AJUSTES NOS MERCADOS DE ÁLCOOL E GASOLINA NO PROCESSO DE DESREGULAMENTAÇÃO



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Transcrição:

AJUSTES NOS MERCADOS DE ÁLCOOL E GASOLINA NO PROCESSO DE DESREGULAMENTAÇÃO MARTA CRISTINA MARJOTTA-MAISTRO Tese apresenada à Escola Superior de Agriculura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo, para obenção do íulo de Douor em Ciências, Área de Concenração: Economia Aplicada. PIRACICABA Esado de São Paulo Brasil Julho - 2002

AJUSTES NOS MERCADOS DE ÁLCOOL E GASOLINA NO PROCESSO DE DESREGULAMENTAÇÃO MARTA CRISTINA MARJOTTA-MAISTRO Bacharel em Ciências Econômicas Orienador: Prof. Dr. GERALDO SANT ANA DE CAMARGO BARROS Tese apresenada à Escola Superior de Agriculura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo, para obenção do íulo de Douor em Ciências, Área de Concenração: Economia Aplicada. PIRACICABA Esado de São Paulo Brasil Julho - 2002

Dados Inernacionais de Caalogação na Publicação (CIP) DIVISÃO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - ESALQ/USP Marjoa-Maisro, Mara Crisina Ajuses nos mercados de álcool e gasolina no processo de desregulamenação / Mara Crisina Marjoa-Maisro. - - Piracicaba, 2002. 180 p. Tese (douorado) - Escola Superior de Agriculura Luiz de Queiroz, 2002. Bibliografia. 1. Álcool como combusível 2. Comércio agrícola 3. Gasolina 4. Mercado agrícola 5. Preços agrícolas I. Tíulo CDD 338.4766182 Permiida a cópia oal ou parcial dese documeno, desde que ciada a fone O auor

Ofereço aos Meus Pais e à Minha Irmã Alessandra Dedico ao Meu Marido André

AGRADECIMENTOS Meus sinceros agradecimenos ao meu Pai, à Isaura e ao André que sempre esiveram presenes me incenivando a coninuar. Agradecimenos mais que especiais ao Prof. Dr. Geraldo San Ana de Camargo Barros que, muio mais do que um rabalho de orienação para a confecção desa ese, fez-me refleir sobre o que deve ser um rabalho de pesquisa: a busca por soluções práicas e coerenes para problemas econômicos do nosso coidiano. O seu dinamismo e bom senso profissionais serão sempre lembrados ao longo do meu caminho. Obrigada. Às Profas. Dras. Heloisa Lee Burnquis e Mirian Rumenos Piedade Bacchi que além de companheiras, ensinaram-me o verdadeiro significado da palavra profissionalismo. À Profa. Márcia Azanha Ferraz Dias de Moraes pelas conribuições a ese rabalho quando do Exame de Qualificação. Aos Professores do Deparameno de Economia, Adminisração e Sociologia da Escola Superior de Agriculura Luiz de Queiroz pelos conhecimenos ransmiidos para a minha formação acadêmica. Aos funcionários do Deparameno de Economia, Adminisração e Sociologia que foram sempre aenciosos.

v Ao CNPq pelo apoio financeiro ao longo do programa de douorado. Ao Cenro de Esudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), na pessoa do seu Coordenador Cienífico, Prof. Dr. Geraldo San Ana de Camargo Barros, pela oporunidade de aperfeiçoameno profissional que em muio conribuiu para a realização desa pesquisa. À Ariane Sbravai, Evaneide Crisina Robero e Luciana Torrezan Silveira pelo apoio no dia-a-dia do nosso rabalho e, principalmene, durane o empo em que esive dedicada à ese.

SUMÁRIO Página LISTA DE FIGURAS... viii LISTA DE TABELAS... xi LISTA DE QUADROS... xii RESUMO... xiii SUMMARY... xv 1 INTRODUÇÃO... 1 1.1 O problema e sua imporância... 1 1.2 Pressuposição e objeivos... 12 2 REVISÃO DE LITERATURA... 14 2.1 Caracerização da produção no seor sucroalcooleiro... 14 2.1.1 A presença do Esado no seor... 25 2.2 Relações comerciais e de preços no mercado de combusíveis nacional... 29 2.2.1 Os agenes envolvidos na comercialização de álcool combusível: a auação do governo e do seor privado... 30 2.2.2 A formação e as relações de preços no mercado de combusíveis nacional... 45 2.3 Evolução da paricipação do álcool na mariz energéica brasileira... 56 2.4 Evidências empíricas relaivas à análise do mercado de combusíveis... 63 3 METODOLOGIA... 83 3.1 Modelos eóricos... 83

vii 3.1.1 O modelo de Gardner... 83 3.1.2 O modelo de Heien... 86 3.1.3 O modelo de Barros... 92 3.2 Os modelos proposos... 95 3.3 Os Muliplicadores de Theil... 105 3.4 Traameno e fones de dados... 107 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO... 112 4.1 Resulados das esimaivas para as equações do Modelo de Ajuse pelo Preço... 112 4.2 Resulados das esimaivas do Modelo de Ajuse pela Quanidade e dos Muliplicadores de Impaco de Theil... 120 5 CONCLUSÕES... 143 ANEXOS... 149 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 171

LISTA DE FIGURAS Página 1 Consumo final de energia por fone... 8 2 Evolução do preço real do barril de peróleo imporado... 8 3 Evolução da paricipação da produção de açúcar, álcool anidro e hidraado no oal de ATR produzido na região Cenro-Sul safras 1990/91 a 2001/02... 19 4 Evolução dos preços do álcool anidro, hidraado combusível e açúcar no mercado inerno recebidos pelos produores do esado de São Paulo... 21 5 Relações enre os agenes do seor sucroalcooleiro para a comercialização de álcool... 32 6 Disribuição espacial das bases do Sindicom... 37 7 Vendas de álcool eílico anidro por disribuidora Região Cenro- Sul/1999... 38 8 Vendas de álcool eílico hidraado por disrib uidora Região Cenro- Sul/1999... 39 9 Evolução da relação enre os preços de álcool hidraado e gasolina C pagos pelo consumidor no município de São Paulo... 41 10 Evolução do índice de preço do barril de peróleo imporado (IndPPI) e do preço da gasolina C ao consumidor no município de São Paulo (IndPGCc) (janeiro 1995 = 100)... 51 11 Evolução dos índices de preços do álcool anidro ao produor do esado de São Paulo (IPAA), da gasolina A na refinaria (IPGASA), da gasolina C ao varejo (IPGASC) e do preço da gasolina C ao aacado (IPGASCA) (janeiro 1995 = 100)...

