PESQUISA QUALITATIVA E PESQUISA FENOMENOLÓGICA. Aula 3 Profª Jordana Calil
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- Júlio Oswaldo Vasques
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1 PESQUISA QUALITATIVA E PESQUISA FENOMENOLÓGICA Aula 3 Profª Jordana Calil
2 A PESQUISA QUALITATIVA Nas abordagens qualitativas, o termo pesquisa ganha novo significado, passando a ser concebido como uma trajetória circular em torno do que se deseja compreender, não se preocupando única e/ou aprioristicamente com princípios, leis e generalizações, mas voltando o olhar à qualidade, aos elementos que sejam significativos para o observador-investigador.
3 A PESQUISA QUALITATIVA A pesquisa qualitativa constituiu um significativo avanço para as ciências humanas e preencheu espaços que o modelo quantitativo não alcançava: o espaço da interlocução com o humano, o espaço de busca dos significados que estão subjacentes ao dado objetivo, o espaço de reconstrução de uma ideia mais abrangente do que é empírico, um espaço de construção de novos paradigmas para as ciências humanas e sociais.
4 A PESQUISA QUALITATIVA Lüdke e André (1986) dão as características básicas de uma pesquisa qualitativa: 1..A pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como sua fonte direta de dados e o pesquisador como seu principal instrumento. (...) 2. Os dados coletados são predominantemente descritivos. (...) 3. A preocupação com o processo é muito maior do que com o produto. (...) 4. O 'significado' que as pessoas dão às coisas e à sua vida são focos de atenção especial pelo pesquisador. (...) 5. A análise dos dados tende a seguir um processo indutivo. Os pesquisadores não se preocupam em buscar evidências que comprovem hipóteses definidas antes do início dos estudos. As abstrações se formam ou se consolidam basicamente a partir da inspeção dos dados num processo de baixo para cima. (p. 11-3).
5 O FENÔMENO NA PESQUISA QUALITATIVA O pesquisador é aquele que deve perceber a si mesmo e perceber a realidade que o cerca em termos de possibilidades, nunca só de objetividades e concretudes, a partir do que a pesquisa qualitativa, dizem, dirige-se a fenômenos, não a fatos. Fatos são eventos, ocorrências, realidades objetivas, relações entre objetos, dados empíricos já disponíveis e apreensíveis pela experiência, observáveis e mensuráveis no que se distinguem de fenômeno.
6 O FENÔMENO NA PESQUISA QUALITATIVA O significado de fenômeno vem da expressão grega fainomenon e deriva-se do verbo fainestai que quer dizer mostrar-se a si mesmo. Assim, fainomenon significa aquilo que se mostra, que se manifesta.
7 A FENOMENOLOGIA A Fenomenologia é, neste século, segundo Martins, "um nome que se dá a um movimento cujo objetivo precípuo é a investigação direta e a descrição de fenômenos que são experienciados conscientemente, sem teorias sobre a sua explicação causal e tão livre quanto possível de pressupostos e de preconceitos".
8 A FENOMENOLOGIA Husserl toma como máxima o "ir às coisas mesmas" donde os princípios dessa fenomenologia não se pautarem em posições prévias, mas "exprimirem aquilo que é dado diretamente na consciência. (...) Aqui, o zu den Sachen selbst (nem mias nem menos) será o corolário (situação que ocorre a partir de outras) da 'epoché filosófica. A "epoché" diz do colocar em suspensão crenças prévias, uma redução de quaisquer teoria e explicação apriorísticas.
9 A FENOMENOLOGIA Heidegger, discípulo de Husserl, afasta-se da fenomenologia como inicialmente posta, debruçando-se sobre a existência humana e seu sentido mais profundo, vinculando suas preocupações à questão do ser, em sua ontologia (reflexão a respeito do sentido abrangente do ser, como aquilo que torna possível as múltiplas existências) fundamental.
10 A FENOMENOLOGIA O ser é, existencial e primordialmente, afetividade, comunicação e compreensão. Lançado no mundo, o homem percebe-se e torna-se humano no contato com os outros humanos, afetado pelo que desse convívio descortina.
