R E L A T Ó R I O O DES. FEDERAL JOSÉ MARIA LUCENA (RELATOR): Cuida-se de remessa obrigatória de sentença que concedeu, em parte, a segurança pleiteada para compelir a autoridade impetrada a efetuar sua inscrição no Processo Seletivo de Transferência Voluntária (PSTV), período 2014.1, da Universidade Federal de Campina Grande-UFCG, no curso de Direito, Campus de Campina Grande/PB. Sentença sujeita ao duplo grau obrigatório. RELATEI. V O T O O DES. FEDERAL JOSÉ MARIA LUCENA (RELATOR): Cuida-se de remessa obrigatória de sentença que concedeu, em parte, a segurança pleiteada para compelir a autoridade impetrada a efetuar sua inscrição no Processo Seletivo de Transferência Voluntária (PSTV), período 2014.1, da Universidade Federal de Campina Grande-UFCG, no curso de Direito, Campus de Campina Grande/PB. Considerando que a mais alta Corte de Justiça do país já firmou entendimento no sentido de que a motivação referenciada ("per relationem") não constitui negativa de prestação jurisdicional, tendo-se por cumprida a exigência constitucional da fundamentação das decisões judiciais[1], adoto como razões de decidir os termos da sentença, que passo a transcrever: No caso dos autos, a impetrante ingressou no curso de Direito da UNIPÊ, no qual chegou a ser aprovada em algumas disciplinas constantes componentes curriculares daquela instituição, totalizando um aproveitamento de 1560 horas aulas (id. n. 139903) Posteriormente, após a realização de transferência entre IES, passou a integrar o quadro de alunos da Universidade Estadual da Paraíba, campus Guarabira (id.n. 139899).
Dessa forma, após o aproveitamento das disciplinas cursadas na UNIPÊ, passou a cursar as componentes curriculares da UEPB, conforme se vê em sem seu histórico escolar (f. 139899). Ocorre que a impetrante teve sua inscrição não homologada no Processo Seletivo para Transferência Voluntária (PSTV), período 2014.1, sob a alegação de não preenchimento do item "3.b" do edital PRE n. 005/2014, o qual dispõe que é requisito para a inscrição a comprovação de que o aluno "tenha sido aprovado, na instituição de origem, em disciplinas que totalizem uma carga horária acumulada de, no mínimo, 300 (trezentas) horas" (id n. 139892). Em que pese constar expressamente no edital PRE n. 005/2014 a exigência de comprovação de carga horária de, no mínimo, 300 (trezentas) horas na instituição de origem, tendo em vista o fato de a impetrante já ter cursado algumas componentes curriculares na UNIPÊ, totalizando um aproveitamento de 1320 horas aulas, componentes estas que foram aproveitadas pela atual instituição de ensino da impetrante (UEPB), tenho por preenchida a finalidade do disposto no referido item do edital. Um apego exagerado a literalidade do referido item se mostra extremamente desproporcional, impedindo a impetrante de participar de Processo Seletivo para Transferência Voluntária (PSTV), uma vez que, de fato, a impetrante possui bem mais de 300 horas/aula em componentes curriculares do mesmo curso (Direito) ministradas por Instituição de Ensino Superior - IES reconhecida pelo MEC (UNIPÊ). Portanto, o simples fato de as disciplinas que a impetrante obteve aprovação não terem sido cursadas na instituição de origem (UEPB) e sim, em uma instituição anterior (UNIPÊ), não obsta que a impetrante possa concorrer a uma das vagas previstas no Processo Seletivo para Transferência Voluntária (PSTV) promovido pela UFCG, até porque as disciplinas cursadas na UNIPÊ foram aproveitadas pela instituição de origem (UEPB). Acrescento que o Coeficiente de Rendimento Acadêmico deverá ser o constante do histórico escolar do anexo n. 139875, considerando-se as disciplinas cursadas pela impetrante no período 2013.2, qual seja, 9.61. Por outro lado, observo que a impetrante requer que, ao final, seja definitivamente assegurada a sua matrícula no curso de Direito em Sousa/PB. Todavia, tal pedido não merece ser acolhido, posto que a matrícula da impetrante está condicionada a aprovação no Processo Seletivo para Transferência Voluntária, não havendo que se falar, portanto, em direito líquido e certo quanto a este último pedido. Assim, ante as considerações acima expostas, deve ser deferido, em parte, o pedido inicial,
