ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO EMPRESARIAL



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Transcrição:

ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO EMPRESARIAL ADMINISTRATION OF THE WORKING CAPITAL AND MANAGERIAL ECONOMICAL DEVELOPMENT Dilian Evangelista dos santos 1 Edson Oliveira Neves 2 Resumo Neste trabalho desenvolve-se uma explanação sobre um dos temas mais relevantes e delicados dentro da administração financeira, o capital de giro. A administração eficiente do capital de giro é apresentada como um importante instrumento que possibilita o desenvolvimento econômico-financeiro das empresas. Além de permitir a continuidade dos ciclos operacionais, o capital de giro contribui ativamente para dois aspectos - a liquidez e a rentabilidade nos negócios - que possibilitam o exercício das funções empresariais de forma adequada e, consequentemente, infere à organização plenas condições de manter-se competitiva no mercado. Palavras-chave: Capital de giro, Necessidade de Capital de Giro, Liquidez, Rentabilidade. Abstract In this work grows an explanation inside on one of the most important and delicate themes of the financial administration, the working capital. The efficient administration of the working capital is presented as an important instrument that makes possible the economical-financial development of the companies. Besides allowing the continuity of the operational cycles, the working capital it contributes actively to two aspects - the liquidity and the profitability in the businesses - that make possible the exercise of the managerial functions in an appropriate way and, consequently, it infers to the organization full conditions of staying competitive in the market. Keywords: Working Capital, Need for Working Capital, Liquidity and Profitability. 1 Graduanda em Administração pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Norte de Minas Gerais Campus Januária (IFNMG), Bolsista Bic Programa de Iniciação Científica. E-mail: dilian.santos@yahoo.com.br 2 Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Norte de Minas Gerais (IFNMG), Mestre em Educação Agrícola, Bacharel em Administração de Empresas e Pública. E-mail: edson.neves@ifnmg.edu.br

Introdução A administração do capital de giro é um dos temas mais importantes e delicados dentro da administração financeira. Composto pelas disponibilidades do ativo circulante, contas a receber e o estoque, o capital de giro representa o montante necessário para subsidiar as atividades do dia-a-dia das empresas. Na falta, ou escassez deste, as empresas são obrigadas a recorrer ao capital de terceiros para garantir que haja continuidade em seu ciclo operacional ou que este transcorra de forma adequada. No que se refere à necessidade de capital de giro, as empresas, de acordo com o segmento em que atuam e de suas estratégias de operacionalização, diferem umas das outras. As variáveis são as mais diversas, como os riscos operacionais do negócio, as metodologias utilizadas pelos controllers na administração do capital de giro, dentre outros fatores. Tudo isto faz com que cada empresa tenha sua especificidade e a gestão do seu capital de giro se torne um processo singular. Dessa forma, o quantitativo e as canalizações perfeitas do capital de giro em determinada empresa, pode não ser o mais adequado para conduzir as operações em outra. Uma administração eficiente e eficaz do capital de giro em uma empresa é determinante para que esta consiga exercer suas funções empresariais de forma adequada, dando-lhe condições econômico-financeiras de manter-se no mercado. Por envolver injeção de capital no operacional da empresa e estar relacionado às políticas de estocagem, de vendas, de compras e também o próprio risco operacional do negócio, a administração e planejamento do capital de giro deve ser visto como um importante elemento estratégico dentro da empresa. A escassez de capital de giro por períodos prolongados pode causar consequências devastadoras nas operações da empresa, podendo levá-la à insolvência. Por outro lado, o capital de giro representa um grupo de ativos que não consegue, por si só, trazer grande rentabilidade para a empresa, nem influenciar decisivamente na estrutura patrimonial da entidade, mas é de fundamental importância para se manter a liquidez da empresa e dar-lhe condições de honrar seus compromissos e dar continuidade ao seu ciclo operacional. E, é neste ponto que nasce o grande desafio do administrador financeiro, ou seja, conseguir manter um equilíbrio sustentável entre capital de giro e as inversões de capitais com vistas ao desenvolvimento econômico quando isto não envolva a utilização de capital de terceiros. Do exposto, a proposta desse trabalho é de apresentar a administração eficiente do capital de giro como um importante instrumento que possibilite o desenvolvimento econômico empresarial através da promoção de liquidez e rentabilidade aos negócios. Neste sentido, são apresentados importantes conceitos relacionados ao gerenciamento do capital de giro e demonstrada a sua importância no fomento dos ciclos operacionais das empresas. Capital de Giro O gerenciamento do capital de giro é uma ação essencial quando considerado a saúde financeira das organizações. Estas precisam recuperar os valores despendidos em seus custos e despesas e obter lucro que, por sua vez, representa o sentido maior 2