11 A FENOMENOLOGIA Comunica suas experienciações, compreende o mundo não como uma forma de apreendê-lo objetivamente, mas como um ato de descortiná-lo. O mundo-vida, a totalidade das percepções vividas, é apreendido pela consciência, que é intencional no sentido de, atentivamente, voltar-se para o que pretende compreender, interrogando.
12 A FENOMENOLOGIA A essência do que se procura nas manifestações do fenômeno nunca é totalmente apreendida, mas a trajetória da procura possibilita compreensões. O fenômeno, assim, é sempre visto contextualizadamente.
13 A FENOMENOLOGIA Tendo surgido como método para fundamentar tanto as ciências quanto a própria filosofia, a Fenomenologia torna-se movimento filosófico, fornecendo as concepções básicas subjacentes ao método. Conforme o tema interrogado e o pensador que faz a interrogação, a fenomenologia assume faces específicas e transforma-se: Husserl, Heidegger, Ricoeur, Merleau-Ponty e Gadamer estão entre os que têm se valido do método fenomenológico e da Fenomenologia.
14 A FENOMENOLOGIA O pesquisador busca apreender aspectos do fenômeno por meio do que dele dizem outros sujeitos com os quais vive, interrogandoos de modo a focar seu fenômeno. Quando os outros descrevem aspectos do fenômeno, eles os descrevem como os percebem, no desejo de comunicar essas suas percepções. A descrição pressupõe uma audiência que não conhece o descrito mesmo quando já exista entre pesquisador e pesquisado uma primeira aproximação, pois é sempre certa a impossibilidade de comunicação plena da experiência subjetiva
15 O RETORNO ÀS COISAS MESMAS E A INTENCIONALIDADE A fenomenologia busca o conhecimento das essências. Para alcançar tal objetivo, Husserl (1965) propõe retornar a um ponto de partida que seja, verdadeiramente, o primeiro, ou seja, um retorno às origens, à coisa mesma, tendo como dado a própria realidade.
16 O RETORNO ÀS COISAS MESMAS E A INTENCIONALIDADE Segundo Merleau-Ponty (1999), retornar às coisas mesmas é retornar ao mundo tal qual ele surge, anteriormente à consciência. Husserl (1992) assinala que a relação entre consciência e mundo é sempre intencional, havendo entre ambos uma correlação essencial. A consciência intencional possibilita que o mundo apareça como fenômeno, como significação, evidenciando que a saída de si para um mundo tem uma significação para ele.
17 A REDUÇÃO FENOMENOLÓGICA E A INTUIÇÃO DAS ESSÊNCIAS A redução é o recurso usado pela fenomenologia para chegar à essência do fenômeno, tornando-o compreensível e legitimando-o cientificamente. O primeiro passo para que isso aconteça é a mudança da atitude natural para a atitude fenomenológica. Nessa perspectiva, o pesquisador fenomenólogo coloca-se em posição orientada para a descoberta, ou seja, põe-se aberto para qualquer tipo de conteúdo ou tema que venha a emergir na sua pesquisa.
18 A REDUÇÃO FENOMENOLÓGICA E A INTUIÇÃO DAS ESSÊNCIAS Em decorrência disso, é comum a pesquisa fenomenológica alcançar resultados novos, totalmente imprevistos, pois está aberta ao novo e às possibilidades criativas de compreensão do objeto de estudo. É pela redução fenomenológica que se chega às essências invariantes, constitutivas da realidade.
19 O MUNDO-DA-VIDA O mundo-da-vida, que é o mundo do pré-reflexivo. A experiência do vivido somente pode ser alcançada pelo próprio sujeito de forma imediata, pois o sentido é particular para quem o vive e está ligado à forma da pessoa existir no mundo (Forghieri, 1993). Esse é o motivo pelo qual o mundo-da-vida precisa ser percebido e descrito em vez de ser interpretado ou julgado.
20 O MUNDO-DA-VIDA A descrição possibilita resgatar o vivido com base no retorno da sua percepção ao momento imediato. O vivido, uma vez vivido, somente retorna pela memória - por meio de uma ressignificação ou resgate -, que é viver novamente no presente. O mundo vivido, portanto, propicia ao pesquisador ir além do conteúdo meramente intelectual e alcançar o conteúdo afetivoemocional, que é específico para uma determinada pessoa ou grupo.
