A EVOLUÇÃO DE UMA DÉCADA DO FRANCHISING NO CENÁRIO BRASILEIRO : 2004 Á 2014

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A EVOLUÇÃO DE UMA DÉCADA DO FRANCHISING NO CENÁRIO BRASILEIRO : 2004 Á 2014 Antonio José Marinho Ribeiro antonio.j.marinho.r@gmail.com Fiocruz Alexandro Pinto Pereira alexandropinto@oi.com.br FRASCE Adelyne Maria Mendes Pereira adelyne@fiocruz.br Fiocruz Luciano Bispo dos Santos lucianobispo@gmail.com FRASCE Resumo:O setor de franchising tem se mostrado cada vez mais consolidado no cenário brasileiro, e com crescimentos significativos ao longo dos anos, tanto em termos de números de franqueadores quanto de franqueados, além de ter significativa expressão e importância para a economia brasileira, com uma forte relevância para a geração de empregos diretos. Esse trabalho tem como requisito evidenciar a evolução do sistema de franquias vivido entre os anos de 2004 a 2014, apurando suas vantagens e desvantagens para franqueadores e franqueados neste tipo de segmento mercadológico, bem como a evolução em número de unidades franqueadas, faturamento, distribuição regional e empregabilidade no setor. A pesquisa foi realizada com base em uma analise comparativa com dados secundários oriundos de levantamentos bibliográficos e documentais sobre o sistema de Franchising no Brasil Palavras Chave: Franchising - Empreendedorismo - Franquia - -

1 INTRODUÇÃO O Franchising teve sua origem, na Idade Média, onde ocorria um contrato similar com os dos moldes atuais. Naquela época, alguns nobres recebiam da Igreja Católica o direito de cobrar os impostos dos camponeses. Estes senhores repassavam esta arrecadação à Igreja, porém lhes era concedido um percentual sobre o total arrecadado. Talvez esta seja a primeira utilização do termo franchising (SANTOS, 2012). Já a prática que conhecemos hoje como franchising, foi vista pela primeira vez nos Estados Unidos, em meados de 1850. A primeira empresa a empreender nesse ramo de negócio foi a fabricante de máquinas de costura Singer Machine, pois pretendia se expandir e se instalar em todo território norte americano concedendo seus produtos e/ou serviços. Através da iniciativa da empresa Singer Machine, outras grandes empresas tiveram a mesma iniciativa, como a General Motors (1898) e a Coca Cola (1899). Mas a forma definitiva de contrato de franquia ocorreu com a criação da rede de lanchonetes Mc Donald's, pelos irmãos Dick e Maurice Mc Donald. O auge deste segmento se deu após a Segunda Guerra Mundial, com a intensa procura das empresas por novas oportunidades e de crescimento econômico, com a maximização dos seus lucros. Ainda segundo Santos (2015), no Brasil, os pioneiros nas questões relativas ao franchising foram as redes americanas de ensino de idiomas Yazigi e CCAA. Em 1960 elas introduziram o sistema no Brasil que se espalhou rapidamente por todo o território nacional. Mas não havendo uma legislação reguladora para o setor na época, os empresários e as franqueadoras estrangeiras cometiam injustiças e tinham o objetivo de estabelecer raízes no território nacional de forma desordenada e sem projetos. Diante deste fato, surge a Lei do Franchising - nº 8.955/94, que foi promulgada para regular as atividades deste modelo gerencial. Franquia empresarial é o sistema pelo qual um franqueador cede ao franqueado o direito de uso de marca ou patente, associado ao direito de distribuição exclusiva ou semi-exclusiva de produtos ou serviços e, eventualmente, também ao direito de uso de tecnologia de implantação e administração de negócio ou sistema operacionais desenvolvidos ou detido pelo franqueador, mediante remuneração direta ou indireta, sem que, no entanto, fique caracterizado vínculo empregatício (Casa Civil, Lei 8.955/94). O sistema de franquias vem obtendo crescimentos expressivos nos dez anos analisados (2004 a 2014), de acordo com dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF, 2015). Em 2004, o Franchising no Brasil possuía 814 unidades de redes de franquias, com um faturamento da ordem de R$ 31.639 bilhões e de 531.252 mil empregos diretos. Já em 2014, o Franchising possuía 2.942 mil unidades de redes, com um faturamento de R$ 127.331 bilhões, e ainda sendo o sistema de franquias