1995 = 100)... 55 12 Evolução dos índices de preços do álcool anidro (IPAA), álcool hidraado (IPAH), preço do açúcar no mercado inerno (IPAC) e da cana-de-açúcar (IPC)... 117 13 Evolução dos efeios acumulados de variações na renda sobre a quanidade demandada de gasolina C do varejo... 132 14 Evolução dos efeios acumulados de variações na renda sobre o preço da gasolina C ao varejo... 132 15 Evolução dos efeios acumulados de variações na renda sobre o preço da gasolina C ao aacado... 133 16 Evolução dos efeios acumulados de variações na renda sobre o preço do álcool anidro... 133 17 Evolução dos efeios acumulados de variações na renda sobre o preço da gasolina A na refinaria... 134 18 Evolução dos efeios acumulados de variações na axa de desemprego sobre a quanidade demandada de gasolina C do varejo... 134 19 Evolução dos efeios acumulados de variações na axa de desemprego sobre o preço da gasolina C ao varejo... 135 20 Evolução dos efeios acumulados de variações na axa de desemprego sobre o preço da gasolina C ao aacado... 135 21 Evolução dos efeios acumulados de variações na axa de desemprego sobre o preço do álcool anidro ao produor... 136 22 Evolução dos efeios acumulados de variações na axa de desemprego sobre o preço da gasolina A na refinaria... 136 23 Evolução dos efeios acumulados de variações na froa de veículos sobre a quanidade demandada de gasolina C do varejo... 137 24 Evolução dos efeios acumulados de variações na froa de veículos sobre o preço de gasolina C ao varejo... 137 25 Evolução dos efeios acumulados de variações na froa de veículos sobre o preço de gasolina C ao aacado... 138 ix

26 Evolução dos efeios acumulados de variações na froa de veículos sobre o preço do álcool anidro ao produor... 138 27 Evolução dos efeios acumulados de variações na froa de veículos sobre o preço de gasolina A na refinaria... 139 28 Evolução dos efeios acumulados de variações no preço do peróleo imporado sobre a quanidade demandada de gasolina C do varejo... 139 29 Evolução dos efeios acumulados de variações no preço do peróleo imporado sobre o preço da gasolina A na refinaria... 140 30 Evolução do efeios acumulados de variações no preço do peróleo imporado sobre o preço da gasolina C ao aacado... 140 31 Evolução dos efeios acumulados de variações no preço do peróleo imporado sobre o preço da gasolina C ao varejo... 141 32 Evolução dos efeios acumulados de variações no preço do peróleo imporado sobre o preço do álcool anidro ao produor... 141 33 Evolução dos efeios acumulados de variações no preço do açúcar ao produor no mercado inerno sobre o preço do álcool anidro ao produor... 142 34 Evolução dos efeios acumulados de variações no preço do álcool hidraado ao produor sobre o preço do álcool anidro ao produor... 142 x

LISTA DE TABELAS Página 1 Consumo aparene de álcool por região 1990 a 2001 (mil m 3 )... 5 2 Vendas de veículos a álcool (unidades vendidas) e paricipação (em porcenagem) nas vendas oais de veículos - janeiro/98 a dezembro/01... 6 3 Evolução da produção de açúcar (milhões de oneladas) e álcool (bilhões de liros) por ano-safra, 1980/81 a 2001/02 e por região produora... 16 4 Produção de açúcar e álcool por esado da região Cenro-Sul 2001/02... 18 5 Consumo aparene de açúcar no mercado inerno safras 1990/91 a 2001/02 (em mil oneladas)... 24 6 Paricipação dos grupos de comercialização nas negociações de álcool na região Cenro Sul safras 2000/01 e 2001/02 (em %)... 33 7 Resulados dos leilões de venda de álcool hidraado e anidro combusível realizados pela empresa Brasil Álcool S.A (m 3 e Preços Médios em R$/ m 3 ) Região Cenro-Sul... 34 8 Índices de razão de concenração Região Cenro-Sul/1999... 38 9 Esimaivas do ajusameno em dois eságios das equações de quanidades dos combusíveis... 114 10 Esimaivas do ajusameno em dois eságios das equações de preços dos combusíveis... 119 11 Esimaivas do ajusameno por mínimos quadrados ordinários da equação de quanidade demandada de gasolina C ao varejo e dos preços dos combusíveis... 122

LISTA DE QUADROS Página 1 Esruura de preços da gasolina C aé 2002... 49 2 Esruura de preços da gasolina C após 2002... 52 3 Caegorias de modelagem e funções enconradas por Dahl & Serner... 66 4 Sumário das elasicidades médias preço e renda da demanda por caegorias... 68

AJUSTES NOS MERCADOS DE ÁLCOOL E GASOLINA NO PROCESSO DE DESREGULAMENTAÇÃO Auora: Mara Crisina Marjoa-Maisro Orienador: Prof. Dr. Geraldo San Ana de Camargo Barros RESUMO A aberura do seor sucroalcooleiro iniciou-se com a exinção do Insiuo do Açúcar e do Álcool em 1990, que conrolava as suas aividades desde 1933. A liberação dos preços da gasolina C ao consumidor se deu em 1996, generalizando a um processo de liberação no seor como um odo. O objeivo geral dese rabalho foi analisar e caracerizar o mercado de combusíveis, relacionando os efeios de mudanças em variáveis associadas à ofera e demanda sobre o comporameno dos agenes num mercado parcialmene liberado, ou seja, enre os anos de 1995 e 2000. Os objeivos específicos foram esimar dois modelos: Modelo de Ajuse pelo Preço e Modelo de Ajuse pela Quanidade. O primeiro modelo foi composo por oio equações, sendo quaro delas de quanidades e quaro de preços dos combusíveis gasolina C ao varejo e ao aacado, álcool anidro ao produor e gasolina A na refinaria. O segundo modelo foi composo por cinco equações, sendo uma da quanidade de gasolina C do varejo e quaro dos preços dos combusíveis. Os méodos de esimação foram Mínimos Quadrados em Dois Eságios para o primeiro modelo e Mínimos Quadrados Ordinários para o segundo. A disinção enre dois modelos ocorreu devido ao fao de que o sisema de preços de mercado ainda não era eficaz em função do caráer de ransição conferido ao período da pesquisa. Com o primeiro modelo verificou-se o grau em que as forças de

mercado já operavam enre 1995 e 2000. Com o segundo, procurou-se reraar a dinâmica de ajusameno em um mercado no qual as quanidades oferadas eram prédeerminadas e os preços se ajusavam a parir de condições previamene esabelecidas pelo governo para a comercialização nos seores sucroalcooleiro e de combusíveis.com as esimaivas do segundo modelo foram calculados os Muliplicadores de Impaco de Theil, possibiliando avaliar os efeios sobre a quanidade e os preços dos combusíveis de choques nas variáveis exógenas do modelo. Os resulados do primeiro modelo permiiram concluir: (a) que os ajuses via preços foram pouco eficazes para influenciar alerações nas quanidades dos combusíveis; e (b) a exisência de cera inércia nos movimenos de preços, ípica dos sisemas de conrole de preços como os que vinham prevalecendo na década de 1990. Com os resulados do segundo modelo, as principais conclusões foram: (a) as variações de demanda endiam a ser aendidas sem grandes alerações nos preços da gasolina e dos seus componenes; (b) os ajuses de preços ao aacado da gasolina C e da gasolina A, ainda que moderados, eram repassados ao varejo parcialmene; (c) o governo endia a absorver os choques exernos de preços não os repassando imediaamene ao varejo e o varejo não repassava, na mesma proporção, ao consumidor final. Assim, os resulados da pesquisa refleiram seores ainda operando sob a égide do Esado, que conrolava suas operações sem necessariamene aender à lógica econômica. À medida que os ajuses nos seores sucroalcooleiro e de combusíveis passarem a ser guiados pelos preços de mercado, alerações de demanda e ofera passarão a se refleir nos preços dos vários elos desses seores, possivelmene nos moldes do Modelo de Ajuse pelo Preço discuido nesa pesquisa. xiv