apreciando-se a lide com resolução do mérito, nos termos do art. 269, inciso I, do CPC. Posto isso, nego provimento à remessa obrigatória ASSIM VOTO.«178» [1] Precedentes do STF: AI 855829 AgR, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado em 20/11/2012, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-241 DIVULG 07-12-2012 PUBLIC 10-12- 2012; AI 738982 AgR, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma, julgado em 29/05/2012, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-119 DIVULG 18-06-2012 PUBLIC 19-06-2012; e AI 813692 AgR, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma, julgado em 28/02/2012, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-056 DIVULG 16-03-2012 PUBLIC 19-03-2012 PROCESSO Nº: 0800285-28.2014.4.05.8201 - REEXAME NECESSÁRIO PARTE AUTORA: ANA RAQUEL MOURA MARTINS BERNARDINO ADVOGADO: RONALDO PESSOA DOS SANTOS PARTE RÉ: UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL JOSE MARIA DE OLIVEIRA LUCENA - 1º TURMA E M E N T A ADMINISTRATIVO. UNIVERSIDADE. INSCRIÇÃO NO PROCESSO SELETIVO DE TRANSFERÊNCIA VOLUNTÁRIA. EXIGÊNCIA DE CARGA HORÁRIA MÍNIMA NA INSTITUIÇÃO DE ORIGEM. DESCABIMENTO. RAZOABILIDADE. ADOÇÃO DA TÉCNICA DA MOTIVAÇÃO REFERENCIADA ("PER RELATIONEM). AUSÊNCIA DE NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. ENTENDIMENTO DO STF. 1.Cuida-se de remessa obrigatória de sentença que concedeu, em parte, a segurança pleiteada para compelir a autoridade impetrada a efetuar sua inscrição no Processo Seletivo de Transferência Voluntária (PSTV), período 2014.1, da Universidade Federal de Campina Grande- UFCG, no curso de Direito, Campus de Campina Grande/PB. 2. A mais alta Corte de Justiça do país já firmou entendimento no sentido de que a motivação referenciada ("per relationem") não constitui negativa de prestação jurisdicional, tendo-se por
cumprida a exigência constitucional da fundamentação das decisões judiciais. Adotam-se, portanto, os termos da sentença como razões de decidir. 3."No caso dos autos, a impetrante ingressou no curso de Direito da UNIPÊ, no qual chegou a ser aprovada em algumas disciplinas constantes componentes curriculares daquela instituição, totalizando um aproveitamento de 1560 horas aulas (id. n. 139903)". 4."Posteriormente, após a realização de transferência entre IES, passou a integrar o quadro de alunos da Universidade Estadual da Paraíba, campus Guarabira (id.n. 139899)". 5."Dessa forma, após o aproveitamento das disciplinas cursadas na UNIPÊ, passou a cursar as componentes curriculares da UEPB, conforme se vê em sem seu histórico escolar (f. 139899)". 6."Ocorre que a impetrante teve sua inscrição não homologada no Processo Seletivo para Transferência Voluntária (PSTV), período 2014.1, sob a alegação de não preenchimento do item "3.b" do edital PRE n. 005/2014, o qual dispõe que é requisito para a inscrição a comprovação de que o aluno "tenha sido aprovado, na instituição de origem, em disciplinas que totalizem uma carga horária acumulada de, no mínimo, 300 (trezentas) horas" (id n. 139892)". 7."Em que pese constar expressamente no edital PRE n. 005/2014 a exigência de comprovação de carga horária de, no mínimo, 300 (trezentas) horas na instituição de origem, tendo em vista o fato de a impetrante já ter cursado algumas componentes curriculares na UNIPÊ, totalizando um aproveitamento de 1320 horas aulas, componentes estas que foram aproveitadas pela atual instituição de ensino da impetrante (UEPB), tenho por preenchida a finalidade do disposto no referido item do edital". 8."Um apego exagerado a literalidade do referido item se mostra extremamente desproporcional, impedindo a impetrante de participar de Processo Seletivo para Transferência Voluntária (PSTV), uma vez que, de fato, a impetrante possui bem mais de 300 horas/aula em componentes curriculares do mesmo curso (Direito) ministradas por Instituição de Ensino Superior - IES reconhecida pelo MEC (UNIPÊ)". 9."Portanto, o simples fato de as disciplinas que a impetrante obteve aprovação não terem sido cursadas na instituição de origem (UEPB) e sim, em uma instituição anterior (UNIPÊ), não obsta que a impetrante possa concorrer a uma das vagas previstas no Processo Seletivo para Transferência Voluntária (PSTV) promovido pela UFCG, até porque as disciplinas cursadas na UNIPÊ foram aproveitadas pela instituição de origem (UEPB)". 10."Acrescento que o Coeficiente de Rendimento Acadêmico deverá ser o constante do histórico escolar do anexo n. 139875, considerando-se as disciplinas cursadas pela impetrante no período 2013.2, qual seja, 9.61". 11."Por outro lado, observo que a impetrante requer que, ao final, seja definitivamente assegurada a sua matrícula no curso de Direito em Sousa/PB. Todavia, tal pedido não merece ser acolhido, posto que a matrícula da impetrante está condicionada a aprovação no Processo Seletivo para Transferência Voluntária, não havendo que se falar, portanto, em direito líquido e certo quanto a este último pedido". 12."Assim, ante as considerações acima expostas, deve ser deferido, em parte, o pedido inicial, apreciando-se a lide com resolução do mérito, nos termos do art. 269, inciso I, do CPC". Remessa obrigatória improvida.
A C Ó R D Ã O Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Primeira Turma do egrégio Tribunal Regional Federal da 5.ª Região, por unanimidade, negar provimento à remessa obrigatória, nos termos do relatório e voto constantes dos autos, que integram o presente julgado. Recife, 28 de maio de 2015 (data do julgamento). JOSE MARIA LUCENA Relator