ANÁLISE CRÍTICA DA GESTÃO DE ESTOQUE EM UMA DISTRIBUIDORA DE TINTAS NA REGIÃO METROPOLITANA DE CAMPINAS



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Transcrição:

ISSN 1984-9354 ANÁLISE CRÍTICA DA GESTÃO DE ESTOQUE EM UMA DISTRIBUIDORA DE TINTAS NA REGIÃO METROPOLITANA DE CAMPINAS Jefferson de Souza Pinto (IFSP) Olívio Novaski (UNICAMP) Vinicius Luiz Ferraz Minatogawa (UNICAMP) Élen Nara Carpim Besteiro (UNICAMP) Resumo Este trabalho apresenta uma análise crítica do desempenho dos processos de uma empresa distribuidora de tintas. O método de abordagem utilizado neste estudo foi o dedutivo, sendo utilizada a técnica de análise crítica de um problema. O estuudo de caso se desenvolve em uma distribuidora de tintas com atuação na Região Metropolitana de Campinas. Para o desenvolvimento do estudo foram levantados dados referentes à gestão do estoque de tintas da empresa, que atua em dois segmentos de mercado distintos - atacado e varejo. O estudo procura identificar possíveis gargalos na administração do estoque e, demonstrar que a priorização dos itens de maior importância do estoque podem melhorar a qualidade do seu gerenciamento. Dentre os métodos de análise de estoque foi selecionado a Curva ABC. A partir da aplicação do método, verifica-se uma maior adequação dos níveis de estoque com a realidade da empresa com o atendimento da demanda independente do mercado, o que impacta diretamente na satisfação dos seus clientes. Também é possível extrapolar o seu uso para outros itens que são comercializados pela empresa, além do mercado de tintas, gerando assim um ponto de equilíbrio entre quantidade a serem mantidas em estoque. Palavras-chaves: Logística; Gestão de Estoque; Curva ABC; Distribuidora de Tintas

1. INTRODUÇÃO O controle de estoque é um grande desafio para os administradores de produtos, isso por causa das mudanças de fatores que influenciam custos e demandas dos produtos como novas tendências de cores e novas tecnologias. Existe uma busca contínua por soluções, visando uma redução dos custos e a eficiência dos controles de estoque, e para isso criam-se adaptações de métodos que satisfaçam as políticas atuais da empresa. Fleury, Wanke e Fossati (2000, p. 177), apresentam a visão que: A resposta para cada uma dessas questões passa por diversas análises relativas ao valor agregado do produto, à previsibilidade de sua demanda e às exigências dos consumidores finais em termos de prazo de entrega e disponibilidade de produto. Na realidade, a decisão pela redução contínua dos níveis de estoque na cadeia de suprimentos depende necessariamente do aumento da eficiência operacional de diversas atividades, como transporte, armazenagem e processamento de pedidos. Os grandes fabricantes de tintas são multinacionais que investem continuamente em tecnologias inovadoras, em suas unidades fabris e no lançamento de novos produtos para o consumo. Com investimento vindo do exterior, o mercado de tinta é altamente dependente das variações existente no mercado financeiro. O mercado de tinta passou por uma grande crise entre os anos de 2002 e 2003 no qual quase não existiu investimento por parte dos fabricantes e não houve crescimento do mercado. Porém após a crise, nos últimos anos houve um grande crescimento no número de novas empresas no mercado e a partir de 2004, o mercado de tinta vem reagindo, é possível identificar ao longo desses anos o aumento da produção em litros de tinta nos setores imobiliário, automotivo, de repintura e de indústrias em geral (ABRAFATI, 2012; SITIVESP, 2012). Além do atendimento e a variedade de produtos, outros fatores de sucesso vem caracterizando o mercado como o tamanho das lojas, a flexibilidade no horário de funcionamento e a localização. A maior parte das vendas são realizadas pelo setor de televendas das empresas em contatos com Indústrias e Profissionais da área. O mercado a 2

curto e médio prazo trabalha com perspectivas positivas, pois existe déficit de moradia na cidade de Campinas e com a abertura de linha de crédito por parte do governo para financiamento no setor de construção civil e de imóveis para a população o mercado trabalha atualmente com uma grande demanda por produtos desde o básico ao acabamento. De acordo com Brown et al (2005, p. 167), manter estoque representa risco, pois temos os custos de armazenamento, o estoque pode ficar obsoleto e os materiais podem se deteriorar, e ocupam espaço valioso, mas por outro lado, significam certo nível de segurança para satisfazer as demandas dos clientes. Apesar dos custos para mantê-los e de outras desvantagens associadas a sua manutenção, eles facilitam a conciliação entre fornecimento e demanda. A partir deste contexto e os problemas enfrentados pela constante falta de produtos em seu depósito central, se estabelece o problema de pesquisa, verificar a necessidade de melhoria dos processos de controle do estoque de uma distribuidora de tintas da região metropolitana de Campinas. Em decorrência do problema apresentado, se tem como objetivos: identificar os processos de gerenciamento de produtos e controle dos estoques de produtos acabados na empresa objeto de estudo; e priorizar os itens mais importantes da empresa em função do mix de produtos da distribuidora de tintas. 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA De acordo com Ballou (2006), conforme os sistemas logísticos fossem se aperfeiçoando, a produção e o consumo naturalmente experimentariam uma separação de regiões. Desta forma, cada região poderia se especializar em commodities para cuja produção tivesse melhor condição. Assim a produção poderia ser enviada a outras regiões consumidoras com vantagem econômica, e produtos escassos ou de difícil produção na região poderiam ser importados, isso seria o princípio da vantagem comparativa. E, sendo isto aplicado a mercados internacionais, explica-se o alto nível de transações no comércio internacional. Logística empresarial é um campo de estudo relativamente novo da gestão integrada. A novidade no campo da movimentação e armazenagem (transporte-estoque) resulta do conceito de gerenciamento coordenado das atividades relacionadas, ao contrário da prática histórica de coordená-las separadamente, e do conceito que a logística adiciona valor aos produtos ou aos 3

