CAPÍTULO 2. Estrutura Organizacional da Sociedade Civil das Comunidades



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Transcrição:

CAPÍTULO 2 Estrutura Organizacional da Sociedade Civil das Comunidades Josely Colares Dias Glaucia dos Passos Lima ribeiro Alves Zanandrea Ramos Figueira Valdenira Ferreira dos Santos Josiane do Socorro Aguiar de Souza Luis Maurício Abdon 2.1 INTRODUÇÃO O Associativismo concorre para a salvaguarda dos poderes sociais, esgrimindo-os com maior ou menor acinte consoante a sua possibilidade/vontade/capacidade de reivindicação junto aos poderes públicos. As associações de caráter local são, pois, um elemento fundamental de incremento da participação cívica e, como tal, um agente privilegiado de democratização (no sentido da democracia participativa). Assumem-se, nesta medida, como um importante agente de formação e de participação para o desenvolvimento social dos cidadãos e das comunidades locais (RODRIGUES, 1996). Este trabalho visa demonstrar como se encontram as diferentes formas de organização da sociedade civil e a participação comunitária nesta área; tal aspecto é relevante para o programa estadual de gerenciamento costeiro, em virtude, principalmente, do número de políticas públicas direcionadas para as comunidades situadas na área trabalhada, as quais necessitam de instrumentos técnicos que lhes sirvam como subsídios para um melhor uso de seus recursos. De acordo com Jannuzzi (2001), os arranjos de associativismo na sociedade civil são importantes na promoção do desenvolvimento econômico e social. Para o GERCO, estes arranjos desempenham papel estratégico no fortalecimento institucional e na cooperação entre o poder público e a sociedade civil, auxiliando também na solução de problemas nas áreas costeiras. 8

Essas organizações facilitam o controle social através da participação nos conselhos de diversos segmentos representativos da sociedade civil, ao mesmo tempo em que favorecem seu financiamento via compra de serviços e/ou doações por parte da sociedade. 2.2 CONCEITUAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS INVESTIGADAS Associações Ativas são associações que já executavam ou planejavam executar algum projeto e estavam em plena atividade em suas comunidades, há mais de seis meses na época da entrevista. Associações Inativas são associações que não estavam funcionando na época da entrevista. Associações em Formação são associações que estavam em formação na data da entrevista ou estavam atuando há menos de seis meses na comunidade. Associações sem Informação são associações que foram detectadas nas comunidades, porém seus líderes não estavam presentes ou os comunitários não tinham informações a respeito das mesmas. 2.3 METODOLOGIA O levantamento dos dados foi realizado a partir da concepção de que a Organização Social se dá pela existência de entidades privadas, fundações ou associações sem fins lucrativos que demonstrem um modelo de parceria entre o Estado e a sociedade. Para a tabulação das informações foram considerados os dados primários coletados em campo através das entrevistas aplicadas pela equipe GERCO - AP e os dados secundários obtidos da Agência de Mobilização Social AGEMP-AP. Os dados foram trabalhados nos dois eixos temáticos, já identificados na apresentação deste volume; o primeiro referente às sedes 9

dos municípios costeiros e o segundo referente às comunidades localizadas fora das sedes municipais, na área rural do setor costeiro estudado. A análise das variáveis utilizadas compreendeu três etapas: A primeira trata das áreas urbanas e sedes dos outros municípios do setor estuarino, através de análise descritiva e do percentual de associações existentes nas sedes. A segunda corresponde a um detalhamento dos aspectos gerais da área rural do setor estuarino em nível municipal, onde se considerou individualmente cada Região Ambiental dentro dos municípios costeiros. Nessa análise apresenta-se a taxa de freqüência de comunidades com associações, assim como das modalidades de associações existentes no setor estuarino. É uma etapa de análise preliminar, descritiva do ponto de vista quantitativo, e que não entrou no cálculo do índice de associativismo, pois o mesmo foi tratado para a situação das associações na área rural do setor. Na terceira etapa deste relatório apresenta-se a análise dos indicadores e do Índice de Potencialidade da Estrutura Organizacional da Sociedade Civil das Comunidades do Setor Costeiro Estuarino IPEO, calculado para as diferentes regiões ambientais dentro da área rural trabalhada pelo GERCO-AP (Tabela 1). No cálculo do índice do tema ora apresentado levou-se em consideração a potencialidade intrínseca das associações de acordo com sua situação na região, refletindo-se nos possíveis serviços que podem ser prestados pelas mesmas às comunidades e/ou nos que estas organizações podem requerer junto às instituições públicas e privadas para o benefício de seus associados. As variáveis utilizadas para os indicadores usados para o cálculo do IPEO foram descritos no item 2 e refere-se a quatro taxas: TXAT (Taxa de comunidades com Associações Ativas), TXIN (Taxa de comunidades com 10

