CONSUMO ALIMENTAR DE IDOSOS CADASTRADOS EM UMA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA



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0 UNIJUÍ UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL DCVida DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA VIDA CURSO DE NUTRIÇÃO ÉRICA CARVALHO GINDRI CONSUMO ALIMENTAR DE IDOSOS CADASTRADOS EM UMA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA Ijuí RS 2013

1 ÉRICA CARVALHO GINDRI CONSUMO ALIMENTAR DE IDOSOS CADASTRADOS EM UMA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA Trabalho de Conclusão de Curso de Nutrição, do Departamento de Ciências da Vida DCVida, da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ), para obtenção parcial do título de Nutricionista. Orientadora: Maristela Borin Busnello Ijuí RS 2013

2

3 RESUMO A nutrição tem um papel importante na modulação do processo de envelhecimento humano e o consumo alimentar está diretamente ligado à qualidade de vida. Nesta pesquisa foi analisado o consumo alimentar, as práticas alimentares e outras características de saúde, além de dados sociodemográficos de idosos cadastrados em uma Estratégia de Saúde da Família em um município da Região Noroeste do RS. Realizou-se um estudo transversal com coleta de dados primários, participaram do estudo 40 idosos de ambos os sexos. Para a análise do consumo alimentar desta população foi aplicado um questionário alimentar, proposto pelo Ministério da Saúde. Foram considerados como parâmetros de interpretação dos hábitos alimentares aqueles propostos no Guia Alimentar para a População Brasileira e os Dez passos da Alimentação Saudável para Idosos. Quanto ao consumo dos grupos alimentares, os idosos apresentaram baixa ingestão do consumo de frutas, verduras e legumes, leguminosas, leite e derivados e água, aumento no consumo de carboidratos e inadequação do consumo de alimentos ricos em açúcares, frituras, salgadinhos e embutidos. Os resultados aqui apresentados contribuem para criar estratégias de intervenção, auxiliando o nutricionista e a equipe de saúde na adoção de práticas alimentares saudáveis. Palavras-chave: Idoso, consumo alimentar, envelhecimento.

4 ABSTRACT Nutrition plays an important role in the modulation of human aging and food consumption process is directly linked to the quality of life. This research was analyzed dietary intake, eating habits and other health characteristics, and sociodemographic data of elderly enrolled in a Family Health Strategy in a city in the Northwest Region of RS. We conducted a cross-sectional study with primary data collection, participated in the study 40 subjects of both sexes. For the analysis of dietary intake of this population a food questionnaire proposed by the Ministry of Health were considered as parameters in the interpretation of dietary habits in those proposed Food Guide for the Brazilian Population and Ten Steps to Healthy Eating for Seniors was applied. Regarding the consumption of food groups, the elderly had low intakes of fruit, vegetables, legumes, dairy products and water, increased consumption of carbohydrates and inadequate consumption of foods high in sugars, fried foods, chips and sausages. The results presented here contribute to create intervention strategies, helping nutritionists and health professionals to adopt healthy eating habits. Keywords: Elderly, food consumption, aging.

5 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO... 6 2 METODOLOGIA... 8 3 RESULTADOS... 9 4 DISCUSSÃO... 12 5 CONCLUSÃO... 16 6 REFERÊNCIAS... 17 7 ANEXOS... 22

6 1 INTRODUÇÃO O envelhecimento humano é um processo progressivo inevitável e natural de todos os seres, com mudanças nas funções fisiológicas e declínio do ritmo biológico do organismo ao passar dos anos, sendo que o grau de comprometimento orgânico varia de acordo com o estilo de vida e os hábitos alimentares do indivíduo (FERREIRA et al., 2009; MACHADO, 2009). Na literatura há inúmeros conceitos sobre envelhecimento. De acordo com Sant anna, Camara e Braga (2003) o envelhecimento possui várias dimensões. Mesmo comumente relacionado com o tempo de vida do individuo, também abrange outros fatores, como: aspectos biológicos, psicológicos e sociais. Para Zimerman (apud SAMATO, 2007), o conceito de envelhecimento é semelhante ao de Sant anna, Camara e Braga (2003), porém acrescentam que as alterações do envelhecimento podem ou não acontecer mais cedo do que o esperado e são naturais e gradativas, avançam segundo a genética, bem como o modo de vida de cada um. No Brasil o idoso é considerado a pessoa que possui idade maior de 60 anos (BRASIL, 1994). Entretanto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica os indivíduos como idosos com 65 anos ou mais, para os países centrais, e a partir dos 60 anos, para os países periféricos. A transição demográfica no Brasil é eminente com progressivo aumento da população idosa, cerca de 10% da população total encontra-se nesta faixa etária (MAFALDA, 2011). Projeções indicam que, em 2020, seremos o sexto país do mundo em número de idosos, com uma população superior a 30 milhões de pessoas. Essa situação de senescência do Brasil é decorrente de mudanças, que vem acontecendo de maneira acelerada nas três últimas décadas, decorrentes da redução da mortalidade infantil e do declínio acentuado da fecundidade (TANNURE et al., 2010). Araújo et al. (2011) apresentam que a população brasileira crescerá 3,22 vezes até o ano de 2025, a população acima de 65 anos aumentará 8,9 vezes e os acima de 80 anos, 15,6 vezes. Mantendo-se estes dados, provavelmente o Brasil terá uma das maiores populações de idosos do mundo. Neste cenário, o aumento da população idosa, as transformações sociais e econômicas, juntamente com a mudança dos hábitos alimentares, e fatores associados como o sedentarismo e estresse, contribuem para o aumento da