serviços que são essenciais para as vendas e a satisfação das necessidades dos clientes (BALLOU, 2006). Segundo Bowersox e Closs (2001, p. 20), a logística é [...] a integração de informações, transporte, estoque, armazenamento, manuseio de materiais e embalagem e estas tarefas combinadas, tornam a logística uma profissão desafiante e compensadora. Uma definição mais fiel de logística aos dias atuais é a do Supply Chain Council (SCC) uma organização criada em 1.962 por gestores, educadores e profissionais da área, que profere logística é o processo de planejamento, implantação e controle do fluxo eficiente e eficaz de mercadorias, serviços e das informações relativas desde o ponto de origem até o ponto de consumo com o propósito de atender as exigências dos clientes (STOCK, 1998). A própria definição sugere que a logística é um processo, e consequentemente inclui todas as atividades necessárias para tornar disponíveis bens e serviços, onde e quando os consumidores os quiserem disponíveis. Portanto, essa definição sugere que a logística empresarial é parte integrante da cadeia de suprimentos e não o processo inteiro (BALLOU, 2006). A Cadeia de Suprimentos é um conjunto de atividades funcionais (transportes, controle de estoques, etc.) que se repetem inúmeras vezes ao longo do canal pelo qual matérias-primas vão sendo convertidas em produtos acabados, aos quais se agrega valor ao consumidor (BALLOU, 2006, p. 29). Segundo Ballou (2006, p. 29), a Cadeia de Suprimentos ou Supply Chain Management (SCM) é o intercâmbio que acontece entre as áreas de logística, marketing e produção em uma empresa e entre empresas legalmente separadas no âmbito do canal de fluxo de produtos, no qual a coordenação e cooperação dos integrantes são peças chaves para a busca de melhorias nos processos e serviços. 2.1 Planejamento e Controle do Estoque Tubino (2000) afirma que os estoques são criados para absorver problemas do sistema de produção. Alguns deles, como a sazonalidade, são insolúveis, porém outros como o atraso na entrega, podem ser resolvidos. Os estoques não agregam valor aos produtos, e quanto menor seu nível em um sistema produtivo, maior será a eficiência deste sistema. Segundo Ballou 4

(2006, p. 277), gerenciar estoque é também equilibrar a disponibilidade dos produtos, ou serviço ao consumidor. De acordo com Fleury, Wanke e Fossati (2000), são diversos os fatores que vêm determinando esse tipo de política, tais como: a) A diversidade crescente no número de produtos, que torna mais complexa e trabalhosa a contínua gestão dos níveis de estoque, dos pontos de pedido e dos estoques de segurança; Como exemplo o caso das tintas, que até 1985 ofereciam um único tipo de acabamento para parede (Látex) com poucas tonalidades e diversificaram-se os acabamentos também em (Acrílico Acetinado,, Acrílico Semi Brilho) e além de contar com grande número de tonalidades prontas e mais a disponibilidade da máquina tinto métrica com opção de mais de 2.000 tonalidades; b) O elevado custo de oportunidade de capital, tem tornado a posse e a manutenção de estoques cada vez mais onerosos; c) O foco gerencial na redução do Capital Circulante Líquido, uma das medidas adotadas por diversas empresas que desejam maximizar seus indicadores de Valor Econômico Adicionado (Economic Value Added EVA). Há dois pontos de vista principais segundo os quais a gestão de estoques adquire grande importância e merece cuidado especial: o operacional e o financeiro (FLEURY,WANKE e FOSSATI, 2000). Do ponto de vista operacional os estoques permitem certas economias de produção e regulam as diferenças de ritmo entre os fluxos principais de uma empresa, seja do ramo industrial, seja do ramo comercial. Com frequência não se consegue responder rapidamente a aumentos bruscos da demanda, havendo necessidade de estoques para atender a esses aumentos. Por outro lado acumulam-se estoques sempre que a demanda apresentar-se abaixo das expectativas. De uma forma geral, o estoque faz o papel de elemento regulador de velocidade de fluxo de materiais na empresa (ibid). Do ponto de vista financeiro, é necessário lembrar que estoque é investimento e conta como parte do capital da empresa, quanto maiores os estoques, maior é o capital total. Como a taxa de retorno é computada como o quociente dos lucros brutos (antes da dedução do Imposto de Renda) pelo capital, é claro que, quanto maiores os estoques, sendo as outras condições idênticas, menor será a taxa de retorno, que é o indicador mais usado de eficiência na gestão (ibid). 5