2 responsável pela geração de 1.096.859 milhões de empregos diretos e formais gerados em 2014. Conforme acima, demonstramos que este segmento movimenta bilhões de reais, estes dados servem de base para identificar que o sistema de franquia, seja ela de qualquer atividade sob a égide legal do setor de franchising, tem a possibilidade de se manter no mercado, maximizando lucros enquanto seus produtos e/ou serviços se mantiverem dentro da demanda dos consumidores, observando o ciclo de vida do produto e/ou serviço. Segundo DAHAB (1996, p. 10), o sistema de franchising é uma forma específica de gestão empresarial bastante utilizada internacionalmente, como uma estratégia de organização de mercados (produção, distribuição e comercialização) e como um mecanismo eficaz de expansão das empresas, o qual gera oportunidades para empreendedores que estão dispostos a ingressar ou ampliar seus negócios no modelo gerencial pesquisado. Ainda segundo DAHAB (1996), no sistema de franquias quanto ao empreendimento instalado existe uma integração das operações empresarias, ou seja, o franqueador é parte integrante nas decisões gerenciais do franqueado. Supondo que o sistema de franchising representa uma alternativa de melhoria das possibilidades de redução das taxas de mortalidade dos pequenos negócios e uma oportunidade para a expansão e crescimento de micro, pequenas e grandes empresas, consequentemente, gerando um maior desenvolvimento econômico. Segundo Villela (1994), com o mercado global cada vez mais competitivo, esse formato gerencial de empresa tem uma nova dimensão, principalmente por sua flexibilidade de ação, por seu potencial de complementaridade com as grandes empresas e por sua capacidade de geração de empregos. METODOLOGIA Escolhemos realizar uma pesquisa qualitativa e quantitativa, utilizando uma análise comparativa da bibliografia e documentos, os quais foram pesquisados com intuito de estudar as teorias e a legislação sobre a política nacional do sistema de Franchising no cenário nacional com a finalidade de comparar estudos já realizados em vertentes teóricas com a política adotada pelo estado brasileiro. Entendemos ser essa metodologia a mais adequada para alcançarmos os objetivos propostos e para analisarmos a evolução da política nacional do sistema de franchising no Brasil. Buscamos uma metodologia que fortaleceu nossa investigação em conformidade com uma pesquisa quantitativa e esclarecemos que do ponto de vista metodológico, não há contradição, assim como não há continuidade, entre investigação quantitativa e qualitativa, ambas são de naturezas diferentes. Segundo Minayo & Sanches (1993), a investigação quantitativa atua nos patamares do que é real, e seu ápice é levantar dados, indicadores e tendências observáveis. Já a pesquisa qualitativa, tem outro foco, trabalha com valores, crenças, representações, hábitos, atitudes e opiniões.