da existência empresarial. Oliveira e Lavor (2003 apud Gitman 1987, p.279) observam que a administração do capital de giro é um dos aspectos mais importantes da administração financeira considerada globalmente. Mesmo em organizações sem fins lucrativos é fundamental a existência de um equilíbrio que permita a continuidade de suas operações. Hoji (2001, p. 109), em uma conceituação do capital de giro diz que este é conhecido também como capital circulante e corresponde aos recursos aplicados em ativos circulantes, que transformam-se constantemente dentro do ciclo operacional.. Já Sousa (2007, p.126), define capital de giro como sendo os recursos necessários para o movimento do dia-a-dia da empresa e destina-se a suprir a defasagem de tempo entre os pagamentos de compras e os recebimentos de vendas. Para Alves et al (1997, p.64) Capital de giro ou capital circulante, significa os recursos no ativo circulante representado, principalmente, pelos grupos: disponível, estoques e créditos a receber. No aspecto gerencial, significa os recursos destinados a financiar o ciclo operacional da empresa. Ferreira e Carbonelle (1997, P.31) comungam com essa definição observando que a administração do capital de giro se ocupa dos ativos circulantes e passivos circulantes. Ativos circulantes representados principalmente, pelas disponibilidades financeiras, estoques e contas a receber. Passivos circulantes pelas obrigações de curto prazo. Conquanto, o processo de compra, de venda, o período relativo ao recebimento das vendas e os pagamentos de débitos de curto prazo, são todos custeados por esse recurso financeiro e que gira constantemente para garantir a continuação das operações empresariais. Qualquer mudança, que por ventura venha a ocorrer, relacionada ao aumento do valor das despesas, alongamento dos prazos para recebimentos, ou diminuição das vendas, envidará uma maior necessidade desse capital e, pode ser determinante para o prosseguimento das atividades normais em uma organização. Necessidade de Capital de Giro (NCG) Conhecer a necessidade de capital de giro é um fator relevante para as tomadas de decisões. Defini-se como necessidade de capital de giro o volume de recursos necessários para que a empresa cumpra todos os seus compromissos nos respectivos vencimentos (SOUSA, 2007, P.96). Ferreira e Carbonelle (1997, p.31) ampliam este conceito observando que as necessidades de capital de giro são as demandas de recursos financeiros que a empresa tem, no sentido de viabilizar suas operações normais e ter assegurado um excedente suficiente para a segurança de liquidez que tenha sido estabelecida.. Dessa forma, observa-se que o nível de capital necessário para uma empresa, depende de um conjunto de fatores que se interligam e relacionam-se com as políticas de compras, políticas de estocagem, políticas de vendas e o risco operacional que cada uma possui. A diminuição dos prazos de recebimento de clientes, e o alongamento dos prazos de pagamentos, permitem a redução da necessidade de capital. Entretanto, para que isso ocorra, vários fatores devem ser analisados em função dos impactos que essa redução é capaz de trazer para a organização. O aumento dos prazos de 3