ADJUSTMENTS IN THE ETHANOL AND GASOLINE MARKETS IN THE DEREGULATION PROCESS Auhor: Mara Crisina Marjoa-Maisro Adviser: Prof. Dr. Geraldo San Ana de Camargo Barros SUMMARY The economic opening of he sugar-ehanol marke was sared wih he exincion of he Insiuo do Açúcar e do Álcool ( Sugar Ehanol Insiue ) in 1990, which conrolled is aciviies since 1933. The deregulaion of gasoline C prices o he consumer ook place in 1996, generaing he deregulaion process in he secor as a whole. The general aim of his sudy was o analyze and characerize he fuel marke, relaing he change effecs in associaed variables o he supply and demand abou he agens behavior in a marke parly deregulaed, ha is, beween 1995 and 2000. The specific aims were o esimae wo models: Price Adjusmen and Quaniy Adjusmen Models. The firs was made up of eigh equaions, being four of quaniies and four of fuel prices reail and wholesale gasoline C prices, anhydrous ehanol o producer and gasoline A a refineries. The second model was made up of five equaions, being one of gasoline C o reailing and four of fuel prices. The esimaing mehods for he firs model were Minimum Squares in Two Sages, whereas Ordinaries Minimum Squares were used for he second one. The disincion beween he wo models was made necessary due o he fac ha he marke price sysem was no efficien ye, because of he

ransiional condiion during he ime of he research was done. Through he firs model i was checked he degree he marke forces already operaed beween 1995 and 2000. Through he second one, i was aemped o show he dynamic of adjusmens in a marke, which he amouns offered were pre-deermined and he prices adjused hemselves based on commercializaion condiions o he sugar-ehanol and fuel secors, previously esablished by he governmen. Based on he esimaes from he second model, i was figured he Impac Mulipliers of Theil, allowing o evaluae he effecs over quaniies and prices of shock fuels in exogenous variables of he model. Resuls of he firs model allow o conclude: (a) ha adjusmens via prices were lile efficien o influence changes in fuel amouns and; (b) he exisence of a cerain inerness of prices movemens, ypical of price conrol sysems like he ones being praciced in he 1990 s. Through he resuls of model wo, he main conclusions were: (a) he demand variaions ended o be me wihou major changes in he price of gasoline and is compounds; (b) he wholesale gasoline C and gasoline A a refineries prices adjusmens, even moderaed, were reposed parly o reailing; (c) he governmen had a endency o absorve he exernal price shocks and did no repose immediaely o reailing and he reailing did no repose, a he same exen, o he final consumer. Therefore, he research resuls refleced secors sill operaing under Sae domain, which conrolled heir operaions wihou necessarily meeing he economic logic. As he adjusmens in he sugar-ehanol and fuel secors sar o be dicaed by marke prices and demandsupply changes, hey will sar o reflec on prices of he various links of his secor, possibly in he form of he Price Adjusmen Model, discussed in his sudy. xvi

1 INTRODUÇÃO 1.1 O problema e sua imporância A parir da década de 1990, na economia brasileira, passaram a ser adoadas direrizes políicas orienadas para uma menor inervenção esaal e, nese senido, vários seores produivos viram-se inseridos em conexos endenes ao livre mercado. Denre esses seores pode-se desacar o seor sucroalcooleiro e o seor de combusíveis, que êm passado por mudanças nas suas aividades produivas e comerciais devido ao afasameno do Esado que anes coordenava essas aividades. O seor sucroalcooleiro, denro do complexo agroindusrial brasileiro, foi um dos que sofreu a maior e mais prolongada inervenção governamenal. O Insiuo do Açúcar e do Álcool, criado em 1933, foi o principal órgão gesor do seor sucroalcooleiro. Suas funções eram adminisrar e propiciar o seu desenvolvimeno, além de esabelecer as quoas de produção e os preços da cana, do açúcar e do álcool. O seor perolífero do Brasil, assim como o sucroalcooleiro, caraceriza-se pelo elevado grau de inervenção governamenal, sendo que o conrole dos preços dos combusíveis esava direamene ligado às quesões de caráer econômico, energéico, social e ribuário. Nesse senido, eram manidos complexos sisemas de adminisração de preço e produção. A parir de 2002, esses sisemas enraram em uma fase de ransição para operarem em um mercado oalmene desregulamenado.

O processo de aberura do seor sucroalcooleiro iniciou-se com a exinção do Insiuo do Açúcar e do Álcool em 1990 e pela liberação gradaiva dos preços dos produos do seor. O primeiro a ser liberado foi o preço do açúcar (1990), seguido pelo do álcool anidro (1997), pela cana (1998) e, depois, pelo do álcool hidraado (1999). Consequenemene, abriu-se caminho para um novo processo de delineameno das aividades do seor sucroalcooleiro, sendo que o planejameno e a execução das aividades relaivas à produção e à comercialização deixaram de ser orienados pelo governo e passaram a fazer pare da adminisração privada. 2 Nesse novo conexo de mercado, os agenes do seor passaram a aenar para faores que pudessem aumenar sua compeiividade frene aos concorrenes. Marjoa- Maisro (1998), em uma pesquisa conduzida a fim de idenificar o comporameno dos consumidores indusriais de açúcar, consaou que, para o seor sucroalcooleiro, ornava-se imprescindível a conquisa do cliene aravés da garania de abasecimeno de maéria-prima e credibilidade em ermos de padrões de qualidade, quanidade e prazos de enrega. No seor de combusíveis, as mudanças começaram a ocorrer a parir da segunda meade da década de 1990. Em 1996, os preços da gasolina auomoiva ao consumidor foram liberados, coninuando sob conrole os preços de realização (remuneração da Perobrás), de faurameno de gasolina A na refinaria (o preço de vendas às disribuidoras) e os preços do óleo diesel na bomba. No enano, a parir de 2002, odos os preços deixaram de ser conrolados pelo governo. Além das alerações nas sisemáicas de conrole de preços dos combusíveis, observou-se ambém que, a parir de 1995, surgiram inúmeras novas disribuidoras de combusíveis, de pore pequeno e médio. De acordo com a Agência Nacional de Peróleo, no ano de 2000, 160 disribuidoras pariciparam da comercialização de gasolina C e 165 da comercialização de álcool hidraado no País. Nesse senido,