3 Por isso, é extremamente relevante coletar dados que contribuam e validem nossos resultados, utilizando métodos qualitativos e quantitativos para garantirmos um nível aceitável de veracidade externa e interna, desta forma, foi possível também formular uma análise concreta e adequada quanto às particularidades de todos os objetivos pesquisados e os quais pretendíamos atingir (CASTRO & BRONFMAN, 1997). Sendo assim, procuramos balizar a pesquisa explorando a realidade dos fatos e o entendimento da evolução do sistema de Franchising no período de 2004 até 2014, fundamentando a pesquisa dentro das perspectivas teóricas e documentais. Avaliamos e analisamos o contexto teórico a ser estudado. Assim, decidimos pela perspectiva qualitativa e quantitativa, quanto ao objeto pesquisado. 1 VANTAGENS E DESVANTAGENS DO FRANCHINSING As partes envolvidas têm vantagens de caráter mercadológico ao se associarem em um contrato de franquia. Para Mauro (2007) o franchising é um sucesso porque caracteriza mais vantagens do que desvantagens para os empreendedores que o aderem. Também destaca-se a importância que a análise de vantagens e desvantagens vai variar dependendo do setor e da empresa em que atuará. Franquia ou franchising é o sistema pelo qual o franqueador cede ao franqueado o direito de uso da marca ou patente, associado ao direito de distribuição exclusiva ou semi-exclusiva de produtos ou serviços. 1.1 Vantagens do franqueador Entre as vantagens do franqueador, estão: Maior rapidez na expansão do negócio, e baixo investimento próprio, uma vez que o investimento em cada novo ponto será feito pelos franqueados; Aumento da disponibilidade de tempo e recursos para ações de marketing e desenvolvimento de produtos e serviços; Fortalecimento da marca e penetração de mercado devido a visibilidade de abertura de unidades franqueadas; Economia de escala, com redução do custo médio de produção e do preço pago pelos insumos, uma vez que o maior volume de compras aumenta o poder de negociação junto aos principais fornecedores da rede; Lealdade do canal de distribuição, por tratar-se de uma parceria firmada entre franqueadores e franqueados para o sucesso da rede. O franqueador pode ser beneficiado no sistema de franquia pela possibilidade de expandir seu negócio em larga escala, ocupando espaços rapidamente no mercado, investindo pouco (em relação à expansão possível) e usando trabalho, boa vontade e capital do franqueado. Com isso, pode evitar o endividamento, a admissão de sócios incovenientes, a necessidade de dirigir diretamente várias lojas, entre outras vantagens ( Arcos. 2012).

4 1.2 Vantagens do franqueado Conhecendo como funciona o sistema de franchising e encontrando uma franquia adequada ao seu perfil, o franqueado poderá aproveitar as vantagens que o sistema proporciona, dentre as quais podem ser destacadas: Uso de marca testada e reconhecida no mercado, reduzindo os erros comuns em negócios iniciantes; Menores riscos, devido ao uso de modelo já testado e apoio para escolha do ponto, implantação e gestão da unidade franqueada; Orientação e assistência na administração do negócio, com treinamentos, manuais e consultoria de campo; Utilização de know-how do franqueador, o que reduz o tempo para a implantação, otimização dos recursos utilizados e riscos de insucesso. 1.3 Desvantagens para o franqueador É vantajoso para os candidatos a franqueados, em especial para os inexperientes, que assim podem optar por trabalhar com marcas consagradas, testadas no mercado, tendo como parceiro empreendedores experimentados que lhes darão sustentação e apoio, torcendo e trabalhando muito pelo seu sucesso ( Arcos. 2012). Toda atividade empresarial envolve riscos, que se impõem ao franqueador dentro do sistema de franchising, com desafios a serem enfrentados, devido a sua influência no sucesso ou insucesso de uma franquia, tais como: divisão de poderes, uma vez que os franqueados são empresários, responsáveis legais por suas empresas; Relacionamento entre franqueadores e franqueados e a administração de conflitos na rede, onde exigirão atenção e liderança dos franqueadores para que possam ser minimizados; A manutenção dos padrões operacionais determinados pelo franqueador e que, frequentemente, por falta de treinamento ou descaso deixam de ser seguidos, pois é essencial para a imagem da marca. Alguns franqueados escolhidos erroneamente podem implodir e arrasar qualquer marca. Imaginemos uma rede de fast-foods em que, com a diferença de poucos dias, ocorrem problemas graves, noticiados pela imprensa, envolvendo falta de higiene, fraudes e outros atos ilícitos contra o consumidor. Pior ainda: suponhamos que, comendo produtos servidos por determinados franqueados, pessoas adoeçam ou morram por ingerir produtos contaminados ( Arcos. 2012). 1.4 Desvantagens para o franqueado Mesmo que a participação em uma rede de franquias possa ter suas vantagens, o franqueado deve ter a ciência dos desafios que o sistema de franchising possui, tais como: controle permanente para manutenção dos padrões, durante toda vigência do contrato. O franqueador verificará se o modelo está sendo utilizado corretamente pelo franqueado, exigindo os ajustes necessários para correção de erros ou adequação a mudanças; Poder de decisão limitado, tendo o franqueado que consultar a franquia em busca de sua autorização toda vez que desejar realizar ações ; Pagamentos de royalties e taxas, pela cessão do direito de uso da marca; Risco de insucesso do franqueador, uma

