, AG no 001.2003.008756-1/003 sta rwlis Poder Judiciário do Estado da Paraíba Tribunal de Justiça Gabinete da Desembargadora Maria das Neves do Egito de A. D. Ferreira ACÓRDÃO AGRAVO DE INSTRUMENTO No 001.2003.008756-1/003 - CAMPINA GRANDE RELATOR: Juiz Onaldo Rocha de Queiroga, convocado, em substituição à Desembargadora Maria das Neves do Egito de A. D. Ferreira AGRAVANTE: Banco Santander (Brasil) S/A ADVOGADA: Elisia Helena de Melo Martini AGRAVADO: Maxuel Amélio Padre de Paz ADVOGADOS: Manoel Félix Neto e outros AGRAVO DE INSTRUMENTO. IMPUGNAÇÃO A CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. ALEGAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE AFRONTA AO ART. 655-A DO CPC. IMPOSSIBILIDADE DE ACOLHIMENTO. PENHORA ON UNE, OBEDECENDO À ORDEM PREVISTA NO INCISO II DO CITADO ARTIGO. OBRIGATORIEDADE. DESPROVIMENTO. - É pacífico na doutrina e na jurisprudência pátria que, tratando-se de cumprimento de sentença, deverão ser observadas as disposições do art. 655-A do CPC, mormente quando se cuidar de penhora, vindo, em, primeiro lugar, dita constrição sobre numerário. - O dispositivo legal enfocado art. 655 do CPC com a redação dada pela Lei no 11.382/2006, preceitua que "a penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem: I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou, aplicação em instituição financeira".
VISTOS, relatados e discutidos estes autos. ACORDA a Segunda Câmara arei do Egrégio Tribunal de Justiça da Paraíba, à unanimidade, negar provimento ao agravo. Trata-se de agravo de instrumento interposto pelo BANCO SANTANDER (BRASIL) S/A contra decisão interlocutória (fls. 279/283) do Juízo de Direito da ia Vara Cível de Campina Grande que, nos autos da ação de impugnação ao cumprimento de sentença, ajuizada pelo agravante em face de MAXUEL AMÉLIO PADRE DE PAZ, rejeitou a impugnação, sob o argumento de que, existindo título executivo judicial, obedece-se à regra do art. 655-A do CPC, devendo proceder-se à penhora on O agravante, em suas razões recursais, invoca o seguinte: a) a regularidade do seguro garantia judicial oferecido; b) a inexistência de imposição legal de anuência do credor; c) a aplicação do princípio da menor onerosidade; d) o cumprimento do art. 656, 2, do CPC. Liminar de efeito suspensivo indeferida (fls. 601/606). Contrarrazões, rebatendo os termos do agravo e pugnando pelo seu desprovimento (fls. 635/643). Com vista dos autos, a Procuradoria de Justiça não opinou quanto ao mérito, alegando ausência de interesse público (fls. 632). É o relatório. VOTO: Juiz ONALDO ROCHA DE QUEIROGA Relator Da leitura das alegações expostas no presente agravo, concluise que o recurso tem caráter meramente procrastinatório e a intenção é frear o cumprimento da sentença proferida na ação de conhecimento. Pois bem, o primeiro ponto arguido no agravo, qual seja, da garantia judicial oferecida, data venta, não se sobrepõe às prescrições dos arts.
3 655 e 655-A, ambos do CPC. Vejamos: Art. 655. A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem: I dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição financeira. II - veículos de via terrestre; III - bens móveis em geral; IV - bens imóveis; V - navios e aeronaves; VI - ações e quotas de sociedades empresárias; VII - percentual do faturamento de empresa devedora; VIII - pedras e metais preciosos; IX - títulos da dívida pública da União, Estados e Distrito Federal com cotação em mercado; X - títulos e valores mobiliários com cotação em mercado; XI - outros direitos. Art. 655-A. Para possibilitar a penhora de dinheiro em depósito ou aplicação financeira, o juiz, a requerimento do exequente, requisitará à autoridade supervisora do sistema bancário, preferencialmente por meio eletrônico, informações sobre a existência de ativos em nome do executado, podendo no mesmo ato determinar sua indisponibilidade, até o valor indicado na execução., 2. Compete ao executado comprovar que as quantias depositadas em conta corrente referem-se à hipótese do inciso IV do caput do art. 649 desta Lei ou que estão
