Termo-Estatística Licenciatura: 3ª Aula (06/03/2013)

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Transcrição:

Termo-Estatística Licenciatura: 3ª Aula (06/03/2013) Prof. Alvaro Vannucci RELEMBRANDO Probabilidade condicional: P( X / Y) P( X Y) PY ( ) Se dois eventos (A e B) forem independentes: P( A B) P( A) P( B) Dados dois eventos independentes A e B: (i) Probabilidade do evento A ou B ocorrer será: P P( A) P( B) (ii) Probabilidade do evento A e B ocorrer será: P P( A) P( B) Sendo n o número de objetos indistinguíveis (ou o número de medidas independentes de um sistema) que queremos alocar em p posições disponíveis (ou p medidas que forneceram um certo resultado binário ), então as combinações possíveis entre estes elementos (ou a forma como as medidas realizadas e que dão resultados que satisfaçam uma certa exigência) será: C n p n! p!( n p)! DISTRIBUIÇÕES DISCRETAS E CONTÍNUAS FUNÇÕES DE DISTRIBUIÇÃO Como fazer para se determinar a largura de uma mesa? Certamente é sempre possível utilizar uma régua (ou trena) e efetuar a medida apropriada.

Todos concordamos, porém, que um valor mais confiável se obteria realizando algumas medidas e, depois, tirando a média. Mas, mesmo tendo-se o valor médio de várias medidas, não se consegue saber, por exemplo, a precisão e os cuidados tomados pelo marceneiro, na confecção da mesa. Figura 1: Duas mesas não idênticas. Note que as larguras das mesas acima podem ter os mesmos valores - na média. Só sabendo estes valores, porém, podemos nos equivocar e dizer que as mesas são idênticas! Daí que fazer um gráfico com as medidas realizadas, ou seja, construir uma curva de distribuição será uma forma muito mais adequada de se estudar um sistema, do que apenas saber os valores médios de suas grandezas. Analisemos, por exemplo, o jogo com 2 dados, em que é efetuada a soma dos resultados após cada jogada simultânea. Sabemos que a probabilidade de sair um número, em qualquer um deles (lembrando que são eventos independentes) é 1/6. Se pegarmos 2 dados e, antes de jogá-los, pedir aos alunos de uma classe, um a um, que tentem adivinhar o resultado da jogada que será feita, a grande maioria irá escolher um número entre 2 e 12, sem atentar para o fato que alguns resultado têm maior probabilidade de sair do que outros! Para vermos isto, vamos calcular as probabilidades pertinentes e preencher a tabela abaixo, lembrando a necessidade de calcular a probabilidade de sair certo resultado em um dado E no outro:

valor 2: (1 no 1º dado e 1 no 2º dado). 1 1 1 P2 0,028 ou 2,8% 6 6 36 valor 3: (2 no 1º dado e 1 no 2º dado ou 1 no 1º dado e 2 no 2º dado) 1 1 1 1 2 P3 0,056 6 6 6 6 36 ou 5,6% valor 4: (3 no 1º dado e 1 no 2º dado ou 1 no 1º dado e 3 no 2º dado ou 2 no 1º dado e 2 no 2º dado). 1 1 1 1 1 1 3 P4 0,083 6 6 6 6 6 6 36 ou 8,3% valor 5: (1 no 1º dado e 4 no 2º dado ou 4 no 1º dado e 1 no 2º dado ou 2 no 1º dado e 3 no 2º dado ou 3 no 1º dado e 2 no 2º dado). 1 1 1 1 1 1 1 1 4 P5 0,111 6 6 6 6 6 6 6 6 36 ou 11,1% valor 6: (5 no 1º dado e 1 no 2º dado ou 1 no 1º dado e 5 no 2º dado ou 3 no 1º dado e 3 no 2º dado ou 2 no 1º dado e 4 no 2º dado ou 4 no 1º dado e 2 no 2º dado). 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 5 P6 0,139 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 36 ou 13,9% valor 7: (6 no 1º dado e 1 no 2º dado ou 1 no 1º dado e 6 no 2º dado ou 5 no 1º dado e 2 no 2º dado ou 2 no 1º dado e 5 no 2º dado ou 4 no 1º dado e 3 no 2º dado ou 3 no 1º dado e 4 no 2º dado). 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 6 P7 0,167 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 36 ou 16,7% valor 8: (6 no 1º dado e 2 no 2º dado ou 2 no 1º dado e 6 no 2º dado ou 5 no 1º dado e 3 no 2º dado ou 3 no 1º dado e 5 no 2º dado ou 4 no 1º dado e 4 no 2º dado). 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 5 P8 P6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 36, e os valores irão se repetir!

