Relatório do Primeiro Semestre de 2008 1 Turma alice kodama flexor alice malin melo antonio armond boechat neto antonio bento de oliveira barbalho antonio teixeira estellita lins carolina galvão maia clara pereira da silva goldenstein clarice xavier ferreira de sa francisco attademo liberal gabriel carneiro landim de brito joão eduardo santos pollhuber joão felipe attademo liberal joão manoel ammar de carvalho joaquim jose carvalho toledo ribeiro jose hermeto kubrusly luiza silveira de melo gama pedro andrade buarque de macedo rafael vicente geraldi gomes filho sofia leite de oliveira castro Nossa história começa assim... No início do ano, muita gente curiosa. Alguns, mais soltos, demonstravam a alegria de reencontrar velhos amigos. Outros, mais tímidos, estudavam a movimentação das pessoas e o ambiente ao redor. Encontros, descobertas, medos e euforia marcaram o começo do grupo e de sua história. Nessa fase, nossa atuação pedagógica foi mais voltada para o processo de adaptação, visando promover um contato gostoso, tranqüilo e produtivo entre as crianças. Sabemos que a vida em grupo é cheia de diferenças, divergências, limites e conflitos. Porém, é na atividade coletiva que a criança potencializa seu desenvolvimento. Num processo permeado e estruturado pelo afeto, constrói seu Professores e Auxiliares alessandra rabelo de almeida carina monteiro samao jean philippe trindade conilh de beyssac roberta porto da silva
Relatório do Primeiro Semestre de 2008 2 conhecimento. Sempre nos reuníamos no salão, onde diversos brinquedos, músicas e jogos estavam à disposição para darmos início à nossa tarde. Esse procedimento ajudou o grupo a se conhecer melhor e nós, professoras e auxiliares, pudemos dar mais atenção a cada criança individualmente. Em um segundo momento nos reuníamos em roda para planejarmos o dia. Esses foram momentos muito ricos para o grupo, pois é grande a troca de informações sobre os mais variados assuntos, tanto sobre suas vivências na escola quanto fora dela. Através das fichas dos nomes e das palavras estáveis, presentes em nossa rotina, como os cartões com o nome das salas de rodízio, as crianças começaram a ter contato mais sistemático com a escrita e com os números. Os conteúdos relacionados à área de matemática foram abordados da mesma forma, estando presentes nas práticas do nosso cotidiano. A construção e o manuseio do calendário levaram as crianças a refletir sobre noções de tempo e favoreceram a
Relatório do Primeiro Semestre de 2008 3 criação de diferentes tipos de registro para marcações de datas significativas como passeios, festas e aniversários. Nas atividades de contagem, recitação da seqüência numérica, nos diferentes registros que fizeram dos números e quantidades, as crianças foram reconhecendo a matemática como uma ferramenta a mais, necessária ao seu cotidiano. Estamos falando de um conjunto de crianças que foi se fortalecendo e realmente se constituindo como um grupo, através do trabalho diário de compreensão e respeito às regras e limites e do aprendizado de ações tão importantes como as de aprender a ouvir, a ceder e a aceitar o outro. Com nossa mediação intensa, com
Relatório do Primeiro Semestre de 2008 4 constância e disponibilidade, vislumbramos um grupo que vem conseguindo se organizar, conquistando um bom nível de produção, coletiva e individual. Crianças que vêm descobrindo afinidades e que puderam, ao longo do semestre, inaugurar parcerias e amizades. Não foi à toa que a criançada escolheu o nome Festa para identificá-las como turma! A partir dessa escolha, estivemos envolvidos com algumas histórias de literatura infantil que tinham como enredo o tema festa. Motivadas pela história do livro O casamento do Porcolino, de Helme Heine, as crianças pintaram o corpo para a grande festança e se esbaldaram nas bacias e na água gelada que caiu do chuveirão do pátio. Nas aulas de Música, ouviram e dramatizaram a história Festa no Céu e se divertiram abanando o fogo da feijoada de "O Casamento da dona Baratinha e do Dom Ratão".