7 incidência de doenças crônicas como as cardiovasculares, câncer, diabetes e doenças respiratórias (VERAS, 2012), sendo estas principais causas de morte no mundo (DAHLGREN; WHITEHEAD, 1991 apud GEIB, 2012). Fica evidente a necessidade de cuidados especiais, na manutenção da saúde através da detecção precoce, adoção de hábitos alimentares saudáveis, prática da atividade física e o acesso ao tratamento adequado, garantindo assim a prevenção de doenças. Com base nos dados levantados da fonte de dados do Datasus, o RS apresenta uma população idosa de 3.194.159 habitantes, equivalendo a 11,52% da população total. Em Ijuí observamos, em 2009, 14,22% de idosos. As taxas de mortalidade por doenças do aparelho circulatório são de 41,2% para Ijuí e para o RS 41%, respectivamente (BRASIL, 2009). Esses dados mostram a questão já descrita na literatura que mostra que as doenças crônicas não transmissíveis do aparelho circulatório são maiores nesta faixa etária de 60 anos ou mais. No que tange a área da nutrição as alterações no organismo do idoso proporcionam expressivas mudanças na ingestão, digestão, absorção, metabolização e das necessidades de nutrientes. Alguns fatores que ocasionam estas alterações, dentre eles menciona-se a perda de dentes e uso de próteses, uso de medicamentos, disponibilidade de alimentos, bem como aspectos culturais, religiosos, incapacidade física de desempenho de atividades, alteração do paladar dentre outros, comprometendo as condições de saúde do idoso, que evidenciem principalmente da má nutrição (DALLEPIANE, 2009; MACHADO, 2009). Wakimoto e Block (2001 apud PFRIMER; FERRIOLLI, 2008) acrescentam que os hábitos alimentares do idoso também são influenciados por questões de integração social, como solidão, isolamento social, acesso ao transporte e omissão de refeições. No que se trata dos hábitos alimentares do idoso, verifica-se um aumento do consumo de alimentos preparados, leite, cereais refinados, carnes e açúcar e uma diminuição do consumo de frutas, verduras, legumes, grãos inteiros e cereais (GEIB, 2012). Conforme Brasil (2006) para a População Brasileira o consumo de frutas, legumes e verduras auxiliam na prevenção e no controle das doenças crônicas nãotransmissíveis, principalmente quando associadas a obesidade. O estilo de vida e a dieta minimizam o risco de doenças e maximizam a possibilidade de um envelhecimento saudável (DREWNOWSKI; EVANS, 2001 apud PFRIMER; FERRIOLLI, 2008, p. 461).

8 Uma alimentação adequada está diretamente relacionada com um envelhecer saudável, proporcionando uma terceira idade mais ativa. A nutrição e a saúde estão intimamente ligadas, estas contribuem para o bem estar do indivíduo. A nutrição tem um papel importante na modulação do processo de envelhecimento humano e o consumo alimentar está diretamente ligado a qualidade de vida. Tendo em vista este panorama, o trabalho tem como objetivo avaliar o consumo alimentar de idosos cadastrados em uma Estratégia de Saúde da Família em um município da Região Noroeste do RS. 2 METODOLOGIA Trata-se de um estudo epidemiológico transversal com coleta de dados primários realizado em agosto de 2013, com idosos cadastrados em uma Estratégia de Saúde da Família de Ijuí, município do interior do Rio Grande do Sul. Na pesquisa foram entrevistados 40 idosos, o que representa aproximadamente 10% dos usuários nesta faixa de idade. A inclusão no estudo considerou os seguintes critérios: ser idoso (60 anos ou mais), residir na área de cobertura da ESF, apresentar condições de responder as questões durante a entrevista; como critérios de exclusão considerou: ter menos de 60 anos, apresentar limitações na capacidade funcional. A coleta de dados foi realizada no domicílio dos idosos pela pesquisadora. Os dados que foram coletados para a realização deste estudo foram características sociodemográficas (idade, sexo, escolaridade, renda mensal), características de saúde (prática de atividade física, patologia associadas, saúde bucal), conforme instrumento de pesquisa em anexo. Para a análise de o consumo alimentar desta população foi aplicado um questionário de frequência alimentar (BRASIL, 2006), abordando as seguintes questões sobre hábitos alimentares: frequência do consumo de porções de frutas e legumes, leguminosas, carboidratos, carnes ou ovos e leite e derivados, retirada ou não da gordura aparente da carne e/ou frango, frequência do consumo de doces, frituras e embutidos; tipo de gordura utilizada na cocção dos alimentos; adição de sal na comida; costume de trocar refeições principais (almoço ou jantar) por lanches; quantidade diária de ingestão de água e a frequência do consumo de bebidas alcoólicas.