5 vez que também é uma empresa e está sujeita as incertezas do ambiente externo e interno ou a erros de gestão; Obediência a determinação de localização, que pode ter o aspecto positivo de assessoria para escolha do ponto, ou a redução da escolha, tendo que acatar as determinações da franquia. Muitas vezes o franqueado é habilidoso, tem formas de adicionar diferenciais ao negócio como decoração, criação de promoções, mas isso só será possível admitindo com a aquiescência do franqueador. O franqueador, por sua vez, sabe que, se abrir exceção para um, poderá ter uma chuva de pedidos de outros no dia seguinte ( Arcos. 2012). 2 CRESCIMENTO DAS FRANQUIAS NO BRASIL No período entre os anos de 2004 a 2014, o sistema de franquia alcançou um lugar de destaque na economia Brasileira. De acordo com números divulgados pela Associação Brasileira de Franchising (ABF, 2015), as franquias aumentaram seu faturamento em mais de 400% entre os anos de 2004 (31.639 bilhões R$) em relação à 2014 (127.331 bilhões R$), para 2015 a estimativa de crescimento é de 7. 5%. Isso significa que o setor participa com pouco mais de 2% do PIB do país. As franquias de alimentação estão entre as que mais contribuem para a expansão, mas não são as primeiras do ranking, atualmente, a liderança cabe às redes de saúde e beleza. Os pontos de venda devem crescer cerca de 10% em 2015, isto significa que fechou o ano de 2014 com 2.942 mil unidades de redes, lembrando que nossa pesquisa identificou que em 2004 tinham 814 unidades de redes em funcionamento, segundo (ABF, 2015). Isto devido o setor está mais estruturado, vigoroso e reconhecido pelo governo, o que nos fez identificar que em 2004 já gerava 531.252 mil empregos diretos e em 2014, após dez anos, já empregava 1.096.859 milhões de empregos diretos e formais. Para Porter (2004), dada a importância da capacidade de prever a evolução, é interessante ter algumas técnicas analíticas que ajudarão a antecipar o padrão das mudanças que podemos esperar que ocorram no setor. Ele afirma que o sistema de franquia foi o tipo de varejo que mais cresceu nos últimos anos, comprovando o crescimento acentuado desta modalidade de negócio no Brasil. 3 EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE REDES FRANQUIAS DO SETOR DE FRANCHISING BRASILEIRO. O gráfico 1 apresentado pela ABF (2015), mostra a evolução das redes de franquias do setor de franchising brasileiro. Com fácil percepção, notamos o crescimento no numero de redes de franquias no mercado brasileiro. Nos últimos anos, o setor de franchising brasileiro registrou um salto no total de redes de franquias, que passaram de 814 em 2004 e alcançou a marca de 2.942 no final de 2014, tendo um aumento de mais de 360% no número de marcas.

