FENOMENOLOGIA: NOÇÕES INTRODUTÓRIAS EM ATIVIDADES DE EXTENSÃO NA UFG

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Transcrição:

FENOMENOLOGIA: NOÇÕES INTRODUTÓRIAS EM ATIVIDADES DE EXTENSÃO NA UFG Tamires de Sá e Abreu Faculdade de Educação-UFG Tata_jump@hotmail.com Tãnia Maria Mendanha Faculdade de Educação-UFG Taniamendanha2009@hotmail.com Maria de Fátima Teixeira Barreto (orientadora) Faculdade de Educação-UFG Fato823@terra.com.br Este texto visa apresentar reflexões em torno da vivência de acompanhar o projeto de extensão universitária Fenomenologia, ciências e formação humanas: abordagens introdutórias como bolsistas PROVEC-UFG, durante os meses de maio a novembro de 2010. O projeto teve como propósito uma abordagem introdutória fenomenológica, desejando uma iniciação de estudiosos á fenomenologia. A fenomenologia, criada por Edmund Husserl no final do séc XIX, visando renovar a reflexão filosófica é fundamentar epstelogicamente as ciências (PEIXOTO, 2003), tem se constituído como referencial filosófico, teórico e metodológico para o estudo em diversas área de conhecimento. Na Faculdade de Educação da FE, o núcleo de estudos e pesquisas em fenomenologia (NEPEFE) emerge como um pólo de discussão sobre fenomenologia e suas possibilidades heurísticas nas várias áreas do conhecimento, do saber, da educação e da cultura. O núcleo, por intermédio do projeto de extensão universitária desenvolve momentos de apresentação e discussão de estudos e pesquisas que se fundamentem na fenomenologia, abertos á comunidade em geral, e seus estudos intentam proporcionar momentos esclarecedores e introdutórios na fenomenologia para diversos participantes. Ao participar, como bolsistas voluntárias, das atividades de extensão para estudo e discussão de noções introdutórias em fenomenologia, desenvolvidas pelo núcleo, em reuniões de maio a novembro de 2010, buscamos pelas características de introdutório do projeto. Ser introdutório, entendido por nós como possibilitar ao participante o acesso a noções básicas que o motivem a seguir estudando, falando sobre o estudado. Ao olhar para essa característica no curso, e como resultado de momentos de leitura, encontros para compartilhamento de significações entre os participantes e releituras orientadas, nos foi possível realizar um levantamento de vocábulos considerados chave para a compreensão

das discussões realizadas. Efetuamos então um estudo hermenêutico dos vocábulos em suas várias apresentações nos diversos textos estudados. Hermenêutica é a arte de interpretação (CRAIG, 1998) e vem do vocábulo hermeneuein que significa expressar, explicar, traduzir ou interpretar. A interpretação aqui estendida como um diálogo entre leitor e autor, no qual o texto ao fornecer ao leitor interprete, elementos históricos, conceituais para re-leituras, cria possibilidades de compreensões, englobando tanto o universo apresentado pelo autor quanto o universo do leitor em sua experiências de uma leitura situada no tempo histórico, num movimento continuo. O estudo aqui apresentado partiu da leitura dos textos explorados nos diversos encontros do curso, nos quais ocorriam à apresentação e discussão de publicações escolhidas pelos palestrantes, e compartilhamento de compreensões entre expositores e participantes, ampliando os horizontes de compreensão. No caminho da leitura dos textos buscamos por termos e informações que se repetissem, considerando serem esses os termos que o grupo de expositores considerou necessário para introduzir pessoas ao estudo da fenomenologia. Deste estudo realizamos uma síntese compreensiva dos termos e apresentaremos a seguir. Iniciamos com a palavra Fenomenologia, dada a importância da sua compreensão para a realização da leitura de diversos textos e seguimos para uma elaboração textual que explicitam o entendimento de termos como: fenomenologia, fenomênico, fenômeno, consciência, atitude fenomenológica, epoché, atitude natural, eidos ou essência, redução eidética ou fenomenológica, percepção, mundo-vida, dasein e cuidado. Fenomenologia, é uma abordagem filosófica que busca enunciar a verdade vinculada á experiência humana, as vicissitudes do espírito e, do caminho que percorre historicamente; é também um modo de investigação que almeja um conhecimento rigoroso, que prima pela descrição das essência ou significações na explicitação do que se mostra e se entende do mostrado pela reflexão, articulação (PEIXOTO,2003; BICUDO, 2010) O que é visto está no mundo como fenomênico, ou seja, para ser percebido, abarcado pela consciência. Ao ser abarcado, mostra-se como fenômeno. O fenômeno é então o que é visto do que se mostra (BICUDO, 2010). O ver envolve um ato