9 Foram considerados como parâmetro de interpretação dos hábitos alimentares aqueles propostos por Brasil (2006 e 2007), considerando as recomendações de porções diárias de frutas e legumes, leguminosas, carboidratos, leguminosas, carnes ou ovos e leite e derivados. Após a aplicação dos questionários, os dados foram digitados em uma planilha do Excel, para serem analisados e, após, exportados para o software Epiinfo versão 3.3.2, 2005, para a realização da epidemiologia descritiva considerando a frequência. Este estudo foi encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa da UNIJUI, sendo aprovado com parecer consubstanciado número 388.395/2013, e foram adotados os procedimentos descritos na resolução do Conselho Nacional de Saúde 466/2012. 3 RESULTADOS Foram entrevistados na pesquisa 40 idosos. Estes apresentaram idade média de 72,4 anos e 8,09 DP. A idade mínima foi 60 anos e a máxima 91 anos. Do total de idosos entrevistados 29 (72,5%) idosos eram do sexo feminino e 11 (27,5%) idosos eram do sexo masculino. A renda familiar predominante entre os idosos foi de um a dois salários mínimos. Com relação à escolaridade 17 (42,5%) idosos estudaram até o ensino fundamental completo. Em relação às características de saúde 15 (37,5%) dos idosos não praticavam atividade física conforme recomendado. A maioria relatou que a saúde bucal 29 (72,5%) estava boa ou ótima. Quando questionados sobre sua saúde 25 (62,5%) responderam que estava regular. Dos idosos 35 (87,5%) tomavam medicamento todos os dias. A maioria dos idosos relataram a presença de hipertensão, diabetes, hipercolesterolemia e cardiopatias, individualmente ou combinadas. Estas patologias de acordo com a literatura são mais frequentes na população idosa. Quanto ao numero de refeições diárias apenas 5 (12,5%) idosos relataram realizar 5 refeições ao dia e 24 (60%) idosos realizam 4 refeições ao dia. Foi questionado também o consumo de peixe. O consumo em duas ou mais vezes por semana, foi referido por apenas 2 (5%) dos idosos e 25 (62,5%) relataram consumir apenas algumas vezes no ano.

10 A Tabela 1 ilustra o consumo dos grupos alimentares e água, observando-se que de modo geral os idosos apresentaram baixa ingestão de alguns grupos de alimentos em relação ao proposto por Brasil (2007). Quanto ao consumo de frutas 9 (22,5%) idosos relataram consumir três ou mais frutas diariamente, já o consumo de uma porção foi citado por 14 (35%) idosos. Ao serem questionados sobre a quantidade ingerida de legumes e verduras, 6 (15%) idosos relataram consumir oito ou mais colheres de sopa. E, 11 (27,5%) idosos relataram consumir quatro a cinco colheres de sopa. Quanto ao consumo de carboidratos a maioria 17 (42,5%) idosos relataram consumir 5 porções/dia e 9 (22,5%) idosos relataram consumir 6 porções/dia. Sobre a quantidade de leguminosas ingerida diariamente, 16 (40%) idosos consomem duas ou mais colheres de sopa. Outros 17 (42,5%) idosos referem consumir leguminosas menos de cinco vezes na semana. Na questão referente ao consumo diário de carnes ou ovos, 27 (67,5%) idosos consomem um pedaço de carnes ou ovos, e 2 (5%) idosos relataram que não consomem nenhuma porção de carnes ou ovos. Referente ao consumo de leite e seus derivados apenas 1 (2,5%) idoso relatou consumir três ou mais copos de leite ou pedaços/fatias/porções de seus derivados, durante o dia. Já o consumo de um ou menos copos de leite ou pedaços/fatias/porções de seus derivados foi relatado por 22 (55%) idosos. Quanto ao consumo de água, 2 (5%) idosos referem beber seis a oito copos e 22 (55%) idosos relataram beber menos de quatro copos. Tabela 1 Consumo dos grupos de alimentos em idosos cadastrados no ESF, Ijuí RS, 2013 Grupos de alimentos Número (Nº) Percentual (%) Frutas (unidade/fatia/pedaço/copo de suco natural/dia) Não como 7 17,5 Três ou mais 9 22,5 Duas 10 25 Uma 14 35 Total 40 100 Legumes/Verduras (colheres de sopa/dia) Não como 8 20 Três ou menos 8 20 Quatro a cinco 11 27,5 Seis a sete 7 17,5 Oito ou mais 6 15 Total 40 100 Leguminosas/dia Não como 2 5