6 GRÁFICO 1 - EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE REDES DE FRANQUIAS 3000 2500 2000 1500 1000 500 0 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Fonte: Adaptado de Associação Brasileira de Franchising (2015) 4 DISTRIBUIÇÃO POR REGIÃO DO SETOR DE FRANCHISING BRASILEIRO. O gráfico 2 apresentado pela ABF (2015), mostra a distribuição por região do setor de franchising brasileiro. Notamos que a maior concentração de distribuição das franquias encontra - se na região sudeste, porém, nos últimos anos, as redes têm investido mais no interior e fora do eixo Rio - São Paulo, conforme gráfico abaixo. A expansão das redes por todo o país mostra uma crescente participação das demais regiões: Sudeste (58,7%), Sul (14,5%), Nordeste (14,5%), Centro Oeste (8%) e Norte (4,3%).

7 GRÁFICO 2 - DISTRIBUIÇÃO POR REGIÃO DO SETOR DE FRANCHISING BRASILEIRO 60,00% 50,00% 40,00% 30,00% 20,00% 10,00% 0,00% SUDESTE SUL NORDESTE CENTRO OESTE NORTE 58,70% 14,50% 14,50% 8% 4,30% Fonte: Adaptado de Associação Brasileira de Franchising (2015) 5 EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE EMPREGOS DIRETOS GERADOS PELO SETOR DE FRANCHISING BRASILEIRO O gráfico 3 apresentado pela ABF (2015), mostra a evolução do número de empregos diretos gerados pelo setor de franchising brasileiro. O sistema de franquias aumentou o número de empregos diretos em mais de 206 % entre os anos de 2004 (531.252) e 2014 (1.096.859). O franchising contribuiu com a criação de mais de 88 mil novos postos de trabalho, além de aumentar a oferta de emprego no País, o franchising é responsável por grande parcela da primeira experiência na área do trabalho. As redes dão oportunidade, principalmente, aos jovens e investem pesado em programas de treinamento e capacitação profissional. A natureza do franchising é o compartilhamento de know-how e tecnologia, e portanto, o treinamento é um dos pilares desse modelo de negócios.

8 GRÁFICO 3 - EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE EMPREGOS DIRETOS 1.200.000 1.000.000 800.000 600.000 400.000 200.000 0 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Fonte: Adaptado de Associação Brasileira de Franchising (2015) 6 FATURAMENTO DO SETOR DE FRANCHISING BRASILEIRO O gráfico 4 apresentado pela ABF (2015), mostra o faturamento do setor de franchising brasileiro. O setor aumentou seu faturamento em mais de 400 % entre os anos de 2004 (31.639 bilhões R$) e 2014 (127.331 bilhões R$). Mais uma vez, o franchising brasileiro obtém um desempenho positivo, diversas vezes superior ao PIB nacional.

9 GRÁFICO 4 - FATURAMENTO DO SETOR DE FRANCHING BRASILEIRO (valor em bilhões de R$) 140.000 120.000 100.000 80.000 60.000 40.000 20.000 0 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Fonte: Adaptado de Associação Brasileira de Franchising (2015) ANÁLISE DOS RESULTADOS Segundo Longenecker, Moore e Petty (1997), a preferência por franchising baseia-se nas somas dos pontos positivos e negativos da franquia. A franchising obviamente não será a opção de todos os empreendedores, porque cada consideração terá pesos diferentes para cada investidor. Entretanto, muitas pessoas acham que esse sistema é a melhor opção de negócio. Os resultados encontrados nesta pesquisa; evidenciam que o sistema de franquias, em dez anos de análise, mostrou-se muito bem estruturado e amparado pela lei que rege o setor no cenário nacional brasileiro. De 2004 a 2014, o setor aumentou significativamente o número de redes, geração de empregos e de faturamento, percentual bem maior que o PIB nacional. A pesquisa também validou que a região