4 revestidas de outra forma de impenhorabilidade. Além disso, o seguro garantia judicial oferecido, conforme alude o agravante na primeira irresignação deste agravo, a meu ver, é totalmente inócuo, pois nem sequer existe ainda qualquer constrição judicial (penhora), o que afronta a regra do 3 0 do art. 655-A do CPC, segundo a qual, "na penhora de percentual do faturamento da empresa executada, será nomeado depositário, com a atribuição de submeter à aprovação judicial a forma de efetivação da constrição, bem como de prestar contas mensalmente, entregando ao exequente as quantias recebidas, a fim de serem imputadas no pagamento da dívida." g- * nesse sentido: Destaco julgados do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul AGRAVO DE INSTRUMENTO. BRASIL TELECOM. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. GARANTIA DO JUÍZO MEDIANTE SEGURO GARANTIA. IMPOSSIBILIDADE. - Incabível a garantia de juízo mediante seguro garantia, tendo em vista que o art. 655 do Código de Processo Civil dispõe acerca da ordem de gradação legal dos bens a serem penhorados. - Negado provimento ao recurso.' * AGRAVO DE INSTRUMENTO. RESPONSABILIDADE. CIVIL. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. DEPÓSITO DO VALOR INTEGRAL DO DÉBITO À TÍTULO DE GARANTIA DO JUÍZO. OBSERVÂNCIA AO ART. 655 DO CPC. - Não tendo a agravante obedecido à ordem prevista no art. 655 do CPC, indicando à penhora o seguro garantia, facultado ao julgador e o credor não aceitar a indicação, porquanto a ordem legal prevê que em primeiro lugar está o dinheiro. - Decisão agravada mantida. - Negado provimento ao agravo de instrumento, em decisão monocrática. 2 e r". AGRAVO DE INSTRUMENTO. SEGUROS. DPVAT. INDICAÇÃO DE SEGURO GARANTIA JUDICIAL. IMPOSSIBILIDADE NO CASO. VIABILIDADE DE PENHORA ON LINE, QUE TEM MAIOR LIQUIDEZ DO QUE O SEGURO GARANTIA. DOUTRINA E PRECEDENTE ANÁLOGO DO STJ. AGRAVO DE INSTRUMENTO DESPROVIDO, POR DECISÃO DO REATOR.' AGRAVO DE INSTRUMENTO. SEGUROS CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. GARANTIA DO JUÍZO POR MEIO DE SEGURO 11 Agravo de Instrumento nq 70047376082, Primeira Câmara Especial Cível, Relator: Des. Breno Beutler Junior Julgamento: 27/03/2012. Agravo de Instrumento no 70046066882, Sexta Câmara Cível, Relator: Artur Arnildo Ludwig, Julgado em 05/12/2011. 'Agravo de Instrumento no 70044121515, Sexta Câmara Cível, Relator: Antônio Corrêa Palmeiro da Fontoura, Julgado em 26/07/2011. 4
5 GARANTIA. IMPOSSIBILIDADE. Nos termos em que preceitua o Código de Processo Civil acerca da ordem legal de bens penhoráveis, não se encontra arrolado a carta de fiança, mantida inalterada a decisão singular que a indefere, sobretudo quando o exeqüente não concorda com a pretendida nomeação. NEGARAM PROVIMENTO AO AGRAVO DE INSTRUMENTO. UNÂNIME. 4 Assim, o art. 655-A do CPC consagra a chamada penhora on fine, por meio da qual o Juízo obtém o bloqueio de depósitos bancários ou de aplicações financeiras do executado junto ao Banco Central, por meio eletrônico, em montaate.suficiente para cobrir o débito atualizado com juros e uma previsão do valor de custas e honorários, conforme o art. 659 do mesmo código. Trata-se de considerável avanço em termos de efetividade do processo executório, um procedimento que não é novo no Judiciário, o qual se apresenta conforme o princípio da proporcionalidade, mormente porque o bloclueio dós 'htivos limita-se ao valor do débito e às efetivas disponibilidades do devedor, como reflete o dispositivo legal com o uso do vocábulo "ativos", o que exclui, por certo, depósitos não disponíveis, a exemplo de crédito de cheque especial ou de empréstimo obtido. De fato, o regime desse procedimento, segundo Humberto Theodoro Júniors, trata de requisição de informação pelo Juiz sobre a disponibilidade de saldo e a indisponibilidade do montante que, em seguida, será objeto da penhora. Com a ordem judicial, o Banco Central do Brasil (BACEN) efetuará o bloqueio e comunicará o valor indisponibilizado, especificando o banco onde ficou constrito. O escrivão lavrará o termo de penhora e expedirá o mandado de intimaçãorao devedor ou ao seu procurador, se já foi constituído nos autos (art. 652, 1 e 4 0 do CPC). A execução se desenrola em prol da satisfação do crédito, de forma que não há afronta à Lei Maior nem ao CPC quando se buscam bens junto ao devedor, mesmo que se trate de dinheiro. O principio da menor orierosid'adé não prevalece, não podendo equiparar-se o dinheiro a outra oferta deficiente ou inferior na lista de preferências. É que a ratio essendi da norma contida no art. 655, inciso I, do Código de Processo Civil refere-se à "simplicidade na eventual e futura conversão do, bem. Por,isso, coloca em primeiro lugar (inc. I) o próprio objeto da prestação, Agravo de Instrumento no 70035668151, Sexta Câmara Cível, Relator: Luis Augusto Coelho Braga, Julgado em 26/08/2010. il7a Reforma da Execução do Título Extrajudicial. Rio de Janeiro: Forense, 2007, p. 77. rir