Também sob a ótica financeira, outro conceito básico é o da rotação dos estoques definidos como o quociente do valor da produção anual pelo valor médio empatado em estoques de matérias primas, componente e material em processo, no caso do setor industrial (ibid). 2.2 Sistema de Controle de Estoque Segundo Bertaglia (2006, p. 327), existem dois padrões básicos de consumo de um item ao longo do tempo que são conhecidos como demanda dependente e demanda independente. São chamados itens de demanda independente aqueles que dependem das condições de mercado, que se encontram fora do controle da empresa, que é o caso que será estudado nesta pesquisa no qual os produtos estão sujeitos a riscos e incertezas fazendo-se necessárias previsões de demanda. A abordagem é de reposição de estoque, no qual à medida que o item usado, ele é reposto para se ter sempre produtos á mão para os consumidores. Torna-se fundamental conhecer pelo menos uma estimativa da demanda futura, para que se possa dizer o momento de reposição e também a quantidade a adquirir para o estoque. Enquanto que os itens de demanda dependente são aqueles que podem ser programados internamente na empresa que analisa o comportamento do mercado e faz uma previsão do consumo dos itens podendo efetuar uma produção fixada. Para itens de demanda independente pode-se trabalhar com o Lote Econômico de Compra, o Sistema de Revisão Contínua ou ainda o Sistema de Reposição Periódica. O MRP (Material Requirements Planning Planejamento de Necessidade de Material) é mais utilizado para itens de demanda dependente. 2.3 Ressuprimento / Reabastecimento Quando a empresa prefere minimizar seu estoque, existe a vantagem de não necessitar levantar grande valor em dinheiro para a aquisição de materiais. Por outro lado, a desvantagem está nos custos gerados por cada pedido emitido e na inconveniência do controle mais rígido da quantidade de produtos, que torna-se opção não atraente. 6

Contudo, quando a empresa opta por manter um estoque de produtos existe a vantagem de minimizar os custos envolvidos ao fazer os pedidos, porém a desvantagem está na grande quantidade de dinheiro necessário para cada compra e também existe a desvantagem da formação de estoque. Os gerentes precisam identificar os custos referentes à quantidade que pretendem comprar, e de acordo com Slack, Chambers e Johnston (2002, p. 386), os custos mais relevantes são referentes ao: custo de colocação de pedido; custos de desconto de preços; custos de falta de estoque; custos de capital de giro; custos de armazenagem; custos de obsolescência; e, custos de ineficiência de produção. Para as três primeiras categorias, podemos considerar que os custos diminuem à medida que o tamanho do pedido aumenta, e para as demais categorias, os custos aumentam à medida que é aumentado o tamanho do pedido (SLACK, CHAMBERS e JOHNSTON, 2002, p. 386). Slack, Chambers e Johnston (2002, p. 385), adotam um exemplo para ilustrar ressuprimento, o de nossas vidas domésticas, pois de acordo com os autores, é o estoque mais comum que utilizamos. No gerenciamento deste estoque, implicitamente tomamos decisões de quantidade a pedir, isto é, quanto comprar em cada momento e na tomada de decisões equilibramos dois conjuntos de custos: o custo associado com sair para comprar os itens de comida e os custos associados com a manutenção dos estoques (SLACK, CHAMBERS e JOHNSTON, 2002, p.385). 2.4 A Curva 80-20 ou ABC Segundo Tubino (2000, p. 108), a classificação ABC, é um método de diferenciação dos estoques segundo sua maior ou menor abrangência em relação de separar os itens por classes de acordo com sua importância relativa. As organizações sustentam em seu estoque centenas ou milhares de itens, porém somente uma parcela deve ser administrada fortemente (BERTAGLIA, 2006 p. 338). Segundo Corrêa e Corrêa (2004, p. 541), quando a empresa passa a considerar que alguns itens de estoque têm custo de manutenção mais elevado que 7

outros, passam a ser conveniente pensar em formas de classificar estes itens e definir quais são os itens que merecem maior atenção. De acordo com Corrêa e Corrêa (2004), uma das formas de alcançar esta classificação de importância de itens é a técnica ABC que consiste em separar os itens em três classes de acordo com o valor total consumido. Esta técnica tem como objetivo definir diferentes grupos, para os quais serão aplicados sistemas de controle de estoque mais apropriado para cada um deles, resultando em um sistema total mais eficiente em custos. Segundo Balou (2006), o uso permanente do conceito 80-20 e da classificação ABC é necessário para agrupar produtos de acordo com suas atividades de venda. O conceito 80-20 refere-se que, 80% do custo ou faturamento correspondem a 20% dos produtos ou itens. 3. MÉTODO O procedimento técnico adotado é o da pesquisa documental como fonte de informações técnicas seguida pelo estudo de caso como forma de identificar ocorrências de falhas na empresa. Estas falhas muitas vezes podem ser identificadas através de relatórios disponíveis no sistema da empresa. Com o estudo de caso realizado dentro do setor de compras da empresa, geraram-se reflexões quanto à importância do gerenciamento de estoque da empresa, tema este pouco abordado desde então. De acordo com Gil (2002), a pesquisa documental utiliza-se de informações que ainda não receberam um tratamento analítico, ou que ainda podem ser re-elaborados de acordo com os objetos da pesquisa. Com relação à abordagem do problema, a presente pesquisa é classificada como qualitativa. Segundo Silva e Menezes (2001, p. 20), na pesquisa qualitativa, a fonte para coleta de dados vem direto do ambiente natural em que esta inserida o pesquisador que é o instrumento chave para o sucesso da pesquisa. Para os objetivos, podemos classificar a pesquisa como descritiva, pois serão consideradas as variáveis relacionadas ao tema. Para a análise do estoque, será levado em consideração o tempo de processamento e entrega do pedido, a quantidade e o tempo de venda do produto. Segundo Silva e Menezes (2001, p. 21), pesquisa descritiva são as características de determinada população ou fenômeno envolvendo o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados, assumindo em geral a forma de levantamento de dados. 8

