Nº DE ORIGEM: PI INST 0021 MAG/2003 INTERESSADOS: MARIA APARECIDA GUGEL MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO ASSUNTO: CONSULTA AMBIENTE DO TRABALHO



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Transcrição:

Nº DE ORIGEM: PI INST 0021 MAG/2003 INTERESSADOS: MARIA APARECIDA GUGEL MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO ASSUNTO: CONSULTA AMBIENTE DO TRABALHO I RELATÓRIO O Presente procedimento teve origem com o Ofício 21/03 GAB-MAG da Exma. Dra. Maria Aparecida Gugel onde a mesma informa que durante apreciação do processo PGT/CS/3495/2003, oriundo da PRT 2ª Região, restou comprovado que a empresa Wickbold & Nosso Pão Indústrias Alimentícias Ltda cumpre a reserva legal de vagas com trabalhador portador de deficiência auditiva. Ao final do documento solicita providências pela Câmara de Coordenação e Revisão no sentido de orientar os Excelentíssimos Órgãos Oficiantes para nestes casos apurem também o meio ambiente do trabalho. Solicitada informações complementares, pela relatora à época, vieram aos autos o Ofício nº 04/04 GAB-MAG onde a Ilustre Subprocuradora-Geral do Trabalho requerente, esclarece que : É comum empresas com alterados ambientes de ruído preferirem a contratação de portador de deficiência auditiva (desde os graus leve até anacusia art. 4º, Dec. 3.298/99), entendendo com isso estarem cumprindo a reserva legal de vagas. Referidas empresas, às vezes, cumprem a reserva com trabalhadores reabilitados em decorrência da perda auditiva (PAIR) adquirida no próprio ambiente. Por isso que ao menor indício ( e a preferência por portador de

deficiência auditiva é um deles) de contratação elevada de trabalhador com este tipo de deficiência o meio ambiente do trabalho deve ser investigado. Ainda que não fosse pelas questões ambientais de trabalho, para a verificação da presença do agente ruído (NR 15), poder-se-ia estar diante de outra prática, a discriminatória. Ou seja, direcionar a contratação de trabalhadores portadores de deficiência para determinadas funções onde se julga que a deficiência será menos sentida, como, por exemplo, a contratação de deficientes auditivos em ambientes com pressão sonora elevada, ou de portadores de deficiência física em serviços de telemarketing, o que nos levaria a concluir que apesar de a empresa estar cumprindo a reserva legal, estará discriminando os trabalhadores portadores de deficiência nas diferentes áreas: mental, física, auditiva, visual, múltipla. Em 01/06/2004 houve deliberação pela Câmara de Coordenação e Revisão do presente Processo, que nos termos do voto (fls. 16/18) da Exma. Dra. Terezinha Matilde Licks,, à época relatora, assim decidiu : A Câmara de Coordenação e Revisão deliberou, por unanimidade, que, considerando tratar-se de matéria que se relaciona com as atribuições de Coordenadorias Nacionais Temáticas, necessária, como medida preliminar, a oitiva da Coordenadoria Nacional de Defesa do Meio Ambiente de Trabalho e da Coordenadoria Nacional de Promoção da Igualdade de Oportunidades e Eliminação da Discriminação no Trabalho e que, por se tratar de matéria estritamente técnica, a Câmara, deixa, excepcionalmente, de apresentar, desde logo, sua posição, restando suspenso o presente feito até o recebimento das respectivas manifestações, nos termos do voto da Exm.ª Relatora. Foram expedidos Ofícios à Coordenadoria Nacional de Defesa do Meio Ambiente do Trabalho e à Coordigualdade, fls. 21/24.