pagamento pode, por exemplo, aumentar as despesas financeiras e, em relação à diminuição dos prazos de recebimento, em muitos casos, existe a possibilidade de comprometimento do grau de competitividade da empresa no mercado. Para Alves et al (1997, p.65) O planejamento do nível de capital de giro depende das projeções dos elementos da estrutura patrimonial. Como o mesmo autor esclarece, a projeção dos valores mínimos desses elementos determinará a necessidade mínima do capital de giro. Para a projeção da necessidade de disponível utilizam-se as informações do fluxo de caixa projetado. Define-se a quantidade de dias de cobertura do fluxo de acordo com a estratégia de risco. A necessidade mensal é definida dividindo-se o total das saídas do fluxo por 30 e multiplicando-se pela quantidade de dias de cobertura. Na política de estocagem são definidos os níveis de estoques, padrões mínimos, o ponto de ressuprimento e a cobertura de estoque. Através desses elementos, projeta-se o valor mínimo do estoque, considerando-se a projeção das vendas para o mês. A política de vendas define o prazo médio para as vendas financeiras. Com base nesse prazo e na projeção mensal do montante das vendas, calcula-se a necessidade mínima. (...) Após projetar a necessidade mínima de cada componente, determina-se o total do capital de giro necessário, considerando-se as condições e políticas definidas (ALVES et al, 1997, p.65 e 67). O risco operacional representa o comprometimento da atividade operacional, em função da relação dinâmica existente entre os diferentes itens que formam o capital de giro. Como observa Alves et al (1997), a relação entre capital de giro e o risco operacional é inversamente proporcional. Quanto maior o volume do capital de giro, menor será o risco operacional e, quanto menor for o capital de giro, maior será risco operacional. Em relação à disponibilidade, um nível baixo de cobertura do fluxo de caixa pode provocar problemas de liquidez e, em conseqüência, prejudicar a atividade operacional. Em relação aos estoques, se a empresa adotar políticas que estabeleçam níveis muito baixos, certamente tal fator prejudicará as vendas, em função da falta de mercadoria e variedade. Em se tratando de créditos, a empresa que reduzir excessivamente os seus prazos de financiamentos e criar restrições ao crédito, provavelmente terá sua receita de vendas enfraquecida. Nesse sentido, entende-se que deva existir um conhecimento amplo sobre as variáveis que compõe o capital de giro, a fim de que seja possível determinar os valores necessários para movimentar as operações da empresa sem contrair riscos que impossibilite uma boa saúde financeira. Determinação da Necessidade de Capital de Giro Quanto à determinação da necessidade de capital de giro, cada empresa possui sua particularidade. Segundo Matarazzo (2010, p.299) a necessidade de capital de giro (NCG) é função de caixa e das vendas de uma empresa. Isso significa que para cada volume de vendas existirá uma NCG. O que implica dizer que cada empresa possui necessidades de capital de giro diferente uma das outras. Ainda segundo o autor, o ativo circulante operacional (ACO) é o investimento que ocorre automaticamente nas atividades operacionais da empresa, enquanto o passivo operacional (PCO) é o financiamento de tais operações. A diferença entre 4

investimento e financiamento é quanto a empresa necessita para financiar seu giro, ou seja, a NCG. Saber qual é o capital de giro necessário para financiar as operações da empresa, consiste em uma informação relevante para o administrador tomar as suas decisões. O controller deve estar atento, se suprindo dessas informações importantes a fim realizar investimentos em outros ativos permitindo que os níveis de lucratividade desejados possam ser alcançados. A caracterização deste momento ideal, seria a certeza ou pelo menos a previsão de que a diminuição do capital de giro para investimento em ativos imobilizados, não venha a interferir de modo negativo na liquidez da empresa. Capital Circulante Liquido (CCL) O Capital circulante Liquido (CCL) pode ser utilizado como um importante instrumento para diagnosticar o gral de risco que uma empresa opera em suas atividades, visto que ele representa o quanto a organização possui de ativo líquido, tanto em valor monetário quanto em bens que possam ser convertidos em moeda com rapidez e facilidade, como é o caso do estoque. Segundo Hoji (2001, p.111), a diferença entre o ativo circulante e o passivo circulante é o CCL ou capital de giro líquido. Como lembra o autor, quando a soma dos elementos do ativo corrente, ou seja, tudo que a empresa possui de disponível, é maior do que a soma das dívidas e obrigações que a mesma tem para pagar no curto prazo, o capital circulante líquido (CCL) é positivo. Caso contrario o CCL é negativo. Quando a soma dos elementos do ativo corrente é igual à soma dos elementos do passivo corrente, o CCL é nulo. Oliveira e Lavor (2003, p. 4) observam que um capital circulante líquido igual a zero submete a estrutura financeira da empresa a um certo grau de risco. Por outro lado, um capital de giro negativo submete a empresa a um grau de risco elevado e diretamente proporcional à magnitude desta insuficiência. Liquidez A busca por níveis de liquidez apropriados para as atividades operacionais, ou pelo menos a diminuição do risco de insolvência, representam ações comuns e indispensáveis para as empresas que almejam a manutenção de uma boa saúde financeira. Hoji (2001, p.27) afirma que a liquidez é a capacidade de pagar compromissos de curto prazo. Em sentido amplo, a liquidez é relacionada com as disponibilidades mais os direitos e bens realizáveis no curto prazo. Em sentido restrito, a liquidez é relacionada somente com as disponibilidades. Para Matarazzo (2010, p. 211) a alta liquidez, além de indicar boa situação financeira, pode até ser do aumento da rentabilidade, embora não esteja afastada a hipótese de haver recursos ociosos.. Segundo Prante (2005 apud Marion, 2002, P.83), os índices de liquidez: São utilizados para avaliar a capacidade de pagamento da empresa, isto é, constituem 5

