XVII CONGRESSO INFAD ZAMORA 2010 A INCLUSÃO DA DIVERSIDADE LINGUÍSTICA NO INTERIOR RURAL DE Um estudo de caso Prof. ª Cristina Serra Prof.ª Drª Isabel Fialho 23 de Abril de 2010 Não há, não, duas folhas iguais em toda a criação. Ou nervura a menos, ou célula a mais, não há, de certeza, duas folhas iguais. (António Gedeão, 1958) 1
Portugal um país de emigração Portugal um país de imigração 2
90 000 alunos estrangeiros frequentam o sistema de ensino português Rede Eurydice EU (Setembro de 2004) A INCLUSÃO DA DIVERSIDADE LINGUÍSTICA NO INTERIOR RURAL DE Diversidade linguística na escola pública portuguesa 80 % dos alunos não tem o português como língua materna Identificadas 80 línguas faladas pelos alunos em contexto familiar 67% das escolas públicas têm entre 1 a 10 alunos cuja língua materna não é o português (IESE 2005) 3
DIVERSIDADE LINGUÍSTICA Desafio Educativos Organização e gestão escolar (flexibilização do currículo, globalização das políticas educativas, desenvolvimento de competências ao longo da vida) Educação para a diversidade (gestão da heterogeneidade, passagem do currículo monocultural ao multi/intercultural, promoção do bilinguismo e plurilinguismo) Formação de professores (formação para a diversidade, passagem do professor monocultural ao intercultural) Colaboração escola / família (novos modelos de família, especificidade das famílias imigrantes) DIVERSIDADE LINGUÍSTICA Profundas alterações na composição da população escolar (cultural, social, religioso, étnico ) Disseminação do número de alunos cuja língua materna não é o português, por todo o território nacional INTERIOR RURAL / NORTE ALENTEJO 4
Estudo de caso Contribuir para o conhecimento da realidade multi/intercultural das escolas básicas, num contexto específico do interior/rural; Contribuir para a compreensão dos factores que influenciam, positiva e negativamente, a inclusão dos alunos cuja língua materna não é o português, na perspectiva de professores dos diferentes níveis do ensino básico e dos pais imigrantes METODOLOGIA DA INVESTIGAÇÃO PARADIGMA CONCEPTUAL Interpretativo TIPOLOGIA DA INVESTIGAÇÃO Qualitativa DESIGN Estudo de caso Intrínseco Contextualizado Descritivo Procura da compreensão Cariz empírico PRINCIPAL INSTRUMENTO DE RECOLHA DE DADOS Entrevistas em profundidade 5
METODOLOGIA DA INVESTIGAÇÃO PARTICIPANTES 4 Professores/educadores (Pré-escolar, 1º ciclo, 2º ciclo, 3º ciclo) 1 pai/encarregado de educação imigrante TRATAMENTO DOS DADOS Técnica de análise de conteúdo CONTEXTO EBI c/ji de Ammaia Concelho de Marvão Distrito de Portalegre Região do Alto Alentejo Contexto do estudo de caso Escola Básica com Jardim de Infância de Ammaia Concelho de Marvão Distrito de Portalegre Província do Alto Alentejo 6
Caracterização da população da escola em 2006/07 Total de alunos da escola - Níveis de ensino Pré-escolar 1º ciclo 2º ciclo 3º ciclo Total de alunos cuja língua materna não é o português - 15 Confirmação de alguns dados apresentados pela investigação, tais como: - disseminação, do número de alunos estrangeiros por todo o território nacional; - generalização da prática denominada por desclassificação ; - a constatação que a heterogeneidade étnica, cultural, religiosa e linguística, fruto da pós-modernidade, é uma realidade incontestável na sociedade portuguesa e no ambiente escolar em particular; - associação entre o nível de aproveitamento dos alunos estrangeiros e a sua nacionalidade (dados da DGIDC, 2005); - falta de formação docente para a promoção de uma educação intercultural 7
Identificação de alguns factores que condicionam a inclusão dos alunos estrangeiros Factores de Favorecimento Estabelecimento de relações pessoais e afectivas sólidas com os seus pares de origem portuguesa; Temperamento dos próprios alunos (confiança, abertura à mudança); Facilidade com que adquirem o domínio da língua portuguesa; Existência de recursos que possibilitem a imersão progressiva e flexível nas turmas de acolhimento e os apoios necessários à superação das dificuldades apresentadas; Dimensão escola; A colaboração entre a escola e a família; A participação da escola em projectos europeus. Identificação de alguns factores que condicionam a inclusão dos alunos estrangeiros Factores de Constrangimento Dificuldade no domínio da língua portuguesa - Acesso ao currículo; - Estabelecimento de relações de proximidade com os colegas; - Atitudes discriminatórias face às diferenças culturais Fraca formação dos professores para a gestão da muti/interculturalidade (diagnóstico, avaliação, metodologias) e dificuldade na constituição das equipas multidisciplinares e multilingues. 8
. Gestão e organização escolar: - Confirmação do esforço das instituições e comunidades educativas com vista a adaptarem-se à inclusão da multi/interculturalidade, designadamente a linguística. CONTUDO, verifica-se - Desconhecimento e dificuldade na aplicação da legislação específica existente; - Diferença entre teoria e prática, entre compreensão e acção educativa;. CONTUDO, verifica-se - Predomínio de uma autonomia escolar condicionada por estruturas hierarquizadas e centralistas, que afectam a gestão e afectação de recursos; - Modelos de imersão dos alunos estrangeiros pouco flexíveis e ajustados às necessidades e especificidades dos mesmos; - Prevalência de alguma folclorização cultural (Leite, 2005), multiculturalismo benigno (Stoer e Cortesão, 1999) e estereótipos (Cardoso, 2005). 9
. Formação docente: - Prevalência de modelos de formação docente que conduzem ao departamentalismo, estandardização de métodos e estratégias de ensino; - Prevalência de práticas monoculturais e uniformes, dirigidas ao arquétipo do aluno WASP português (branco, católico, pertencente ao meio urbano e à classe média). Colaboração escola - famílias imigrantes: - Beneficia do mesmo esforço e empenho que vem sendo implementado pela instituição nas últimas décadas. LIMITAÇÕES DA INVESTIGAÇÃO Não permite extrapolações e generalizações, dado a metodologia adoptada e o carácter limitado do estudo, em termos de amostra e controle dos resultados; Cunho marcadamente descritivo e subjectivo, assente nas concepções, crenças e valores dos participantes e na leitura e interpretação, apesar das precauções, sempre enviesadas do investigador, enquanto elemento participante da acção. 10