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Transcrição:

Do Quarto de Dormir para o Mundo Rita Espanha, 16 Nov. 2010, UCP, Lisboa

Este livro, da autoria de Gustavo Cardoso, Rita Espanha e Tiago Lapa, e publicado pela Editora Âncora, é sobre mediação e literacias. Tem como objectivo principal fazer uma análise de como os jovens em Portugal usam os media e quais as literacias por eles desenvolvidas e aplicadas nesses processos comunicativos e de mediação.

É um livro que resulta da reflexão realizada pelos autores em torno e a partir de dois projectos de investigação desenvolvidos no âmbito do CIES-ISCTE/IUL, em 2006

projectos Crianças e jovens: a sua relação com as Tecnologias e Meios de Comunicação (apoio Sapo-PT) E-Generation: Os Usos dos Media pelas Crianças e jovens em Portugal (apoio Fundação PT) Metodologia: inquérito on-line Metodologia: inquérito presencial

Objectivos compreender os comportamentos específicos dos consumidores mais novos de media em Portugal, à luz dos novos dados; Conhecer os padrões de interacção dos jovens através da utilização dos media mais tradicionais, assim como da utilização das novas tecnologias, do telemóvel às diversas formas de comunicação mediada por computador.

A publicação em livro... Teve como principal objectivo chegar a leitores fora do mundo académico, tendo sido pensado como um livro potencialmente útil também a pais e educadores que querem conhecer melhor o mundo dos jovens, ou seja, a todos os que se interessam pela comunicação no quadro familiar e também os que têm curiosidade em compreender o que diferencia os jovens que todos fomos dos jovens de hoje, para lá dos estereótipos produzidos pelas novelas juvenis.

ficcionámos a existência de dois jovens avatares Afonso Inês

Este livro permitiu-nos afirmar que: Ser jovem e ser português é algo de singular mas ao mesmo tempo global, porque os media o permitem, ao trazer o local e ao levarem-nos para o global, participando. Os media são um elemento central na formação da identidade e das práticas As análises das culturas juvenis terão de passar por uma atenção cada vez maior sobre o uso dos media

O Livro está organizado em 8 capítulos 1. A cultura do quarto de dormir os media na vida quotidiana dos jovens 2. Da tecnologia à web 2.0 crescer na era digital 3. TV, a caixa que os jovens mudaram 4. O meu telemóvel e Eu 5. Mundos muito reais media e videojogos na cultura juvenil 6. Música, o poder de mudar ou o poder da identidade 7. A geração multimédia e informacional no sistema de oferta mediática em rede 8. Os meus pais: autonomia, autoridade e controlo

Algumas conclusões A análise do lugar das tecnologias de informação e comunicação na transformação da vida social dos jovens necessita de ser enquadrada no seio de uma envolvente mais alargada, centrada no fenómeno da convergência, não apenas tecnológica mas fundamentalmente de conteúdos, e no desenvolvimento da Sociedade em Rede.

Os dados ainda nos dizem... Que no caso dos escalões etários mais novos, os níveis e intensidade de utilização, e também a diversidade de utilizações, tanto de internet como de telemóveis (e por vezes nas possibilidades de convergência entre ambos), são bastante mais elevados, do que nos outros escalões etários

Mas os dados o que nos dizem essencialmente é que... O domínio e o manejo das novas tecnologias e dos novos media, a escolha entre múltiplas ofertas é algo com que os jovens têm crescido, faz parte das suas práticas diárias e está a introduzir-se na racionalidade prática dos jovens.

Por outras palavras, esta socialização no sistema mediático contemporâneo tem permitido a aquisição intuitiva por parte dos jovens de novas competências como se pode demonstrar pela maior facilidade de explorar a interligação entre várias realidades mediáticas e métodos de operar vários expedientes mediáticos simultaneamente.

Porquê Do quarto de dormir para o mundo? Verifica-se uma lógica de expansão do quarto para o mundo permitida pelas TIC, o que pode lançar reconfigurações e mesmo tensões quanto aos significados e fronteiras entre público e privado

Bedroom Culture O quarto deixou de ser aquele espaço privado onde se dorme, se estuda ou confinado a práticas mais íntimas. É onde se realiza cada vez mais todo um conjunto de práticas ligadas aos media e onde os sistemas de media visíveis no espaço público têm penetrado nesse conclave privado.

Tudo isto acontece num contexto de autonomia existencial dos adolescentes (e mesmo das crianças), mas de dependência económica face aos pais o que pode proporcionar tensões dentro do seio familiar.

Com a individualização e privatização dos tempos livres, os jovens vão conquistando novos campos de liberdade, novas formas de expressão e consumo e os media podem ser vistos como uma expressão da liberdade e autonomia juvenil.

Estes processos ligamse com novas reconfigurações e negociações no significado de juventude e de família num contexto de democratização da vida familiar.

Comunicação Para os jovens, a comunicação é o nó de ligação. Os dados mostram-nos que comunicar é aquilo que os jovens mais fazem nas suas utilizações das TIC (especialmente internet e telemóveis).

dicotomia entre o mundo on line e o mundo off line??? Eles são apenas e só mundo, neste caso o mundo dos jovens e crianças, o seu contexto, o local, o ambiente onde se desenvolve a sua actividade mais típica, mais relevante, mais significativa, especialmente na adolescência: comunicar, preferencialmente entre pares. Os contextos de pesquisa deverão centrar-se, cada vez mais, neste aspecto.

Vale a pena também recordar que a geração Magalhães merecerá, necessariamente, estudos de referência e evolutivos, pois é algo que vai, inevitavelmente, ter consequências a prazo (e num prazo não tão longo como isso).

Estas novas formas de utilização dos media obrigam-nos a todos a recolocar o enfoque nos modelos de socialização e aprendizagem dos jovens, não negligenciando o papel dos adultos (educadores, pais, políticos), neste contexto. Os contextos sociais da infância e da adolescência têm sofrido múltiplas influências, da própria estrutura familiar típica e a democratização das relações familiares, nos padrões de consumo, nos valores e nas identidades pessoais, onde o panorama mediático tem de ser visto em paralelo.