Administração Financeira
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- Giuliana Rocha Pinheiro
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1 Administração Financeira MÓDULO 8: ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO Administrar o capital de giro pode ser sinônimo de administrar o ativo circulante, composto das disponibilidades, das contas a receber, dos estoques e de outros créditos. Nesta análise, não importam os vários conceitos de capital de giro, pois todos eles convergem para o mesmo ponto: é a soma dos recursos que giram (ou circulam); são os ativos que devem transformar-se em dinheiro; são os recursos que financiam o ciclo operacional e financeiro. Dentro deste panorama, vamos estudar a administração do capital de giro, situando-a nos seus componentes fundamentais: o disponível, o contas a receber e os estoques. Administração do disponível Administrar o disponível - ou o caixa - é cuidar cotidianamente dos ativos cuja característica seja a sua transformação em dinheiro ou liquidez imediata, de forma natural e sem interferências de terceiros. Tradicionalmente a contabilidade os classifica em: valores em moeda corrente saldos bancários aplicações de liquidez imediata aplicações de liquidez a curto prazo aplicações em moeda estrangeira O trabalho do gestor da tesouraria, ou administrador do caixa, é cuidar diariamente para que a liquidez da empresa se mantenha nos níveis planejados, com observação da pontualidade e obediência aos vencimentos e contratos com seus fornecedores, governo etc.
2 Basicamente, suas preocupações são com as entradas e saídas previstas de caixa. Se a empresa tem filiais, ou várias unidades que podem interferir nesse processo, essa característica poderá ampliar seus controles e preocupações. A manutenção adequada e dentro das expectativas nas entradas e saídas de recursos previstas são o principal escopo diário. Como entradas típicas ou comuns, podemos relacionar: a) vendas à vista b) recebimento de vendas a prazo (duplicatas a receber) c) recebimento de outras contas a receber d) crédito de empréstimo bancário e) crédito de receitas financeiras f) recebimento de empréstimos de terceiros g) aumento do capital social Como saídas típicas ou comuns, podemos relacionar: a) pagamento de despesas diárias b) pagamento de fornecedores c) pagamento de empréstimos bancários d) aquisição de ativos permanentes e) pagamento de despesas financeiras f) empréstimos a terceiros g) pagamento de dividendos ou distribuição de lucros Uma dificuldade bastante significativa é a manutenção de um saldo mínimo de caixa. Estudos feitos por Baumol e Miller-Orr levam-nos a este assunto, até com muita propriedade, porém, sua aplicabilidade no Brasil é vedada pela impossibilidade, no momento, de os saldos excedentes serem aplicados no sistema de open market [mercado aberto, com operações conhecidas por overnight, isto é, de um dia].
3 De qualquer forma, iremos relacionar os tópicos mais relevantes que interferem ou colaboram para o controle desse saldo mínimo de caixa: tipo de atividade exercida - uma loja apresenta um caixa mínimo substancialmente diferente de uma indústria ou de um prestador de serviço; histórico anterior o passado pode razoavelmente indicar qual o valor mínimo que devemos manter em determinadas situações, mesmo nas ocasiões sazonais; reciprocidade bancária mesmo que não existam empréstimos bancários, a reciprocidade (saldos médios diários) é um fator de aproximação e exigência para futuros e eventuais empréstimos; política de vencimentos podemos negociar alterações mínimas nas datas de nossos fornecedores mais comuns e constantes; uso de meios eletrônicos facilitam as transações, mas nos escravizam na obediência aos vencimentos. Entretanto, podemos exigir o mesmo procedimento por parte de nossos clientes, pela utilização do meio mais rápido de crédito que possamos ter; acúmulo de vencimentos é prática, no Brasil, que a maioria dos vencimentos salariais, locatícios, tributários e governamentais venham a ocorrer do dia 1 ao dia 10 de cada mês. Se este acúmulo não se coaduna com a situação, devemos tentar alterá-lo no que for possível, ou antecipar aquele que favoravelmente colabora para quitá-lo. Para melhor gerenciar o fluxo de caixa, é necessário que ele seja um instrumento gerencial para tomada de decisões, tanto para coletar e organizar os dados como para gerar subsídios que permitam a análise de desempenho financeiro da empresa. Com o manejo do fluxo de caixa, o gestor financeiro tem condições de compatibilizar, no tempo, as contas a pagar com as contas a receber, e, conseqüentemente, tomar decisões sobre situações importantes, como: o melhor momento de comprar e pagar o melhor momento de vender e receber os momentos mais acumulados de contas a pagar projeção de sobras, e faltas de caixa Administração das duplicatas a receber
4 Administrar as duplicatas a receber ou, como também é chamado, o contas a receber, significa cuidar do crédito e da cobrança nas transações a prazo. A decisão sobre vendas a prazo passa pelo estabelecimento de uma política de concessão do crédito, sem o qual poderemos ter problemas com a cobrança. Crédito é o instrumento de política financeira a serviço das entidades, quando estas correm o risco de transferir a posse de dinheiro, mercadorias ou serviços, mediante a promessa de reembolso futuro. Tem característica de reciprocidade, uma vez que, ao ser concedido por alguém, é automaticamente recebido por alguém. Nos regimes capitalistas, pressupõe-se que haja ao concessor uma vantagem financeira pelo ato de conceder, e, ao tomador, uma desvantagem financeira pelo ato de tomar. Esta vantagem/desvantagem financeira é geralmente determinada pelo valor dos juros compreendidos na operação de crédito. Sob o ângulo estritamente comercial, quando a concessão está ligada à transferência de mercadorias ou serviços, admite-se que ao concessor esteja ligado o interesse em obter maior lucratividade em suas transações, e, ao tomador, resta-lhe a obtenção de capitais de terceiros de que necessita também em seu negócio. O crédito cumpre uma série de funções específicas: a) movimentar o processo de produção em todas as suas etapas, possibilitando maior volume de operações b) estimular o consumo, tal que a produção crescente possa ser absorvida pela sociedade c) possibilitar aos investidores a aplicação de suas economias no processo produtivo, ou no consumo d) reunir capitais que, sozinhos, não conseguiriam financiar grandes projetos sociais, levando a sociedade a um bem-estar econômico e adequada distribuição da renda Bibliografia BRAGA, Roberto. Fundamentos e Técnicas de Administração Financeira. São Paulo: Atlas, GITMAN, Lawrence, J. Princípios de Administração Financeira. 3ª. edição, São Paulo. Ed. Harper & Row: 1984.
5 Princípios de Administração Financeira, 10a. edição. São Paulo: Pearson Addison Wesley, site , 8:20 h, do Banco Central do Brasil, sobre os agentes operadores do Sistema Financeiro Nacional. HOJI, Masakazu. Administração Financeira: uma abordagem prática: matemática financeira aplicada, estratégias financeiras, análise, planejamento e controle financeiro. 5ª. edição. São Paulo: Atlas, LEITE, Helio de Paula Introdução à Administração Financeira. São Paulo: Atlas, MARION, José Carlos Análise das Demonstrações Financeiras. São Paulo: Atlas, MATARAZZO, Dante C. Análise Financeira de Balanços: abordagem básica e gerencial. São Paulo: Atlas, ROSS, Stephen A. Administração Financeira. São Paulo: Atlas, SOUZA, Alceu, CLEMENTE, Ademir Decisões Financeiras e Análise de Investimentos. São Paulo: Atlas, 2004.
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