P P P P P 9 5 P 10 4 P 11 3 P 12 2 resultado (evento) 2 3 4 5 6 7 probabilidade 2,8% 5,6% 8,3% 11,1% 13,9% 16,7% resultado (evento) 8 9 10 11 12 probabilidade 13,9% 11,1% 8,3% 5,6% 2,8% Tabela 1: Probabilidades de sair certo resultado na soma dos dados. Note que, neste experimento, a construção do espaço amostral correspondente resultaria em 11 pontos que nada informariam sobre as diferentes probabilidades de cada evento. Daí a conveniência da representação através de um gráfico, em casos como este. Antes, porém, vejamos o seguinte experimento: uma câmara com gás possui um orifício por onde escapam as moléculas que, após atravessarem uma região de vácuo, atingem diferentes partes de uma fita cintilante (situação em 1D).

Figura 2: Representação do experimento. Para avaliar como as moléculas se distribuem espacialmente ao longo de x, ao colidirem com a fita, vamos dividi-la em intervalos x = 1cm, por exemplo, e contar quantas interações em um intervalo de tempo t ocorreram em cada trecho, e dividir pelo número total de moléculas que saíram do orifício naquele intervalo t (para termos a probabilidade de cada evento). O resultado pode ser apresentado através de um histograma:

Figura 3: Representação dos dados (discretos) através de um histograma. Como esperado, a probabilidade de impacto das moléculas com a fita vai diminuindo para regiões mais afastadas do ponto x = 0. Como a altura de cada barra representa o número de moléculas que atingem cada faixa da tira (dividido pelo número total de partículas N que saíram do orifício em t), podemos então perceber que cada barra do histograma, que possui certa área, indica a probabilidade (maior ou menor) de uma molécula atingir certa faixa x da fita. Observe que se desejarmos maior precisão para o experimento, em termos de posição, podemos dividir a fita em um maior número de faixas de largura x menor (definindo uma área menor para cada barra). Por exemplo, escolhendo x duas vezes menor, temos o histograma:

Figura 4: Representação do histograma escolhendo intervalo x menores. Note que as alturas das barras (e suas áreas) diminuem! Ou seja, o número de átomos que atingem cada faixa é menor e, portanto, a probabilidade de atingir determinada faixa é menor. Assim, à medida que diminuímos x, o histograma vai tornando-se cada vez mais liso de forma que cada probabilidade P(x, x), consequentemente, vai se tornando cada vez menor. No limite em que x dx (infinitesimal) o histograma toma a forma de uma curva contínua, que designaremos por f(x):

Figura 5: Representação da função distribuição. Vejamos agora um ponto importante a respeito da distribuição contínua de probabilidade: supondo a distribuição do gráfico acima sendo simétrica em relação a x = 0, qual é a probabilidade da molécula atingir a tira cintilante em valores de x positivos? E para valores de x quaisquer? Intuitivamente podemos afirmar que será 1/2 = 0,5 no primeiro caso e 1,0 no segundo. Ou seja, a probabilidade está relacionada com a área sob f(x), no intervalo x de interesse: x x P x f x dx 2 ( ) ( ) x1 De forma que: P ( ) ( ) 1 TOTAL x f x dx

Observe que, então, o cálculo da probabilidade a partir de uma função de distribuição de densidade de probabilidade envolve um cálculo de área. Quanto maior x, maior a área e maior a probabilidade (impondo que P 1, sempre). Quando x 0 P 0 Por esta linha de raciocínio é que nós percebemos a razão da curva chamar-se distribuição de densidade de probabilidade. O termo densidade deve-se ao fato que, para se obter a probabilidade, deve-se somar, para cada intervalo dx, o produto de f(x) por dx (de forma semelhante ao cálculo da massa, por exemplo, no qual multiplicamos a densidade volumétrica de massa pelo volume: m V ). Resumindo: (i) P( x, dx) f ( x) dx probabilidade infinitesimal (ii) x x P x f x dx 2 ( ) ( ) x1 (iii) espa o f ( x) dx 1; para f(x) ser normalizada todo