10 Sudeste, por ser a mais desenvolvida, possui o maior número de franquias sendo detentora de 58,7% deste segmento de mercado. Mas mesmo com todo o cenário favorável ao setor, ainda existem problemas a serem acompanhados e reavaliados pelos empreendedores, tais como, os de maior preocupação em relação à alta nos custos, o preço da matéria-prima, do aluguel, das taxas e com a mão de obra. CONCLUSÃO A pesquisa mostrou que na década estudada investir no segmento foi muito favorável aos investimentos realizados por parte dos empreendedores e para a arrecadação governamental, pois os dados apurados demonstraram que a economia brasileira permitiu que o segmento ficasse estruturado, o que levou este modelo de mercado a ter um alto crescimento nos dez anos analisados. Mas como podemos notar, para o sucesso do empreendimento nos próximos anos se faz necessário que o empreendedor esteja mais amadurecido e em sintonia com todos os processos e mudanças que possam ocorrer no sistema de franchising e na política econômica, podendo assim antever e solucionar os problemas que possam acontecer, atualizando e revisando o seu planejamento estratégico através de análises de ambiente interno e ambiente externo das organizações. Pois com as constantes preocupações em relação a alta dos custos, o preço da matéria-prima, mão de obra, questões tributárias e outros custos (fixos e variáveis), o setor corre o risco de diminuir o crescimento nos próximos anos, visto que após as eleições de 2014, a economia brasileira se mostra em recessão com probabilidade de aumento inflacionário e a inexistência de fiscalização quanto a relação firmada entre franqueadores e franqueados no que tange aos direitos e deveres do contratante e do contratado. Se houvesse uma agência reguladora provavelmente reduziria as desvantagens para os dois lados e o controle de ganhos entre as partes seria mais equilibrada e consequentemente a arrecadação governamental aumentaria. Notamos em nossa pesquisa, inclusive, que este ritmo de expansão é complexo quanto a distribuição de renda no País, refletindo as diferenças latentes entre as regiões, cabendo aos governantes reverem as legislações tributárias vigentes e pensarem em subsídios para o desenvolvimento das regiões menos favorecidas.

11 REFERÊNCIAS ABF. Associação brasileira de Franchising. Disponível em: <http://www.portaldofranchising.com.br/site/content/home/index.asp>. Acesso em: mar. 2015. ABIA. Associação Brasileira das Indústrias da alimentação. Disponível em: <http://www.abia.org.br/vs/setoremnumeros.aspx>. Acesso em: mar. 2015. ABC DA FRANQUIA, História da Franquia. Disponível em: <http://www.tormo.com.br/franquiciados/abc/historia.asp>. Acesso em: mar. 2015. ARCOS, Vantagens e desvantagens para o franqueador. 2012. Disponível em: <https://arcosconsultoria.wordpress.com/2012/04/03/03042012-vantagens-edesvantagens-para-o-franqueador/>. Acesso em: jun. 2015. ARCOS. Vantagens e desvantagens para o franqueado. 2012. Disponível em: <https://arcosconsultoria.wordpress.com/2012/04/05/05042012-vantagens-edesvantagens-para-o-franqueado/>. Acesso em: jun. 2015. BRASIL. Casa Civil Lei N 8.955, de 15 de dezembro de 1994. Disponível em: <http://www.leidireito.com.br/lei-8955.html>. Acesso em: mar. 2015. CASTRO R & BRONFMAN MN. Algunos problemas no resueltos em la integración de métodos cualitativos y cuantitativos em la investigación social em salud. Trabalho apresentado no IV Congresso Latinoamericano de Ciências Sociais e Medicina, Cocoyoc, México. [Mimeo]. 1997. DAHAB, S. Entendendo o franchising: uma alternativa eficaz para o pequeno e médio empreendedor. Salvador: Casa da Qualidade, 1996. DORNELAS, J. C. A. Empreendedorismo: transformando idéias em negócios. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. FERREIRA, M. P.; SANTOS, J. C.; SERRA, F. A. R. Ser empreendedor : pensar, criar e moldar a nova empresa: exemplos e casos brasileiros. São Paulo:Saraiva, 2010. FRANQUIAS. Institucional. Disponível em: <http://www.suafranquia.com/noticias/alimentacao/2015/01/o-setor-de-franquiasde-alimentacao-em-2015.html>. - Acesso em: mar. 2015.

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