Para Lakatos e Marconi (2001, p. 158), o levantamento dos dados é o primeiro passo de qualquer pesquisa cientifica, e pode ser realizado de três maneiras: pesquisa documental, pesquisa bibliográfica e contatos diretos. Esta é uma das partes mais importantes da pesquisa, pois é a partir deste momento que o objetivo da pesquisa começa a se delinear. A coleta de dados será basicamente de observação participante, pois pode-se exercer certa influência no comportamento da venda do produto e no ressuprimento do estoque, levando em consideração premissas como condições de pagamento e preço oferecido pelo fornecedor. O objeto de estudo deste trabalho é uma distribuidora de tinta da Região Metropolitana de Campinas. A empresa possui sete pontos de distribuição aos quais funcionam como filiais da rede, uma distribuidora de tintas e um depósito central,sendo que seu mercado é o de tintas e acessórios para pinturas imobiliárias, industriais e automotivas. 4. ANÁLISE DE DADOS O Depósito Central da empresa tem papel importante para o processo logístico da empresa, uma vez que tem a responsabilidade de ajudar no controle de estoque em dois momentos primordiais. Em um primeiro momento o Depósito Central é o local de referencia para receber e acondicionar de forma a evitar futuras avarias, todas as mercadorias comercializadas na empresa. Em um segundo instante após as mercadorias já estarem perfeitamente acondicionadas, passa a funcionar um dos processos mais importantes para a empresa, que é a continuidade do processo de venda, no qual são solicitadas as entregas e as reposições de mercadorias nos pontos de vendas. É no Depósito Central que funciona o processo de separação e entrega dos pedidos concluídos pelo televendas, pela Distribuidora de Tintas e as reposições das sete lojas da rede. A política e a estrutura do Sistema Logístico utilizado para atingir os objetivos em manter a quantidade de produtos suficiente para satisfazer os pedidos dos consumidores nos pontos de venda é parte fundamental da empresa e esta diretamente ligado à estratégia da mesma, o que corrobora com Christopher (2007, p. 14), que conceitua a missão do gerenciamento logístico sendo a arte de planejar e coordenar todos os processos e atividades necessárias para atingir os níveis de satisfação na qualidade e de serviços prestados ao menor custo possível. 9

4.1 Atuação no segmento varejista e atacadista A distribuidora de tintas teve em 2002 seu maior crescimento com a mudança de local da sua loja matriz e a abertura do Depósito Central passando a atuar não só no segmento de varejo, mais também no segmento do mercado atacadista. O Depósito Central, no processo logístico, é responsável por receber e acondicionar os produtos de seus fornecedores, tem em sua tarefa principal, a reposição rápida dos pedidos de compras gerados pelos pontos de vendas. Por ter uma demanda previsível na maior parte dos produtos comercializados, mesmo com o acréscimo das vendas nos pontos de vendas da empresa, o gerenciamento de estoque dentro da corporação era conceituado em um departamento comum aos demais em que seu foco principal estava em cuidar principalmente do recebimento e acondicionamento dos produtos. A distribuidora de tintas atuando no segmento de varejo tem um movimento em sua grande parte previsível, e que durante o movimento diário dos pontos de venda, o Sistema Integral de Gerenciamento (SIG), software utilizado pela empresa, emite em um intervalo de duas horas, pedidos de compra de reposição de mercadorias para o Depósito Central com os itens faltantes em estoque visando atender as necessidades de cada loja. O Depósito Central repõe com produtos os pontos de venda duas vezes ao dia, respeitando a sequência em que os pedidos foram recebidos pelo Depósito Central. Os pedidos recebidos até as 12 horas são repostos até as 17 horas do mesmo dia, enquanto os pedidos recebidos após as 12 horas são repostos na parte da manhã do dia seguinte. Enquanto a distribuidora de tintas atuou somente no segmento de varejo, seu gerenciamento de estoque funcionou adequadamente através de uma demanda previsível em grande parte de seus produtos. Com sua estruturada consolidada, a distribuidora de tintas no decorrer do ano de 2.002 montou sua Distribuidora de Tintas e passou a atuar também no segmento atacadista. Com a atuação em um novo segmento de mercado, no começo a empresa começou atuando de forma restrita, até mesmo para conhecer e entender o novo mercado, uma vez que ao atuar nos dois segmentos de mercado, a principal preocupação da empresa foi em encontrar uma política estratégica adequada para não haver conflito entre os segmentos. 10