Associações Inativas), TXEF (Taxa de comunidades com Associações em formação) e TXSI (Taxa de comunidades com Associações Sem Informação) (Tabela 1). Tabela 1 Cálculos para a obtenção do Índice de Potencialidade da Estrutura Organizacional da Sociedade Civil (IPEO) das comunidades do Setor Costeiro Estuarino - IPEO INDICADOR TXAT: Taxa de comunidades com associações ativas TXIN: Taxa de comunidades com associações inativas TXEF: Taxa de comunidades com associações em formação VARIÁVEIS N.º de comunidades com assoc. ativas (NCAT) N.º de comunidades com associações (NCA) N.º de comunidades com assoc. inativas (NCAIN) N.º de comunidades com associações (NCA) N.º de comunidades com assoc. em formação (NCAEF) N.º de comunidades com associações (NCA) TXSI: Taxa de comunidades com associações sem informação N.º de comunidades com assoc. sem informação (NCASI) N.º de comunidades com associações (NCA) TXAT =(NCAT/NCA) x 100 Cálculo dos Indicadores TXIN = (NCAIN/NCA) x 100 TXEF = (NCAEF/NCA) x 100 TXSI = (NCASI/NCA) x 100 Cálculo do Índice de Potencialidade da Estrutura Organizacional da Sociedade Civil no Setor Estuarino. Fonte: GERCO-AP IPEO = ((TXAT x 3) + (TXEF x 2) + (TXIN x 1) + (TXSI x 1))/ 7 Em virtude da diversidade de modalidades de associações presentes na área de estudo, agruparam-se as associações de acordo com suas finalidades, configurando assim um melhor arranjo para a análise dos grupos, os quais são constituídos por: Associações de Produtores e de Agricultores - englobam as Associações dos produtores, de extrativistas, de agroextrativistas, de produtores agrícolas, de agricultores e associações de agricultores extrativistas, por terem como objetivo comum a melhoria das condições de trabalho e a busca de financiamento para suas atividades econômicas. Associações de Moradores e Produtores - englobam as associações que reúnem moradores e produtores em uma única entidade. 11

Associações de Moradores englobam as associações comunitárias das comunidades entrevistadas. Sindicato - engloba as entidades sindicais existentes nas comunidades entrevistadas. Associações Comunitárias - englobam todas as associações comunitárias presentes nas comunidades e a Associação de Apoio Comunitário, levando em conta que as mesmas trabalham em prol da melhoria das condições de vida da comunidade local. Cooperativas englobam as cooperativas de produção, consumo e crédito que podem ainda ser mistas, existentes nas comunidades entrevistadas. Conselhos Comunitários - englobam todos os conselhos comunitários constatados, pois estes atuam, geralmente, em uma região e não apenas na comunidade local. Associações de Mulheres - englobam as Associações das Senhoras, Associação Feminina, Clube de Mães, Associação das Mulheres Rurais. Outros considerou-se nesta variável as associações que apareceram uma única vez nas entrevistas com as comunidades, em toda a área de trabalho do GERCO como: Colônia de Pescadores do Bailique, Grupo dos Idosos, Associação Esportiva, União Folclórica. Vale ressaltar que a estrutura organizacional referente à pesca é tratada de forma descritiva no capítulo 6 deste trabalho, uma vez que a sede dessas colônias está em sua maioria nas áreas urbanas (cidade de Macapá, Distrito da Fazendinha, cidade de Mazagão) e apenas uma colônia de pesca localiza-se em Franquinho (distrito do Bailique) e que é considerada na variável outras. 12