Relatório do Primeiro Semestre de 2008 5 A obra de Monteiro Lobato e o projeto "As aventura do Trabalho" Através do livro Reinações de Narizinho, entramos no universo do Sítio do Picapau Amarelo. A história nos conta sobre uma festa de casamento para Narizinho e o Príncipe escamado. No enredo aparecem três personagens que são profissionais fundamentais para o desenrolar da trama: as aranhas costureiras, o Dr. Caramujo que é o médico do Reino das Águas Claras e tia Nastácia, a cozinheira. A partir dessa história tão envolvente para os pequenos destacamos tudo que envolve essas profissões. "As crianças têm suas próprias impressões, idéias e interpretações sobre a produção de arte e o fazer artístico. Tais construções são elaboradas a partir de suas experiências ao longo da vida, que envolvem a relação com a produção de arte, com o mundo dos objetos e o seu próprio fazer". PCN, vol.3 Pensando dessa forma trouxemos, para ilustrar os profissionais selecionados em torno do episódio do Sítio, quadros de costureiras de Tarcila do Amaral e Edward Hopper, comparando-os e chamando a atenção para elementos como luz, sombra, figuras e cores. Escolhemos, também, o dia do trabalho para vermos, no telão do salão, imagens das obras do ilustrador Norman Rockwell, de diferentes profissionais destacando o médico e a cozinheira. Inspirados na história da Aranha Costureira, visitamos o ateliê Tudo se Renova, das costureiras Lucia e Marlene. Pudemos observá-las trabalhando nas diferentes máquinas de costura e usando, com destreza, a tesoura. Todos ficaram encantados ao ver suas habilidades para enfiar a linha na agulha e, em meio a tantos tecidos, fechos, carretéis e dedais, ouviram as histórias das irmãs costureiras, que desde pequenas, aprenderam o ofício com a mãe. De uma caixa Pano, linha e agulha, Nasceu uma menina valente, Emília a boneca gente... Foi dessa forma que Isabela, mãe do Gabriel, em sua visita à turma da Festa criou, com o grupo, uma Emília de pano. Encantadas, as crianças viram a costureira fazer o molde do vestido e marcá-lo no tecido para depois cortá-lo. Ajudaram-na a separar os retalhos, que foram transformados em cabelo, e perguntaram, a todo momento: Será que ela vai falar? Isabela precisou levar a boneca para terminar de costurar em casa. Durante o tempo em que ela esteve fora, a turma se correspondeu com a Emília através de cartas. Para receber nossa ilustre companheira, a turma da Festa preparou um baile no Reino das Águas Claras. No salão, todo ambientado como se fosse o fundo do mar, as crianças, vestidas como os personagens dos livros de Lobato, brincaram com conchas, dançaram, cantaram e mataram a saudade da boneca sapeca. Com
Relatório do Primeiro Semestre de 2008 6 a boneca Emília, vivemos as mais diversas aventuras e ficamos intrigados com a sua personalidade tão forte e marcante. Para conhecer um pouco mais sobre esse ambiente rural, que tanto inspirou Monteiro Lobato, visitamos a Escola de Horticultura e pudemos experimentar os hábitos de quem vive no campo. O contato com a natureza foi intenso e proveitoso. Visitaram a horta, lancharam embaixo das mangueiras, viram porquinhos mamando, coelhos, codornas botando ovos, bois, cavalos e muitos outros animais que fazem parte das histórias do Sítio. Foi realmente um passeio inesquecível! A apresentação na Festa Pedagógica desse mundo cheio de fantasias representou o resultado do trabalho. Pudemos ver o quanto Monteiro Lobato estava certo quando disse: Ainda acabo fazendo livros onde as nossas crianças possam morar. Estas palavras traduzem a forma como as crianças vivenciaram as aventuras do Sítio do Picapau Amarelo. Todos queriam ser Emílias, Narizinhos, Pedrinhos e Sacis. O projeto nos permitiu trabalhar com diversas linguagens e, quanto mais pesquisávamos sobre a obra desse escritor mais desejávamos conhecê-la. Através do Dr Caramujo, o médico que deu as pílulas falantes para a boneca Emília, a turma da Festa aprendeu um pouco mais sobre essa profissão. Depois de verem diferentes livros e enciclopédias sobre o corpo humano, perguntamos às crianças sobre o nome de determinados especialistas: Quem cuida do cérebro? "Cerebrista"; do ouvido? "Orelheiro"; E do coração? "Coracionista". Depois de muitas risadas e de descobrirem o nome correto dessas especialidades, recebemos a visita da Andréia, mãe do Rafael, que é cardiologista. De jaleco e estetoscópio, a doutora escutou o coração das crianças e deixou que elas também ouvissem os dos amigos. Diante de um esqueleto, nos deu uma aula de anatomia e falou sobre a importância de uma alimentação saudável para o bom funcionamento do coração. Para falar um pouquinho sobre os alimentos, recebemos a visita da Maria Claudia,
Relatório do Primeiro Semestre de 2008 7 mãe do Joaquim, que é nutricionista. Ela nos falou sobre as frutas e, com a ajuda das crianças, que amassaram, apertaram e colocaram frutas secas na massa, preparou um delicioso pão. Terminamos o semestre em festa! Conhecemos e experimentamos algumas receitas da tia Nastácia, típicas dos festejos juninos, e ajudamos a preparar o Auto do Boi da Lua, que será apresentado na nossa Festa. Olê, Olê, Olá, Chama o rebôlo prá rebolá... A nossa intenção é que as crianças aprendam, de forma contextualizada e com prazer; por isso os projetos são tão importantes para o nosso trabalho. É através de um tema que instiga as crianças que trazemos uma série de atividades integradas para as diferentes áreas do conhecimento. Este semestre foi assim! Depois das férias tem mais! Música Como toda chegada à escola é um momento de acolhimento, procuramos o calor e a alegria do carnaval e suas marchinhas para receber a criançada. Nesse momento, deu para perceber o interesse da turma pelos instrumentos e mesmo os mais ressabiados puderam se soltar e interagir com as músicas. Quem não chora não mama, mas o lugar quente mesmo era a Pererinha. Sem dar muito trabalho, logo-logo já estavam todos adaptados. E por falar em trabalho... Ouvimos e recantamos a história da Galinha Ruiva, Coleção Disquinho, e descobrimos que preparar deliciosos bolinhos de milho dava o maior trabalho. Pena que os outros bichos não quiseram ajudar.