Segundo Kotler (1998, p. 523), a diferença fundamental entre varejo e atacado está no papel que cada um exerce no canal de distribuição. O varejista é o último negociante de um canal que liga fabricantes a consumidores. Contudo, quando se aborda varejo, associa-se imediatamente esse termo a comércio ou ao ato de praticar comércio. O termo adequado para expressar essa atividade econômica é comércio varejista, diferenciando-se assim do comércio atacadista. A partir do momento que a distribuidora de tintas passou a atuar em dois segmentos distintos, o Depósito Central da empresa passou a dividir suas atenções entre a reposição dos pontos de vendas e o atendimento de novas revendas de tintas. Com a mudança no histórico de saída de vários produtos, a empresa começou a encontrar problemas tanto logísticos como de falta de produtos em seu Depósito Central para atender principalmente os pontos de vendas, pois como o canal de distribuição esta localizado junto com o Depósito Central da empresa, os vendedores do canal de distribuição tem o privilegio das informações sobre os produtos que diariamente chegam ao Depósito Central. No segmento do varejo, mesmo que o movimento dos pontos de venda aumente, a maneira em que os produtos são vendidos permanece em sua maior parte de uma forma previsível, o que ajuda a manter os níveis de estoque dos pontos de venda a suprir a demanda. Enquanto que ao se iniciar as atividades direcionadas ao segmento de atacado, a Campinas Tintas, passou a se deparar com alguns problemas para gerenciar seu estoque principalmente devido a duas circunstâncias. Como a empresa também atua no segmento de varejo, os principais produtos comercializados no mercado por ter uma saída geralmente em grande volume, acabam que em algumas ocasiões haja a concorrência direta pela demanda do produto entre os pontos de venda e a distribuidora de Tintas. A segunda ocasião é que como a distribuidora de tintas é conhecida por trabalhar com todos os produtos das três grandes marcas do mercado, as revendas que são atendidas pela Distribuidora de Tinta, aproveitam para trabalhar com o estoque da Distribuidora em produtos de pouca saída, de pouco giro e em algumas ocasiões os pontos de venda deixam de efetivar a venda desses produtos porque ocorre a falta no estoque devido a venda efetuada pela Distribuidora de Tintas. Neste caso a empresa deixa de efetivar uma venda com um valor agregado maior, pois nestes produtos a empresa trabalha com uma margem maior e não faz valer do seu reconhecimento de mercado que é de ter em estoque todos os produtos das grandes marcas. 11

A divisão de atenção em que o Depósito Central passa a ter com os dois canais de saída de produtos existente que são os pontos de vendas e a distribuidora de tintas, que passou a atuar em dois segmentos de mercados, ambos com foco em suprir a necessidade dos consumidores do mercado de tintas, seja ele sendo o consumidor final ou o comércio de revendas atuante no varejo. Porém, mais importante do que uma definição dos termos de comercio varejista e de comércio atacadista, é o papel da empresa em assimilar a mudança e saber atuar nesses dois segmentos de mercado tão diferentes. Ao passar a atuar nesses dois segmentos, a distribuidora começou a encontrar dificuldades em gerenciar seu estoque e abastecer seus pontos de vendas ou para atender outras revendas situadas na Região Metropolitana de Campinas, devido a grande mudança no fluxo de saída de seus produtos. 4.2 Mudança do Fluxo de Saída de Produtos A distribuidora de tintas possui aproximadamente oitenta fornecedores de tintas e acessórios para pintura em geral e comercializa cerca de seis mil produtos em sua rede de lojas. Todos os produtos encontram-se acondicionados em estoque no Depósito Central da empresa que distribui os produtos através de pedidos emitidos pela Distribuidora de Tintas da empresa que atende outras revendas e pelos pedidos efetivados pelos pontos de venda que são filiais da rede e atendem o varejo, no qual cada ponto de venda tem a quantidade de seu estoque de acordo com a demanda gerada pelos consumidores. Com a Distribuidora de Tintas, a empresa começou a encontrar dificuldades em gerenciar seu estoque e começou a sofrer com a de falta de mercadorias principalmente nos pontos de vendas. A Distribuidora de Tinta por funcionar no mesmo local que o Depósito Central, tem o privilégio de averiguar em primeira mão o recebimento dos produtos e assim atender primeiramente os pedidos gerados por outras revendas, sem deixar em alguns casos que o produto possa chegar até os pontos de vendas. Em decorrência, a empresa começou a passar por dificuldades em gerenciar seu estoque e encontrar um ponto de equilíbrio para atender tanto os pedidos da empresa, quanto os pedidos gerados pelos pontos de vendas. A Fig. (1) demonstra a falta de um determinado produto nos pontos de vendas devido à solicitação desse produto por parte da empresa para atender a demanda gerada pelo segmento de atacado em que a empresa atua. 12