2.4 COMPORTAMENTO GERAL DA REDE ORGANIZACIONAL 2.4.1 Área Urbano-Portuária e Sede dos Outros Municípios Costeiros A área urbano-portuária conta com várias formas organizacionais que estão representadas por associações relativas as atividades desenvolvidas na sede da capital, de agricultores, federações, cooperativas e sindicatos, que atuam principalmente em nível de Estado, no caso das sediadas na cidade de Macapá. Na cidade de Santana a quantidade e diversidade das formas organizacionais é menor e voltadas também para as atividades da sede do município. Ainda há dificuldade de se conhecer quais as associações realmente atuantes na área urbanoportuária, mas as existentes podem se constituir em uma ferramenta importante para a gestão pública, pois facilita tanto a parceria do Estado como a do Município com a sociedade civil organizada, principalmente no que concerne à força de representatividade das associações, promovendo, conseqüentemente, a melhoria da qualidade de vida da população. Nas outras sedes municipais, Vitória do Jari apresenta o maior percentual de freqüência de associações (52%) (Figura 2). Apresenta ainda, uma maior diversidade do número de associações, composta principalmente por associações vinculadas as atividades desenvolvidas em áreas urbanas como associações de bairros, comerciais, etc., ou seja, várias classes sociais/trabalhadores tentando resolver de forma conjunta os problemas comuns, demonstrando conscientização política/institucional. 13

16% 52% 16% 16% CUTIAS MAZAGÃO ITAUBAL VITÓRIA DO JARI Figura 2 Taxa de associações nas sedes fora da área urbano-portuária no Setor Costeiro Estuarino. Fonte: GERCO-AP As outras sedes, embora com freqüência de associações semelhantes são diferenciadas pelas modalidades existentes. Na sede do município de Itaubal quase 100% das associações estão vinculadas as atividades rurais, enquanto que nas sedes dos municípios de Cutias e Mazagão são 50%. 2.4.2 Área Rural A totalidade dos municípios que compõem o Setor Costeiro Estuarino possui alguma forma de modalidade organizacional, existente na maioria de suas comunidades. Contudo, alguns apresentam uma baixa taxa de associativismo, o que dificulta a resolução de problemas comunitários. Vale ressaltar que a implantação do Programa de Desenvolvimento Sustentável no Amapá PDSA incentivou através da AGEMP, bem como das atividades do RURAP e da implantação da Resex do Cajari a criação de organizações comunitárias, para se tornarem parceiras na gestão dos problemas locais ou regionais. Isso permitiu o surgimento de várias associações comunitárias no setor costeiro estuarino como um todo (Figura 3). 14

Figura 3 - Taxa de comunidades com associação por Município nas Regiões Ambientais do Setor Costeiro. Fonte: GERCO-AP Pode-se observar na Figura 3 que a taxa de comunidades com associações nos municípios indica um percentual significativo do nível organizacional. A Região da Planície Costeira dentro dos municípios apresenta uma taxa de comunidades com associação menor que na Terra Firme, o que pode indicar uma dificuldade maior de organização nessa região. A menor diferença entre as regiões ambientais aparece em Mazagão onde a diferença é de aproximadamente 14%, provavelmente pela presença da Reserva Extrativista do Cajari, que levou as comunidades da Região da Planície Costeira a se organizarem em forma de associações extrativistas. A Região de Terra Firme de Cutias, Macapá, Mazagão e Vitória do Jari apresenta uma taxa maior do número de associações por comunidades entrevistadas, enquanto que na Região da Planície Costeira essa proporção diminui significativamente em Cutias, Itaubal, Macapá e Vitória do Jari que possuem as menores taxas. Em Mazagão há um equilíbrio entre as taxas de comunidades com associações nas Regiões de Planície Costeira e Terra Firme. Observa-se que, principalmente em Cutias e Vitória do Jari, a diferença entre as taxas de associações nas regiões ambientais é bem acentuada. 15

Em relação a diversidade de forma de associações, observa-se que as comunidades da Região de Terra Firme possuem uma diversidade equivalente de associações com relação às da Região da Planície Costeira (Figura 4). 100 80 % 60 40 20 0 Produtores e de Agricultores Moradores e Produtores Moradores Sindicatos Associações Comunitárias Cooperativas Mulheres Outros Planicie Costeira Terra Firme Figura 4 Taxa de associações por modalidades nas Regiões Ambientais do Setor Costeiro Estuarino. Fonte: Acervo GERCO/AP. A modalidade de associações de moradores (38%) é a mais registrada, principalmente na Região da Planície Costeira, em seguida aparecem às associações de produtores e/ou de agricultores, com 26% e 33%, na Região Ambiental da Planície Costeira e na Região da Terra Firme, respectivamente. Há ocorrência de sindicatos, registrados somente na Planície Costeira de Itaubal, indicando uma pequena manifestação de organização profissional. O detalhamento da diversidade de associações nos municípios costeiros (Figura 5) de acordo com as regiões ambientais indica a presença majoritária das associações de produtores e/ou de agricultores, moradores e cooperativas, revelando uma tendência desses municípios a 16