intencional que enlaça o que está para ser visto. O visto, o é por alguém historicamente situado. Assim, são fenômenos tudo o que aparece a uma consciência. Consciência um fenômeno constituído por atos de significação tais como o de perceber, imaginar, especular, reflexionar... Os atos de significação se dão num movimento intencional efetuado por aquele que se põe a conhecer, quando vai à direção ao focado, destacando-o da totalidade e expandindo-se para o mundo. A consciência se dá, então num movimento de dirigir-se a algo com um propósito de expansão, com o intuito de reflexão,visando a coisa em si. (PEIXOTO, 2003; BICUDO, 2010; FERREIRA JR., 2007). O conhecer a coisa como se mostra solicita uma atitude fenomenológica. Esta exige que se coloque em suspensão o já compreendido. O que Hurssel denomina Epochéato de colocar em evidencia, suspensão, entre parêntese. Consiste em deixar de lado todos os pré-conceitos, teorias já elaboradas, ir à coisa em si no seu estado original (PEIXOTO, 2003; BICUDO, 2010; FERREIRA, 2007) A atitude fenomenológica se contrapõe à atitude natural, considerada aquela que aceita a aparência como verdade, ou que toma uma determinada teoria como inquestionável. Trata-se também de uma aceitação de uma percepção imediata sem que a questione ou a coloque em suspensão (Peixoto, 2003). Muitos estudos adotam tal atitude ao olhar para o mundo tomando uma teoria para orientar o seu ver, limitando-se a ver o que aquele aporte teórico possibilita. Entendemos que não significa que as teorias devam ser abandonadas. Ela, não deve ser colocada à frente do estudo do fenômeno, pois faz parte de uma visão situada em um momento histórico temporal dos teóricos que a elaboraram e o momento da visagem de quem vê no agora, tem um tempo vivido que possibilitaria ver algo diferente, mesmo que retome o já elaborado. Ao olhar intencionalmente para o que se mostra, busca-se o EIDOS ou ESSÊNCIA, que é o sentido de um ser, o invariante do percebido (PEIXOTO, 2003; BICUDO, 2010). Esta busca se dá por reduções e podem ser materializadas pela linguagem, sendo historicamente situado no mundo da vida dos sujeitos que a materializam. A redução fenomenológica, ou redução eidética se desenvolve a partir da descrição das vivências da consciência, dos seus atos, dos seus correlatos, revelando o seu estado primitivo, e segue como um movimento de interpretações e compreensões, por análises que intentam identificar os invariantes, dando destaque ao que está sendo