11 Grupos de alimentos Número (Nº) Percentual (%) Duas ou mais colheres de sopa 16 40 Menos de cinco vezes na semana 17 42,5 Uma colher de sopa ou menos 5 12,5 Total 40 100 Carboidratos (porções/dia) Três porções 1 2,5 Quatro porções 1 2,5 Cinco porções 12 30 Seis porções 9 22,5 Sete porções ou mais 17 42,5 Total 40 100 Carnes (pedaço/fatia/colher de sopa ou ovo/dia) Não como 2 5 Um 27 67,5 Dois 8 20 Mais de dois 3 7,5 Total 40 100 Leite e derivados (copo/pedaço/fatia/porções/dia) Não como 4 10 Três ou mais 1 2,5 Dois 13 32,5 Um ou menos 22 55 Total 40 100 Água (copos/dia) Menos de quatro 22 55 Oito ou mais 6 15 Quatro a cinco 10 25 Seis a oito 2 5 Total 40 100 Investigou-se o comportamento dos idosos referente às práticas alimentares (Tabela 2) e verificou-se adequação para a retirada da gordura aparente da carne ou frango (70%), tipo de gordura (óleo vegetal) para cozinhar os alimentos (67,5%), não costuma colocar mais sal na comida (92,5%) e ao consumo de bebidas alcoólicas (90%). Destaca-se inadequação no consumo de frituras, salgadinhos e embutidos (82,5%), no consumo de doces, bolos, biscoitos, refrigerantes e sucos industrializados (57,5%). Tabela 2 Práticas alimentares descritas pelos idosos cadastrados no ESF, Ijuí RS, 2013 Práticas alimentares Classificação Adequada Inadequada N % N % Retira a gordura aparente de carnes e/ou frango 28 70 12 30 Costuma consumir frituras, salgadinhos e embutidos 7 17,5 33 82,5 Costuma consumir doces, bolos, biscoitos, refrigerantes e 17 42,5 23 57,5 sucos industrializados Tipo de gordura para cozinhar os alimentos 27 67,5 13 32,5 Costuma colocar mais sal na comida 37 92,5 3 7,5 Consumo de bebidas alcoólicas 36 90 4 10 Total 40 100 40 100

12 4 DISCUSSÃO Os resultados observados no presente estudo apontam para aspectos relevantes ao sinalizar que os idosos apresentam inadequação, quanto aos hábitos alimentares saudáveis preconizados. O perfil socioeconômico e demográfico dos idosos estudados é semelhante ao encontrado no país, que é característico da população idosa brasileira (IBGE). Prevalece uma população feminina com poucos anos de estudo e de baixa renda. Entre as principais morbidades relatadas, notou-se que hipertensão arterial foi a enfermidade mais frequente, identificado também em estudo realizado por Malta, Papini e Corrente (2013), Orlando et al. (2010-2011), Abreu et al. (2013). O uso de medicamentos por um período prolongado pode interferir na digestão, na absorção e no metabolismo de nutrientes, originando desnutrição e até anorexia (PFRIMER; FERRIOLLI apud VITOLO, 2008). As boas condições de saúde bucal contribuem para que as refeições não sejam restritas a alimentos difíceis de mastigar. Neste estudo menos da metade dos idosos entrevistados realizam atividade física regularmente, podendo estar relacionado com as limitações decorrentes da idade. A atividade física pode ser definida como qualquer movimento realizado pelo sistema esquelético com gasto de energia, o que requer um profissional capacitado e habilitado para esse fim (SILVA, 2012). A prática de atividade física aliada à alimentação saudável, melhora a qualidade e expectativa de vida, atuando na prevenção do desenvolvimento de doenças, além de melhorar o controle das comorbidades associadas (MACHADO, 2009). Barreto et al. (2005) acrescentam que o estilo de vida ativo diminui o risco de DCNT, da mortalidade geral e doenças cardiovasculares. Durante o dia é necessário que realize pelo menos três refeições (café da manhã, almoço e jantar) e dois lanches saudáveis por dia, para que haja um fracionamento adequado aumentando a frequência e diminuído o volume da refeição. Neste estudo não ouve um fracionamento adequado da dieta, pois a maioria os idosos relataram consumir quatro refeições dia. Porém estudo realizado com idosas atendidas no Núcleo de Atenção ao Idoso da Universidade Federal do Recife, identificaram que 87,7% e 43,4% realizavam três refeições diárias e dois lanches, respectivamente (AMADO; ARRUDA; FERREIRA, 2007).