uma apreciação sobre se a empresas tem capacidade para saldar seus compromissos considerando longo prazo, curto prazo ou prazo imediato.. Encontra-se a liquidez dividindo-se a soma dos valores que possuímos no curto prazo (ativo circulante), pela a soma do valor dos compromissos a pagar no curto prazo (passivo circulante). (SOUSA, 2007, P.107). Os índices de liquidez se limitam apenas a evidenciar se existe ou não a capacidade de liquidar obrigações, não abrangendo, por exemplo, indicadores importantes como Prazos de Pagamento e Recebimento. Apesar disso, são de grande relevância para o direcionamento dos negócios, por retratarem posições de curto prazo para tomada de decisões, afetando, direta ou indiretamente, outras cadeias de valores da organização. Os recursos circulantes acabam se tornando o pivô da estratégia empresarial, pois são por eles, e baseado neles, que muitas vezes os negócios são encaminhados. Uma das formas mais comumente utilizadas para se analisar o grau de liquidez e risco de uma dada empresa é o seu volume de Capital Circulante Líquido CCL. Quanto maior sua magnitude, maior a margem de segurança e menor o grau de risco. (OLIVEIRA e LAVOR, 2003, P.3). Oliveira e Lavor (2003) ainda observam que o CCL isoladamente é insuficiente para tomada de decisão e que, para isso, é necessário uma verificação mais detalhada dos seus elementos constitutivos. O que, de fato, suprirá os gestores com um conjunto de informações mais amplo permitindo decisões mais acertadas. Rentabilidade A rentabilidade deve ser entendida como a capacidade que a empresa possui de gerar lucro, é a medida do resultado econômico (lucro ou prejuízo) gerado por capital invertido (HOJI, 2001, P.26). Segundo Prante (2005 apud BRIGHAM e HOUSTON, 1999, P.89) o conjunto de índices de rentabilidade é o grupo de índices que mostra os efeitos combinados da liquidez, da gestão de ativos e do endividamento sobre os resultados operacionais. Com esta definição de Prante, fica fácil ter a noção de que a rentabilidade está relacionada com diferentes contas do ativo e passivo. Evidentemente e especialmente, a administração do capital de giro (e de todos os itens de sua configuração) é, também, determinante, para os índices de rentabilidade da empresa. Oliveira e Lavor (2003) observam essa condição ao salientarem que as empresas procuram vantagens competitivas especialmente em condições econômicas mais desafiantes e, este fato, torna mais evidente a importância que se tem de otimizar a gestão do capital de giro. Dessa forma, o gerenciamento eficiente contribui para a melhoria da rentabilidade dos investimentos realizados pela empresa e diretamente para o seu desenvolvimento econômico-financeiro. Alves et al (1997, p.68), enfatiza essa relação entre capital de giro e rentabilidade ao observar que Poder-se-ia pensar que uma boa administração do capital de giro seria manter os níveis dos componentes bem altos, reduzindo assim o risco operacional. No entanto, existe outra variável importante a ser considerada: a rentabilidade do negocio. Os recursos aplicados no circulante são os menos rentáveis para a estrutura patrimonial. Assim sendo, a relação capital de giro x rentabilidade é inversamente proporcional. Quanto maior capital 6