um cuidado maior com o setor produtivo, sobretudo no ambiente de Terra Firme. Já na Planície Costeira de Cutias, Macapá e Santana a presença mais significativa é de associações de moradores, indicando uma maior preocupação com os problemas sociais da comunidade. 100 80 % 60 40 20 0 PC TF PC TF PC TF PC TF PC TF PC TF Cutias Itaubal Macapá Mazagão Santana Vit. Jari Produ. e Agricu. Moradores e Produtores Moradores Sindicato Ass.Comunitárias Cons. Comunitario Cooperativa Mulheres Outros Figura 5 Taxa de associações por modalidades nos Municípios da área de atuação do GERCO-AP. Fonte: GERCO-AP. Não se devem considerar apenas os aspectos quantitativos, pois existem várias associações que atuam em mais de uma comunidade. Com isso, o número de comunidades atendidas é maior, pois a área de abrangência das entidades é mais ampla, conforme o Quadro 1. Foi dentro desse contexto de atuação das associações que foram elaborados os indicadores e índices apresentados no item seguinte. 17

Quadro 1 Associações que englobam várias comunidades no setor costeiro estuarino ASSOCIAÇÃO Associação de Moradores Associação de Apoio Comunitário do Vale do Rio Piririm Associação dos Produtores Agrícolas do Município de Cutias Associação Comunitária Conselho Comunitário do Bailique Associação de Moradores e Produtores do Igarapé Grande do Bailique Associação dos Agricultores Extrativistas do Rio Cajari Associação dos Produtores Rurais e Moradores do Maruanum Associação dos Agricultores da Reserva do Cajari Associação dos Agricultores de Mazagão Velho Associação Agroextrativista dos trabalhadores Rurais do Baixo Macacoari COMUNIDADES Alegria, Pracuúba do Araguari. Carobal, Dois Irmãos do Tracajatuba. Gurupora, Livramento, Nova Esperança, São Sebastião do Livramento. São Joaquim do Pacuí, São Sebastião da Boa Vista. Buritizal, Franco Grande, Franquinho, Igaçaba, Igarapé do Carneiro, Igarapé do Meio, Itamatatuba, Jaburuzinho, Limão do Curuá, Macêdonia, Marinheiro de Fora, Vila da Foz do Gurijuba, Vila Progresso/ Marinheiro. Filadélfia, Vila Maranata. Aterro do Muriacá, Comércio do Cajari ou Monte Horebe, Santa Ana, Santa Rita, São João do Cajari, Tapereira. Vila do Carmo do Maruanum, São Benedito do Igarapé do Lago, São Raimundo do Maruanum, São Sebastião. Conceição do Muriacá, Filadélfia/ Rio Ariramba. Mazagão Velho, Retiro São José - São Francisco do Piquiazal. Nossa Senhora de Nazaré da Foz do Macacoari, São Tomé do Macacoari. Fonte: Entrevistas de campo GERCO/AP e AGEMP-AP. 2.5 INDICADORES E INDICE DE POTENCIALIDADE Os indicadores trabalhados demonstram a situação funcional das associações nos municípios costeiros do Setor Estuarino. Observa-se (Figura 6) que o município de Vitória do Jari tem o maior número de associações ativas proporcionalmente ao número de comunidades entrevistadas, enquanto que nos municípios de Cutias e Itaubal, na Região da Planície Costeira, não existem associações ativas, somente em formação ou sem informação, o que indica uma vontade de associativismo, mas sem que haja uma efetivação desse processo. Verificou-se no I Ciclo de Seminários do GERCO no Setor Costeiro Estuarino nos municípios de Cutias e Itaubal, que os fatores essenciais para a concretização do quadro de baixo nível situacional de associativismo da Planície Costeira em relação à Terra Firme são a falta de união e organização dos líderes comunitários, a desinformação e os 18

conflitos de terra (algumas comunidades estão instaladas em terras particulares). Nos municípios de Cutias na Terra Firme, Itaubal na Planície Costeira, Macapá e Mazagão na Planície Costeira e Terra Firme e em Vitória do Jari na Planície Costeira, apresentam associações sem informações, o que pode representar uma falta de participação/divulgação das atividades das associações. 100 80 % 60 40 20 0 PC TF PC TF PC TF PC TF PC TF PC TF Cutias Itaubal Macapá Mazagão Santana Vitória do Jari ativa inativa em fundação sem informação Figura 6 Taxa da situação das associações dos Municípios do Setor Costeiro Estuarino. Fonte: GERCO/AP. 2.5.1 Índice de Potencialidade da Estrutura Organizacional da Sociedade Civil Este índice demonstra o nível de participação popular nas entidades associativas, onde juntos tentam encontrar soluções para os problemas da comunidade ou festejarem suas vitórias e datas comemorativas. De certa forma, indica também a qualidade do relacionamento das principais lideranças locais com os líderes das organizações existentes nas comunidades, bem como dos comunitários com as lideranças, refletindo algumas vezes até o grau de desinformação a respeito das associações presentes nas comunidades. 19

