rendimentos e acessórios) reivindicatória (visa a devolução dos bens da herança pertencentes ao autor), real (visto que a herança é considerada bem imóvel 80, II, CC) e universal (porque tem por objeto um patrimônio universal herança 91 e 1.791, CC) Legitimidade: herdeiro (legítimo ou testamentário). Obs.2: Também terão legitimidade ativa o cessionário, os representantes do pré-morto (direito de representação) e o ente público, em caso de herança jacente sob a posse de herdeiro aparente. Obs.3: Sendo uma ação universal, poderá ser proposta por um, ou mais herdeiros, sendo que um único herdeiro pode pleitear a totalidade da herança (1.825, CC). Caso a ação seja proposta por apenas um dos herdeiros, sendo procedente a demanda, esse receberá a totalidade da herança, tendo em vista a indivisibilidade e universalidade que a reveste. ATENÇÃO: Antes mesmo da propositura do inventário, ou da partilha da herança, o herdeiro que preterido pode requerer a reserva de bens, como medida preventiva da conservação de seu direito hereditário, até que seja ultimada a ação de conhecimento destinada a comprovar sua qualidade de herdeiro (Ex.: Ação de Investigação de Paternidade). Essa medida cautelar cessa em 30 dias, se não for proposta a Ação de Petição de Herança (1.039, CPC). Obs.4: Durante a pendência de inventário, o herdeiro preterido pode pleitear seu direito hereditário diretamente nos autos, por petição simples (1.001, CPC). Se, porém, o inventário já tiver sido concluído, somente poderá atuar pela Ação de Petição de Herança, que em alguns casos é identificada na prática processual como ação possessória, ou anulatória de inventário. Esse erro de nomenclatura não impede a apreciação da demanda pelo judiciário, que tomará a ação como de petição de herança (DIAS, 2011, p. 594). Obs.5: Para Dias (2011, p. 595) é possível cumular a Ação de Investigação de Paternidade com a Ação de Petição de Herança. Obs.6: Sendo ação real imobiliária, exige-se a participação do cônjuge do autor e do réu (10, CPC) Competência: último domicílio do de cujus (96, Par. Único, CPC). ATENÇÃO: Se o inventário já tiver sido concluído, vigora a regra de competência da territorialidade (94, CPC) Prescrição: a Ação de Petição de Herança é prescritível (Súmula 149, STF). Prazo: 10 anos (205, CC), a contar da abertura da sucessão. Obs.7: Entende a doutrina que, apesar da herança ser passível de usucapião, exceto se for declarada vacante, só começa a contagem do prazo para configuração desse tipo de aquisição, depois de transcorrido o prazo prescricional da Ação de Petição de Herança (DIAS, 2011, p.599) Efeito da Procedência da Ação: rescisão da partilha (1.830, III, CPC), com promoção de uma nova partilha da herança. Retroage ex tunc à data da abertura da sucessão Possuidor Indevido: a pessoa que possui a herança pleiteada indevidamente (herdeiro aparente), deverá restituir os bens ao real herdeiro, nos termos das disposições dos artigos ao
5 do CC, que tratam dos efeitos da posse, levando-se em consideração a boa-fé e má-fé de tais possuidores. Se de boa-fé tem direito a indenização pelas benfeitorias e frutos percebidos (1.219, CC), devolvendo os frutos pendentes (1.214, CC), bem como não responde pela perda ou deterioração dos bens, sem culpa (1.217, CC). Se de má-fe deverá restituir todos os frutos, tendo direito apenas ao reembolso das despesas (1.216, CC) e ao ressarcimento das benfeitorias necessárias (1.220, CC). Obs.8: Ainda que o réu viesse mantendo a posse de boa-fé dos bens da herança pleiteada, presume a leia a má-fé a partir de sua citação, nos autos da Ação de Petição de Herança, vez que torna-se conhecedor do conflito que envolve a herança Herdeiro Aparente: é aquele que aparenta ser herdeiro mas, por uma situação de fato, se comprova que não possui tal condição. Tem a posse da herança como se fosse herdeiro, mas não é. Exemplo: indigno (que até o transito da sentença que declara a indignidade, possui a aparência de herdeiro) Alienações Onerosas: ainda que feitas por herdeiro aparente, serão válidas, desde que o terceiro adquirente esteja de boa-fé (Parágrafo único, 1.827, CC). Obs.9: O Autor da petição poderá reivindicar os bens da herança, ainda que estejam na posse de terceiros, respondendo o possuidor originário pelo valor dos bens alienados indevidamente (1.827, caput, CC) Pagamento de Legado pelo Herdeiro Aparente: Se o herdeiro aparente, de boa-fé, pagar um legado, não ficará obrigado a ressarcir o valor equivalente ao sucessor, mas este pode acionar diretamente aquele que recebeu o legado. BIBLIOGRAFIA DIAS, Maria Berenice. Manual das Sucessões. São Paulo: RT, DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Brasileiro: Direito das Sucessões. São Paulo: Saraiva, VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: Direito das Sucessões. São Paulo: Atlas, 2004.
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