13 A distribuição adequada das refeições estimula o funcionamento do intestino e evita que se coma fora de hora, garantindo assim o fornecimento de nutrientes e energia, causando maior conforto e apetite para pessoa idosa. A avaliação dos hábitos alimentares realizada com o auxílio do questionário de frequência alimentar (QFA), identificou a inadequação no consumo do(s) grupo(s) alimentar(es), tais como: as frutas, legumes e verduras, carboidratos, leite e derivados, leguminosas e água, considerados como protetores a saúde. O consumo irregular de frutas, verduras e legumes teve uma elevada prevalência entre os idosos, semelhante ao encontrado em outros estudos (MALTA; PAPINI; CORRENTE, 2013; HEITOR; RODRIGUES; TAVARES, 2013). Por outro lado, estudo na cidade de Pelotas-RS encontrou um consumo adequado de frutas e hortaliças entre os idosos (VINHOLES; ASSUNÇÃO; NEUTZLING, 2009). Estudo realizado por Viebig et al. (2009) com idosos na cidade de São Paulo constatou que o consumo insuficiente de frutas e hortaliças está intensamente associado com a escolaridade e a baixa renda dos idosos, e que o consumo destas aumenta logo que melhora o nível de escolaridade e a renda dos indivíduos, esta associação condiz com o descrito pela pesquisa. Brasil (2007) recomenda uma ingestão de três ou mais porções de frutas, legumes e verduras diariamente. Considerando esta recomendação percebe-se o baixo consumo deste grupo de alimentos. Essa situação precisa ser observada com mais atenção, uma vez que evidências indicam que dietas ricas em frutas e hortaliças contribuem para a proteção à saúde e diminuição do risco de ocorrência de várias doenças. Brasil (2006) ressalta a importância de frutas, verduras e legumes, destacando aqueles fortemente coloridos, frescos, por serem fontes ricas de vitaminas, minerais e fibras, além de contribuírem com propriedades antioxidantes auxiliando na prevenção e no controle da obesidade, diabetes, doenças cardíacas e alguns tipos de câncer. Quanto ao consumo de leguminosas a maioria dos idosos relatou consumir menos de cinco vezes por semana. Estudo realizado no RS com idosos também observou consumo insuficiente deste grupo de alimentos (BOZ; SANTOS; MENDES, 2010). Segundo Brasil (2006) a queda do consumo deste grupo de alimentos tem sido atribuída à inclusão cada vez maior de alimentos industrializados e menos saudáveis, acrescenta ainda que as leguminosas são os vegetais mais ricos em

14 proteína, contêm fibras, vitaminas e minerais, além de ser importante fonte de energia para famílias de baixa renda, e que a preparação típica brasileira, feijão com arroz é considerada uma combinação saudável e nutritiva (BRASIL, 2006). Os carboidratos são a maior fonte de energia para o organismo. A maioria dos idosos nesta pesquisa relatou consumir mais que seis porções/dia. Diferente ao encontrado em estudo com idosos de município paulista quando consumo médio observado foi insuficiente para o grupo dos cereais, pães, raízes e tubérculos (MALTA; PAPINI; CORRENTE, 2013). Quando há um consumo de alimentos ricos em carboidratos maior que o recomendado, com pouca variedade nos tipos de alimentos consumidos, essa alimentação será concentrada em energia, característica que está associada ao excesso de peso e obesidade e a outras DCNT. A quantidade adequada de alimentos com carboidratos em sua forma integral, ou seja, que conservaram a fibra alimentar, ajuda a função intestinal, protegendo contra a constipação intestinal e possivelmente contra a doença diverticular e o câncer do cólon (BRASIL, 2006). Quanto ao grupo dos alimentos de origem animal Brasil (2007) recomenda o consumo de três porções de leite e derivados e uma porção de carnes, aves, peixes ou ovos diariamente, sendo indicado retirar a gordura aparente das carnes e a pele das aves antes da preparação. A maioria dos idosos desta pesquisa relatou consumir uma porção de carnes, aves, peixes ou ovos, de acordo com o recomendado. Todos estes alimentos são fontes de proteínas, vitaminas e minerais e fazem parte de uma alimentação nutritiva, contribuindo para a saúde do idoso. Lembrando que é necessário que o consumo destes alimentos esteja adequado, pois o colesterol está presente nos produtos de origem animal, e o consumo excessivo destes contribui para o aumento do colesterol sanguíneo, aumentando o risco de desenvolver problemas cardiovasculares (SILVA, 2012). O consumo irregular de peixes teve uma alta prevalência entre os idosos, como não foi avaliada a forma de preparo do consumo de peixe, limitou a classificação deste alimento como hábito alimentar saudável. A maioria dos idosos nesta pesquisa não atingiu o consumo adequado do grupo de leites e derivados. Apenas um dos participantes consumia estes alimentos de acordo com o recomendado. Estudo com idosos na zona rural do município de Uberaba-MG, que considerou os mesmos índices para alimentação saudável,