Relatório do Primeiro Semestre de 2008 8 Quem me ajuda, quem me ajuda a fazer lindos bolinhos Eu, eu não, disse o patinho Eu, eu não disse, o porquinho Nós só queremos brincar, Senhora Dona Galinha. Experimentamos, também, diversas receitas para a nossa Sopa do Neném (Palavra Cantada). Mas a coisa acelerou quando veio o nome da turma. Exploramos sons com a boca, inspirados na Canção do Carro, do disco "Vamos Passear", do grupo Rumo. Quem quer passear de carro? Quem quer passear de carro? Quem quiser passear de carro Então vem passear de carro. Brrrrrr... Se na Curva da Estrada fez um furo no pneu, tratamos de emendar com Michelin e pedir para o papai encher. Mas dirigir dá trabalho também e toda atenção é pouca. Motorista, motorista Olha o poste Olha o poste Não é de borracha Se bater amassa Faz dodói cancioneiro infantil Pudemos apreciar no CD do percussionista Ricardo Siri, a música "No Tranco", gravada ao som de um motor de um Fusca fora do ponto, com sons tirados da lataria e arranjo de trombone. O sucesso desse pequeno notável carrinho nos fez também conhecer, em matéria do Fantástico, "Meu Calhambeque", do Rei Roberto, recém reformado pelo lendário Fittipaldi. O calhambeque bip bip O broto quis andar no calhambeque. Daí para brincarmos com inúmeras canções-de-roda foi fácil. Entra na Roda Tindolerê... E ninguém ficou de fora... Agora, a criançada se prepara para a Festa Junina, será que vem Carro de boi por aí?
Relatório do Primeiro Semestre de 2008 9 Expressão Corporal Rever os amigos, acolher os novos, contar as novidades. Foi nesse clima que tivemos o nosso primeiro contato. Iniciamos em roda, falando sobre a aula e sobre o corpo. Relembramos nossas regras de convivência e iniciamos um gostoso alongamento, aquecendo nossos músculos e articulações. Nomeamos e movimentamos as partes do nosso corpo, dissociando os membros e explorando a movimentação livre, guiada por diferentes estímulos sonoros. Sensibilizamos a nossa pele com objetos de texturas diferentes, massageando primeiro o nosso corpo e depois o corpo do amigo. Tal proposta teve como intuito fortalecer as relações do grupo, estabelecer a importância do cuidado com o outro, além de ativar a propriocepção e preparar o corpo para novas descobertas. Brincamos com os opostos pequeno e grande, dentro e fora, alto e baixo e nos aproximamos do projeto da turma que a princípio se relacionava ao nome que a identificava. Com uma bola de aniversário nas mãos, as crianças se movimentaram ao som de diferentes ritmos, deixando a bola encostar apenas na parte solicitada pelo professor, trabalhando não só o ritmo mas também o esquema e imagem corporais. Fizemos uma dramatização da fábula Festa no Céu, quando as crianças escolheram seus personagens e criaram seus diálogos. Ao iniciarem seus estudos sobre as costureiras, brincamos de costurar o espaço do salão, realizando movimentos curvilíneos. Dividimos a turma em dois grupos: um criava e o outro observava. Desse modo, puderam acompanhar a experimentação dos outros. Estabeleceram-se, com isso, dois pontos de vista: o de produtor e o de espectador. Com a chegada da boneca de pano Emília, assistimos um pouco do Sitio do Pica Pau Amarelo para observar a movimentação de seus personagens. Experimentamos tais movimentações trabalhando as qualidades de movimento dos diferentes personagens. Essas improvisações deram origem à dança apresentada na Festa Pedagógica.
Relatório do Primeiro Semestre de 2008 10 Para comemorar o feriado do Dia do Trabalho, usamos as fantasias e acessórios do baú da escola. As crianças foram divididas em pequenos grupos e cada um recebeu uma sacola com quatro uniformes de diferentes profissões. Teriam que escolher quem seriam e desenvolver uma história onde todos os profissionais estivessem envolvidos. Queríamos que se organizassem espacialmente e desenvolvessem sua capacidade de criação. As experimentações foram cheias de risadas em um momento muito rico de trocas. Em meados de junho, começamos os preparativos para a festa junina! Ouvimos e dançamos algumas canções, explorando os movimentos dessa festa tão gostosa. Com as crianças envolvidas pelo tema, iniciamos a montagem do Auto do Boi. Falantes, curiosos e disponíveis, as crianças participam ativamente das aulas de Expressão. Entendem as propostas facilmente e se entregam, sem medo, às experimentações. Gostam de compartilhar com o outro suas conquistas e são ótimos apreciadores do trabalho do amigo. Encerramos o semestre orgulhosos das conquistas dessa turma tão corajosa!