Conforme pode ser visualizado (Figura 7) as comunidades assentadas na Região da Planície Costeira possuem índices menores de associativismo, com exceção dos municípios de Macapá e Santana. 100 80 % 60 40 20 0 CUTIAS ITAUBAL MACAPÁ MAZAGÃO SANTANA VITÓRIA DO JARI Planície Costeira Terra Firme Figura 7 Índice de Potencialidade da estrutura organizacional da sociedade civil no Setor Estuarino IPEO por Região Ambiental nos municípios do setor costeiro estuarino. Fonte: GERCO-AP. Acredita-se que uma das causas para o baixo valor de potencialidade de associativismo na região da Planície Costeira seja a dificuldade de locomoção dos associados, devido aos processos costeiros, ausência de embarcações com linhas regulares entre as comunidades, bem como devido a distância entre as comunidades, que conseqüentemente diminui a regularidade de reuniões e encontros da população para discussão de seus problemas. Durante o I e II Ciclos de Seminários do GERCO no Setor Costeiro Estuarino realizado em 2001 e 2002 observou-se, porém, que as dificuldades das comunidades em se organizar em forma de associações, cooperativas, sindicatos, etc., passam também pela questão de formação de lideranças e ações de educação para a cidadania. 20

Isto demonstra o nível de integração social das comunidades, que pela localização geográfica, buscam juntas a melhoria de sua qualidade de vida. Tal fato, porém ocorre com maior freqüência na Região da Planície Costeira, provavelmente devido a maiores dificuldades logísticas e financeiras por parte dos líderes das comunidades para deslocarem-se até as sedes dos municípios. Outro fato importante é que a criação de Unidades de Conservação foi induzindo a organização das comunidades, como já mencionado na Região da RESEX do Cajari. Na região do Bailique a capacidade de organização em torno do Conselho Comunitário também se reflete no nível de integração entre as comunidades. Registrou-se inclusive, no I Ciclo de Seminários do GERCO no Setor Estuarino, a pré-disposição de alguns líderes do município de Macapá em trocar experiências com lideranças desse conselho e outras associações que tenham experiência positiva na organização comunitária de suas áreas de atuação. REFERÊNCIAS AGÊNCIA DE MOBILIZAÇÃO DO AMAPÁ (1999-2000). Macapá, 2000. BECKER, B. K.; EGLER, C. A. G. Detalhamento da metodologia para execução do zoneamento ecológico-econômico pelos Estados da Amazônia Legal. Rio de Janeiro;Brasília: MMA-SAE, 1996. CREPANI, E. et al. Curso de Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento Aplicado ao Zoneamento Ecológico-Econômico e ao Ordenamento Territorial. São José dos Campos: INPE, 1999. 18 p. COMPÊNDIO do I Ciclo de Seminários do GERCO do Projeto: Zoneamento Ecológico-Econômico Costeiro do Setor Estuarino do Estado do Amapá. Macapá, 2002. 21

INSTITUTO DE PESQUISAS CIENTÍFICAS E TECNOLÓGICAS DO ESTADO DO AMAPÁ.ZEE. Zoneamento Ecológico-Econômico da Área Sul do Estado do Amapá. Macapá, 2000. 44p JANNUZZI, P.M. Indicadores sociais no Brasil. Campinas: Alínea, 2001. 141 p. ORGANIZAÇÃO DAS COOPERATIVAS BRASILEIRAS - OCB. URL. Disponível em: http://www.ocb.org.br. Acesso em: 18 fev. 2001. PROGRAMA DE GERENCIAMENTO COSTEIRO/AP. Formulários de Campo (1999-2000). Macapá, 2000. RODRIGUES, Eduardo Vitor. Associativismo e a Comunidade Local. Disponível em: http://www.sspp.net/archive/papers/1(1)rodrigues.htm. Acesso em fev. 2001. 22