A Fig. (1) demonstra ainda a falta do produto tanto nos pontos de vendas quanto no próprio Depósito Central da empresa no qual o Sistema Integrado de Gerenciamento (SIG) demonstra que o saldo de estoque está negativo em 2 unidades e que existem 28 unidades compradas junto ao fornecedor. Nesse sistema é possível também verificar que a movimentação do item em questão pode ser identificado como um gargalo existente devido a alteração nas quantidades de saída, assim modificando o histórico de venda e influenciando a previsão de demanda da empresa. Alteração essa originada por uma venda realizada pela empresa. Ao verificar esse sistema também foi possível identificar a movimentação do item, sendo que sua reposição foi realizada pelo Depósito Central para os pontos de vendas, reposições que são constantes e em quantidades pequenas, o que demonstra uma demanda previsível por parte dos pontos de venda. Figura 1. Falta de Produto nos Pontos de Venda. Fonte: SIG (2012) Porém, ocorre que nessa reposição, também foram verificadas vendas para clientes das revendas. E ao ser efetivada a venda, encontra-se o gargalo existente no gerenciamento de estoque da empresa, uma vez que além de terminar com o estoque do Depósito Central, a Distribuidora de Tintas solicita também os estoques disponíveis em seus pontos de vendas. Neste caso como os pontos de vendas são filiais da rede, a distribuidora efetiva a venda mesmo sem ter toda a quantidade em estoque e solicita junto aos demais pontos de venda, a quantidade faltante para concluir a entrega. E ainda, verifica-se um estoque negativo em duas unidades, o qual justifica-se por ter produtos em trânsito a ser disponibilizado nos pontos de vendas pelo Depósito Central. A logística reversa de produtos solicitados pelo Depósito Central aos pontos de vendas segue o mesmo procedimento de reposição de produtos. 13

Itens Classificação IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 4.3 Busca pelo Ponto de Equilíbrio Para análise do estoque o departamento de compras da empresa utiliza a classificação ABC, identificando as linhas e os produtos que são mais importantes para a empresa. A partir do levantamento, verifica-se um estoque de aproximadamente 6.000 mil itens de diversas linhas e produtos. Para identificar a linha e os produtos mais importantes, a empresa leva em consideração os conceitos de quociente peso-volume, quociente valor-peso e a substituibilidade. A distribuidora de tintas com base nos dados históricos da empresa e na experiência de mercado, buscou identificar os principais produtos, comercializados pela distribuidora de tintas nos segmentos de atacado e varejo. Quadro 1 Classificação ABC de 30 itens vendidos na distribuidora de tintas. Produtos Quantidade Anual de Venda Custo Unitário por Itens (R$) Quantidade x Custo Unitário Porcentagem por Itens (%) Porcentagem Acumulativa por Itens (%) 1 Branco Suvinil 2.400 108,66 260.784,00 10,34% 10,34% 2 Branco Suvinil 1.779 134,53 239.328,87 9,49% 19,82% 3 Esmalte Acetinado Branco Coral 5.172 31,39 162.349,08 6,43% 26,26% 4 Massa Corrida Futura 6.924 21,96 152.051,04 6,03% 32,28% 5 Branco Coralplus 1.158 116,69 135.127,02 5,36% 37,64% 6 Branco Metalatex 1.014 120,89 122.582,46 4,86% 42,49% 7 Massa Corrida Suvinil 3.581 33,30 119.247,30 4,73% 47,22% 8 Branco Coralatex 1.240 95,83 118.829,20 4,71% 51,93% 9 Massa Corrida Coral 3.832 30,62 117.335,84 4,65% 56,58% 10 Esmalte Brilhante Coral 4.020 28,68 115.293,60 4,57% 61,15% 11 Textura Rústica Base Coral 1.900 48,99 93.081,00 3,69% 64,84% 12 Selador Acrílico Suvinil 1.466 58,52 85.790,32 3,40% 68,24% 13 Selador Acrílico Futura 2.169 37,29 80.882,01 3,21% 71,44% 14 Selador Acrílico Coral 1.195 55,59 66.430,05 2,63% 74,08% 15 Verniz Solgard 1.139 56,23 64.045,97 2,54% 76,62% A B C 14

16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 Acetinado Branco Futura Selador Acrílico Metalatex Esmalte Acetinado Branco Suvinil Massa Acrílica Coral Selador Acrílico Real Verniz Solgard Brilhante Massa Acrílica Futura Textura Rústica Natural Chromma Massa Acrílica Suvinil Textura Rústica Base Suvinil Esmalte Brilhante Suvinil Textura Rústica Branca Chromma Verniz Poliulack Acetinado Esmalte Acetinado Branco Futurit Verniz Poliulack Brilhante 972 64,81 62.995,32 2,50% 79,11% 961 55,83 53.652,63 2,13% 81,24% 1.761 30,33 53.411,13 2,12% 83,36% 977 44,88 43.847,76 1,74% 85,09% 1.226 35,59 43.633,34 1,73% 86,82% 735 51,70 37.999,50 1,51% 88,33% 937 39,58 37.086,46 1,47% 89,80% 1.404 26,20 36.784,80 1,46% 91,26% 698 52,28 36.491,44 1,45% 92,70% 614 58,61 35.986,54 1,43% 94,13% 1.295 27,63 35.780,85 1,42% 95,55% 1.103 30,00 33.090,00 1,31% 96,86% 1.214 26,50 32.171,00 1,28% 98,13% 1.298 19,65 25.505,70 1,01% 99,14% 830 26,01 21.588,30 0,86% 100,00% Total 55.014-2.523.182,53 100,00% - Fonte: Dados da pesquisa Foram selecionados 30 produtos utilizados em diversos segmentos, desde produtos para preparação da superfície, como produtos utilizados para acabamento em madeira, ferro e parede. Sendo que as linhas de produtos selecionadas são: Linha de Acabamentos base Água e base Solvente e Linha de Complementos. O Quadro (1) demonstra o desempenho de cada item comparando a quantidade vendida anualmente com o custo unitário respectivamente de cada produto. O Quadro (1) demonstra que o resultado da utilização do método de classificação ABC sobre os trinta produtos comercializados pela distribuidora de tintas, vem a confirmar a importância de focar os esforços nos produtos de segmento Premium. Como empresa buscou conhecer pela primeira vez quais os produtos mais importantes em seu estoque, assim se obtêm um nivelamento na quantidade de saída dos produtos Premium em comparação com a saída dos produtos de baixo custo. Entre os dez primeiros produtos demonstrados no Quadro 15