15 verificou resultados semelhantes a este estudo o consumo de três porções/dia de leites e derivados foi o menos referido (HEITOR; RODRIGUES; TAVARES, 2013). Estudo transversal, com trezentos idosos de ambos os sexos, no Centro de Saúde Escola Geraldo de Paula Souza, localizado na zona oeste do município de São Paulo verificou um consumo médio de uma porção deste grupo de alimentos, semelhante ao encontrado neste estudo (PASSANHA et al., 2011). Segundo IBGE (2011) idosos apresentam maior percentual de inadequação das vitaminas E, D e cálcio, tanto os homens quanto as mulheres nas áreas urbana e rural. Os resultados encontrados mostram-se preocupantes, pois os leites e derivados são considerados as principais fontes de cálcio, na alimentação, fundamentais para a saúde óssea do idoso, um dos fatores relacionados ao baixo consumo deste grupo de alimentos é a substituição do leite pelo consumo de refrigerantes (PEREIRA et al., 2009). É importante considerar que o consumo de alimentos de origem animal deve ser moderado, devido ao alto teor de gorduras saturadas, que aumentam o risco de desenvolvimento da obesidade, de doenças cardíacas e outras doenças, incluindo alguns tipos de câncer (BRASIL, 2006). Um total de 55% dos idosos relatou consumir menos de quatro copos de água diariamente, dado este semelhante ao estudo realizado em Erechim RS verificaram que 50% dos idosos consumiam água e os demais consumiam líquidos, estando incluídos neste, o consumo de refrigerantes e sucos industrializados (CARVALHO; ZANARDO, 2010). Outra pesquisa realizada o RS refere baixa ingestão do consumo de água por parte dos idosos (KÜMPEL et al., 2011). Segundo Waitzberg (2004) à medida que envelhecemos, há uma diminuição da proporção de água no organismo. Os idosos, além de possuírem menor quantidade de água, cerca de 40% a 50% do peso corpóreo, também são mais vulneráveis à perda de água do que os jovens. A desidratação é comum entre os idosos e está relacionada com muitas doenças degenerativas relacionadas à idade provocando delirium, problemas de deglutição e constipação intestinal (VITOLO, 2008). Dos idosos estudados 57,5% apresentaram inadequação do consumo de doces, bolos, biscoitos e outros alimentos ricos em açúcar. A POF, conduzida pelo IBGE entre os anos de 2008-2009 para a população brasileira constatou que os idosos apresentaram menor consumo de açúcar total, sendo o consumo dos

16 adolescentes 30% mais elevado do que entre os idosos, e 15% a 18% maior entre os adultos. É importante considerar que o consumo elevado de alimentos com adição de açúcares pode substituir ou reduzir a ingestão de alimentos importantes para uma alimentação saudável (IBGE, 2011). No que se refere às frituras, salgadinhos e embutidos verificou-se inadequação do consumo em 82,5% dos idosos estudados. A literatura traz que gorduras, açúcares e sódio presente nos alimentos industrializados, quando frequentes e em grande quantidade aumenta o risco de doenças como obesidade, hipertensão arterial, diabetes e doenças do coração (BRASIL, 2006). A ingestão destes alimentos na população idosa deve ser reduzida, pois grande parte dos idosos deste estudo apresentam hipertensão e DM e ainda hábitos alimentares não saudáveis que poderão influenciar ao aparecimento ou agravamento destas comorbidades. Os hábitos e práticas alimentares observados entre os idosos trazem inquietação, pois para quase todos os resultados observou-se inadequação e esta situação podem trazer prejuízos à saúde do idoso, além de contribuir para o agravamento de doenças decorrentes da idade. Outro aspecto a destacar será a baixa renda referida pelos idosos o que pode prejudicar o acesso aos alimentos saudáveis como as frutas, verduras e legumes, que geralmente tem custo mais elevado. 5 CONCLUSÃO Os resultados encontrados no presente estudo aumentam o conhecimento sobre o consumo alimentar, as práticas alimentares e outras características de saúde dos idosos, contribuído para criar estratégias de intervenção, auxiliando o nutricionista e a equipe de saúde na adoção de práticas alimentares saudáveis. Neste estudo a maioria dos idosos apresentou baixo consumo de frutas, verduras e legumes, leguminosas, leite e derivados e água, aumento no consumo de carboidratos e inadequação do consumo de alimentos ricos em açúcares, frituras, salgadinhos e embutidos. Os hábitos alimentares não saudáveis apresentados pelos idosos, juntamente com as patologias apresentadas estão intimamente ligados ao comportamento e as escolhas alimentares realizadas ao longo da vida, lembrando que nunca é tarde para