interrogado, de maneira que os atos da consciência constitutivos da geração do conhecimento sejam expostos (PEIXOTO, 2003, BICUDO, 2010). A descrição se dá como correlato do percebido. A percepção, entendida como um ato constitutivo da consciência mereceu destaque nas discussões realizadas durante o projeto, por nós acompanhados, pois foi focada por vários expositores. Merleau-Ponty (1999) fundamentou todas as discussões relativas a este conceito, e pelas discussões pudemos entendê-lo como um ato de entrar em contato com o que se mostra como presença, ou seja, como percebido no agora, de forma direta e total. É o modo como a consciência relaciona-se com as coisas enquanto realidade, ou seja, com suas características físicas, pessoais, comportamentais, entre outras e sobre ele toma juízos (PEIXOTO, 2003, BICUDO, 2010; NASCIMENTO, 2010). É então abertura para a compreensão. A percepção se dá no mundo da vida, ou mundo-vida. É necessário entendê-lo para que se torne possível restaurar nas ciências humanas, o espaço do sentido, dos valores (BICUDO, 2010): Traduzida da palavra alemã Lebenswelt, ou mundo-da-vida, é entendido como a espacialidade (modos de ser no espaço) e a temporalidade (modos de ser no tempo) em que vivemos com os outros seres humanos e os demais seres vivos e a natureza, bem como todas as explicações cientificas, religiosas e de outras áreas de atividades e conhecimento humano. Mundo não é um recipiente, uma coisa, mas um espaço que se estende à medida que as ações são efetuadas e cujo horizonte de compreensão se expande à medida que o sentido vai se fazendo para cada um de nós e a comunidade em que estamos inseridos. (BICUDO, 2010, p. 23) O homem como ser-ai (dasein), o é em um mundo vida. É ser de possibilidades e como tal existe no âmbito de uma pré-compreensão do próprio Ser, anterior a qualquer predição ou apreensão racional (FERREIRA, 2007, p.17). O cuidado, estudado a partir do mito da cura (HEIDEGGER, 2002). É mais que uma ação e um costume, sendo que para Heidegger (2002), se acha a priori de toda atitude e situação do ser humano. Cura em Heidegger é compreendida como ocupação e preocupação no querer e desejar. O cuidar se dá no modo de preocupação. Nele há: a abertura prévia do em-função-de-que; a abertura do que se pode ocupar; o projeto de

compreensão da presença num poder-ser para a possibilidade de um ente que se quis (HEIDEGGER, 2002, p.259). Outros vocábulos, também discutidos durante os encontros do projeto, poderiam aqui ser acrescentados, tais como objetividade, subjetividade, intersubjetividade, ética, entre outros, mas não cabe neste pequeno relato. No exercício de explicitar os vocábulos aqui apresentados, nos questionamos sobre o caráter introdutório do curso que acompanhamos em nossa formação. Estaria ele atendendo ao seu propósito de introdutório ao estudioso iniciante em fenomenologia? Interessa-nos dizer que o curso nos aproximou de Merleau Ponty, Heidegger, Hurssel, entre outros filósofos, que deixaram seus estudos registrados, possibilitando-nos um olhar diferenciado daquele até então explorado no curso de Pedagogia no qual cursamos. Como um primeiro diálogo, possibilitou-nos uma inserção ao estudo filosófico e fenomenológico, encaminhando-nos para continuar as leituras nesta abordagem. Desenvolvemos um levantamento de vocábulos a partir dos textos estudados focando compreensões fenomenológicas, até então, obscuras para nós, e de grande importância para que nos compreendamos como indivíduos e como componentes de uma sociedade que necessita de cuidados, de revisão de suas compreensões sobre o mundo, sobre a existência, sobre a natureza, sobre as relações humanas para a construção de uma relação mais harmoniosa dos homens entre si e com a natureza. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA BETTONI, Rogério. In Routledge Encyclopedia of Philosophy, org. Edward Craig (Londres: Routledge,1998),http://criticanarede.com/hermeneutica.html, acesso em BICUDO, Maria Aparecida Viggiani. Filosofia da educação matemática: fenomenologia, concepções, possibilidades didáticas/organizadora Maria Aparecida Bicudo. São Paulo: Editora UNESP, 2010. FERREIRA JR., Wanderley. Fenomenologia e ciências humanas na perspectiva fenomenológica - hermenêutica Heidegger e Gadamer. In Relatório final de pesquisa apresentado a Pró-reitoria de pesquisa e Pós-graduação da UEG, Goiânia : 2007.

HEIDEGGER, Martin. Ser e tempo, partes I e II. 12 ed. Trad. de Márcia Sá Cavalcante Schuback. Petrópolis: Vozes, 2002. MERLEAU-PONTY, Maurice. Fenomenologia: teoria da percepção. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1999. NASCIMENTO, Sandra. A atitude fenomenológica proporcionando a ampliação da percepção docente: um olhar diferenciado sobre o aluno com dificuldades de aprendizagem. In Anais do II Congresso de Fenomenologia da Região Centro-Oeste, abril de 2008/ Universidade Federal de Goiás, Faculdade de Educação. - Goiânia: Ed. da UCG, 2008. PEIXOTO, Adão. Concepções sobre fenomenologia/ Organizado por Adão José Peixoto... [et al.]. Goiânia : Editora UFG, 2003.