21 A PESQUISA FENOMENOLÓGICA O método fenomenológico é a descrição das experiências vividas pelos sujeitos pesquisados sobre um determinado fenômeno com o objetivo de buscar sua estrutura essencial. O método fenomenológico apresenta-se à psicologia como um recurso apropriado para pesquisar o mundo vivido do sujeito com a finalidade de investigar o sentido ou o significado da vivência para a pessoa em determinada situação, com o intuito de buscar a estrutura essencial ou invariante do fenômeno.
22 A PESQUISA FENOMENOLÓGICA Segundo Amatuzzi (2003), o método fenomenológico pretende apreender o que acontece por meio do clareamento do fenômeno, construindo, assim, a compreensão de algo.] O objetivo principal da pesquisa fenomenológica é compreender a vivência.
23 DESAFIOS DA PESQUISA FENOMENOLÓGICA 1. O pesquisador precisar de uma consistente base - no tocante aos princípios filosóficos da fenomenologia. 2. Os colaboradores no estudo necessitam ser cuidadosamente escolhidos por serem indivíduos que experienciam o fenômeno. 3. O pesquisador suspender as experiências pessoais, um objetivo sempre presente e nunca alcançado em sua plenitude. 4. A decisão sobre a forma como suas experiências pessoais serão introduzidas no estudo. 5. A tentação do pesquisador de dirigir suas análises com bases em hipóteses rígidas.
24 A ENTREVISTA Um dos recursos amplamente utilizados para alcançar a compreensão do fenômeno, da realidade estudada, é a entrevista. Os sujeitos são chamados por Amatuzzi (2003) de colaboradores, pois o autor entende que a pesquisa fenomenológica não lida com sujeitos que forneçam informações, mas colaboradores que, juntos, tratam do assunto. Parte-se do pressuposto metodológico de que o colaborador é quem melhor sabe de sua experiência, ao passo que o pesquisador se propõe a aprender com quem já vivenciou ou vivencia a experiência sobre a qual ele quer aprimorar seus conhecimentos
25 A ENTREVISTA - DIFICULDADES o medo de a pessoa entrar em contato com feridas ainda abertas, o temor de conversar sobre intimidades, o confronto de seus valores, a não confiança no pesquisador, o desinteresse pela pesquisa, dentre outros. Qualquer impasse na entrevista precisa ser esclarecido para que o processo de conhecimento continue, sob pena de se perderem o compromisso e a cumplicidade.
26 A ENTREVISTA COMO PROCEDER O objetivo da entrevista é a descrição mais completa possível da experiência vivida do colaborador sobre o tema estudado, a fim de que se alcance o significado dessa experiência. Por isso ela não é uma entrevista estruturada. A entrevista se inicia com uma pergunta aberta, questão norteadora.
27 ENTREVISTA - CARACTERÍSTICAS Mundo-da-vida o tema central da entrevista é a experiência do colaborador e da sua relação com o mundo. Sentido - a entrevista tem como objetivo descrever o significado dos temas centrais do mundo da vida do colaborador. Qualitativa- o objetivo e colher dado qualitativos. Descritiva é solicitado ao colaborador descrever a sua experiência, de forma tão aberta e detalhada possível, sem explicações ou interpretações. Específica são descrições de situação específicas.
28 ENTREVISTA - CARACTERÍSTICAS Suspensão de pré-conceitos o entrevistador deve suspender preconceitos. Focada a entrevista é focada em um tema. Ambiguidade os dados podem expressar contradições. Mudança o colaborador pode mudar o significado de sua experiência durante a entrevista. Sensibilidade diferentes entrevistados podem expressar diferentes descrições. Situação interpessoal a relação entre pesquisador e colaborador influenciará a entrevista. Experiência positiva a entrevista pode ser uma experiência positiva para ambos.
29 O BOM ENTREVISTADOR Conhecedor Estruturante Claro Adequado Sensível Aberto Dirige Relaciona
30 ATIVIDADE ESCREVER SOBRE CADA ARTIGO 1. Tema 2. Título 3. Objetivo geral 4. Objetivos específicos (se tiver) 5. Método utilizado 6. Conceito do método utilizado 7. Pergunta norteadora da entrevista 8. Com quem ele fez
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