aumenou o grau de concorrência no mercado, já que anes exisiam apenas oio grandes disribuidoras em operação. 3 No seor sucroalcooleiro, desaca-se o crescimeno da produção de açúcar e álcool. O açúcar faz pare da cesa básica de alimenação brasileira e ambém se desina ao mercado exerno. O álcool anidro é uilizado na misura com a gasolina e o álcool hidraado como combusível para a froa de carros movidos exclusivamene a álcool. As proporções de álcool anidro adicionadas na gasolina A para compor a gasolina C vêm se alerando ao longo do empo. Aé 1992, a proporção de anidro na gasolina era de 14%. A parir desse ano aé 1998, a proporção passou para 22%. Em 1998, nova aleração para 24% e em 2000 para 20%. A expecaiva de aumeno na produção de álcool na safra 2001/02 levou novamene à mudança do percenual de misura para 22% a parir de maio de 2001 e para 24% a parir de janeiro de 2002. As decisões relaivas às alerações desses percenuais são omadas levando em cona a expecaiva da produção de álcool ou da disponibilidade do produo, endo em visa a esabilidade do preço. Devido à esreia ligação enre os seores sucroalcooleiro e de combusíveis, ou seja, ambos consiuem-se como pare fundamenal da mariz energéica do País, a condução de políicas relaivas à comercialização no âmbio do seor de combusíveis ende a afear a evolução da comercialização do seor sucroalcooleiro. Esudos que enham como objeivo apreender as mudanças que ocorreram e vêm se desenrolando no âmbio dos seores sucroalcooleiro e de combusíveis, bem como a iner-relação enre esses seores, são de suma imporância, principalmene quando abordam quesões que se relacionam a assunos esraégicos para a economia brasileira, como as relaivas à mariz energéica nacional ou à condução das políicas de preços para os combusíveis, já que o álcool é uilizado como combusível ou adiivo na gasolina. Eses esudos podem fornecer parâmeros para a discussão e poseriores

omadas de decisão ano para o produor de açúcar e álcool como para os agenes que paricipam no mercado de derivados de peróleo. 4 A preocupação com as quesões energéicas brasileiras levou à insiuição do Programa Nacional do Álcool (Proálcool), em 1975. Segundo Melo & Fonseca (1981), esse programa correspondeu à primeira enaiva do governo brasileiro de desenvolvimeno de fones alernaivas de energia líquida, em um período de crise no abasecimeno mundial de peróleo. Oficialmene o Proálcool foi criado mediane decreo nº 76.593, de 14/11/75. O objeivo básico do programa era incremenar a produção nacional de álcool para fins carburanes e indusriais. Além disso, conforme cia Vieira (1999), um dos principais objeivos do programa era gerar economia de divisas, com a redução da dependência exerna de peróleo. Deve-se ambém considerar que o incenivo à produção de álcool, ainda segundo a auora, foi jusificado pela baixa nos preços inernacionais de açúcar verificada na época, que levava à necessidade de diversificar a uilização da cana-deaçúcar excedene. A parir da década de 1990, o Proálcool passou a apresenar um perfil diferene daquele verificado no início de sua implanação. As novas medidas econômicas, que levaram à desregulamenação do seor, ambém impacaram o programa, que deixou de ser incenivado de maneira ão inensa como anes. Ao longo dos anos, algumas ações êm sido implemenadas com o objeivo de incenivar o comércio de carros a álcool, medidas ais como isenção de imposos na compra de carro a álcool e oferecimeno de bônus em combusível. No enano, foram medidas ponuais, sem consiuir um programa nos moldes da década de 1970. As quesões relaivas à produção e ao consumo de álcool ainda coninuam sendo discuidas no Brasil, principalmene em períodos de crise de energia. Tais discussões se

devem à imporância do álcool como uma fone alernaiva e renovável de energia frene ao combusível fóssil. 5 A Tabela 1 mosra a evolução do consumo de álcool combusível no Brasil. Ao se analisar a evolução do consumo de álcool anidro, deve-se considerar as alerações na misura com a gasolina, pois o comporameno do consumo desse produo pode esar esreiamene relacionado às variações nesses percenuais e não a variáveis puramene econômicas. Assim, verifica-se que o volume consumido de álcool anidro em aumenado, ano na região Cenro-Sul, que é considerada a maior região produora do seor sucroalcooleiro, como na região Nore-Nordese. O consumo do álcool hidraado, no enano, vem se reduzindo em função da diminuição da froa de veículos movidos exclusivamene por esse combusível. Tabela 1. Consumo aparene de álcool por região 1990 a 2001 (mil m 3 ). Anos Anidro Hidraado N/NE C/S Brasil N/NE C/S Brasil 1990 192 1.109 1.301 1.669 8.536 10.205 1991 209 1.438 1.647 1.642 8.609 10.251 1992 245 1.654 1.899 1.538 8.093 9.631 1993 379 2.169 2.548 1.475 7.929 9.404 1994 462 2.389 2.851 1.453 8.212 9.665 1995 564 2.803 3.367 1.495 8.227 9.722 1996 691 3.334 4.025 1.480 8.302 9.782 1997 812 3.954 4.766 1.222 7.084 8.306 1998 855 4.462 5.317 1.135 6.582 7.717 1999 953 5.049 6.002 1.037 6.014 7.051 2000 771 4.935 5.706 928 5.154 6.081 2001 762 5.248 6.010 644 4.007 4.651 Fone: Daagro

A Tabela 2 mosra que em 1999, 2000 e 2001 a venda de veículos movidos a álcool aumenou consideravelmene, se comparada a anos aneriores. Esse resulado esá associado à inensa campanha promovida pelo seor a fim de incenivar a reomada das compras de carro a álcool e de eliminar a imagem desfavorável adquirida por esses veículos. No enano, a coninuidade desse processo dependerá das decisões políicas que possam incenivar a reomada e a credibilidade do programa do álcool. 6 Tabela 2. Vendas de veículos a álcool (unidades vendidas) 1 e paricipação (em porcenagem) nas vendas oais de veículos - janeiro/98 a dezembro/01. Mês 1997 Par. 1998 Par. 1999 Par. 2000 Par. 2001 Par Jan 38 0,0 7 0,0 304 0,4 960 1,3 1364 1,4 Fev 57 0,0 33 0,0 103 0,3 1.068 1,1 902 0,8 Mar 57 0,0 44 0,0 358 0,3 772 0,8 1204 0,9 Abr 24 0,0 9 0,0 513 0,5 457 0,5 1137 0,9 Mai 122 0,1 4 0,0 397 0,4 459 0,4 1041 0,8 Jun 54 0,0 5 0,0 337 0,4 907 0,8 1040 0,9 Jul 150 0,1 45 0,1 728 0,8 839 0,8 844 0,8 Ago 227 0,2 167 0,1 1.369 1,3 1.212 1,0 952 0,9 Se 119 0,1 172 0,2 1.330 1,2 856 0,8 1394 1,7 Ou 81 0,1 184 0,2 2.319 3,0 338 0,3 1712 1,8 Nov 90 0,1 260 0,4 1.159 1,6 644 0,6 2510 2,2 Dez 101 0,1 294 0,4 2.030 2,9 1714 1,5 4215 3,9 Toal 1.120 0,07 1.224 0,12 10.947 2 1,09 10.289 0,8 18.335 1,4 Fone: Associação Nacional dos Fabricanes de Veículos Auomoores (Anfavea) (1) auomóveis e comerciais leves a álcool; (2) desses, cerca de 5 mil foram vendidos no esado de São Paulo, durane a promoção do bônus de combusível no período de agoso a dezembro de 1999.