Itens Classificação IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO (1), sete produtos correspondem a linha de produtos acabamento, contra apenas três produtos da linha de complementos. De encontro ao apresentado no Quadro (1), no qual os dois primeiros itens encontrados correspondem a 19,82% do custo total e são produtos de acabamentos de um mesmo fabricante com características semelhantes de rendimento e acabamento, a distribuidora de tintas buscou coletar dados mais específicos desses dois produtos para identificar e classificar quais itens necessitam ser observados com maior atenção e que requerem um controle de estoque mais eficaz. O primeiro item encontrado no Quadro (1) é o acabamento Acrílico Fosco da Suvinil, que possui dezessete tonalidades em linha. Enquanto que o segundo item no Quadro (1) é o acabamento da Suvinil, que possui vinte tonalidades em linha. Quadro 2 Classificação ABC dos principais itens de acabamento. Produtos Acabamento Acrílico e PVA Suvinil Quantidade Anual de Venda Custo Unitário por Itens (R$) Quantidade Vendida x Custo Unitário Porcentagem Custo (%) Porcentagem Acumulativa (%) Porcentagem Itens(%) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Branco Branco Neve Gelo Palha Gelo Atlantis Marfim Areia Marrocos Perola Alecrim Vanilla Pêssego Mel Palha 1.805 134,53 242.826,65 28,52% 28,52% 2,7% 1.605 108,66 174.399,30 20,48% 49,00% 5,4% 412 134,53 55.426,36 6,51% 55,50% 8,1% 394 134,53 53.004,82 6,22% 61,73% 10,8% 265 108,66 28.794,90 3,38% 65,11% 13,5% 210 134,53 28.251,30 3,32% 68,43% 16,2% 210 134,53 28.251,30 3,32% 71,75% 18,9% 181 134,53 24.349,93 2,86% 74,61% 21,6% 152 134,53 20.448,56 2,40% 77,01% 24,3% 152 134,53 20.448,56 2,40% 79,41% 27,0% 143 134,53 19.237,79 2,26% 81,67% 29,7% 133 134,53 17.892,49 2,10% 83,77% 32,4% 125 134,53 16.816,25 1,97% 85,74% 35,1% 124 134,53 16.681,72 1,96% 87,70% 37,8% 139 108,66 15.103,74 1,77% 89,48% 40,5% A B 16

16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 Concreto Camurça Flamingo Areia Marfim Telha Azul Profundo Perola Am. Canario Pêssego Concreto Verde Musgo Camurça Flamingo Vanilla Lirio Verm. Cardinal Verde Agua Cerâmica Polar Preto 107 134,53 14.394,71 1,69% 91,17% 43,2% 84 134,53 11.300,52 1,33% 92,49% 45,9% 63 134,53 8.475,39 1,00% 93,49% 48,6% 51 108,66 5.541,66 0,65% 94,14% 51,4% 50 108,66 5.433,00 0,64% 94,78% 54,1% 35 134,53 4.708,55 0,55% 95,33% 56,8% 43 108,66 4.672,38 0,55% 95,88% 59,5% 41 108,66 4.455,06 0,52% 96,40% 62,2% 35 108,66 3.803,10 0,45% 96,85% 64,9% 35 108,66 3.803,10 0,45% 97,30% 67,6% 32 108,66 3.477,12 0,41% 97,70% 70,3% 31 108,66 3.368,46 0,40% 98,10% 73,0% 30 108,66 3.259,80 0,38% 98,48% 75,7% 30 108,66 3.259,80 0,38% 98,86% 78,4% 28 108,66 3.042,48 0,36% 99,22% 81,1% 23 108,66 2.499,18 0,29% 99,52% 83,8% 12 108,66 1.303,92 0,15% 99,67% 86,5% 12 108,66 1.303,92 0,15% 99,82% 89,2% 6 108,66 651,96 0,08% 99,90% 91,9% 4 134,53 538,12 0,06% 99,96% 94,6% 3 108,66 325,98 0,04% 100,00% 97,3% 37 Anil 0 108,66 0,00 0,00% 100,00% 100,0% Total 6.805-851.551,88 100,00% - - Fonte: Dados da pesquisa C O Quadro (2) demonstra o desempenho de cada item comparando a quantidade vendida anualmente com o custo unitário respectivamente. No quadro se encontra todas as tonalidades disponíveis em catálogo dos produtos Premium e, ambos da marca Suvinil. O Quadro (2) apresenta a classificação ABC com os percentuais que representa cada produto na classificação por itens e na classificação por custo unitário no qual se dividem em: 17