¹Juntado aos autos, e-mail da Exma. Dra. Cristiane Maria Sbalqueiro Lopes, onde a mesma tece diversos comentários a respeito da diferença que deve ser feita entre o portador de perda auditiva e o portador de PAIR. Informa que o empregado portador de PAIR não pode se confundido com pessoa portadora de deficiência auditiva, pois a perda auditiva do portador de PAIR não é tão grave a ponto de prejudicar a comunicação do mesmo. Por tal razão, solicita que quando for constatado que a empresa contrata somente pessoas portadoras de deficiência auditiva, não devem ser considerados como portadores de deficiência os empregados portadores de PAIR, a menos que a perda auditiva seja comprometedora da comunicação, o que informa ser raríssimo. Solicitada novamente informações à Coordenadoria Nacional de Defesa do Meio Ambiente do Trabalho, fls. 27. Os autos foram distribuídos a esta Relatora em 12/09/2005, onde se constatou que a Coordenadoria Nacional de Defesa do Meio Ambiente do Trabalho ainda não havia se manifestado, razão pela qual foi solicitada à Secretaria da Câmara de Coordenação e Revisão que reiterasse o Ofício anteriormente enviado a mesma. ¹ E-mail em resposta ao Ofício-Circular nº 100/2004- Coordigualdade, encaminhado pelo Dr. Otavio Brito Lopes, solicitando orientações a serem encaminhadas à Dra. Terezinha Matilde Licks ( Ofício 135/04-CCR-MPT) para deliberação da CCR, no sentido de investigar o meio ambiente do trabalho de empresas que contratam pessoas com deficiência auditiva leve.

Em 21/09/2005 foi encaminhado Ofício à Coordenadoria Nacional de Defesa do Meio Ambiente do Trabalho. Certidão de fls. 31, devolvendo os autos à esta Relatora, tendo em vista que até 14/10/2005 não houve manifestação por parte da Coordenadoria Nacional de Defesa do Meio Ambiente do Trabalho. É o relatório. II VOTO Do que extrai do presente processo, a preocupação da Subprocuradora Conselheira não é o cumprimento da reserva legal para pessoas portadoras de deficiência, mas a contratação de portador de deficiência auditiva (desde os graus leves até anacusia, Art 4º, Dec. 3298/99). Aduz que algumas empresas, cumprem a reserva legal com trabalhadores reabilitados em decorrência auditiva adquirida no próprio ambiente de trabalho ( PAIR). Correta a colocação da Dra. Cristina Sbalqueiro Lopes em seu e- mail (fls. 25) quando diz que não deverão ser considerados como portadores de deficiência o empregados portadores de PAIR, considerada doença ocupacional, a menos que a perda auditiva seja tanta que comprometa a audição social, o que é raríssimo.

Transcrevo alguns trechos do artigo publicado pela Dra. Cristina Sbalqueiro ( Revista do MPT nº 22) que muito bem explicitam a matéria. A palavra disacusia pode ser definida como qualquer redução da acuidade auditiva, podendo acometer freqüência isolada ou grupo de freqüências, geralmente graduada em discreta ou leve, moderada, severa e surdez total ( anacusia). Estudos recentes comprovam a presbiacusia a partir dos 32 anos em homens e mulheres a partir dos 37 anos. de incapacidade. O conceito de redução de capacidade auditiva é independente ao Daí a importância de estabelecer critérios razoáveis para a definição da pessoa com deficiência. Porque não é qualquer imperfeição humana que pode gerar discriminação ou dificuldade para inserção no mercado laboral. Daí porque uma pessoa que tem pequenas perdas auditivas não merece a mesma proteção daquela que é surda ou cadeirante. Por isso a interpretação literal do artigo 4º, II do Decreto nº 3298/99 sabota toda uma política de discriminação positiva que se quis implantar. É claro que a boa interpretação é aquela que considera não só esse aspecto, mas também o lógico-sistemático, o histórico e o teleológico. Porém, a interpretação gramatical é também um meio válido e é o mais evidente, ainda que seja o menos nobre.

conteúdo do artigo 4º, II do Decreto. Vislumbra-se, portanto, a necessidade de reformulação do No entanto, enquanto essa alteração não é procedida, sobreleva a necessidade de extrema cautela, por parte do membro do Ministério Público que enfrentar a questão das cotas para pessoa com deficiência, quando da análise da prova dessa situação. É importante lutar pela consolidação de uma interpretação coerente com os princípio do Decreto n. 3298/99 e sua teleologia. Com essa finalidade, enquanto não for reformulado o artigo 4º, II do Decreto nº 3.298/99, realizar a integração da norma a partir dos critérios já adotados pelo INSS é uma boa alternativa. Por tudo que foi exposto, entendo que a matéria não é da competência da CCR e sim do Órgão oficiante que deverá examinar cada caso e suas repercussões no meio ambiente do trabalho, com a devida cautela. Em sendo assim, proponho o arquivamento do presente processo. Brasília, 18 de outubro de 2005. Guiomar Rechia Gomes Membro- CCR - Relatora