A quanidade de carros a álcool desses úlimos anos esá bem abaixo da que se verificou durane a década de oiena e início dos anos 90. Em 1985 as vendas de carros movidos a álcool represenaram 96% do mercado, sendo que aé o final da década inham sido vendidos 5,5 milhões de auomóveis a álcool. Mas desde enão ocorreu uma expressiva queda nas vendas. Segundo esudo realizado por Moreira e al (2000), a queda nas vendas pode ser explicada pelos seguines faores: o preço do álcool passou a corresponder a 80% do preço da gasolina em meados da década de 1990; a redução do imposo sobre produos indusrializados (IPI) para o carro a álcool foi eliminada em 1990; fala de confiança no abasecimeno de álcool e a necessidade de imporar eanol ou meanol para suprir a demanda inerna. 7 A paricipação do álcool na mariz energéica brasileira em sido inexpressiva frene às ouras fones de energia. Conforme aponado na Figura 1, a principal fone de energia consumida ao longo das décadas de 1980 e 1990 foi a elérica, passando de 27,9% do oal consumido de energia em 1980 para 40,9% em 2000. O álcool represenou 2,2% do oal consumido de energia no ano de 2000. Apesar da pequena paricipação relaiva do álcool na composição da mariz energéica nacional, a possibilidade de minimizar a dependência do País em relação às imporações de peróleo (quesão esa já vislumbrada na definição do Proálcool) em sido aponada como a mais imporane para a reomada do programa do álcool. Ese argumeno é reforçado se for considerado o comporameno insável dos preços do barril de peróleo no mercado inernacional nos úlimos anos. No ano de 2000 foram regisrados níveis de preços que superaram os praicados durane a Guerra do Golfo, em 1991.

8 45 40 35 em porcenagem 30 25 20 15 óleo diesel óleo combusível gasolina gás naural elericidade carvão mineral lenha e carvão vegeal álcool ouras 10 5 0 1980 1985 1990 1995 2000 anos Figura 1 - Consumo final de energia por fone. Fone: Balanço Energéico Nacional (2000) Minisério das Minas e Energia hp://www.mme.gov A Figura 2 mosra a evolução do preço real do barril de peróleo imporado, a preços de dezembro de 2000, nos úlimos seis anos. 80 70 60 50 R$/barril 40 30 20 10 0 Jan/95 Mar/95 Mai/95 Jul/95 Se/95 Nov/95 Jan/96 Mar/96 Mai/96 Jul/96 Se/96 Nov/96 Jan/97 Mar/97 Mai/97 Jul/97 Se/97 Nov/97 Jan/98 Mar/98 Mai/98 Jul/98 Se/98 Nov/98 Jan/99 Mar/99 Mai/99 Jul/99 Se/99 Nov/99 Jan/00 Mar/00 Mai/00 Jul/00 Se/00 Nov/00 Jan/01 Mar/01 Mai/01 Jul/01 Se/01 Nov/01 meses Figura 2 - Evolução do preço real do barril de peróleo imporado. Fones: Agência Nacional de Peróleo (ANP); Secrearia de Comércio Exerior (SECEX)

O comporameno dos preços do peróleo imporado pelo Brasil se deve, em pare, aos movimenos do mercado inernacional do produo, ou seja, crescene aumeno na demanda que não vem acompanhada de aumenos significaivos na produção, ou aé mesmo por reduções na ofera do produo. Segundo a Agência Inernacional de Energia, a produção mundial aingiu, em junho de 2000, 76,5 milhões de barris por dia, enquano a demanda foi de 75,8 milhões de barris por dia, com endência de crescimeno. A Organização dos Países Exporadores de Peróleo (OPEP), que reúne os maiores produores do mundo, concordou em aumenar a sua produção caso o preço aingisse US$ 28,00/barril. 9 Nas siuações de crise mundial de abasecimeno de peróleo, a liberação das reservas esraégicas de peróleo perencenes aos Esados Unidos em servido como inibidor de novos aumenos dos preços inernacionais do produo. As auoridades americanas possuem normas bem específicas, diadas pelo Energy Policy and Conservaion Ac, que oriena como devem ser feias as liberações do esoque esraégico. Por ouro lado, alerações na políica cambial brasileira endem a conribuir para que os preços do peróleo imporado aumenem os cusos para o consumidor brasileiro com a imporação do produo. No início de 1999, o aumeno nos gasos com a imporação de peróleo eseve esreiamene relacionado com a desvalorização da moeda nacional, frene ao dólar, ocorrida naquele período. No enano, é ineressane desacar que, ao longo dos úlimos 15 anos, a dependência exerna brasileira (enendida como a diferença enre a demanda e a produção inernas) do peróleo imporado em se reduzido, passando de 42,8% em 1985 para 25,4% em 2000. Essa redução da dependência das imporações de peróleo pode ser explicada pelo crescimeno da produção inerna do produo nesse período. Em 1985

foram produzidos cerca de 32 milhões de meros cúbicos e, em 2000, 74 milhões de meros cúbicos. A produção, no enano, não foi acompanhada por aumenos da mesma magniude na demanda, ou seja, enquano a produção aumenou em cerca de 130% enre os anos de 1985 e 2000, o consumo aumenou aproximadamene de 49% (passou de 63 para 94 milhões de meros cúbicos por ano). Mesmo com essa evolução na produção nacional de peróleo, as imporações de peróleo bruo aparecem em primeiro lugar no ranking dos principais produos imporados pelo Brasil. 10 Os preços do peróleo imporado junamene com a variação cambial são parâmeros da fórmula de ajuse dos preços inernos dos derivados do peróleo uilizada pelo governo federal. Enre os derivados esá a gasolina auomoiva vendida nas refinarias (gasolina A) para as disribuidoras de combusíveis que, poseriormene, irão misurá-la com o álcool anidro, nas devidas proporções, para ser vendida nos posos de combusíveis como gasolina C. A esruura para a formação dos preços dos derivados de peróleo vinha se mosrando basane complexa devido à maneira como o governo a conduzia. Ou seja, o governo maninha, em alguns níveis de mercado, os preços sob regulamenação (na refinaria) e, em ouros, liberados (nas disribuidoras e nos posos). A sisemáica de recolhimeno dos imposos incidenes sobre os combusíveis ambém era objeo de regulamenações. A siuação no mercado de combusíveis anes de 2002 era a seguine: os preços praicados pelas refinarias, iso é, os preços pagos pelas disribuidoras de combusíveis pelos derivados de peróleo eram regulados (ajusados) por decreos do governo. Já os preços de venda das disribuidoras e de revenda dos posos (preços ao consumidor final) esavam liberados desde 1996 (o óleo diesel foi o úlimo a er seu preço liberado em 2002). O álcool hidraado e o anidro uilizados como combusível e como adiivo, respecivamene, iveram seus preços liberados ao produor no final da década de 1990.