a) Produtos com Classificação A: representam o volume 74,61% do total do custo unitário e 21,60% do volume total dos itens; b)produtos com Classificação B: representam o volume 19,53% do total do custo unitário e 29,80% do volume total dos itens; c) Produtos com Classificação C: representam o volume 5,86% do total do custo unitário e 48,60% do volume total dos itens. Os resultados apresentados no Quadro (2) são de extrema importância para a gestão e gerenciamento do estoque da empresa, pois demonstra nas duas linhas de produtos, quais as tonalidades merecem maior atenção, o que corrobora com o conceito der Corrêa e Corrêa (2004). Com base nos históricos de produtos e na experiência de mercado, os dados levantados sobre os produtos no Quadro (1) referem-se à cor branca, enquanto que no Quadro (2) são demonstradas todas as tonalidades disponíveis em catálogo dos produtos e para venda. O último item apresentado, não tem qualquer quantidade vendida no período de um ano, mas vale deixar registrado que esta tonalidade faz parte do último lançamento da Suvinil e por isso já conta em estoque na empresa, mas ainda não tem um dado histórico de venda. A distribuidora de tintas independente da quantidade vendida, conta com todas as tonalidades em estoque. Há normalmente uma variação na saída desses produtos devido às campanhas internas para direcionamento de venda para determinadas tonalidades e também a existência da tendência de mercado. Normalmente essa tendência de mercado se estabelece através de propagandas veiculadas em diversos meios de comunicações e de palestras orientas pelos fabricantes em conjuntos com seus revendedores demonstrando novas cores e produtos disponíveis no mercado. A Fig. (2) apresenta a classificação ABC os resultados acolhidos no Quadro (2), no qual o intervalo de dados referente aos produtos e às quantidades vendidas anualmente, sendo considerado o período de um ano para as análises dos produtos - e. 18

Figura 2 Curva ABC dos principais itens de acabamento Fonte: Dados da pesquisa A Curva ABC apresentada na Fig. (2), se refere aos dados apresentados no Quadro (2). Os dados apresentados no gráfico demonstram que 74,61% do total dos custos são provenientes de 21,60% do total de produtos, resultado que fica próximo do conceito 80-20. Os resultados aferidos com a utilização da classificação ABC em duas linhas de produtos de acabamento comercializados, demonstra que a empresa ao utilizar a ferramenta para o controle de estoque, estará contribuindo para a melhoria de seus processos no gerenciamento de estoque. A empresa deve passar a utilizar a classificação ABC em todos os produtos comercializados, dividindo-os por segmentos de utilização. Com isso a empresa poderá focar maiores esforços nos produtos que realmente necessitam de um cuidado especial e assim a empresa poderá diminuir o gargalo existente no fluxo de saída de materiais. 5. CONCLUSÕES Um dos maiores desafios para o administrador no gerenciamento de estoque é encontrar soluções contínuas, visando à redução dos custos e a eficiência dos controles de estoque. Ao manter estoque, contemos certo nível de segurança, mas manter estoque representa risco. Encontrar o ponto de equilíbrio entre estoques e custos é importante para as empresas se manterem competitivas no mercado. As informações apresentadas neste trabalho foram baseadas nas características administrativas de gerenciamento do estoque da distribuidora de 19

tintas atuante na Região Metropolitana de Campinas, com foco na identificação e melhoria dos processos no gerenciamento e controle de estoque de produtos acabados comercializados na empresa. Na perspectiva da empresa abordada, fica contextualizado que mesmo tendo crescimento ao longo dos anos de forma projetada, apresenta deficiências em seu Sistema de Gerenciamento de Estoque. Especialmente a partir do momento em que a empresa passou a dividir seus esforços em atender não só o segmento de varejo, mas também o segmento de atacado. A partir deste momento é possível identificar falhas no controle de estoque da empresa, por decorrência de a mesma não utilizar em seus processos ferramentas de controle de estoque. Neste contexto pode-se ressaltar que a distribuidora de tintas necessita melhorar os processos no departamento de compras e gerenciamento de estoque e apreciar o departamento de forma especial, no qual a empresa deixa de se fortalecer e perde o equilíbrio da gestão estratégica entre seus objetivos ao não aproveitar a oportunidade de implementar melhorias em seus processos por não utilizar adequadamente ferramentas, dentre as quais pode-se citar o Lote Econômico de Compra (LEC) ou implementar novas ferramentas como a Classificação ABC de estoque. A empresa deve dividir seus produtos por setores de atuação e classificá-los de modo a identificar quais produtos merece maior atenção a fim de diminuir os gargalos existentes no fluxo de saída dos seus produtos. Percebe-se que a utilização da classificação ABC para priorizar os itens mais importantes é de extrema importância para alcançar uma melhoria contínua na empresa, mas há a necessita de buscar outras ferramentas existentes para auxiliar na previsão de demanda de seus produtos. Com relação à questão de pesquisa formulada, referente a necessidade de melhoria dos processos de controle de estoque, concluí-se que a distribuidora de tintas constatou-se que a empresa necessita melhorar os processos no departamento de compras e gerenciamento de estoque, aproveitando as oportunidades de implementar e utilizar ferramentas de forma mais efetiva e racional para o auxilio nas tomadas de decisão. Por se tratar de uma empresa que atua tanto no segmento de varejo quanto no segmento de atacado, acredita-se que as conclusões extraídas deste trabalho podem ser aplicadas a outras empresas que atuam no segmento. 20