17 iniciar hábitos alimentares saudáveis, mas, quanto mais cedo começar as mudanças no comportamento alimentar melhor será a prevenção, assim proporcionará um envelhecer saudável. Resultados expressivos em prol de longevidade com melhor qualidade de vida podem ser alcançados com o cuidado precoce com a saúde, pois diminui os riscos de adoecimento e, em caso de surgimento de intercorrências, o tratamento será mais eficaz e com menor invasão, consequentemente menos oneroso para o estado. A equipe de saúde na atenção básica pode no cuidado individual e ou no trabalho coletivo com a implantação e acompanhamento dos grupos de saúde desenvolver conhecimentos sobre o cuidado na alimentação favorecendo a melhora da qualidade de vida e trocas de saberes coletivo. 6 REFERÊNCIAS ABREU, I. C. M. E. et al. Baixa renda entre os idosos participantes da terceira idade está associada à qualidade da dieta. Alim. Nutr. = Braz. J. Food Nutr., Araraquara, v. 24, n. 3, p. 349-357, jul./set. 2013. Disponível em: <http://serv-bib.fcfar.unesp.br/ seer/index.php/alimentos/article/viewfile/2191/2191>. Acesso em: 12 nov. 2013. AMADO, T. C. F.; ARRUDA, I. K. G.; FERREIRA, R. A. R. Aspectos alimentares, nutricionais e de saúde de idosas atendidas no Núcleo de Atenção ao Idoso NAI, Recife/2005. Arch. Latinoam. Nutr., v. 57, p. 366-372, 2007. Disponível em: <http://www.scielo.org.ve/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s000406222007000400 009&lng=es&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso em: 12 nov. 2013. ARAÚJO, L. G. B. et al. Perfil nutricional de adultos e idosos atendidos na rede municipal de saúde de Manaus e sua associação a doenças crônico-degenerativas. RBCEH, Passo Fundo, v. 8, n. 1, p. 59-69, jan./abr. 2011. Disponível em: <http://www.upf.br/seer/index.php/rbceh/article/view/928/pdf>. Acesso em: 06 jun. 2013. BARRETO, S. M. et al. Análise da estratégia global para alimentação, atividade física e saúde da Organização Mundial da Saúde. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 14, n. 1, jan./mar. 2005. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/ arquivos/pdf/4artigo_analise_global.pdf>. Acesso em: 13 nov. 2013. BOZ, C.; SANTOS, J. S.; MENDES, K. G. Descrição do índice de massa corporal e do padrão do consumo alimentar das integrantes de uma universidade da terceira idade no interior do Rio Grande do Sul. RBCEH, Passo Fundo, v. 7, n. 2, p. 229-243, maio/ago. 2010. Disponível em: <http://www.perguntaserespostas.com.br/seer/ index.php/rbceh/article/view/671/pdf>. Acesso em: 14 nov. 2013.