Nesse senido, o mercado de combusíveis operava em uma esruura de formação de preços misa, com pare de seus preços sendo diadas pelo governo e pare sendo formada no mercado. 11 Tendo em visa essa esruura de formação dos preços de combusíveis é ineressane analisar como alerações nos preços de um ipo de combusível afeam o ouro. Por exemplo, como alerações nos preços da gasolina A afeariam os preços do álcool anidro e da gasolina C ao varejo e ao aacado?. Dessa forma, procura-se apreender quais as relações exisenes enre o mercado de combusíveis, em geral, e dese com o álcool anidro, em específico. Esudos que procuraram analisar as iner-relações no mercado de combusíveis nacional são relaivamene escassos na lieraura e, quando exisem,são focados nas relações enre a gasolina e o álcool hidraado, deixando o álcool anidro em um segundo plano. Moa (1989), por exemplo, avaliou o desempenho do Programa Nacional do Álcool e sua inserção no seor de energia brasileiro, analisando especificamene seu impaco no mercado de combusíveis. Segundo esse auor, em 1984, 95% dos auomóveis novos vendidos eram movidos a álcool e iso esaria levando a uma crescene subsiuição da gasolina pelo álcool hidraado, o que afearia o mercado domésico de combusíveis. O conexo econômico da análise de Moa (1989), enre 1971 e 1987, difere do aual. Anes, a preocupação era da predominância do álcool hidraado sobre a gasolina; hoje a preocupação é com a coninuidade da uilização do álcool como combusível. Faores relevanes para o mercado de combusíveis, ais como as variações no preço do peróleo, não foram abordados pelo auor.

12 1.2 Pressuposição e objeivos Para a condução dese rabalho, reconhece-se que, sendo recenes as mudanças na forma como o Esado conduz as políicas de comercialização ano para o seor sucroalcooleiro como para o de combusíveis, esses seores, principalmene o de combusíveis, ainda passam por um período de ransição e de adapação frene às forças de mercado. O objeivo geral dese rabalho é analisar e caracerizar o mercado de combusíveis, ano da gasolina como do álcool anidro, relacionando os efeios de mudanças em variáveis associadas à ofera e demanda sobre o comporameno dos agenes, ano ligados às insiuições públicas reguladoras ou direamene ao mercado (vendedores e compradores), numa esruura parcialmene liberada no período abrangido pelo presene esudo. Os objeivos específicos são: i) esimar um sisema composo por equações que expressem odas as quanidades e odos os preços dos combusíveis em diferenes níveis de mercado, ou seja, ao varejo e ao aacado da gasolina C, ao produor de álcool anidro e ao aacado da gasolina A (refinaria). O sisema é formado por oio equações; quaro se referem às quanidades e quaro aos preços dos combusíveis, propiciando assim, o cálculo de elasicidades-preço e renda da demanda e ofera de combusíveis, bem como a forma como os preços se ajusam nos diferenes níveis de mercado; ii) esimar um sisema composo por cinco equações, ou seja, uma referene à quanidade de gasolina C demandada pelo varejo e quaro referenes aos

preços dos combusíveis (varejo e aacado para a gasolina C, produor de anidro e gasolina A na refinaria); 13 iii) com as esimaivas obidas no modelo especificado no iem (ii), analisar os efeios de variações nas variáveis exógenas do modelo sobre a quanidade e os preços dos combusíveis, por meio do cálculo de muliplicadores de impaco. O período abrangido pela análise compreende os anos de 1995 a 2000, considerando dados mensais para a região Cenro-Sul. Ese rabalho esá organizado em cinco capíulos a conar com esa Inrodução. No Capíulo 2, referene à Revisão de Lieraura, esão descrias as principais caracerísicas da produção e da comercialização de açúcar e álcool, bem como a esruura de formação de preços da gasolina auomoiva no Brasil e sua relação com o álcool combusível. Também esão apresenados a evolução hisórica da paricipação do álcool na mariz energéica brasileira e rabalhos que enfocaram o mercado de combusíveis no Brasil e no exerior. O referencial eórico e os aspecos relaivos à meodologia e ao raameno dos dados esão no Capíulo 3, Meodologia. No Capíulo 4 são apresenados e discuidos os resulados. Por fim, no Capíulo 5 são apresenadas as principais conclusões do rabalho.

2 REVISÃO DE LITERATURA Ese capíulo em o objeivo de apresenar as principais caracerísicas da produção e da comercialização de produos do seor sucroalcooleiro do País, procurando desacar a relaiva imporância da região Cenro-Sul frene à Nore-Nordese. Também são discuidas a esruura de formação de preços da gasolina auomoiva no Brasil e sua relação com o álcool combusível. Uma evolução hisórica da paricipação do álcool na mariz energéica brasileira e rabalhos que enfocaram o mercado de combusíveis no Brasil e no exerior ambém fazem pare dese capíulo. 2.1 Caracerização da produção no seor sucroalcooleiro A produção do seor sucroalcooleiro do Brasil em evoluído consideravelmene ao longo da úlima década, conforme pode se observar na Tabela 3. No decorrer da década de 1990, a produção brasileira de cana-de-açúcar passou de 261,110 milhões de oneladas na safra 1991/92 para 300,393 milhões na safra 1999/00; em ermos de área colhida, no mesmo período, o País apresenou um aumeno em orno de 15%, segundo a União da Agroindúsria Canavieira do Esado de São Paulo (UNICA). No que se refere à produção de açúcar, o Brasil passou de cerca de 7 milhões de oneladas na safra 1990/91 para aproximadamene 19 milhões de oneladas na safra 1999/00.

15 No enano, na safra 2000/01, a produção nacional de cana foi de 258,07 milhões de oneladas e a de açúcar 16,221 milhões de oneladas; verificando-se, porano, uma quebra na produção em virude de problemas climáicos. Na safra 2001/02, ambas as produções volaram a crescer, passando para cerca de 285,669 milhões de oneladas de cana e 18,5 milhões de oneladas de açúcar. No que se refere à produção de álcool, verifica-se que a parir de meados da década de 80 aé a safra 1997/98 ocorreu uma rápida expansão. Na safra 1983/84 o volume produzido foi de 7,864 bilhões de liros, já na safra 1997/98 chegou a 15 bilhões de liros. Esse comporameno da produção esá relacionado, de modo geral, aos incenivos exisenes à produção de álcool. No enano, nas rês úlimas safras, a produção vem declinando, sendo que a redução é verificada principalmene na produção de álcool hidraado devido à diminuição no uso do produo como combusível. Na safra 2000/01 foram produzidos 10,622 bilhões de liros de álcool no País, uma redução de aproximadamene 30% se comparada à safra 1997/98. Já na safra 2001/02, a produção de álcool apresenou um leve crescimeno, passando para 11,059 bilhões de liros.