que a dispensa: o dinheiro", conforme ensina o processualista Araken de Assis.' Nesse contexto, sendo apontado aquele bem (dinheiro) que figura em primeiro lugar no elenco do art. 655 do CPC, não se mostra equivocado ordenar sua constrição, tudo para que o processo atinja sua finalidade, qual seja, a satisfação do crédito, não sendo necessário efetuar prévio esgotamento de outros meios para localizar bens passíveis de constrição. Esse entendimento está claramente demonstrado em. julgado " do STJ, assim ementado: EXECUÇÃO FISCAL. BLOQUEIO. Anvos' FINANCEIROS. BACEN 3UD. Trata-se de recurso especial interposto contra agravo de instrumento que entendeu que o bloqueio de ativos financeiros via Bacen Jud somente pode ser efetuado após a realização de todos os esforços na busca de outros bens passíveis de penhora. A Turma entendeu que, numa interpretação sistemática das normas pertinentes, deve-se coadunar o art. 185-A do CTN com o art. 11 da Lei n. 6.830/1980 e arts. 655 e 655-A do CPC para viabilizar a penhora de dinheiro em depósito ou aplicação financeira, independentemente do esgotamento de diligências para encontrar outros bens penhoráveis. Logo,, para decisões proferidas a partir de 20/1/2007 (data de entrada em vigor da Lei n. 11.038/2006), em execução fiscal por crédito tributário ou não, aplica-se o disposto no art. 655-A do CPC, uma veclue compatível com o art. 185-A do CTN. Na aplicação de tal entendimento, deve-se observar a nova redação do art. 649, IV, do CPC, que estabelece a impenhorabilidade dos valores referentes aos vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações, proventos dê aposentadoria, pensões, pecúlios, montepios, quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e sua família, ganhos do trabalhador autônomo e honorários de profissional liberal. Deve-se também observar o principio da proporcionalidade na execução (art. 620 do CPC), sem se desviar de sua finalidade (art. 612 do mesmo código), no intuito de viabilizar o exercício da atividade empresarial. Assim, a Turma conheceu em parte do recurso e, nessa parte, deulhe provimento.' - * Quanto à alegação da inexistência de imposição legal de anuência do credor, confunde-se com o mérito do presente agravo, tendo em vista " In Manual da Execução. 11 ed. rev., ampl. e atual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007, p. 603. REsp 1.074.228-MG Relator: Ministro Mauro Campbell Marques Julgamento: 07/10/2008.
7 que o artigo 655-A do CPC é bastante claro quando afirma que a penhora incidirá, inicialmente, em dinheiro. Assim, seria necessária a vontade do credor, pois este sim, tem total interesse em receber o valor devido em dinheiro. Ademais, quando da apresentação das contrarrazões, o agravado foi taxativo ao asseverar que, ia casu, deve-se aplicar o disposto no artigo citado, subentendo-se que prefere receber o valor devido em dinheiro. Com relação à alegação do cumprimento do art. 656, 2 0, do CPC, também já foram delineadas considerações acerca de tal dispositivo legai,.. notadamente quando nosso ordenamento jurídico, corroborado por iterativa e remansosa jurisprudência, veda a substituição da penhora por fiança bancária ou seguro garantia judicial, desta feita, quando inexiste qualquer constrição já realizada, conforme bem esmiuçado pela Juíza a quo em sua decisão, que rejeitou a impugnação referente ao cumprimento da sentença. softl. Portanto, não havendo qualquer fundamento para descumprimento da ordem legal de bens penhoráveis, e restando claro que o agravante possui numerário suficiente para satisfazer o crédito do agravado em dinheiro, é inadmissível a garantia do juízo através do seguro garantia, conforme assim discorreu a Magistrada que proferiu a decisão agravada. Dessa forma, é mister manter-se a decisão recorrida, porquanto foi exarada em plena conformidade com a função do processo executivo, ou seja, a satisfação do crédito, evidenciada na decisão definitiva, mediante a adoção de providências que garantam a efetividade da prestação jurisdicional. Pelo exposto, sem maiores delongas, nego provimento ao agravo, para manter hígida a decisão que rejeitou a impugnação ao cumprimento de sentença, ratificando os termos da liminar de fls. 601/606. h É como voto. Presidiu a Sessão a Excelentíssima Desembargadora MARIA DE FÁTIMA MORAES BEZERRA CAVALCANTI, que participou do julgamento com ESTE RELATOR (Juiz de Direito Convocado, em substituição à Excelentíssima Desembargadora MARIA DAS NEVES DO EGITO DE A. D. FERREIRA) e com o Excelentíssimo Desembargador MARCOS CAVALCANTI DE ALBUQUERQUE. Presente à Sessão o Excelentíssimo Doutor FRANCISCO
w-rdi AG no 001.2003.008756-1/003 SAGRES MACEDO VIEIRA, Procurador de Justiça. Sala de Sessões da Segunda Câmara Cível do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, em João Pessoa/PB, 10 de julho de 2012. cte, Juiz ONAL O ROCHAQU.E1ROGA Relator
TRIBUNAL DE JUSTIÇA Diretoria Judiciária ReeNtr4tio 0142_ 2_1122,22/.2