de giro menor rentabilidade, quanto menor capital de giro maior rentabilidade (ALVES et al, 1997, P.68). Alves et al (1997, p.69) ainda observa que o administrador financeiro deve gerenciar a relação entre as três variáveis: Capital de giro, Risco operacional, e rentabilidade.. Do exposto, fica claro a necessidade de um ponto de equilíbrio, e chegar a essa condição não é uma tarefa fácil. Não existe uma receita pronta. Cada empresa tem suas particularidades. Todavia o esse caminho passa necessariamente pelo contínuo registro e geração de informações, estudos e uma dose de bom senso dos gestores. Considerações finais É inegável que a administração eficiente do capital de giro traz ótimos resultados a qualquer organização. Essas ações gerenciais configuram importantes instrumentos estratégicos que possibilitam o desenvolvimento econômico empresarial. O capital de giro é um dos aspectos da gestão financeira que mais contribui para a rentabilidade dos negócios e para promoção da liquidez na empresa. E, nesse sentido, cabe ao controller estar atento às diferentes políticas organizacionais que colaboram para a formação deste grupo, como as políticas de estocagem, de vendas, de compras e prazos. Devendo intervir quando necessário, de forma conservadora, resguardando a empresa no que se refere aos riscos operacionais, ou mesmo de forma mais ousada, através de canalizações para investimentos dentro do próprio ciclo operacional. Independente de qual postura o administrador financeiro adote, ele deve levar em conta as especificidades da sua empresa, buscar o equilíbrio entre riscos assumidos e a rentabilidade desejada, além de não ignorar as informações geradas e registradas nos processos internos, pois possibilitam tomadas de decisões acertadas e coerentes com as dinâmicas do mercado, permitindo assim que a empresa consiga desenvolver satisfatoriamente suas atividades e se mantenha competitiva. Referências BRIGHAM, Eugene F. e HOUSTON, Joel F. Fundamentos da Moderna Administração Financeira. Rio de Janeiro: Campus, 1999. FERREIRA, Almir S.; CARBONELLl, Edgard M./Estratégia, Crescimento e Administração do Capital de Giro.Caderno de Pesquisa em Administração, V.2,N 5, 2 Sem/97. GIL, Antonio Carlos, 1946-Como Elaborar um Projeto de Pesquisa/Antonio Carlos Gil. -4. Ed. -10. Reimpr. -São Paulo: Atlas, 2007. GITMAN, Laurence J. Princípios de Administração Financeira. 3 ed. São Paulo: Harbra, 1987. 7

HOJI, Masakasu. Administração Financeira: Uma Abordagem Prática. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2001. MARION, José Carlos. Análise das Demonstrações Contábeis. Contabilidade Empresarial. 2a ed. São Paulo: Atlas, 2002. MATARAZZO, Dante C. Análise Financeira de Balanços. 6 a ed. São Paulo: Atlas, 2003. MATARAZZO, Dante C. Análise Financeira de Balanços. Abordagem Gerencial. 7 a ed. São Paulo: Atlas, 2010 OLIVEIRA, Anderson. P; LAVOR, Héber. M.. O capital de Giro como Fator Estratégico para o Desempenho Econômico financeiro das Empresas: Um Estudo de Caso. Universidade Federal do Pará, 2003. SENAC. DN. Gerência Financeira./Jose do Rego Filho; Leny Alves Rocha; Cláudio Ulysses F. Coelho. Rio de Janeiro: SENAC/DN/DFP, 1997. SOUSA, Antonio. Gerência Financeira para Micro e Pequenas Empresas: Um Manual Simplificado/Antonio Sousa. Rio de Janeiro: Elsevier: SEBRAE,2007. 8