16 Tabela 3. Evolução da produção de açúcar (milhões de oneladas) e álcool (bilhões de liros) por ano-safra, 1980/81 a 2001/02 e por região produora. Ano- Safra Brasil Nore-Nordese Cenro-Sul Açúcar Álcool Açúcar Álcool Açúcar Álcool 1980/81 8,100 3,742 3,001 0,650 5,099 3,092 1981/82 7,935 4,240 2,789 0,826 5,146 3,414 1982/83 8,857 5,824 3,244 1,188 5,613 4,636 1983/84 9,086 7,864 3,574 1,129 5,512 6,735 1984/85 8,849 9,244 3,536 1,595 5,313 7,649 1985/86 7,819 11,820 3,199 2,021 4,620 9,799 1986/87 8,156 10,516 3,348 2,215 4,809 8,301 1987/88 7,983 11,454 3,158 1,787 4,825 9,667 1988/89 8,070 11,713 2,817 1,754 5,253 9,959 1989/90 7,236 11,881 3,096 1,980 4,140 9,901 1990/91 7,368 11,783 2,857 1,807 4,512 9,976 1991/92 8,704 12,681 2,831 1,776 5,873 10,905 1992/93 9,420 11,736 3,146 1,672 6,274 10,064 1993/94 9,385 11,278 2,318 0,909 7,067 10,369 1994/95 11,933 12,726 3,398 1,579 8,535 11,147 1995/96 12,400 12,689 3,085 1,833 9,315 10,856 1996/97 14,000 14,030 3,950 1,900 10,050 12,130 1997/98 16,000 15,000 4,435 1,700 11,565 13,300 1998/99 18,300 13,400 3,099 1,200 15,201 12,200 1999/00 19,014 12,770 2,115 1,096 16,899 11,674 2000/01 16,221 10,622 3,582 1,548 12,639 9,074 2001/02 18,494 11,059 2,795 1,137 15,699 10,148

17 Fones: Associação das Indúsrias de Açúcar e Álcool do Esado de São Paulo; Unied Saes Deparmen of Agriculure (USDA); União da Agroindúsria Canavieira do Esado de São Paulo (UNICA), Daagro. As principais regiões produoras de açúcar e álcool do País são a Cenro-Sul (safra de maio a dezembro) e a Nore-Nordese 1 (safra de seembro a março). A região Cenro- Sul em apresenado resulados superiores frene à região Nore-Nordese. Na safra 2001/02, a produção de cana da região Cenro-Sul represenou cerca de 85% do oal produzido no País, sendo que o esado de São Paulo foi responsável por 72% do oal da cana produzida na região. Esse esado ambém se desaca se forem consideradas as produções de açúcar e álcool: produziu 77% do açúcar e 70% do álcool do oal da região (Tabela 4). É ineressane desacar que a exisência de duas regiões produoras de cana permie que o Brasil seja abasecido com açúcar e álcool o ano odo, já que os períodos de safra enre as regiões são diferenes. Na safra 2000/01, de acordo com Anuário Esaísico do Jornal Cana (2000/01), esiveram em operação 301 unidades produoras no Brasil, com 219 localizadas na região Cenro-Sul, sendo que somene no esado de São Paulo esavam 126 unidades. Lima & Silva (1995) desacaram a compeição enre a aividade sucroalcooleira das regiões Nore-Nordese e Cenro-Sul, ressalando as diferenças exisenes nas esruuras de produção, na gesão empresarial e nas condições do clima e solo em cada região. Também enfaizaram que, apesar da fore presença do Esado er garanido a manuenção e o crescimeno da agroindúsria canavieira na região Nore-Nordese, esse mecanismo inervencionisa eria agido como uma barreira à percepção aos esímulos do mercado. 1 Os esados que fazem pare da região Nore-Nordese são: AL, BA, CE, MA, PA, PB, PE, PI, RN, SE, TO. No Cenro-Sul, em-se: SP, PR, MG, MT, MS, GO, RJ, ES, RS, SC.

18 Devido à imporância da região Cenro-Sul, em ermos de paricipação na produção oal do seor sucroalcooleiro, essa é considerada a área de esudo desa pesquisa. Tabela 4. Produção de açúcar e álcool por esado da região Cenro-Sul 2001/02. Esados Açúcar (em oneladas) Álcool (m 3 ) Minas Gerais 747.053 522.569 Espírio Sano 22.953 131.024 Rio de Janeiro 218.592 64.792 São Paulo 12.328.458 7.112.696 Paraná 1.351.249 960.252 Sana Caarina 0 0 Rio Grande do Sul 0 5.306 Mao Grosso do Sul 327.864 391.571 Mao Grosso 447.938 580.127 Goiás 505.843 379.172 Toal 15.949.950 10.147.509 Fone: UNICA- Posição em 01/02/2002 Uma das mais imporanes caracerísicas do seor sucroalcooleiro do Brasil é a flexibilidade exisene na sua produção, o que permie a composição de um mix diferenciado: ora pode produzir mais açúcar, ora mais álcool. Essa flexibilidade mosra-se como um insrumeno que possibilia aos produores redirecionarem suas aividades frene aos sinais de mercado, ou seja, frene a possíveis ganhos com a produção de álcool ou de açúcar. Mas, se por um lado, o mercado pode guiar as decisões empresariais, por ouro lado, ais decisões não devem esar desvinculadas de um planejameno de longo prazo para seus produos. O açúcar é um produo que faz pare da cesa básica brasileira e é ambém uma commodiy negociada no mercado físico e no fuuro no mundo odo. O álcool possui a

19 especificidade de ser um produo direcionado, em sua maioria, ao mercado de combusíveis inerno e como al, necessia ser analisado em conjuno com as variáveis relevanes desse mercado. A evolução da composição do mix de produção na região Cenro-Sul ao longo da década de 1990 pode ser visualizada na Figura 3. Noa-se que a paricipação do açúcar no oal de Açúcar Toal Recuperável 2 produzido em aumenado em derimeno da paricipação 80 70 60 50 40 30 20 10 0 90/91 91/92 92/93 93/94 em porcenagem 94/95 95/96 96/97 97/98 98/99 99/00 00/01 2001/02 anos-safra anidro hidraado açúcar do álcool. Figura 3 - Evolução da paricipação da produção de açúcar, álcool anidro e hidraado no oal de ATR produzido na região Cenro-Sul safras 1990/91 a 2001/02. Fones: Minisério do Desenvolvimeno, da Indúsria e do Comércio (MDIC), UNICA