18 BRASIL. DATASUS Departamento de Informática do SUS. Cadernos de informações de saúde RS. 2009. Disponível em: <http://tabnet.datasus.gov.br/ tabdata/cadernos/rs.htm>. Acesso em: 13 jun. 2013. BRASIL. Lei nº 8842, de 04 de janeiro de 1994. Dispõe sobre a política nacional do idoso, cria o Conselho Nacional do Idoso e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8842.htm>. Acesso em: 04 jun. 2013. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Coordenação Geral da Política de Alimentação e Nutrição. Alimentação saudável para pessoas com mais de 60 anos: siga os dez passos. Brasília: Ministério da Saúde, 2007. Disponível em: <http://189.28.128.100/nutricao/docs/geral/10passosidosos.pdf>. Acesso em: 12 nov. 2013. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretária de Atenção à Saúde. Coordenação Geral da Política de Alimentação e Nutrição. Guia alimentar para a população brasileira: promovendo a alimentação saudável. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. Disponível em: <http://dtr2001.saude.gov.br/editora/produtos/livros/pdf/05_1109_m.pdf>. Acesso em: 10 jun. 2013. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Vigitel Brasil 2011: vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico. Brasília: Ministério da Saúde, 2012. 132p. (Série G. Estatística e Informação em Saúde). Disponível em: <http://portalsaude.saude.gov.br/portalsaude/ arquivos/pdf/2012/ago/22/vigitel_2011_final_0812.pdf>. Acesso em: 12 nov. 2013. BRASIL. Resolução nº 196/96. Diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. 1996. Disponível em: <http://conselho. saude.gov.br/web_comissoes/conep/aquivos/resolucoes/23_out_versao_final_196_e NCEP2012.pdf>. Acesso em: 02 jun. 2013. CARVALHO, A. P. L.; ZANARDO, V. P. S. Consumo de água e outros líquidos em adultos e idosos residentes no município de Erechim Rio Grande do Sul. Perspectiva, Erechim, v. 34, n. 125, p. 117-126, mar. 2010. Disponível em: <http://www.uricer.edu.br/new/site/pdfs/perspectiva/125_79.pdf>. Acesso em: 13 nov. 2013. DALLEPIANE, L. B. Envelhecimento humano: campos de saberes e práticas em saúde coletiva. Ijuí: Ed. UNIJUÍ, 2009. FERREIRA, A. B. et al. Programa de atenção particularizada ao idoso em unidades básicas de saúde. Revista Saúde Soc., São Paulo, v. 18, n. 4, out./dez. 2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/sausoc/v18n4/20.pdf>. Acesso em: 06 jun. 2013. GEIB, L. T. C. Determinantes sociais da saúde do idoso. Ciência Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 17, n. 1, jan. 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=s1413-81232012000100015>. Acesso em: 12 jun. 2013.

19 HEITOR, S. F. D.; RODRIGUES, L. R.; TAVARES, D. M. S. Prevalência da adequação à alimentação saudável de idosos residentes em zona rural. Texto Contexto-Enferm., Florianópolis, v. 22, n. 1, jan./mar. 2013. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=s0104-07072013000100010&script=sci_arttext &tlng=pt>. Acesso em: 12 nov. 2013. IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Coordenação de Trabalho e Rendimento. Pesquisa de orçamentos familiares 2008-2009: análise do consumo alimentar pessoal no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, 2011. 150p. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/ pof/2008_2009_analise_consumo/pofanalise_2008_2009.pdf>. Acesso em: 12 nov. 2013. IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Síntese de indicadores sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2010. (Estudos e Pesquisas: Informação Demográfica e Socioeconômica, 27). Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/indicadoresmini mos/sinteseindicsociais2010/sis_2010.pdf>. Acesso em: 24 nov. 2013. KÜMPEL, D. A. et al. Perfil alimentar de idosos frequentadores de um grupo de terceira idade. Revista Contexto & Saúde, Ijuí, v. 10, n. 20, p. 361-366, jan./jun. 2011. Disponível em: <https://www.revistas.unijui.edu.br/index.php/contextoesaude/ article/view/1543/1300>. Acesso em: 08 nov. 2013. MACHADO, L. L. Consumo alimentar de idosos do meio rural de Ijuí/RS. 2009. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso de Nutrição), Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, Ijuí, 2009. MAFALDA, A. A realidade sobre a saúde do idoso no município de nova Ramada/RS e a construção de um modelo assistencial. 2011. Trabalho de Conclusão (Curso de Pós-graduação Lato Sensu em Fisioterapia em Geriatria), Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, Ijuí, 2011. Disponível em: <http://bibliodigital.unijui.edu.br:8080/xmlui/bitstream/handle/ 123 456789/489/TCC%20P%C3%B3s%20FST%20em%20geriatria.pdf?sequence=1>. Acesso em: 05 jun. 2013. MALTA, M. B.; PAPINI, S. J.; CORRENTE, E. C. Avaliação da alimentação de idosos de município paulista aplicação do índice de alimentação saudável. Ciência & Saúde Coletiva, 18(2):377-384, 2013. Disponível em: <http://www.scielosp. org/pdf/csc/v18n2/09.pdf>. Acesso em: 12 nov. 2013. ORLANDO, R. et al. Avaliação da alimentação e sua relação com as doenças crônicas não transmissíveis de um grupo de idosos de um município da região norte do Estado do RS. Revista de Enfermagem, Frederico Westphalen, v. 6-7, n. 6-7, p. 203-217, 2010-2011. Disponível em: <http://revistas.fw.uri.br/index.php/revistade enfermagem/article/view/736/1312>. Acesso em: 13 nov. 2013.