20 Considerando-se separadamene a paricipação do álcool anidro e do álcool hidraado no oal de ATR produzido, o que se observa é uma paricipação maior da produção de álcool anidro em derimeno da produção de álcool hidraado. Na safra 2000/01 a paricipação do álcool anidro na produção oal de ATR foi de 29,68% enquano do hidraado, 25,25% e do açúcar, 45,09%. Na safra 2001/02, a paricipação do anidro maneve-se em 29,85% e a do hidraado caiu para 22,10%, já a paricipação do açúcar passou para 48,05%. Essas alerações nas paricipações relaivas do açúcar, álcool anidro e álcool hidraado podem ser explicadas se analisado o comporameno dos preços dos produos do seor. Considerando as quaro úlimas safras na região Cenro-Sul (1998/99 a 2001/02), quando praicamene odos os preços do seor esavam liberados, e a evolução dos preços do açúcar e do álcool em ATR, verifica-se que, na maior pare do período, a evolução do preço do álcool hidraado eseve abaixo da evolução do preço dos ouros produos, enquano que o preço álcool anidro maneve-se em ala seguido pelo do açúcar (Figura 4). As decisões relaivas a quano produzir de açúcar e de álcool em cada safra são omadas com cera anecedência, endo em visa a operacionalização da produção. Os agenes econômicos, no processo de omada de decisão, formam expecaivas em relação ano ao preço como às quanidades demandadas de açúcar e de álcool, exerna e inernamene. 2 ATR informa a quanidade de sacarose exisene na cana e que pode ser ransformada em açúcar ou álcool. As relações enre os produos e o ATR são as seguines: 1 KG de ATR corresponde a 1,0495 kg de açúcar ou a 1,8169 liro de álcool anidro ou a 1,7409 liro de álcool hidraado.

21 0,5 0,45 0,4 0,35 0,3 R$/ATR 0,25 0,2 0,15 0,1 0,05 0 Mai/98 Jun/98 Jul/98 Ago/98 Se/98 Ou/98 Nov/98 Dez/98 Jan/99 Fev/99 Mar/99 Abr/99 Mai/99 Jun/99 Jul/99 Ago/99 Se/99 Ou/99 Nov/99 Dez/99 Jan/00 Fev/00 Mar/00 meses Abr/00 Mai/00 Jun/00 Jul/00 Ago/00 Se/00 Ou/00 Nov/00 Dez/00 Jan/01 Fev/01 Mar/01 Abr/01 Mai/01 Jun/01 Jul/01 Ago/01 Se/01 Ou/01 Nov/01 Dez/01 R$/ATR anidro R$/ATR hidraado R$/ATR açúcar Figura 4 - Evolução dos preços do álcool anidro e hidraado combusível e açúcar no mercado inerno recebidos pelos produores do esado de São Paulo. 3 Fone: Cenro de Esudos Avançados em Economia Aplicada - CEPEA A evolução esperada do mercado exerno é um faor de decisão basane imporane para o seor sucroalcooleiro do Brasil devido ao fao do País er uma fore presença nesse mercado. Na safra 1999/00, o Brasil ulrapassou países como a Índia e os da União Européia, endo exporado mais de 9 milhões de oneladas de açúcar. Na safra 2000/01, o volume exporado se reduziu para cerca de 6,5 milhões de oneladas, volando a crescer na safra 2001/02 para 11,170 milhões de oneladas, conforme a UNICA. Em relação ao álcool, a produção brasileira vem superando a de ouros países, como a dos Esados Unidos, considerado o segundo país no ranking dos maiores produores. 3 Os preços de cada produo foram expressos em R$/kg de ATR, seguindo as conversões do Consecana.

22 Segundo Serodio (1999) 4, ciada em Moraes (2000), Brasil e EUA apresenam diferenças e semelhanças quano ao mercado de álcool. Enre as diferenças esão: i) a maéria-prima uilizada para a produção de álcool, ou seja, enquano no Brasil uiliza-se a cana-de-açúcar, nos EUA, uiliza-se o milho; ii) a forma de inervenção na produção e na comercialização, iso é, no Brasil o governo federal, inicialmene, incenivou a produção e coordenou a comercialização de álcool, já nos EUA, a busca por incenivos pariu de diversos esados. Além do mais, o governo americano propicia uma isenção fiscal parcial do imposo federal cobrado sobre a gasolina pois, ese imposo é reduzido em função do eor de álcool misurado na gasolina. Enre as semelhanças esão as quesões relaivas ao emprego, à melhoria da qualidade do ar, à conenção do efeio esufa, à redução da dependência de suprimenos exernos de energia e ao aumeno da renda rural. No que se refere às exporações brasile iras de álcool, esas são marginais frene ao volume produzido, sendo que enre os anos de 1995 e 2001 a paricipação das exporações álcool na paua brasileira variou enre 0,23% e 0,16% do valor oal.. Esse fao deve-se principalmene à imporância do álcool para o mercado inerno brasileiro e à pequena uilização do álcool como combusível em ouros países, mesmo com a preocupação mundial crescene volada para o uso de um combusível menos poluene. Enre os países imporadores do álcool brasileiro, desacam-se o Japão, Coréia do Sul, Jamaica e Filipinas. Devido à imporância do álcool como combusível para o Brasil, em alguns momenos, o País ambém orna-se um poencial imporador do produo. Em novembro de 2000, o Minisério da Fazenda publicou no Diário Oficial da União a Poraria 418, dispondo sobre as alerações nas alíquoas ad valorem do imposo de imporação do álcool eílico e do meanol 4 SERODIO, E. Analisando as políicas exisenes e raçando perspecivas para o seor sucroalcooleiro. In: TENDÊNCIAS DE PREÇOS E QUESTÕES POLÍTICAS DETERMINANTES PARA O MERCADO DE AÇÚCAR E ÁLCOOL. São Paulo, 1999/Apresenado Inernaional Business Comunicaion, São Paulo, 1999/

23 para fins carburanes. De acordo com essa poraria, os imposos de imporação do álcool anidro e do meanol passaram de 25% e 15%, respecivamene, para zero; essa medida foi decreada com validade de 6 meses. Também foram esabelecidos os volumes limies a serem imporados: 600 milhões de liros de eanol e 420 milhões de liros de meanol. Os dois alcoóis são uilizados para compor a misura MEG (33% de meanol, 60% de eanol e 7% de gasolina), usada na subsiuição do álcool hidraado combusível. Nesse período foram imporadas 36 mil meros cúbicos de álcool anidro. Na composição do mix de produção, as variáveis relaivas à demanda inerna de açúcar e álcool ambém são consideradas imporanes para a omada de decisão. O açúcar é um produo que faz pare da cesa básica da população brasileira e, nesse senido, o abasecimeno ende a ser manido. O consumo de açúcar ao longo da década de 1990 evoluiu de forma diferenciada enre as principais regiões produoras do País, sendo o consumo mais expressivo na região Cenro-Sul do que na Nore-Nordese, conforme pode ser viso na Tabela 5. A evolução do consumo de açúcar em sido avaliada por esudos econômicos enconrados na lieraura nacional. Os rabalhos, por exemplo, de Barros (1975), Barros e al (1976) e Brand e al (1986) enconraram valores para a elasicidade-preço e elasicidaderenda da demanda de açúcar que indicaram uma demanda inelásica em relação a variações nos preços, além de uma baixa sensibilidade do consumo a variações na renda. Acredia-se que essa baixa elasicidade-preço da demanda de açúcar possa ser jusificada com base na essencialidade do produo e que as variações na renda não suririam efeio sobre o consumidor brasileiro porque ese esaria próximo ao seu limie máximo de consumo per capia de açúcar in naura. No enano, o consumo indireo de açúcar não foi avaliado, ou